Um Dia Qualquer. escrita por Hikari


Capítulo 4
Casamento - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Ooi *-*
Mais um capítulo (:
No final vou explicar umas coisas, mas por enquanto... Espero que gostem ^^



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Pov. Peeta


Não conseguia acreditar no que via.

Aquele lugar definitivamente não parecia o distrito 13. A não ser pelas casas ao longe mal podendo ser realmente vistas, mas que eu notava que estavam arranjadas regularmente em uma linha reta e com as paredes brancas, porém agora, as cores brancas tinham tons claros misturados dando uma aparência calma e aconchegante.

Não havia nenhum vestígio de um dia ter sido um campo de guerra ou que houvesse sido destruído, ou ao menos que houvesse sido um lugar excessivamente restrito a regras, em parte, o que eu estava olhando era o que eu jamais poderia sonhar em ver que ele se transformaria.

Estávamos em um lugar imenso, com superfícies ao lado totalmente de vidro onde apoiavam telas onde apareciam programados os horários de chegada e saída no momento exato, nessa tela acabara de aparecer o meu nome, da Katniss e de nossos filhos com uma pequena foto. Disso eles haviam deixado do mesmo jeito, sempre organizados.

A floresta aos cantos e delimitando as casas estavam impecavelmente bem cuidadas e apareciam vários bichos de espécies diferentes toda hora sem ter ao menos possuírem algum tipo de medo.

Flores floresciam pela floresta e entrelaçava-se entre os trilhos do trem, onde a grama havia tomado o lugar, mas que estava também cuidadosamente aparada. Havia ao lado lojinhas onde vendiam petiscos, achei a olhar alguns muito estranhos, resolvi não comer nenhum.

As pessoas passeavam despreocupadas e sorridentes, podia ver diversos tipos de pessoas que podia distinguir ou adivinhar de qual distrito realmente pertenciam, muitos haviam se mudado para lá, eu não entendia muito bem o porquê, bem... Agora eu entendia.

–Peeta. -Katniss murmurou para mim. -Tem certeza que estamos no distrito 13?

Olhei ao redor, ponderei sobre a pergunta enquanto olhava as redondezas e abri a boca para responder quando um grito estridente me fez ranger os dentes. Gale.

–Katniss! Peeta! Vocês vieram! –ele estava com um sorriso maior que o mundo.

–Gale! –Katniss cumprimentou e desceu do trem abraçando-o. –Claro que viemos, não iriamos perder isso!

Ele sorriu para Katniss e Fynn saltou para fora do trem direto para as costas de Gale.

–Tio Gale!!!!! –gritou. –Eu vou ter uma tiaaaaaa!!

Gale riu e eu bufei, indignado. Cruzei os braços, por que ele tinha que ter tanta atenção? Era só um casamento.

Vi Annie de esguelha fungar e sair do trem segurando a alça da mochila.

–Parabéns, tio Gale. –ela sorriu para ele.

Eu me senti como se transbordasse de raiva. Ele fez isso com a minha filha!

Senti algo se mover aos meus pés, cambaleei, mas me firmei segurando na porta do trem.

–O quê...?

–Peets, pule! –Gale gritou. DE NOVO COM ESSE DE PEETS?

Vendo que eu não me movia, Katniss berrou:

–Peeta! Pula logo! O trem está partindo!

Ah, era por isso.

Peguei a mala e pulei. Caí de qualquer jeito no chão de grama macia e fofa, ainda bem que havia aquilo, pelo menos.

Vi tudo girar em volta de mim, Katniss e os outros se ajoelharam do meu lado.

–Você tá bem, pai? –Annie perguntou, pegando a mala pesada de cima da minha barriga. Bem melhor.

–Ahn? Sim, eu estou... Já passei por coisas piores. –disse atordoado, apoiando-me com a palma da mão e me sentando. –Hm... Oi.

Katniss foi até a minha frente e segurou meu rosto.

–O que você estava pensando? Por que não pulou antes? –vi em seus olhos preocupação e eu relaxei, ela não devia ficar tão preocupada assim.

