Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 47
Capítulo 45: Gyles & Narcysa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/271309/chapter/47

Gyles Tyrell

O ferimento na perna fora tratado com eficiência por Nikky, a amiga de Raven. A mercenária fora quem conseguira abrigo para eles quando Mantarys caíra. Por dias o que restara do seu grupo havia debatido entre si como libertar os outros, e como derrotar o inimigo. Por fim foi decidido que precisavam de aliados, Rhaego partiu juntamente com Raven e as trigêmeas, com a promessa de retornar com um exercito dothraki.

A imagem de Melony sendo machucada torturava o Tyrell dia e noite, acordado e dormindo. Ela era apenas uma garota ingênua e indefesa, e ele falhara em protege-la. Tudo que o maldito viesse a fazer com ela, seria sua culpa, sua e apenas sua.

Shiera Tully passava todo o seu tempo com Renly, que também estava ferido e preocupado com a irmã. Mary Lane estava triste pela perda de sua fiel companheira, e apesar de também não está em perfeitas condições, não era a mais obediente das pacientes, recusando-se a ficar parada e a repousar.

Os animais estavam extremamente ariscos, o lobo gigante, e o pequeno leão em particular deram trabalho para obedecer. Gyles supunha que pressentiam o que quer que estivesse acontecendo com seus donos, Nikky parecia ser a única com algum controle sobre eles, eles a respeitavam. Se Gyles tivesse parado para pensar sobre isso teria achado estranho, mas estava ferido física e psicologicamente e não se concentrou muito no assunto.

Passos ressoaram no andar superior, Mary Lane pegou a arma que ganhara das mulheres de Gogossos e se pôs de pé. Sor Astor ordenou que Shiera se escondesse e se dirigiu a porta, porem antes que pudesse alcança-la ela se abriu, Nikky entrou sendo seguida de perto pelo seu enorme leão negro.

– Eu falei com um conhecido – disse ela tirando o capuz que antes escondia seu rosto – Ele cuidará para que seus companheiros consigam escapar.

– E que conhecido é esse? – perguntou Renly Lannister – É confiável?

– É a melhor esperança de vocês. – respondeu a garota retirando a capa e se sentando no chão

– Teve noticias deles? – perguntou a Greyjoy também se sentando ao chão

– Sim. Alguns dizem que foram executados, outros que foram esfolados e esquartejados, todos os boatos terríveis que você possa imaginar. Mas meu informante disse que estão vivos, e eu prometi à Raven que os ajudaria.

– Como uma menina da sua idade se torna uma mercenária? Como pode ter tantos contatos? – questionou Gyles com os olhos semicerrados – Quem é você, de verdade?

Ela deu um risinho de escárnio.

– Raven é minha amiga há anos, e nem mesmo à ela dei satisfações. Por que o faria à qualquer um de vocês?

– Por que nos somos maioria aqui – respondeu Mary Lane em um tom ameaçador

A adolescente riu em zombaria.

– Uma maioria de feridos não me amedronta, Greyjoy, guarde suas energias. Em breve vai precisar delas.

Narcysa Lannister

Lágrimas vermelhas e cristalinas escorriam pelo rosto da loira, misturando-se e pingando no chão. Ela tremia e soluçava com o rosto abaixado. Bael lhe tomara meia dezena de vezes mas ela não oferecera resistência, apenas quando o maldito albino começou a afiar a adaga no rosto dela que a garota tentou lutar.

Narcysa sentia-se ser arrastada pelos guardas, acompanhava-os aos tropeços sem saber para onde realmente estava indo. Doera absurdamente, mas não era isso o pior, ele realizara seu maior pesadelo, e quando terminara, lhe oferecera o espelho para que contemplasse sua obra.

Todo o seu rosto doía, e a loira sabia que não desejava ver seu próprio reflexo, mas sentia certa curiosidade mórbida, e pressentia que ainda se recusasse ele a obrigaria. E o que vira jamais poderia ser esquecido. Cortes profundos rasgavam seu rosto e deformavam as feições que antes foram belas. Sua maior arma, a bela aparência, lhe fora arrancada brutal e dolorosamente.

Ela fora atirada ainda nua à cela dos rapazes. Escondeu o rosto o máximo que pode, se arrastando para o fundo das masmorras. A companhia de roedores era melhor do que a deles. A loira não lhes dera nenhum motivo para serem solidários, antes ela estivera em uma posição acima deles, porem caíra, e agora só poderia esperar que lhe pisassem.

