Forever And Always escrita por Firefly Anne


Capítulo 32
XXXII: Composição


Notas iniciais do capítulo

Obrigada Nathalia Kothe pela recomendação em Forever and Always! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/272939/chapter/32

XXXII — Composição.

(...)

Os primeiros raios solares tão atípicos de Forks reluziam pela janela de vidro no quarto do adolescente. Era um sábado, o dia dos namorados, e Edward nunca se viu tão ansioso para encontrar a namorada. Mesmo que o último encontro do casal tenha sido em menos de vinte quatro horas, porém um minuto longe de Isabella era tempo demais. Edward ainda se questionava como conseguiu passar toda aquela temporada longe de sua garota.

Pousada no criado mudo ao lado da cama, estava uma sacola de papel contendo o presente que há algum tempo comprou para Isabella, mas que nunca surgiu a oportunidade para dar o presente. Porém, não havia momento mais primoroso para entregar, literalmente, a chave do seu coração para a garota, como aquele dia.

Levantou-se ainda em letargia por ter ficado metade da noite insone preparando a segunda parte da surpresa para a menina. Após fazer a higiene matinal, ele sentou-se à mesa de estudos para terminar umas atividades que ficaram pendentes e que precisaria entregar na aula de segunda-feira, no primeiro período. E, de acordo com o seu planejamento, não teria um segundo livre no fim de semana.

No andar inferior, Esme conseguia ouvir os passos do filho em seu quarto. Sabia o que aquele dia representava para os jovens apaixonados e, apesar de se manter cega aos acontecimentos não tão recentes, ela sabia que havia algo mais que amizade entre Isabella e Edward. Sempre soube, na verdade. Desde que eles eram apenas crianças, eram predestinadas ao destino de ficarem juntos. Porém, mantinha-se cega, e não forçaria o filho a fazer o “pronunciamento oficial” do relacionamento com a filha do chefe Swan.

Uma hora depois, após terminar a lição, o garoto pegou debaixo do travesseiro um caderno velho, amassado e com odor de mofo. Abriu a primeira gaveta do criado mudo e dela pescou uma caneta. Abriu às últimas folhas do caderno e tornou-se a ler as notas musicais da canção que compôs durante a madrugada.

“Ótimo”, disse em pensamentos, antes de ir até a sala de música e buscar o CD com a gravação. Há algum tempo que ele não praticava a composição. Porém, por Isabella o esforço valeria a pena. Muito.


Bella Swan já estava acordada há algum tempo. Ela fitava o teto, e ansiosamente seus pés trepidavam. Seus olhos foram levados uma, duas, três vezes em direção ao relógio, e em todas as espiadas, às duas da tarde nunca havia chegado.

— Às duas horas, em frente à oficina do Senhor Newton — lembrou-se das palavras de Edward, sobre o lugar que usariam como ponto de encontro.

— Para onde vamos? — ela perguntou curiosa.

— O lugar é segredo, mas eu tenho certeza que você irá amar — ele garantiu.

Ao olhar para o namorado, Bella sentiu uma ânsia de beijá-lo lhe atingir, porém estavam no refeitório e havia cerca de 400 estudantes ali presentes. Embora ao varrer com os olhos todo o refeitório, percebeu que todos estavam inseridos em sua própria bolha. No entanto, eles não poderiam arriscar. Guardou a vontade de provar seus lábios, e realizaria o seu anseio quando estivessem sozinhos.

— Quero te beijar — ele confessou. A similaridade de pensamentos não passou despercebida à garota.

Naquele instante, Bella possuía a certeza que suas bochechas haviam atingido o mais vibrante carmim. Quando ela se preparava para abrir a boca, para respondê-lo, Alice apareceu, sentando-se no espaço que havia entre os dois.

Apesar de estar inserida à conversa, nunca se esqueceu do “quero te beijar”, Edward nunca verbalizava esses desejos. Quando sentia vontade, simplesmente a beijava. Nunca verbalizou o anseio antes do ato.

Faltando uma hora para o encontro, Bella começou a “produção”. Havia pegado algumas “aulas” com Alice sobre maquiagem, e Rosalie a ensinou alguns penteados que ela poderia usar naquele dia. Apesar das palavras ácidas quando estavam em Port Angeles, Rosalie mostrou-se uma boa pessoa. Apenas tentava alertar Isabella que o mundo pós-adolescência não era todo pintado cor de rosa, e, mesmo não sendo uma regra, alguns casais se afastavam logo após o final do ensino médio.

Sentiu-se deprimida apenas em pensar que aquela situação triste poderia acontecer com ela e Edward... Não suportaria viver sem ele; poderia se arriscar a dizer que ele se tornou metade do seu ser. Usando da hipérbole, que Edward era o ar que ela respirava, ou seja, que não poderia viver em sua ausência.

