XXVI — Conversar.

(...)

Ao chegarem à biblioteca, os dois jovens foram alvos do olhar mortífero da bibliotecária Grace, que era uma maníaca por silêncio e organização. Partiram para uma área mais afastada, onde eram espalhados várias mesas em formato circular, para estudos, e algumas cadeiras. Havia prateleiras com livros logo à frente, então se podia dizer que estavam “escondidos”.

Sentaram-se à mesa, e Bella rapidamente fitou seus pés ao ter o garoto por quem era apaixonada desde que ainda possuía um dente de leite faltando em sua boca, olhando-a intensamente. Notando o desconforto de Isabella, Edward segurou as mãos da menina, levando-as à narina — e aspirando ao odor da pele macia de Isabella. Era como uma boneca recém-saída da caixa. Seu cheiro era capaz de deixá-lo embriagado.

Não disseram nada por alguns minutos. Edward mantinha as mãos da garota sob o seu jugo, e Isabella se conservava fitando o chão. Criando coragem, ele respirou fundo.

Bella já estava se preparando para o pior. Afinal, como o “precisamos conversar” significaria algo bom? Provavelmente ele estava ali apenas para dizer que não mais a amava, que pretendia namorar outra garota; mais bonita. Estava se preparando para ouvir o “eu não te amo mais”, porém, quase perdeu todos os batimentos cardíacos ao ouvir o murmúrio do amado:

— Eu amo você, Bella — ele disse. A respiração da adolescente ficou errática. — Por amar você que eu precisei me afastar — libertou os dedos da garota apenas para poder repuxar os fios cor de bronze. — É complicado. Você não sabe o quanto eu me envergonho... Perdoe-me, por favor.

O rapaz não estava fazendo nenhum sentido, para Isabella.

— Diga algo, por favor... — seus olhos estavam quase suplicantes.

— Eu... — balbuciou. — Eu... Eu não sei.

— Você pode me perdoar? Perdoar-me por ter sido um estúpido?

— Edward... — sem que Isabella percebesse, havia algumas lágrimas manchando a sua pele de porcelana. Ao notar que ela chorava, Edward culpou-se por ser o responsável por ter causado tristeza em Isabella. — Você não sabe como... Como doeu em mim...

— Para mim também não foi fácil, querida.

— Por que você fez isso? Por quê? — perguntou, tentando acalmar o pranto.

— Um dia. Um dia você irá entender — disse.

— Eu pensei que você não... Que você não me amasse mais — murmurou, com a voz cheia de embargo.

— Não... — silenciou-a com o indicador sobre os lábios. — Para sempre e sempre, lembra-se?

— Sim, mas...

— Nada de “mas”. Isso não vai acontecer. Nunca mais. Eu prometo — ele disse firme.

— Nunca mais?

— Nunca mais.