–Desculpa, Katniss... Acho que não havia percebido antes... –cocei minha cabeça, rindo sem jeito.

Katniss balançou a cabeça e me beijou, quando nos separamos ela olhou para meus olhos e ordenou:

–Nunca mais faça isso.

–É involuntário. –respondi.

Escutei uma risada diferente, que eu nunca havia escutado antes, eu e Katniss viramos a cabeça e vimos uma mulher alta, porém menos do que o próprio Gale e de cabelos longos, cacheados e ruivos, com os olhos verdes. Arquejei. Seus olhos eram iguais aos do Finnick. Ao do Finnick Odair.

–Então são esses: Katniss e o Peeta de que tanto ouço falar! –ela exclamou. –E não só pelo Gale.

É, nós sabíamos disso. Entreolhei-me com Katniss que estava com a cara retorcida, odiava escutar aquilo.

–Sim! –Fynn inocentemente disse, orgulhoso. –Eles são bem famosos.

Katniss levantou-se e me ajudou, segurei sua mão e ela me alçou para cima, Annie segurou minha mão ao me levantar e se escondeu atrás de mim.

–Ah, deixe-me cumprimentar. Agatha, esses são Katniss e Peeta como você mesma soube e seus filhos: Annie e Fynn. Pessoal, essa é Agatha, minha noiva.

Fynn foi o único a ir para frente quando escutou o seu nome.

–Você é a noiva do tio Gale! Você é bem bonita. –disse encarando-a, ela apenas riu e curvou-se apoiando as mãos no joelho.

–Obrigada, você também é um garoto muito lindo. –disse bagunçando os cabelos loiros do meu filho.

Katniss abriu um largo sorriso e estendeu a mão.

–Muito prazer por finalmente conhece-la.

–Não, o prazer é todo meu. –Agatha respondeu apertando com força a mão de Katniss.

Quando Agatha voltou-se para mim, pude sentir Annie tremer nas minhas costas e se esgueirar para o meio, entre eu e Katniss, onde poderia se esconder melhor.

Cumprimentei-a do mesmo jeito que Katniss e Gale perguntou logo em seguida:

–Onde está Annie?

Pude sentir a hesitação dela atrás de mim, mas mesmo assim, a vi saindo detrás de nós e se apresentando.

–Aqui. –ela disse olhando para o chão, ainda segurando minha mão, apertado. –Prazer. Sou Annie.

Agatha alargou o sorriso e falou delicadamente:

–Ah sim, Annie, escutei muito sobre você.

Pude ver Annie enrubescer e a puxei para mais perto de mim, agora estavam falando dela?

–Bom, que tal nós mostrar a vocês por aí? Quer dizer, vocês devem estar bem cansados.

Katniss assentiu, mas antes de prosseguirmos Fynn levantou a cabeça, confuso.

–Espera, onde está Haymitch?

–Espero que bem longe. –escutei Annie rosnar baixinho, abafei minha risada.

Agatha que estava de mãos dadas com Gale olhou para ele.

–Aquele senhor que saiu do trem quase caindo? –perguntou.

–Pode falar velho. –Katniss sugeriu. –E sim, esse mesmo.

–Ele foi para dentro da floresta. Bem... Ali. –Agatha apontou para uma parte densa de árvores perto da tabela do trem.

–Ai não... –Katniss lamentou-se. –Agora eu vou ter que ir lá... Obrigar a ele voltar... E é sempre eu.

Fynn que segurava sua mão olhou para ela com determinação.

–Eu vou, mãe! –ele voluntariou-se.

–Não! –respondeu de imediato Katniss e suspirou. –Quer saber? Vamos deixa-lo. Ele sabe o caminho de volta. Se não chegar até o anoitecer eu vou tentar procurar ele...

–E eu vou junto. –afirmei para ela.

–Tem certeza? –questionou Gale, Katniss assentiu. –Então tá, vamos lá.

Fynn bateu o pé, mas não falou nada e logo esqueceu o assunto, distraído com as construções que nem prestava mais atenção no que acontecia ao redor. E eu não posso dizer que eu também não fiquei impressionado.

