Depois de me despedir de Mary, Gustav e Marco, e prometer que viria visita-los mais vezes, eu e Frank fomos para nossa loja favorita de cupcakes comer alguns bolinhos mágicos como quando estudávamos juntos. Graças aos deuses do Olimpo minha mãe desistiu de fazer cupcakes, já estava ficando traumatizada.

- Terminou de comer?- perguntou Frank limpando a boca com um guardanapo. Ele era um monstro, já estava em seu terceiro cupcake e eu mal havia acabado o primeiro.

- Sim, terminei – respondi limpando minha boca com o guardanapo, sem me importar com o batom que havia saído.

Com o Frank eu não tenho que tentar ser bonita. Ele não se importa com aparência ou qualquer outra futilidade ele só se importa com comida, jogos e seus CDs dos Beatles.

- Então eu quero falar com a Jude

Essa era uma piada interna entre nós. Quando nos conhecemos, Frank entendeu meu nome como Jude e não Jullie e depois quando ouviu a música Hey Jude passou a me chamar assim de vez, sempre que me via na escola gritava “Hey Jude!”.

- Você está falando com ela – sorri

- Não, eu estou falando com alguma espécie Barbie com cabelo colorido e não com a minha amiga Jude.

- Ah não, por favor, Frank você também não!

- Eu não o que?

Só pelo seu olhar pude ver que ele me analisava buscando qualquer traço de mentira. Meu amigo estranho, alto e asiático era assim mesmo. Um ótimo observador.

- Você está como a minha mãe e o Andy. Você também me vê como uma usurpadora, como alguém que não é a mesma pessoa de antes.

- E eu estou errado? – arqueou uma sobrancelha

 - Está eu sou a mesma de sempre não mudei nada. Isso é coisa da sua cabeça e da minha mãe.

- Então o seu namorado, alguém que gosta de você por ser quem você é também está errado ai dizer que você mudou?

- Andrew não é meu namorado – confessei.

- Já sabia disso, você hesitou quando foi falar dele – apoiou o rosto sobre a mão e encostou o braço na mesa – Conte-me a verdade, Jullie.

Contei a ele o que aconteceu nos últimos tempos. Contei até sobre os beijos que recebi ontem e como estou confusa por causa disso. Quando terminei percebi como tenho sorte em ter Frank como amigo, ele ouve tudo e sempre sabe o que dizer no final.

- Então, o que acha?- perguntei

- Sinceramente, não sei o que dizer.

- Isso é novidade pra mim – disse surpresa

- Você tem dois garotos atrás de você agora, mas acha que um só te quer pra se mostrar pros amigos, é odiada pela garota má do colégio e não vê animes pra ir á festas, não sei o que dizer. Começo a achar que você é uma alien e não minha melhor amiga Jude.

- Você não me ajudou em nada – suspirei- O que acha que eu devo fazer?

- Volte a ser quem era antes Jullie.

- Por que eu faria isso? Antes eu era uma perdedora!

- Você nunca foi uma perdedora pra mim – afastou a minha franja da frente dos olhos- Pra mim você sempre será a lendária Ann, a jogadora que só perdeu cinco vezes em anos jogando KATSU!

- Obrigada Frank, acho que eu sei o que fazer agora – sorri

- Por favor, me diga que isso envolve tirar metade da maquiagem que você jogou no rosto. Eu te abraçaria, mas estou com medo que a sua base suje a minha camiseta do Star Wars!- ri com seu comentário fazendo-o rir também

- Talvez, acho que minha mãe iria ficar muito feliz se eu parasse de usar tanta maquiagem – passei o dedo pela minha testa e observei a parte dele que estava com um pouco de maquiagem- Isso daqui custa muito dinheiro, é o suficiente pra comprar doces e munição pro apocalipse zumbi.

Nós rimos e depois falamos sobre algumas historias do passado, quando chegamos ao parque onde minha mãe havia estacionado o carro nos sentamos num banco e observávamos o por do sol.

- É impressionante, não acha? – perguntou

- O que?- perguntei confusa- Eu ter me alimentado de cupcakes e salgadinhos até agora?

- Isso também – riu- Porém, eu estou falando sobre nós dois. Somos amigos há quanto tempo?

- Uns sete anos – respondi

- É muito tempo

- Concordo

Ficamos em silencio até minha mãe aparecer, então nos despedimos e entrei no carro.

O caminho dessa vez foi mais silencioso. Fui pensando no que farias para equilibrar a nova Jullie e a antiga, a primeira coisa que eu devo fazer é jogar KATSU!, Depois penso no resto.

Será que Andy e Thomas ainda vão querer me ter por perto?

Acho que, para eles, eu sou apenas algo que é conveniente ter por perto. Quem não gosta de ter pessoas belas por perto?

“Do que adianta ser bela por fora e tenebrosa por dentro?”

Assim que chegamos em casa fui pro computador. Tirei todas as músicas do meu celular e coloquei as antigas de volta. Depois, quando tive certeza de que tinha cada um dos meus preciosos CDs de volta na minha playlist, joguei KATSU! Por tempo suficiente pra ver as mensagens no mural comentando o meu retorno.

Sorri ao ver que Gregory pediu para lutarmos mesmo com vontade de aceitar o desafio recusei. Se quero começar de novo, tenho que esquecer o passado.

Fui dormir já de madrugada, um hábito horrível que eu adquiri por causa das festas, depois de responder algumas mensagens do Thomas me lembrei de e escrever em você diário.

Me faz bem escrever em você.

Toc Toc

- Jullie?- perguntou a voz de meu irmão

- Sim?

- Chegou uma coisa pra você – Lucca entrou no quarto e jogou em mim um envelope branco com meu nome escrito atrás

- De quem é? – perguntei

- Não sei – respondeu- Isso chegou hoje enquanto você estava fora, quando eu cheguei em casa encontrei debaixo da porta.

- Obrigada- disse

Ele murmurou algo como um “de nada” e saiu.

Observei um pouco mais o envelope branco de carta, dando uma atenção especial pro meu nome escrito atrás, essa letra é tão linda que não pode ser de um garoto.

Guardei a carta dentro de você e fui dormir. Seja lá o que estiver escrito ai, terá que esperar até amanhã para ser lido.