Parecia que estava há um tempo submersa em algum canto da minha cabeça, só ouvia vozes distorcidas, até que consegui distinguir uma frase:

- Vamos ter que acabar com isto aqui!

Eu sabia que o isto que estavam se referindo era eu, consegui aos poucos, mexer meus dedos, abrir os olhos, mas não pude me mover, de repente todas aquelas pessoas vestidas de branco se afastaram, saindo da sala, mas não conseguiram me ver acordando, ainda assim vi pelos seus visuais que eram da Capital. Algumas lembranças da arena vieram à minha mente e senti uma repentina dor de cabeça. Olhei ao redor e me vi nua numa maca, eu estava presa apenas pela cintura por algo como um cinto de carro, tinha que fazer alguma coisa antes que todos voltassem, tentei esticar meu braço até uma mesinha prateada a minha direita, onde havia um bisturi, estava longe demais. Me joguei mais pra cima até sentir dor, o cinto estava me cortando na cintura, me estiquei o máximo que consegui, mas ainda faltavam alguns centímetros, senti o sangue quente começando a sair da pele, perto do osso da cintura, parecendo uma lâmina, mas me inclinei mais e mais pra direita e consegui finalmente pegar o instrumento. Cortei rapidamente o cinto, me levantei e dei mais uma olhada ao redor, uma bancada no canto da sala, a porta de vidro por onde os médicos da Capital saíram, outras duas mesinhas com instrumentos cirúrgicos, um jaleco branco e um raio-x pendurado, o coloquei contra a luz, era de meu braço, eles haviam retirado o chip que fora colocado em nós, logo antes de ir pra arena. Puxei o jaleco e o vesti, o fechei até o final, no bolso dele havia um elástico e uma plaqueta de metal com o número 4910, eu realmente não sabia o que era, mas a guardei novamente. Peguei o elástico e amarrei o cabelo num coque, e saí pela porta de vidro, ao lado dela, do lado de fora, na parede, estava pregado um papel, escrito ‘eliminar, D5’, chequei os corredores e me mandei daquele hospital.