Como que aquilo podia ser verdade?

Algumas construções flutuavam do chão, Gale mostrou como que isso podia ser possível, mas estava tão desligado que não escutava nada. Estava abismado por toda a transformação do distrito 13, pude perceber que Katniss também estava porque olhava para todos os lados freneticamente como se não conhecesse mais ali, era como eu me sentia também.

E em volta disso tudo, podia sentia Annie se remexendo ao meu lado, ela olhava tudo em completa admiração.

Talvez eu não devesse me preocupar tanto assim com ela.

–... E é assim que a casa ou qualquer construção pode flutuar. –finalizou Gale, Agatha bateu palmas e eu, Katniss, Fynn e Annie fizemos um “uhum” sem nada realmente saber do que ele havia falado.

Continuamos pela frente, escutávamos desatentos, as coisas que Gale dizia, nós estávamos observando tudo e pude encontrar de tudo: além de casas flutuantes, havia um parquinho com brinquedos que giravam sozinhos, e restaurantes que se moviam, é, parecia que tudo era possível ali.

–Bom, aqui vai ser onde vocês podem ficar enquanto o casamento não chega. –Gale apresentou, mostrando um prédio ao lado, estava tão tonto de ficar vendo construções que giram e pairam que ver que esse era normal era um alívio.

–Ah, claro. –Katniss disse. –Obrigada.

Ainda era o meio da tarde e depois de Gale disser que poderíamos ter um dia de descanso ele saiu com Agatha dizendo que teriam um compromisso.

Entramos no prédio e fomos ao nosso andar que Gale havia nos indicado, abri a porta com a chave que ele me entregou e adentramos na sala, ela era espaçosa, clara e muito confortável, tinha poucos cômodos, apenas uma sala com um sofá bege e uma televisão à frente, três quartos, dois solteiros e um de casal e um banheiro, simples, mas tudo o que precisávamos.

–Eeeeeeeee! –comemorou Fynn soltando-se de Katniss e largando a coleira de Haymi. –Pular no sofá!

–Espera aí, Fynn! –exclamou Annie.

–O quê foi? Você quer pular também? –perguntou ele diante do protesto da irmã, pulando no sofá, energético.

–Seu tonto! Você não pode ficar pulando assim em todo lugar, aqui não é a nossa casa. Aliás, nem na nossa casa a gente pode fazer isso. –Annie revidou, Fynn só mostrou a língua para ela. –Pai? Mãe?

Olhei para Katniss e ela deu de ombros.

–Fynn, pode descer já daí.

–Ahhhh manhê! –ele entristeceu-se. –Por favor, por favor, por favor, só me deixa pular um pouquinho...

Katniss foi até ele e delicadamente pegou-o pela cintura, descendo-o.

–Que tal nós não darmos um banho no Haymi? Afinal, o casamento é daqui a três dias, então tempos que deixa-lo limpinho para ele poder entregar os anéis.

Fynn se animou e Katniss e ele foram até o banheiro levanto um Haymitch nada feliz.

–Não vou ser eu quem vai arrumar aquele banheiro depois. –falei para Annie que sorriu e sentou-se no sofá ligando a TV.


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Pov. Annie.




Acabara de acordar com dor nas costas.

Grunhi e passei as mãos pela cama, semiconsciente, tentando achar o que me atormentava tanto.

Uma mão.

Gritei e caí da cama, despertando totalmente e só piorando as minhas costas que bateram com tudo no chão.

–Mais cinco minutos... –murmurou uma voz conhecida.

Se fosse o que eu pensasse...

Levantei-me e vi meu irmão deitado na minha cama, esparramado como se a cama fosse dele. A mão DELE que me deixara com dor nas costas, por ter ficado debaixo de mim por tanto tempo.

Desde quando ele estava ali?

–Fynn! –berrei para ele e lentamente ele abriu os olhos.

–Oi, Annie. –ele respondeu e voltou a dormir.

Cheguei perto dele e comecei a chacoalha-lo como uma doida para tentar tira-lo do sono que não queria desgrudar dele.

–O que você tá fazendo aqui? –pronunciava cada palavra com mais um empurrão de leve.