Como não estava com muita criatividade, e a ansiedade não lhe permitia lembrar com minúcia como fazer um penteado bem arrumado, fez apenas uma trança lateral, deixando a mecha da franja solta. Abriu uma caixinha de madeira, e dentro dela pescou uma tiara com um laço, pondo-a ao cabelo. No rosto, não se pintou muito. Apenas uma sombra clara, máscara para os cílios, blush para dar um aspecto de “vida” e “rubor”, mesmo estando ciente que seu rubor natural era ainda mais chamativo que o artificial, e nos lábios usou um gloss cor de framboesa.

O vestido estampado combinava com o sol que estava em Forks. O vestido era um pouco acima do joelho e as mangas iam até o pulso. Mesmo que o clima estivesse aparentemente quente, já estava acostumada a usar roupas que cobrissem metade do corpo. Calçou sapatilhas no estilo bailarina, e, antes de seguir rumo à saída da casa, pegou a sacola de papel onde estava o presente de Edward.

Não poderia ficar mais nervosa ao esbarrar com a “General Renée” olhando-a de modo surpreso.

— Está de saída? — ela perguntou, verificando a filha de cima a baixo, e notando que ela estava produzida demais para ficar em casa.

— Alice... — desconversou. — Estou indo estudar — mentiu.

— Estudar? — replicou.

Bella estava suando em bicas com aquela inquisição não planejada. Por que as coisas não podiam, ao menos uma vez, ser fácil para a garota? Encontrar com a mãe no meio de uma “fuga” para encontrar o namorado não era nada auspicioso.

— Sim... — tentou abrir passagem, mas Renée foi mais rápida, esticando os braços para tapar a estreita abertura.

— E onde estão os livros? Cadernos? Apostilas? Ou você pretende estudar sem materiais? Com essa modernidade e avanço tecnológico já é possível escrever usando os dedos? — apesar de parecer rude com as palavras, o tom de Renée não passava do humorado. Sabia para onde a filha estava seguindo. Apenas queria deixá-la um pouco desconfortável por estar mentindo. Renée até poderia castigar Isabella pelas mentiras, porém seria hipócrita se o fizesse. Ela também passou por uma fase semelhante àquela, então não poderia julgar o ato da menina.

Ao menos Edward era um bom rapaz, e ele parecia se importar com Isabella.

— Mãe... Por favor... — Bella sentia que mais um minuto na inquisição e ela derreteria em lágrimas.

— Certo, — liberou a passagem. Bella suspirou, aliviada. — Não demore muito — avisou.

Após assentir com a cabeça, a garota praticamente correu para fora de casa, porém antes que pudesse alcançar a maçaneta, conseguiu ouvir a mãe dizer:

— Mande um “oi” para o Edward.

Edward já estava à espera de Isabella no lugar em que combinaram. Estava ansioso, ele não podia negar. Depois de cinco minutos, a garota chegou. Havia um sorriso enorme em seus lábios, e ao ficarem próximos, tudo o que ela fez foi enlaçar os braços ao redor de seu pescoço e beijá-lo nos lábios. Por ser mais alto que Isabella por bons dez centímetros, ela precisou se sustentar na ponta dos dedos para conseguir diminuir a distância.

Afastou-se do namorado com um último beijo em seus lábios. Grudou a testa na de Edward e permaneceram ainda com os olhos fechados, apenas saboreando o momento.

— Senti saudades — ela diz.

— Eu também — ele murmura. Mesmo sendo contra a sua vontade, ele se afasta da namorada, tomando os dedos dela entre os seus. — Vamos?

— Sim, — assente.

Embrenharam por uma trilha desconhecida nos arredores de Forks. Apesar de parecer um lugar longe demais para ser alcançado a pé, Edward conhecia um atalho em que o percurso teria duração de apenas quinze minutos.

Agradecia mentalmente por ter escolhido sapatilhas. Por acaso, se seguisse os conselhos de Alice e Rosalie, naquele momento estaria usando sandálias com saltos enormes, e provavelmente estaria passando por grandes problemas.

— Como foi o seu dia? — ele introduziu um assunto.

Estar rodeado por árvores e o cantar de alguns animais não estava sendo fácil para Isabella se acostumar. Conversar com o namorado enquanto iam para o “lugar especial” era a única coisa que poderia acalmá-la.

— Normal, — respondeu. — Arrumei o meu quarto, fiz algumas atividades, li vários capítulos de um novo livro, ouvi músicas, como vê, nada de interessante.

