Chione foi colocada em uma cela de segurança máxima e, para ela, eles realmente tinham motivos para fazer aquilo. A princesa, que desconhecia a sensação de estar presa, se sentiu mal ao ser colocada em uma sala de vidro, como se fosse um experimento cientifico colocado para exposição... E totalmente sem privacidade. Toda e qualquer coisa que ela pudesse usar como arma lhe foi tirada. Chione estava cansada e machucada, o que quer que pudesse fazer para escapar não daria certo, sem falar que ela não precisaria, afinal seu objetivo desde o começo era chamar atenção o suficiente para reunir os vingadores.

- Acho que não gostou da visita dos vingadores. – Fury disse em uma breve visita á princesa.

- E você, Nick, gostou até demais da minha. – Ela disse de forma casual – Dentro de cada herói há um vilão que almeja o caos apenas para sustentar o ego do primeiro.

- Eu quero saber o que você veio fazer aqui – Fury ignorou o comentário de Chione, como se ela nunca tivesse se quer pensado em falar algo.

- Para falar a verdade, no momento não quero nada, vocês já fizeram tudo por mim... Eu tenho ele bem onde quero – Chione disse levantando a mão aberta – Na palma da minha mão.

- Não sei se percebeu, mas é você quem esta onde eu quero. Se tem problemas com esse tal deus que tanto procura deveria ter escolhido outro planeta para resolve-los – Nick Fury disse de forma ameaçadora.

Chione puxou a mão para junto do corpo novamente enquanto fazia uma careta de raiva.

- Não tenho problemas com ele... para falar a verdade nem o conheço oficialmente.

- Então o que faz aqui?

- Estou tentando salvar o mundo – A princesa disse com um sorriso levemente debochado.

- Destruindo cidades e matando pessoas?

- Eu não disse que estava tentando salvar o seu mundo.

- Então até que decida voltar para o seu mundo, aproveite a prisão – Dito isso Nick Fury se virou e saiu da sala.

Chione se sentou no chão da cela enquanto tentava reunir suas forças para poder escapar e finalmente conversar com seu irmão.

(...)

Loki ainda estava fascinado pela misteriosa garota que havia quase derrotado os vingadores – e não o fizera apenas porque não fazia parte de seu plano. Os olhos azuis que quase sempre pareciam brilhar, os lábios delicados e que sempre carregavam um sorriso sarcástico, a voz fina sempre num tom frio... era impossível tirar os olhos daquela beldade malévola.

- ... Porque apenas não a matamos?

Ao ouvir as palavras de Tony Stark, Loki saiu de seus pensamentos, assustado e com medo de que os outros fossem concordar.

- Não – Loki disse mesmo que não devesse. Ao ver que a atenção de todos se voltou para ele, acrescentou: - Ela é poderosa, o que significa que primeiro: não vai desistir fácil e segundo: a coisa parece ser muito mais complexa do que apenas uma garota com uma espada.

Um silencio se instalou na sala, cada um deles com seus pensamentos e conclusões precipitadas.

- Ele esta certo – Para a surpresa de Loki quem falou primeiro foi Natasha. – Ainda podemos arrancar alguma informação dela se tentarmos.

- Ela parece ser do tipo que diz tudo que você quer ouvir e não a verdade – Clint rebateu, pela primeira vez na vida realmente ficando contra a amiga. – Ela é uma trapaceira maldita.

Loki cerrou os punhos, se esforçando para não fazer nenhuma idiotice, ela disse que queria salvar o mundo, então deveria ser considerada uma heroína e não uma vilã, certo?

- Eu acho que ela diria a verdade se a pessoa certa falasse com ela. Se essa garota... – Natasha disse lendo o nome nas anotações em cima da mesa – Chione, é uma trapaceira, vamos mandar um trapaceiro para falar com ela, nada melhor do que combater fogo com fogo.

- Ou gelo com fogo – Loki sussurrou tão baixinho que apenas ele escutou.

- Agente Romanoff, eu admiro sua capacidade de persuasão, mas eu realmente não acho que ela vai se abrir com você como uma flor na primavera – Tony disse.

- Mas eu nunca disse que ia falar com ela – Natasha respondeu cruzando os braços e franzindo as sobrancelhas, esse gesto arrancou um sorriso de Clint que nem a própria viúva negra entendeu – Ela não vai falar nada para nenhum de nós. Ela não é daqui, mas nos conhece muito bem.

- Ela disse algo sobre um deus então... – Tony Stark disse virando a cadeira giratória para poder apontar para Thor – A culpa é dele.

- Por enquanto a culpa não é de ninguém – Steve, que se manteve calado até o momento interrompeu o deus do trovão antes que o mesmo rebatesse.

