Bifurcados - O Apocalipse Zumbi escrita por Cadu


Capítulo 16
Os Outros, Para Trás, Ficarão - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo! Espero que gostem. A playlist da minha história está aqui: http://www.kboing.com.br/radio-show/playlists/1847828/760373/
Recomendo ouvir - nada mais na menos que - "Cazuza - O Tempo Não Para". Preparem-se na cadeira pois esse terá algumas surpresas. Boa Leitura =)



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Bifurcados - O Apocalipse Zumbi

Capítulo quatorze - Os Outros, Para Trás, Ficarão

Parte I

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Heitor estava desesperado. A chuva cobria todo o céu juntamente com as pesadas nuvens escuras. O corpo de Leila boiava no rio violento fazendo seu corpo parecer uma marionete, balançando seus membros sem direção.

Equilibrando-se no tronco onde a segurava, sai cuidadosamente até a terra firme. Afundou seus tênis no barro embebido por água e segue o corpo de Leila. Seus peitos aparentemente não mais respiravam, e sua face era a todo o momento banhada pela água. Heitor resvala todas às vezes enquanto corria atrás dela. Uma vez ou outra perdia Leila de vista, já que era levada pelas profundezas. Mais para frente, seus lobos afogavam-se tentando se salvar. Morreram.

Após vários minutos ainda seguindo Leila, seu corpo pousa nas margens do rio. Heitor arregala os olhos e desesperado aproxima-se rapidamente. Quando chega perto, seus joelhos grudam no barro. Seu rosto era pálido e gélido, suas mãos roxas e seus lábios sangravam por causa do frio das águas. As mãos de Heitor fizeram-na uma massagem no coração, mas nada aconteceu. A boca de Heitor encontra-se com a dela, e num ritmo frenético impulsiona o ar de suas narinas para seu pulmão. Nada.

Os olhos claros de Leila abrem-se em um movimento lento. Vomita uma quantidade imensa de água e sua face parecia tonta. Seus braços tremiam de frio e a chuva – que caia insensatamente – aparecia aumentar a cada momento.

— Leila?! Aguenta firme! Vou te levar de volta para casa! — Heitor grita com sua voz interrompida pelo cansaço e medo.

Pega Leila no colo e levanta-se do chão. Tenta subir o morro, mas a quantidade de terra o faz cair várias vezes. Heitor sobe o morro com grande dificuldade, sujando toda sua pele – que agora tinha um tom de marrom escuro. Seus dedos ágeis ajudam a encontrar terra firme.

Um vulto encontra os olhos de Heitor apertando suas têmporas. Um zumbi nauseante entorpece suas visões. Leila não tinha forças para lutar, então apenas fechou seus olhos e esperou a terrível sensação de medo passar.

Heitor pousa o corpo da mulher no chão. Levanta-se com a cabeça baixa e empurra o zumbi em um momento de raiva. Seu grunhindo aumenta quando quase cai ao chão. Volta a ameaçar com seus dentes quebrados quando Heitor apanha a faca de seu cinto. Decapita sua cabeça.

Leila é pega em seu colo rapidamente. Seus cabelos – antes de cor dourada – eram completamente sujos de terra e o mesmo elemento cobria algumas partes de sua face. Heitor corre pela floresta com ela no colo. A respiração de Heitor é ofegante e seus olhos são atrapalhados pelas confusas gotas da chuva. Leila vomita mais água.

Após dezesseis minutos correndo sem direção pela floresta consegue enxergar a casa borrada pela neblina do frio. Corre mais rápido imaginando como seria boa a sensação de enxergar novamente Clarissa em sua retina e de descansar um pouco enquanto a chuva molhava a terra.

Heitor sobe o vale com dificuldade. Quando se aproxima mais consegue fitar a porta aberta da casa. Invés de Clarissa uma horda de zumbis invadem a construção e espalham-se pelo gramado.

Um arrepio envolve todo seu corpo amolecendo seus ombros com grandes doses de adrenalina e medo. Pensa rápido em uma solução. Leila ainda estava desmaiada e não poderia deixá-la ali, sendo comida pelos zumbis.

Heitor corre por volta do vale chegando aos fundos da casa. Clarissa também não permanecia lá, mas sim quatro zumbis. Novamente pousa Leila no chão, tendo certeza que ela estaria segura atrás de seu corpo masculino. Um dos errantes tenta morder seu braço quando a faca é atingida em seu lobo frontal. O outro – a qual parecia ser uma mulher – ai em direção a Leila. Heitor corta seu pescoço. Faz a mesma coisa com o terceiro, e o quarto é mais rápido que os outros. Arranca fora seus braços e depois sua cabeça. A mulher parecia desmaiada no chão e não há tempo para pensar. Apanha-a novamente em seus braços e corre para a varanda traseira da casa. Em todas as janelas observa se Clarissa não está abrigando-se ali. Nenhuma.

Quando chega a janela do banheiro, consegue ouvir um leve gemido. Era a menina.

— Clarissa! Nós temos que sair dessa casa! Pegue as nossas mochilas do quarto e saia por aqui atrás! É seguro. Vai! — Heitor sussurra cada palavra cuidadosamente.

Em questões de segundo Clarissa arromba a porta, apanha as mochilas e agarra seu arco – sua única proteção. Atrai os zumbis que permaneciam na casa e gasta algumas flechas com eles. Chegando aos fundos tranca a porta com algumas cadeiras velhas de balanço. Funcionariam por pouco tempo. Clarissa abraça Heitor como nunca.

— Meu Deus, o que aconteceu com Leila?!

— Depois explico Clarissa! Não temos tempo!

Passam por toda a lateral da construção e a horda percebe o movimento humano. Correm. Correm fugindo de todos ali. Clarissa atira suas flechas nos errantes mais próximos. Heitor não consegue mais correr e cai de joelhos no barro molhado. A visão embaçada de Clarissa invade suas pupilas.

— Heitor! Vamos! Levanta! — com desespero a menina gritava.

Leila cai no chão rolando-se na terra embebida. Não há mais tempo para salvar os outros. Para a rodovia voltam sem a menina-mulher-lobo.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? O que acharam do trágico final de Leila? Espero que tenham gostado. Posto o próximo com doze reviews.