— Para mim, é interessante — ela corou, é lógico. Era inevitável impedir o constrangimento sempre que ele dizia algo semelhante.

— E o seu? — mudou de assunto.

— Você ficaria entediada se eu contasse — ele disse, apenas para ocultar que passou a metade da manhã fazendo alterações na composição da música. — De qualquer forma, chegamos — ele disse.

Bella enfim guiou os olhos para o lugar à sua frente. Era rodeado por grandes árvores, alguns pinheiros. Umas flores enfeitavam ao redor, de variadas cores. No centro, em formato circular, era completamente em gramado. Uma campina.

— Lindo — ela murmurou ainda deslumbrada com a visão do lugar.

Edward guiou a namorada em direção ao centro da campina, sentando-se na grama.

O embrulho com o presente de Edward estava sobre as suas pernas, porém estava nervosa para entregá-lo. Não era simplesmente dar o presente; havia todo um significado por trás do objeto que ela queria poder compartilhar com ele.

— Hum... — o rapaz começou. Em um ato de nervosismo, ele coçou a nuca. — Não vou dizer que hoje é um dia importante para nós dois, pois, a meu ver, todos os dias são importantes se estou com você — ele pausou apenas para segurar as mãos da menina. — Quando eu tinha apenas seis anos, minha mãe levou-me para o parque. Confesso que não estava muito animado com o passeio, principalmente depois que soube que o meu brinquedo favorito havia sido jogado no lixo por engano. Para uma criança, não é fácil aceitar a perda de um boneco — ele riu. — Mas então, ao chegar naquele parque todo desgastado, com brinquedos enferrujados e a grama verde dando espaço ao marrom da terra, eu a encontrei — olhou-a nos olhos. — Você estava em um balanço, brincando, sozinha e feliz. Fiquei à distância, apenas observando o modo ao qual você voava sempre que se impulsionava para cima. O quanto seu sorriso se alargava quando os pés abandonavam o solo. Eu fiquei fascinando em como você poderia estar feliz, brincando sozinha. Movido pela curiosidade, eu fui até você — Bella ouvia atentamente as palavras do namorado. Memorizando cada uma delas no coração, para que nunca fossem esquecidas com o passar dos anos. — Ao chegar mais perto, notei o quanto você era e continua linda. Seus olhos marrons como a terra, pareciam assustados quanto um cervo ao notar que eu me sentei ao seu lado.

— Foi a primeira vez que eu visitei aquele parque — ela murmurou.

— Acho que eu poderia adivinhar isso pelo modo ao qual você se comportava. O deslumbramento com o balanço era perceptível ao olhar em seus olhos. Os mesmos olhos que agora você mantém escondidos — disse. Edward levou os dedos em direção ao maxilar da adolescente, fazendo com que ela o encarasse nos olhos. — Eu amo os seus olhos, Bella. Assim como a dona deles. — dentro da mochila que Edward havia levado, ele tirou uma caixinha dourada com uma fita vermelha.

Entregou a caixa para Isabella, que com as mãos trêmulas conseguiu equilibrar até pousar em cima da perna.

— Há um cartão aí dentro, mas eu queria que você o lesse apenas ao chegar em casa. Esse presente eu o tenho comigo há algum tempo, mas sempre retardei o momento de dá-lo a você. Mas então, eu decidi que daria hoje a você, simbolicamente, o que já pertence a você há algum tempo. Esse colar com pingente de uma chave é apenas simbólico. Pode abrir o seu presente. — indicou a caixa.

Desajeitadamente, Bella começou a abrir a caixa. Retirou a tampa, e ficou surpresa com o que encontrou ali dentro. Eram várias coisas. Fotos. Chocolates. O cartão. E um envelope. E um colar prateado com dois pingentes; um coração e uma chave. Era lindo. Na parte inferior do colar havia duas iniciais “B e E”, e Isabella quase chorou.

Pegou a bijuteria na palma da mão, e fitou o namorado.

— Coloca para mim? — ela pediu. Ficou de costas para o garoto, afastando os cabelos do pescoço para que ele pudesse fechar a gargantilha.

Só que então, ao virar-se novamente, ela percebeu que havia mais um item dentro da caixinha. Movida pela curiosidade, abriu o papel quadrado, encontrando um CD.

— Essa madrugada eu gravei essa música. Precisei fazer alguns ajustes, mas eu acredito que “Bella’s Eyes” continua tão bela, como estava à minha mente.

Bella’s Eyes? — ela murmurou, sabendo que já estava sendo assolada pelas lágrimas. Chorava de felicidade; de saber que aquele rapaz à sua frente a amava incondicionalmente.

— Os olhos de Bella — explicou. — Como eu disse, eu amo os seus olhos.