–Ai, Annie. –ele finalmente acordou e sentou-se, esfregando os olhos. –Eu tive pesadelos e pensei que poderia vir aqui dormir com você.

–E por que você não foi com o papai e a mamãe? –perguntei, confusa, ele sempre ia lá com eles.

–Eles acordaram cedo para poder ajudar Gale com o casamento e eu fiquei com medo de ficar lá sozinho, então vim pra cá.

Ah é, eles haviam me avisado disso, que iriam ajudar nos últimos detalhes, nos últimos detalhes do casamento do Gale. Do Gale. Mas como que isso pôde acontecer? Tinha tudo combinado. Iria alcançar a maioridade e eu iria me casar com Gale. E não aquela... Agatha. E eu tinha que admitir, era ela linda. Mais do que eu um dia poderia ser.

Sentei-me na cama e passei a mão pelo cabelo bagunçado do meu irmão, podia ver que ele ainda estava cansado, mal conseguia manter os olhos abertos.

–Tudo bem, Fynn... Pode voltar a dormir.

Ele não escutou duas vezes, assim que eu disse isso ele tombou de volta na cama e dormiu no mesmo segundo.

O casamento seria aquela noite, minha mãe havia me dito para que eu ajudasse a Fynn se arrumar porque ela chegaria tarde, olhei para o relógio e me espantei. Ainda eram oito e meia, eu nunca acordava oito e meia.

Escutei um choramingo vindo do meu pé e percebi que ali estava Haymi, cheiroso e limpo, fiz carinho em sua cabeça enquanto não pensava em nada.

Queria muito voltar a dormir, mas não iria conseguir.

Por isso me levantei e tomei um banho quente, odiava ter que esperar, ainda faltava muito tempo para chegar à noite.

Depois de tomar banho, fui comer. Depois de comer, peguei uma bolinha pequena de brincar com Haymi e deitei no chão da sala, batendo a bolinha na parede e pegando-a de volta.

Escutei a porta se abrir e me virei apressada, esperando ver qualquer pessoa, menos àquela que acabara de entrar.

–Cheguei. –avisou antes de desabar no chão.

Revirei os olhos e levantei-me indo a seu encontro.

–Haymitch? –chamei, dando um pontapé na sua coxa.

Nada.

–Haaaaaymitch. –chamei mais forte, cutucando-o com o pé.

Ainda nada.

Suspirei e com a ponta do dedo toquei em sua garrafa de whisky.

–Acho que vou pegar essa garrafa já como ele está dormindo...

Ele levantou-se de um salto e abraçou a garrafa com afeto.

–Não vai não. –falou, olhando raivosamente para mim.

–Então pro banho! –coloquei minha mão na cintura e apontei para o banheiro, olhando-o autoritária.

–Mas...

–Agora.

–Mas...

–Agora!

–Ok... –ele suspirou, derrotado e foi direto para o banheiro, olhando-me pelo canto do olho enquanto fechava a porta, desconfiado.

Escutei o chuveiro ser ligado, não sabia se ele realmente estava tomando banho ou apenas se embebedando por ali no chão, mas não me importava, voltei para a sala e comecei a observar o movimento lá embaixo.

Eu nunca havia ficado em uma altura tão grande assim, não tinha medo de altura, mesmo assim aquilo era muito estranho.

Não tinha nenhum movimento, claro. Ainda era cedo e ninguém acordava tão cedo assim naquela época.

Estava entediada. Não tinha nada para fazer e o pensamento de que a pessoa que eu gostava estava se casando não parava de me atormentar.

Então algum vulto ao longe começou a vir em direção ao mesmo prédio onde me encontrava. Estreitei os olhos e vi que era um menino. Ele devia ter a minha idade, ou ser um pouco mais velho. Ele tinha os cabelos ruivos, como o daquela Agatha, mas ao contrário dela, os dele eram lisos, sem nenhum cacheado, não conseguia visualizar seu rosto, mas pude ver que ele olhava para cima, ele deu oi com a mão.

Franzi a testa e retribuí o comprimento, quem era ele?

