Eu estou enlouquecendo.

Isso não é brincadeira meu caro Diário, o que ocorre é que Grace e minha mãe estão encontrando defeitos nos defeitos imaginários em cada centímetro do meu vestido.

- Filha minha não vai com uma roupa dessas nem no mercadinho da esquina!

- Mãe, a senhora não deveria estar de repouso?

- CALADA MENINA CATARRENTA! Te botei no mundo e te eduquei pra me respeitar!

- Mas.. Mas..

- Jullie, mi niña, o que sua mãe fez pra que você a odeie tanto ao ponto de chama-la de senhora? – perguntou Grace com seu tom de compaixão na voz.

- Eu só estou demonstrando respeito.

- ME CHAMANDO DE VELHA?

- Dona Mãe – encarei .

- Que foi?

- PARE DE CRITICAR MEU VESTIDO! – Gritei.

- Mas ele está horrível! – Gritou em resposta.

- Vocês duas, calem a boca! – disse Grace com seu tom de voz ameaçador, o que significa “Ou vocês calam a boca agora mesmo ou eu enfio um salto de 15 centímetros na garganta das duas!”. Grace é uma mulher muito ameaçadora pra sua idade- O vestido não é bonito mesmo.

- RÁ! – disse a Dona Mãe fazendo uma dancinha da vitória que se parecia muito com Macarena.

- Mas é meu vestido favorito... - fiz biquinho enquanto apontava por vestido que havia escolhido.

Era algo simples que usei poucas vezes. Um vestido balone creme com uma flor abaixo dos seios que fica ótimo com minha bela sandália de tirinhas preta. Em minha opinião eu iria arrasar com aquele vestido, mas óbvio que elas não veem as coisas do mesmo ponto de vista que eu.

- Jullie, minha amada parenta, você tem que entender que como uma Way e descendente de uma Charles você não pode chegar em um lugar com algo tão apagado quanto esse simples vestido de ir comprar pão no domingo de manhã – suspirou – Você tem que que chegar com a roupa mais supimpa do baile.

- Supimpa? – Dona Mãe e eu nos olhamos perguntando uma a outra o que raios isso significa.

- Não sei o que é supimpa – disse – Mas quero arrasar no baile.

- Queridinha você não vai supimpar e muito menos arrasar. Deixe a mamãe escolher seu vestido e você irá divar.

Olhei pra Grace em busca de algum sinal e recebi um grande sorriso.

- Okay Dona mãe – suspirei – Você novamente venceu. Anda, escolhe logo algo divo pra mim vestir hoje.

- EBA – deu pulinhos no mesmo lugar e saiu saltitando, literalmente, e cantarolando alguma música das Spice Girls.

- Eu fiz bem? – perguntei á Grace.

- Pior que esse vestidinho sem brilho não tem nada.

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Sai do banho peguei o celular e enviar duas mensagens, uma pro Lucca que vai levar a Michelle ao baile e está preparando a vingança, e outra pra Andrew que será meu par.

Minha mãe devia estra me espionando pois assim que a tela do meu celular mostrou ‘ Mensagem enviada!’ ela abriu a porta do quarto segurando um enorme saco preto.

- Oh meu Zeus! – disse fazendo cara de susto – Não me diga que o corpo da Grace está ai dentro!

- Não exagere Jullie – disse Grace aparecendo atrás da Dona Mãe- Sua mãe não mataria a minha pessoa. Ela sabe que o mundo não seria nada sem meu brilho – ela segurava uma caixa preta.

- Bem – Dona mãe segurou meus ombros e me fez olhar diretamente em seus olhos perfeitamente maquiados – Eu iria dar esse vestido pra você no seu aniversario de quinze anos, mas infelizmente você escolher não ter festa – suspirou derrotada – Então espero que o use sabiamente agora.

- E a mascara foi escolhida por mim então veja ela antes do vestido – disse Grace me entregando a caixa preta.

Abri cuidadosamente e nela encontrei uma bela mascara vermelha com a borda preta e uma flor vermelha no lado *.

- Oun, parenta – pude sentir meus olhos brilhando – Obrigada, ela é linda.

- De nada querida – sorriu e me abraçou.

- E aqui o vestido mais perfeito do mundo – Dona Mãe me entregou o vestido.

Com cuidado abri o saco preto e retirei de lá uma réplica perfeita no meu tamanho do vestido da Madame Red do Kuroshitsuji**. Quase chorei.

- Dona Mãe – abri os braços.

Nos abraçamos e depois Grace também se junto. Esse momento teria sido mais lindo de eu não estivesse de toalha toda molhada por ter saído do banho há menos de cinco minutos.

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Andrew buzinou uma.

Duas.

Três vezes.

E eu soube que iria ouvir uma bronca daquelas por demorar tanto para me arrumar. Dona Mãe o mandou entrar.

- Grace, vai demorar muito?

- Não querida, só colocar um pouco mais disso aqui e pronto.

Ela espalhou cuidadosamente o estranho produto com cheiro de morango pelo meu cabelo. Sorriu e me virou para observar o espelho diante de mim.

Eu estava linda. Meu cabelo estava solto com as pontas levemente cacheadas, uma parte dele era usado numa trança que terminava em uma bela flor na parte de trás da cabeça. Minha maquiagem era algo que Dona Mãe chamou de ‘único’, eu não posso culpa-la por isso. Acho que nunca mais alguém irá consegui fazer a sombra vermelha e a preta contrastarem tão bem uma com a outra. Sentia-me maravilhosa.

Desci as escadas lentamente e encontrei Andrew no fim delas me esperando com um belo buque de rosas vermelhas nas mãos. Ele também estava divando, usava um smoking conza chumbo e seus cabelos sempre rebeldes agora estavam perfeitamente arrumados.

- Oi – disse sem graça e imaginando se estaria ou ano á altura dele.

- Olá moça mais bela desse reino –beijou minha mão.

- OH MEU DEUS! Vocês estão tão lindo juntos – Dona Mãe praticamente brilhava de alegria ao nos ver.

Senti minhas bochechas ficando tao vermelhas quando o vestido que eu usava.

- Deveriam tirar algumas fotos – sugeriu Grace- Ficaram lindas na festa de casamento

.- C-Casamento? – perguntou assustada.

Grace e Dona Mãe riram como se isso fosse uma brincadeira interna das duas.

Depois de algumas milhares de fotos eu e Andy fomos liberados.

Ele abriu a porta do carro e eu entrei. Ele ficava tão fofo sendo cavalheiro.

- Senhorita, espero que goste de sua carruagem.

- Estou adorando ela e principalmente a companhia – sorri – Mas não posso deixar de notar que não temos nenhum acompanhamento musical – fingi decepção.

- Claro que temos – Andrew ligou o rádio do carro e começou a tocar Highway to Hell do AC/DC.

Eu ri.

- Estava esperando alguma música clássica – confessei.

- Eu ainda sou o Andy e esse carro ainda é o Tony – disse – Música clássica aqui? Jamais – sorriu.

Sorri junto e assim fomos para a estrada para o inferno. Da Jessie, é claro.