Levou as costas das mãos até as pálpebras, limpando os vestígios do pranto. Era chegado o momento de entregar o seu presente a Edward.

— Há um garoto que há muitos anos, levou-me para conhecer o seu “lugar secreto”. Era uma espécie de casinha acoplada a uma árvore. Ao chegar ao esconderijo, eu fiquei deslumbrada com o lugar, porque daquela árvore eu poderia ter uma visão ampla do parque. E a sensação de poder estar no controle de alguma coisa, é emocionante. Mas então eu caí. Machuquei-me, e esse garoto estava ao meu lado para dizer que a dor iria passar. Naquele mesmo dia eu soube que havia algo de diferente e especial naquele garoto. Acho que foi ali que eu me apaixonei por você — Bella fez uma pausa para respirar. — Na inocência de ser criança, eu comecei a dia após dia a amá-lo por coisas simples. Como por exemplo, levar-me para o caminho dos jogos sangrentos — eles riram em sintonia. — Aquele mesmo garoto que aceitou ser o papai das minhas bonecas, porque não era justo que elas tivessem uma mãe, e não um pai. Você aceitou. Sorrindo. Eu não precisei chantageá-lo e nem chorar para conseguir essa proeza. O mesmo garoto ao qual eu não conseguia ficar brigada por mais de cinco minutos. Porque se isso acontecesse era como se um buraco enorme se formasse em meu peito. — o choro havia novamente voltado. — Eu soube que o amava realmente, sabe quando? — retoricamente ela perguntou. — Quando eu peguei catapora e você esteve ao meu lado, cuidando de mim, contando-me as aventuras que aconteciam na escola, fazendo piadas sobre o quão estranha eu estava com aquelas pintinhas vermelhas. Ele não se incomodou em ser contagiado com a minha doença. Ele não desistiu de mim quando eu o mandei ir embora porque estava envergonhada daquelas manchas espalhadas em meu corpo. Ele esteve comigo, durante todo aquele tempo.

— Na saúde e na doença, é o que dizem — Edward repetiu a frase desse mesmo período ao qual Isabella se recordava.

— Sim, você disse isso — ela confirmou. — Ele também é o garoto que deu o meu primeiro beijo, que me prometeu um anel de compromisso. Ele sempre me surpreendeu por nunca ter desistido de mim. E eu o amo exatamente por essas mínimas coisas — respirou fundo. Abriu a sacola que estava o presente de Edward. — Enquanto eu procurava pelo “presente perfeito”, passou por entre a minha roda de opções um porta retratos, com alguma foto de nós dois. Rosalie, a prima de Alice, disse que era simples, mesmo sabendo que, partindo de mim, teria que ser algo simples. No entanto, ao entrarmos em uma joalheria, porque Rosalie queria comprar alguns brincos, eu encontrei o que seria perfeito para nós dois. É um bracelete.

Entregou o bracelete para Edward. Eram duas mãos segurando um coração e uma coroa logo acima do coração. Cada símbolo possuía um significado.

— Esse bracelete é uma variação de um anel conhecido na Irlanda — explicou. — O seu nome é Claddagh. As mãos significam a amizade; porque foi assim que tudo começou. A coroa tem como significado a lealdade. E por último, mas não menos importante, o coração simboliza o amor — disse. — Eu amo você, Edward. Desde quando eu ainda era apenas uma menina. Desde quando nos conhecemos pela primeira vez estávamos predestinados a ficar juntos. Eu amo você — ela repetiu.

Edward aceitou o presente. Colocou o bracelete prateado no pulso da mão direita. Bella ficou exultante ao notar que ele aceitou o seu presente; o seu coração.

Debaixo dos raios de sol, naquela campina esquecida pela população de Forks, Edward beijou a namorada. Selando mais uma vez o que ambos já sabiam.

Amavam-se mutuamente. A lei da recíproca era bem aplicada naquele casal de apaixonados.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo está GIGANTE, desculpem por isso, mas esse foi um capítulo especial e eu não consegui deixá-lo no tamanho padrão (menos de 1000 palavras). E, como ele está gigante, quero ser audaciosa e pedir que comentem lindamente nesse meu bebê fofo que me deixou morrendo de inveja dessa Bella sortuda. Vontade de entrar na fic e roubar esse Edward para mim. Awn ♥
Próximo drabble (no tamanho normal) apenas à noite porque acabou meu feriadão e minhas aulas voltam ao normal.
Gatinhas lindas que nunca comentaram, essa é a hora! Amores que continuam comentando, mais uma vez obrigada! Obrigada aos novos leitores, obrigada a quem recomendou. Assim vocês me matam de amor. *-*
Enfim, até breve! :)