"Mas se você achar que eu tô derrotado,saiba que ainda estão rolando os dados. Porque o tempo, o tempo não pára..."

(O tempo não para - Cazuza)

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Capítulo 1 – Apenas Me tire daqui

O que poderia dizer? Estava completamente chocada. Nunca,em toda sua vida,poderia dizer que aquilo estaria acontecendo.

Seu noivo,aquele que amou e quem confiou desde o primeiro momento,e sua melhor amiga,sim,melhor amiga desde a infância,desde que se conhecia por gente e que era sua maior confidente e assessora de imprensa,estavam em um beijo ardente e completamente insano no meio de sua sala. Daquele tipo de beijo que jamais recebeu do futuro marido. E ela,Haruno Sakura,só ficava parada,olhando estática aquela cena.

Meu Deus,será que as coisas poderiam ficar pior?

Ino virou-se para ela no momento em que a sua boca descolou da boca de Gaara,seus olhos arregalados tamanha a surpresa de vê-la ali,vendo aquilo que sentia tanto nojo,pela sua expressão.

A única coisa que saiu de sua boca foi: “Não é o que você esta pensando,Sakura”. E a Haruno queria dizer que não estava pensando nada,muito pelo contrário,estava vendo.

Neste momento o ruivo a sua frente pareceu perceber a presença da rosada,retirando a mão que ainda se encontrava na cintura fina da loira. Tentou argumentar:

– Sakura,por favor,não tire conclusões precipitadas,vamos conversar como pessoas civilizadas.

A Haruno abriu a boca e fechou várias e várias vezes,sem realmente sair nada.

– Conversar? – Disse,por fim. – Eu confiei em você,Gaara. Confiei ainda mais em você,Ino. E é isso que fazem comigo? Vocês me traíram.

Sim,traição era o ponto chave da conversa. Oh Deus... Como puderam fazer isso com ela?

O ruivo tentou se aproximar,tentou toca-la,mas foi brutalmente afastado pelo tapa estalado que recebeu na face.

Os olhos de Sakura estavam marejados,amava tanto o noivo e não sabia o que fazer. Estava decepcionada e a dor no peito era grande demais.

Virou-se antes que o ruivo ou a ex-melhor amiga esboçassem qualquer tipo de reação. Saindo de sua própria casa a passos largos. No caminho encontrou Naruto,seu irmão adotivo,sua preocupação era evidente,mas ela não deu bola,o que queria era sumir,desaparecer da face da Terra.

Entrou no carro,pronta para dar a partida mas a chave não estava na ignição. Gritou em meio ao choro.

Seu motorista apareceu em seguida.

– Sakura,vamos sair? – o rapaz indagou confuso,já que ela própria havia o dispensado,dizendo que não sairia mais de casa hoje,somente à noite.

– Não Sasuke,você fica,eu vou sozinha. Dê-me a chave do carro. – falou,virando o rosto para que ele não visse suas bochechas coberta por lágrimas.

Mas ele já tinha visto.

– Posso levar a você. – falou,tirando as chaves de seu bolso.

Gaara saiu correndo pela porta da frente,a loira que antes Sakura considerava sua irmã que nunca teve,corria em seu encalço.

Sakura pensou rápido e sabia que o seu motorista iria atrapalhar seu plano de fuga.

– Então entre logo,antes que Gaara nos alcance. – Passou para o outro banco e Sasuke entrou sem mais delongas,colocando a chave e ligando o carro. Entretanto,antes que saísse pelo enormes portões de ferro,o noivo de sua patroa bateu na janela,gritando que eles precisavam conversar,o que ela não deu ouvidos e o mandou ir de uma vez.

– Para onde deseja ir? – a viu enxugar os olhos. O que será que aquela ruivo maldito,havia feito para ela?

– Apenas me tire daqui.

Ele,definitivamente,não gostava de vê-la assim.

Se conheciam desde muito pequenos, seu pai,Fugaku,era o motorista dos pais da Haruno e eles sempre tiveram,de certa forma,uma amizade. Brincaram muitas vezes juntos.

