POV Kate
“Nem sei como você ficou com ele, Lílian...”. E essa frase dita por mim ainda ecoava na minha cabeça.
Na verdade, eu sabia sim. Como não iria saber? Hugo Weasley, o gostosão da Grifinória. Ele é de fato lindo. Se não fosse tão egoísta, eu até poderia pensar em dar uma segunda chance para ele...
Flashback Kate On – 4º ano de Hogwarts – 27 DE SETEMBRO
Era uma tarde chuvosa na sala comunal da Grifinória. Eu e Lílian estávamos jogando um jogo trouxa chamado “Resta 1”, quando Hugo chegou e sentou-se ao meu lado.
“Posso falar com você?” ele sussurrou no meu ouvido, de um modo que só eu ouvisse.
“O que você quer Weasley?” eu disse, ainda sussurrando, fingindo estar concentrada no jogo.
“Falar com você! EM PARTICULAR!” ele deixou as duas últimas palavras saírem meio alto demais, atraindo alguns olhares de alunos na sala.
Finalmente concordei. Então ele me levou até o jardim de Hogwarts.
–Pra que me levar tão longe, Weasley? –eu disse, desconfiada.
Ele não respondeu. Simplesmente foi se aproximando mais e mais de mim. Dei um tapa estalado em sua cara, o fazendo abrir os olhos e se afastar.
–Tá maluco? -eu perguntei.
–Eu só pensei que... Você gostasse de mim... Sei lá, você vem me dando mole...
–Te dando mole? Tenha dó, menino! Agora cala essa boca, e esse quase beijo não sai mais daqui. Entendeu?
Ele pareceu desapontado, então eu subi as escadas correndo, deixando ele sozinho no jardim.
Parece que ele se poupou de humilhação e entendeu: nunca contou para ninguém.
Flashback Kate Off
–Kate! -Lílian gritou. -Você pelo menos escutou uma palavra do que eu disse?
–Oi? O que? -perguntei confusa.
–Você precisa prestar mais atenção nas pessoas!
–Desculpa, estava viajando aqui.
–Percebi! Enfim, eu estava dizendo pra você colocar sua veste de Hogwarts.
Obedeci rapidamente à ordem de Lílian, senão ela dava outro treco ali mesmo.
–Cinco minutos e chegamos! -a monitora-chefe da Lufa-Lufa passou avisando de cabine em cabine.
–Viu? -Lílian disse vitoriosa. -Eu acho que vou virar cartomante.
–Cartomante? Sério, Lílian, sério?
Ela começou a rir da minha cara de desaprovação, e eu a acompanhei.
Começamos a juntar nossas coisas. Peguei a minha coruja Jay e a gatinha da Lílian. (Esqueci-me de mencionar? Ela tem uma gata de estimação que leva com ela todo ano em Hogwarts, ela se chama Matilda).
Pegamos as bagagens de mão, e cada uma pegou seu malão. Ambos estavam no suporte sobre nossas cabeças, e cada uma segurava seu bicho.
Ouvimos o apito do trem soar, e nos levantamos, já com as coisas nas mãos. Lílian arrastava seu malão, com a bagagem de mão sobre ele, e segurava a gaiola do gato na outra mão. Eu, arrastando o malão em uma das mãos, segurava a gaiola da coruja na outra.
Deixamos a cabine, fechando a porta transparente logo em seguida.
–Bem... Acho que é isso... É a primeira das últimas vezes que iremos entrar nessa cabine, Kate. -ela disse com certa tristeza na voz.
–Deixa de baboseira, ainda vamos ver esse negócio mais duas vezes esse ano: no Natal e no fim do ano letivo.
–É você está certa. Vamos então? -acompanhei-a até a saída do trem. Fomos às últimas a sair, já que éramos da última cabine.

POV Lílian
O irmão gêmeo de Kate, Nathan Faith (N/A: Lê-se Neitan), nos aguardava na porta do trem. Todo mundo o chama de Nate. (N/A: lê-se Neit). Confesso que ele era um menino realmente bonito. Cabelos loiros, olhos verdes e corpo atlético de surfista. Nada mal, hein. Da última vez que o vi, acho que em agosto, ele era um tanto estranho. Mas aparentemente ele cresceu nesses dois meses, se isso é possível. E olha que ele não era igual aos meninos que só tem externo, e nada na cabeça. Ele era um bom aluno. Bem o meu tipo...
Meu Merlin. O que eu estou falando? Foco, Lílian, Foco!
–Cresceu no verão hein Lílis. -ele comentou, arqueando as duas sobrancelhas e me analisando da cabeça aos pés.
–Você também não está nada mal, Nate. Mas então, está esperando quem?
–Kate, minha irmã. Ah, aí está você! -ele disse. -Sua pestinha!
–Juro que não foi essa a intenção! A intenção era ficar verde bebê, não rosa neon! -ela disse receosa.
–O que? Do que você está falando? -ele perguntou assustado.
–Da sua calça... Ah. Nada! Esquece! -ela soltou um riso amarelo.
–Eu ia falar sobre a minha carteira, a que você roubou 50 galeões, mas... Que calça? -ele continuou assustado. -Que calça? Meu santo Merlin! -ele olhou para a própria bunda. -VOCÊ ME PAGA!
Ele virou de costas e eu pude ver a mancha rosa neon nos dois glúteos da calça. Comecei a rir, mas logo parei, lembrando-me de como é ruim pagar mico.
–Sinto muito pelos seus glúteos, Nate. - eu disse.
–Ah, agora você sente né? Então é por isso que todos riram de mim no TREM INTEIRO?
–Erm... Provavelmente sim? -eu disse, tentando ajudar. Fica calmo, isso sai com um bom feitiço doméstico.
–E o que você entende de feitiços domésticos, hein?
–Tá, me pegou. Não entendo nada de prática, mas conheço os nomes razoavelmente.
Ele riu da minha cara de constrangimento, e se despediu com um beijo estalado na bochecha. Mas só se despediu de mim, pois ficou "de mal" com a irmã devido à brincadeira da calça.
–Quem é aquele? -Hugo perguntou atrás de mim.
–Não reconheceu o Nate? -eu disse.
–Uau, aquele é o Nathan? -ele disse indignado.
–Cuidado senão perde o posto de gostosão de Hogwarts, porque esse Lufano tá um arraso! -eu comentei com as melhores intenções que alguém pode imaginar, e meu primo, ciumento como ninguém, já levou para o outro lado.
Ele pegou meu pulso e me levou para um lugar afastado dos alunos.
–Você ficou com ele, não é? -ele perguntou.
–O que? E se eu fiquei o que você tem a ver com isso? E porque a pergunta? -me aproximei dele. -Tá com ciúmes, Huguinho? -pousei meu dedo nos lábios de Hugo, e saí andando, deixando ele com um gostinho de quero mais.
Quem ele pensa que é pra controlar com quem eu fico ou não? Meu namorado? Até parece! Será que ele ainda... Não, deixa pra lá. Impossível.
Cheguei perto da Kate de novo, e dei aquele olhar que ela sempre entendia.
Finalmente, chegamos até a área das carruagens. Eu, Kate, Paige (da Corvinal) e Marcus (da Lufa-Lufa) embarcamos em uma dos veículos, que ninguém puxava.
Olhei para trás no momento em que a carruagem começou a andar, e vi Hugo me olhando de longe com certa tristeza no olhar. Sua expressão era confusa.
O que está acontecendo com ele?