Antes que ele fizesse mais alguma coisa eu me afastei da janela e esperei sentada debaixo dela, onde ele não me veria. Não queria falar com ninguém.

Esperei até quando eu aguentei e depois fui ver se ele ainda estava lá, ele estava. Franzi a testa novamente. Quem seria que ficaria esperando tanto tempo lá embaixo?

Ele estava sentado e quando viu que eu voltara, ele se levantou e me chamou para descer. Estranhei, mas o que poderia acontecer? Estava entediada mesmo, então resolvi ir para lá.

Fui até o quarto e vi meu irmão ainda dormindo, pelo jeito ele só acordaria ao meio-dia, depois fui até a porta do banheiro e chamei:

–Haymitch?

Escutei um tombo vindo do banheiro.

–Já tô no banho! –Haymitch assegurou, escutei um barulho de água e pela fenda debaixo da porta transbordou a água, molhando meu tênis, fui para a parte seca fazendo uma careta.

–Bom mesmo porque eu estou saindo, mas eu já volto. –avisei-o. –Então, se comporte tá bom?

–Tá, tá. –Desdenhou, pude escutar um barulho de vidro estilhaçando-se de dentro do banheiro. –Ah, droga.

–Você que vai limpar isso aí. –gritei, saindo. –Ah! E não se esqueça de secar essa água do chão.

Bati a porta ao sair e desci até o térreo, indo direto para fora.

Não vi ninguém por ali, onde estava aquele menino?

–Oi. –alguém falou ao meu ouvido e eu pulei, tomada pelo susto, o dono da voz riu, fechei a cara e virei para ele, aquele menino de cabelos ruivos estava na minha frente.

–Quem é você?

Ele pigarreou e estendeu a mão, com um sorriso de lado no rosto.

–Desculpe, sou Will. Irmão de Agatha.

Apertei sua mão, agora via sua semelhança com ela, além dos cabelos ruivos ele tinha os mesmos olhos verdes-mar e o mesmo sorriso. Comecei a não gostar dele.

–Hmm... –murmurei. –Sou Annie.

Ele riu mais uma vez, até a risada era parecida.

–Eu sei. –ele disse. –Vim aqui porque Agatha falou para mim conversar com você.

–Conversar?

–É. –ele deu de ombros. –Sei lá, andar por aí.

Cruzei os braços.

–E se eu disser que eu não quero?

Ele me observou atentamente.

–Você é bem decidida, hãm? –ele pegou minha mão. –Vamos.

Tentei protestar, mas era como tentar lutar contra meu pai, ele não queria soltar minha mão de jeito nenhum. Desisti.

–Calma, a gente só vai andar, não vou machucar você.

–Eu sei! –disse. –E eu também não vou fugir, sabe?

Olhei par a mão dele que estava segurando a minha, ele seguiu o olhar e soltou nossas mãos.

–Ah, por que não disse antes?

Andamos por entre as casas em silêncio por um tempo, onde ele queria me levar?

–Onde você mora? -ele finalmente quebrou o silêncio.

–Distrito 12.

–Como que é lá?

–Você nunca foi pra lá? –olhei para ele que me observava enquanto chutava as pedras que encontrava pelo caminho.

–Não. Me mudei pra cá quando eu tinha cinco anos, antes disso só estive no distrito 4.

–Ah ta... –concordei, ele era como eu então. Nunca saía do seu distrito, quer dizer, quase nunca. –Bom, o distrito 12 é parado, quase ninguém mora por lá. Ela foi reconstruída e tem uma trilha de casas postas desajeitadas e sem muita ordem, tem uma escola e bom... É bem, BEM, diferente daqui.

–Sei. –ele assentiu. –É, acho que não existe muitas casas que flutuam por aí.

Sorri.

–Exatamente.

Um vento soprou em nossos rostos, eu adorava o cheiro da manhã, era tão calmo...

–Ansiosa para o casamento? Eu não vejo a hora de começar, eu estou ajudando para que dê tudo certo faz muito tempo, não acredito que já chegou o dia.

Estava tão relaxada que me sobressaltei ao escutar isso.