Quando ela partiu para Londres,com o intuito de fazer uma espécie de intercâmbio que os pais queriam que ela fizesse,e foi aí que ela se interessou pelo teatro e passou cerca de seis anos longe,ele sentiu sua falta.

Ela lhe mandava lembranças nas vezes que ligava,nunca esqueceu dele. E isso o enchia de alegria,visto que ele nutria uma certa afeição - maior do que deveria e seria o ideal - para com ela.

Porém,tudo se desvaneceu quando ela chegou da Inglaterra,mas não estava sozinha,trazia um namorado com ela.

Sasuke não sabia definir o que sentiu naquele momento. Ele nunca teve chances,ela sempre foi inalcançável para ele e se conformou com isso,sem lutar por nada. Até porque,não tinha nada para lutar.

Enquanto pensava,as ruas passavam rapidamente,estavam sem rumo,ela não havia falado para onde deveriam ir e ele apenas seguia em frente.

Sabia que deveria ficar calado,ela não estava em um momento muito bom. Não mais chorava,era verdade,mas era preferível o silêncio.

Pela cidade,as fotos dela estavam espalhadas. Fotos dos comerciais que ela fazia,dos desfiles que participava,dos filmes que estavam em cartazes.

Ela era famosa,simpática,humilde. Muito querida pelo seu abrangente grupo de seguidores. Todos queriam chegar perto de Haruno Sakura. Todos queriam ser ela.

Ela olhava para fora,a cabeça encostada levemente no vidro escuro da janela do carro e tudo o que ela queria fazer,era não existir. Sakura estava cansada,de tudo. Ela queria dar um tempo do cinema,queria tirar longas férias e essa traição agora,era mais um motivo para ela querer partir. Só esperava que isso não caísse na boca do público,ou seria a única coisa que perguntariam a ela e era justamente a única coisa que ela queria esquecer.

A última cena do filme que estava fazendo,encerrou-se hoje e logo quando a lua estivesse firme no céu,seria a festa de despedida das pessoas que trabalhram no projeto.

Ela não queria ir,mas talvez fosse o mais correto. Talvez não,era o mais correto,visto que ela era a atriz principal e que todos esperavam que ela comparecesse.

Depois disso,achava que deveria sair um pouco,tirar uns dias para esfriar a cabeça.

Quando deu por si,estava em um mirante,abaixo se encontrava o mar com suas ondas violentas se chocando contra as pedras desgastadas pela força do ato.

Sasuke estava ao seu lado,ela não o considerava apenas seu motorista,ele era mais que isso,ele era seu melhor amigo,pelo simples fato que tê-la conhecido quando ainda eram pequenos e que a fama dela não parecia importar nem um pouco para ele,agora.

Sasuke a via como a Sakura-chan,aquela garotinha que corria atrás dele só de calcinha pela casa e que sua mãe,Hinamori Haruno,gritava aos quatro ventos que eles um dia iriam ser mais do que amigos,arrancando risadas de Mikoto,sua melhor amiga e mãe de Sasuke. Hinamori também não se importava pela amiga ser uma pessoa humilde,sendo que a Haruno era dona de muitas empresas junto com o pai de Sakura,Hideki,e que hoje era tudo administrado por Naruto.

– Quer conversar?

Virou-se para Sasuke e ele pode ver os olhos inchados dela.

– Foi o Gaara,eu o peguei com a Ino. – ela falou,antes que pudesse perceber.

Ele fez uma cara estranha,parecia sentir muita raiva,mas depois colocou sua mão no ombro dela e sorriu.

– Se ele fez isso é porque não te dava valor e,consequentemente,não te merecia.

Ela sorriu minimamente concordando com ele. Depois se virou para o sol que se punha calmamente e tingia o céu de laranja naquele final de tarde,trazendo uma brisa um tanto gélida,mas que nem por isso deixava de ser gostosa ao olhar de Sakura.

Sasuke a observava de canto e com aquela meia luz achava que ela ficava ainda mais linda e ainda mais inalcançável. Simplesmente,por ela ser Haruno Sakura,uma estrela dos cinemas e ele,apenas seu motorista...