Um silencio se instalou na sala, ninguém ia se oferecer para falar com Chione, não que tivessem medo dela, apenas porque ela era trapaceira até demais.

- Então... – Natasha disse olhando em volta – Quem vai?

(...)

Bruce riu quando Stark lhe contou tudo que havia acontecido desde a luta até a “discussão” sobre o que fazer com a garota.

- Loki e Natasha Romanoff parecem ver alguma esperança de fazer com que a prisioneira fale, mas até agora nenhum deles se ofereceu para tentar – Tony disse dando de ombros. – Eu e Clint pensamos igual, é mais fácil mata-la de uma vez.

- E Steve?

- Não me importo com o que o picolé pensa, as ordens dele só valem enquanto estamos lutando. – Stark disse se levantando e atravessando o laboratório até a mesa onde a espada de Chione se encontrava – Qual a situação por aqui?

- Ainda não sei direito, a espada parece ser feita de um tipo de gelo que não derrete fácil e usa energia disso – Bruce disse e ergueu algo parecido com uma pedra azul brilhante amarrada a um cordão.

- Ela estava usando isso, certo?

- Sim e é muito parecido com o cubo. Não conseguimos encontra-la antes por causa da energia que o gelo da espada produz, encobre totalmente a radiação gama, mas não se parece com nenhuma que eu conheça – Banner respondeu um tanto frustrado.

Nick Fury observava os dois gênios conversarem, por uma das minúsculas câmeras escondidas nas salas, enquanto Maria Hill falava.

- Senhor, ao que parece o tal portal foi aberto novamente, mas não... não tinha ninguém.

Fury gostava de ficar de olho nos vingadores (em todos eles), principalmente depois que invadiram o sistema da Shield e desobedeceram deliberadamente. No entanto ele não era o único que observava tudo, Steve Rogers fazia o mesmo, porém de uma forma um tanto diferente. Ao ouvir o que havia acontecido ele engoliu em seco e tomou uma decisão.

Chione estava se sentindo melhor, dormira sentada no chão da cela como uma perfeita estatua de gelo e ainda estava de olhos fechados quando o capitão entrou na sala.

- Ola Steve – A princesa disse abrindo os olhos de vagar.

- Não estou aqui para conversa afiada. – Ele respondeu cruzando os braços – Quem chegou e o que você realmente quer?

- Eu não sei – Chione respondeu com sinceridade e frieza.

- Estou ficando sem paciência.

- Os humanos são uma coisa incrível – Ela disse para si mesma balançando a cabeça – Esta chovendo, eles estão longe de casa, sabem que vão se molhar por não ter nenhum lugar onde possam se abrigar, mas mesmo assim eles correm.

- Enquanto houver uma mínima esperança de chegar em casa e se secar, para não pegar uma gripe, vamos correr. – Steve rebateu, surpreendendo Chione.

- Finalmente algo em que nos identificamos – A princesa disse sorrindo e pela primeira vez com sinceridade – Se pode entender isso, Capitão, poderá entender o que eu estou fazendo aqui.

Steve foi até uma cadeira e se sentou, sem tirar os olhos de Chione.

- Seria mais fácil se você simplesmente falasse.

- Me diga uma coisa... – Ela falou desviando os olhos para o chão – Você não conhece todos os humanos do mundo, certo? Mas mesmo assim luta por eles... porque?

- Porque são inocentes.

- Outra coisa em que somos parecidos – Chione disse com um sorriso torto e levantando os olhos para encarar Steve novamente – Eu também luto por inocentes, então eu não deveria estar presa aqui.

- Mas você matou inocentes.

- E você não? Nunca matou soldados em uma guerra?

- Eles lutavam pelas causas erradas!

- Mas eram inocentes, apenas faziam o que lhes eram ordenado, alguns deles talvez nem quisessem estar ali, mas eram obrigados. – Chione disse com urgência desnecessária na voz.

Um silencio se instalou na sala. Steve se perdeu em pensamentos enquanto a garota o observava, esperando por uma resposta ou qualquer outra coisa. O Capitão apenas se levantou e foi embora, deixando a princesa sozinha novamente para descansar. 

(...)

O novo rei de Jotunheim assumira uma forma humana, mas mesmo assim continuava diferente e quase assustador aos olhos humanos, fato que o ajudou muito na busca por um esconderijo. Os melhores guerreiros acompanhavam-o naquela caçada, além de – aos olhos humanos – um cachorro maior que o normal.

- Coloque o farejador para encontra-lo – o rei ordenou e, sem questionar, os jotuns o obedeceram.

Ele planejava milhares de mortes para o verdadeiro herdeiro de Jounheim, ele era a única coisa que o separaria do trono... e da vitória na guerra que planejava iniciar.