Ouviu passos próximos e se encolheu ainda mais, escondendo o rosto por entre os braços, o sangue ainda fluente manchava seus membros e seu corpo nu, a dor era lancinante, mas não era por isso que Narcysa chorava. Ao tirar sua beleza o monstro também tirou sua essência e matara seus sonhos. Não poderia ser rainha com aquela aparência, não poderia ser nada, estava condenada para o resto de sua vida a ser uma aberração, uma leoa deformada.

– Tenha calma, milady – disse uma voz conhecida e bondosa – O que quer que aquele monstro tenha lhe feito já acabou, e não vai se repetir.

– Não vai se repetir – disse ela em um tom de zombaria

Risadas irônicas romperam de sua garganta mistas à um choro de cortar o coração. Não iria se repetir por que nunca iria acabar. O albino roubara a beleza de Narcysa, e nada poderia traze-la de volta. Levantou o rosto e mesmo através da escuridão ela pode enxergar os olhos cinzas de Eddard Baratheon, ao seu lado Drogo Stark também a observava impassível. Ela humilhara a ambos, mas nenhum deles parecia ter prazer ao vê-la derrotada.

O moreno despiu o gibão revelando um corpo belo e bem estruturado, porem repleto de hematomas e cortes recentes, ele também fora torturado. Ele usou o gibão para cobrir o corpo desnudo da loira.

– Não é nenhuma seda de Myr, mas é o que temos nas condições atuais, milady. – disse ele se ajoelhando à sua frente – Drogo, eu preciso de mais tecido.

O Stark também despiu o próprio gibão, apesar de mais esguio que o primo era igualmente belo. Ned rasgou um pedaço do gibão e o umedeceu com um pouco de agua, oriunda de um copo que já estava pela metade. Ele usou a tira para limpar as feridas do rosto da loira, Narcysa não o afastou, surpresa demais com o ato tão altruísta e gentil.

Ela ignorou a ardência à medida que os ferimentos iam sendo limpos. Quando ele por fim acabou, ela se encolheu novamente contra a parede escondendo a face. Seu rosto Lannister já lhe fora motivo de orgulho e vaidade, agora, desfigurado, representava apenas vergonha.

– Há algum tipo de arma aqui, Sor? – perguntou com uma voz rouca

– Apenas um prego velho – respondeu ele dando de ombros – Por quê?

– Você me parece ser um homem que conhece a misericórdia – prosseguiu ela em um tom pouco acima de um sussurro – Eu nunca fui sua amiga, pelo contrario, mas ainda assim cuidou dos meus ferimentos... Preciso que seja mais uma vez piedoso comigo.

Ele franziu o cenho parecendo confuso.

– Milady. Não compreendo... O que deseja de mim?

– Não quero voltar para casa como uma aberração fracassada. E também não quero viver nesse ninho de ratos. Quero o fim. Quero a libertação. Me liberte, Sor. Seja piedoso, e crave bem fundo esse prego em minha garganta.

Ele parecia verdadeiramente impressionado, e até horrorizado.

– Milady... Seria algo atroz. Seu irmão me mataria. E isso devastaria sua família...

– Meu pai é um estranho. Brienne só tem motivos para me odiar. Minha mãe está morta. Meu tio tem outros herdeiros. Renly seria capaz de lhe agradecer. E eu realmente desejo isso... Seja cavalheiro, e me conceda a dadiva da misericórdia.

– Temo que não possa faze-lo... Não é o fim milady... Logo fugiremos. Estará segura em Westeros!

– Não desejo retornar à Westeros! Não quero jamais ter que encarar os olhares de zombaria que me esperam lá. A leoa deformada. A aberração.

– Se refere aos seus cortes? Eles são apenas provas de quão brava você foi. Simbolizam o sacrifício, o preço que pagou com sua dor pela salvação dos Sete Reinos.

Ele era tão ingênuo... Narcysa quisera salvar somente à si própria. Mas ainda assim, ele esperava o melhor dela. Esperava que fosse uma heroína.

– Eles me deixaram com uma aparência grotesca... Mesmo com todo o ouro Lannister meu tio terá dificuldades em me arrumar um bom casamento. Talvez eu esteja condenada à ser uma septã, ou uma irmã silenciosa.

Se ela teria dificuldades de casar-se com o mais simples dos lordes, seria agora impossível se casar com um Príncipe. Jamais seria rainha. Jamais se igualaria à Cersei.

– Não é verdade. Qualquer homem que recusa-la como noiva é um tolo absoluto. Seria um sacrilégio transforma-la em uma septã ou uma irmã silenciosa.

Ele tocou o braço dela com delicadeza, como se para transmitir algum conforto

– E de qualquer forma a superação está no seu sangue. Seu pai superou a perda da mão. Cersei superou a humilhação. Brienne superou a aparência. E Lord Tyrion superou seus problemas de altura. Você também irá superar isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.