–Hãm? Casamento?

Ele riu.

–Do Gale e da minha irmã.

–Ah sim, sim... Eu estou...

Ele deve ter percebido que eu não estava tão animada assim porque foi logo mudando de assunto.

–Não tinha tanta certeza se você ainda estaria acordada nesse tempo, por que acordou tão cedo? A maioria das pessoas aqui acordam só as onze nas férias.

–É que... –vi que ele prestava atenção a cada palavra que eu dizia. –Eu fui acordada pelo meu irmão e depois não consegui dormir.

–Fynn, não é? –ele perguntou, sentando-se em um banco que havia na frente de uma loja, ainda fechada.

–Sim. Como você sabe?

–Agatha me disse.

Agatha. Quase havia me esquecido dela e estava começando a gostar daquele menino, lembrando-me dela relembrei que ele era seu irmão e voltei a o odiar.

–Tenho que ir. –disse, virando-me.

–Espera aí. –ele me deteve, segurando meu braço. –Por que a pressa? Não vai esperar a sorveteria abrir?

Olhei para a porta trancada e um aviso colado na parede ao lado. Só abria as dez, deviam ser nove horas ainda.

–Hum, não. Tenho que voltar, meu irmão está sozinho.

–Mas...

–Tchau. –disse antes de me soltar dele e sair.

Tentei me lembrar de onde era o prédio onde nós estávamos hospedados, chegando lá, fui para cima e tranquei a porta.

Quando virei-me para a sala, esperava muito que aquilo tudo não fosse verdade.

Haymitch havia alagado tudo.




Pov. Katniss.





Estava me preparando para o casamento de Gale, Peeta me ajudava a fechar o zíper do meu vestido.

Quando eu e Peeta havíamos chegado, nós topamos com um lago dentro do apartamento, Annie já estava vestida e arrumava Fynn como se aquilo nem existisse, Haymitch estava jogado no lago particular, dormindo, como sempre.

Havia a própria maleta do Haymitch como uma ponte para podermos passar sem nos molharmos, perguntei a Annie o que havia acontecido e ela apenas havia apontado para Haymitch e eu já entendi tudo. Ele havia tomado “banho”. Pelo menos estava limpo.

–Pronto, Katniss. –Peeta avisou e se prontificou na minha frente, ele usava um terno preto com um dente de leão no bolso.

–Obrigada. –agradeci arrumando sua gravada, que estava torta.

–Eu tenho mesmo que ir? –ele choramingou, segurando minhas mãos. Ele já sabia a resposta, então por que continuava a perguntar?

–Claro que sim. –afirmei. –Você já tá aqui, afinal de contas.

–É verdade, de que adiantaria? Você me levaria arrastando de qualquer jeito.

–Tenho certeza que eu vou.

Ele riu e me beijou.

Argh, de novo? –escutei Annie, ela entrou no quarto e cutucou Peeta. –Com licença, pai. Acho que você tá ficando muito tempo com a mamãe, não é? Vaza daqui.

Ela empurrou Peeta para fora do quarto.

–Calma aí. –Peeta segurou porta, para que ela não se fechasse, Annie levantou a cabeça para olhar para ele, que abriu um sorriso amarelo. –Posso saber o que é?

Annie pensou.

–Não. –respondeu e fechou a porta com força.

Ela veio até mim e pegou minhas mãos, ri silenciosamente por dentro.

–Mãe. –começou ela com os olhos fechados.

–Sim?

–Faz uma trança no meu cabelo? –ela perguntou apertando os olhos com força.

Ela estava perguntando para mim isso? Ela geralmente não fazia esse tipo de pergunta. E por que ela tinha que enxotar Peeta dali para perguntar apenas isso?

–Claro que faço. –falei ainda perplexa.

Annie abriu os olhos e respirou aliviada, sentamos e ela virou-se de costas e deixou que eu mexesse em seus cabelos, ficamos um bom tempo por lá, podia ver que Annie stava quase dormindo quando terminei a trança.

–Terminei, querida. –sussurrei no seu ouvido e ela levantou-se, despertando.

–Já? –ela perguntou, ela devia ter dormido de verdade.

Ela foi para o espelho e olhou se reflexo, depois de um tempo olhando pasma para si mesma ela virou-se e olhou para mim, e depois para o reflexo dela de novo.

Sorri e fui ao seu lado.

–Mãe, você fez isso de propósito?

–O quê, filha?

–A gente tá... A gente tá...

–Wow! Vocês estão muito idênticas. –Fynn terminou a frase para Annie, abrindo a porta de boca aberta.

Havia trançado meu cabelo também, assim como Annie, um pouco antes de ela chegar, e quando eu olhava para ela, realmente podia me visualizar ali. Se não fosse pelos olhos azuis ela poderia se passar facilmente como eu quando era menor.

–Por que vocês estão demorando tanto? –Peeta argumentou, lá fora. –Não eram vocês que queriam chegar...

Ele parou assim que nos viu.

–Ok, qual de vocês é a Katniss e qual é a minha filha? –ele brincou e nós sorrimos.

Saímos juntos, Peeta havia conseguido tirar Haymitch da água e de algum jeito vesti-lo corretamente, Peeta teve que basicamente leva-lo com ele nos ombros por ele não querer ir de nenhuma maneira.

Chegamos ao casamento e sentamos em uma das primeiras cadeiras, Fynn e o Haymi foram para outro lugar, se arrumar para entregar as alianças ao noivo.

Um menino estava sentado no banco ao lado do nosso, ele parecia muito com a noiva de Gale, ele acenou para Annie que estava ao meu lado, ela apenas retribuiu o cumprimento e voltou-se para frente. O menino do outro lado começou a rir e Annie cruzou os braços.

Peeta estava emburrado do meu outro lado, segurei sua mão e ele pareceu se acalmar.

O tempo passou rápido e antes que eu percebesse Fynn já havia entrado com Haymi ao lado, com uma almofadinha amarrada no pescoço onde estavam os dois anéis e Gale e Agatha já haviam se casado.

Antes que eu notasse eu estava em pé em um salão muito bem decorado onde tocava uma música agitada em que todos dançavam. Peeta estava ao meu lado interrogando Gale que estava de mãos dadas com Agatha que tinha um sorriso estampado no rosto.

–Você está totalmente e eternamente apaixonado por Agatha, certo? Para sempre e nunca vai olhar para mais ninguém? –ele perguntou, franzi o cenho para ele diante do que ele falava.

–Com certeza. –ele respondeu, alegre e beijando a palma da mão dela. –Para sempre.

Eles se entreolharam e beijaram-se.

Peeta sorriu e pude notar seus músculos relaxarem, sua expressão estava claramente mais suave e serena, como se um fardo tivesse sido retirado de suas costas.

Depois de ter interrogado Gale ele abre um enorme sorriso e bate em suas costas como se eles dois fossem amigos de infância, fala “parabéns”, feliz e começa a comer tudo que estava por lá, como se nada houvesse acontecido.

Segui-o e ele tentou forçar a eu comer alguma coisa, mas eu não estava com vontade de comer nada, vi minha filha conversando com aquele mesmo garoto de antes que havia acenado para ela, notei que ela tentava ignora-lo, mas estudando ela pude ver que ela tentava abafar uma risada, felizmente ele estava vencendo.

Fynn dançava com Haymi, e o próprio Haymitch não se encontrava por ali.

Pelo jeito, tudo tinha acabado bem.


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Notas finais do capítulo

E o que acharam? hahaha :)
Então, o que eu queria ver era que nessa fic os capítulos vão ser de dias aleatórios... Ou seja, alguns não vão ser continuações de outros, mas se o próximo capítulo for algum dia que tenha a mesma situação (como esse, por exemplo, do casamento do Gale) vai ser dividido em partes e se os outros não estiverem com "Parte I, Parte II..." vai ser porque o dia não vai ter continuação, então o próximo capítulo vai ser de outro dia... Bom, o que vocês acham? Deu para entender ou eu escrevi meio estranho? hahahaha Me falem o que vocês pensam dessa proposta ^^



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