Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 39
Capítulo 37: Melony & Aemon


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais



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Melony

A voz conhecida e familiar de Brynden ressoou em sua mente

– Sempre houveram Targaryen que sonhavam com o futuro, desde muito antes da conquista. De modo que não deve surpreender se de tempos em tempos um Blackfyre exibe o dom também.

Ela agora via um filhote de cabelos loiros e olhos castanhos parado em frente à dois machos altos de cabelos escuros.

– Ainda não acho certo... – murmurou um dos homens observando o menino – Ele é o ultimo da linhagem masculina...

– O rapaz não é nem de longe o que Maelys foi – retrucou o outro – Loucura ou grandeza está no sangue deles – ele empurrou o filhote contra o chão o fazendo chorar – E nesse aqui só vejo demência. Dragões? Deuses sejam bons, eles estão extintos. Um dragão seria ótimo para nossa causa mas não há nenhum.

– Ainda há dragões vermelhos em casa.

– O único dragão que nos interessa é o negro – retrucou – Meu pai serviu à Bittersteel, e antes dele meu avô ao Rei Daemon. Dragões vermelhos nos exilaram, dragões negros nos levarão para casa.

– Isso se houvesse algum – rosnou o primeiro – Esse aqui não é sequer uma lagartixa, quanto mais um dragão.

Puxou com força o braço do filhote.

– Com tanta imaginação ele bem que poderia ser um bobo – riu

– Você é cruel, meu caro, um rei bobo?

Ambos os machos se desvaneceram. Agora estava em uma sala, o mesmo menino, com uma tatuagem de quadriculados no rosto agora dançava e pulava para agradar um grupo de humanos, que ria e zombava. Mas Melony reconheceu o brilho que o filhote ostentava em seus olhos índigo, era o mesmo brilho do olho de Brynden, de Folha e os dela própria. Ele também tinha sonhos.

A sala se desapareceu, agora estava em uma rua movimentada. Uma escolta de homens vestidos de ferro acompanhava um macho adulto com um cervo desenhado nas vestes, ele possuía cabelos negros e olhos azuis. Ele apontou para um macho com o rosto quadriculado, que dançava para a multidão. Ele estava crescido agora, não era mais um filhote, mas também não era um adulto.

Estava agora no mar, um navio afundava ao longe, as aguas estavam furiosas. O mesmo rapaz, agora encharcado nadava com todas as forças, lutando pela própria vida.

– Um dragão não se afoga – repetia ele com os lábios tremendo – Um dragão não se afoga. Um dragão pode ir ao fundo do mar e retornar. Mas ele não se afoga.

Melony abriu os olhos e se sentou, a poucos metros dela estava Shiera tentando conversar com o idoso com o rosto tatuado. Os olhos índigos dele se cruzaram com os seus, os mesmos olhos do macho de seus sonhos.

– Um dragão não se afoga. – sussurrou ela

– Um dragão pode ir ao fundo do mar e retornar. Mas ele não se afoga. – completou ele sorrindo demente

Melony sentiu seu coração acelerar. Se levantou rapidamente e foi convés à procura de Gyles, o encontrou encostado na murada, observando um horizonte vermelho. À principio Melony pensou que fosse o por do sol, porem notou que era na direção errada. Se aproximou dele, encostando-se na murada ao seu lado.

– O que é aquilo? – perguntou apontando para o horizonte vermelho

– Valyria – respondeu – Consegue sentir o calor?

Ela acenou positivamente, de fato conseguia sentir um calor emanar daquela direção, como se estivesse esquentando as mãos em uma fogueira.

– Isso por que estamos há varias milhas – disse Gyles – Nesse momento custo à acreditar na historia de Rhaego. Como alguém pode sobreviver em temperaturas tão altas?

– Ele é um dragão – respondeu em um tom pouco acima de um sussurro – Dragões não morrem por fogo.

E nem afogados – acrescentou para si mesma em silencio

– De fato. Dizia-se que Perdição se deu em um calor que foi demais mesmo para os dragões. Mas acho que hoje sabemos que isso não é verdade. Dormiu bem, Lady Melony?

– Tive um sonho – respondeu ela – Um que gostaria de compartilhar.

Ele acenou com a cabeça lhe incentivando a continuar. Melony contou-lhe o sonho em detalhes. Não ocultando absolutamente nada. Gyles escutou pensativo, sem interrompe-la em momento algum.

– Parece que descobrimos a origem do bobo – sussurrou quando ela terminou sua narrativa – Um Blackfyre, quem diria...

– O que é um Blackfyre? – perguntou ela curiosa

– É um bastardo Targaryen – respondeu ele – Mas esse bobo parece ser um dos Blackfyres originais, descendente de Daemon Blackfyre, filho de Maelys, o cruel. A canção que ele vive repetindo, a mesma que você uma vez cantarolou, Lady Shiera também a conhece.

Melony arregalou os olhos verdadeiramente impressionada.

– Ela sabe o que significa? – perguntou

– Não. – disse Gyles – Você sabe?

– É claro que sim.

– Então deve nos dizer.

Ele levou-a até o quarto, onde Shiera e o bobo estavam. Cantavam juntos a canção. Melony se juntou à eles, pareceu certo que o fizesse. Cantaram juntos os últimos versos, o som atraiu atenção de todos seus companheiros, pois logo eles entraram no cômodo para assisti-los.

– Quem língua é essa? – perguntou Aemon Martell – Pareceu o dialeto das Summer Islands.

– Não – disse Rhaego – eu reconheci algumas palavras em dothraki.

– Para mim parece ghiscare – sussurrou uma de suas companheiras de sangue

– Meu Meistre disse que tem traços de Alto Valyriano – disse Shiera

A balburdia se iniciou, cada um dando sua opinião de com o que a língua parecia. Melony permaneceu calada, ainda pensando na musica. Ela lhe fora ensinada por Folha. Nunca pensou que outra pessoa fosse conhece-la. Nunca pensou que alguém um dia lhe pediria uma explicação sobre ela. Mas agora que parava para pensar o assunto fazia todo o sentido que o fizessem.

Rhaego acalmou à todos, quando finalmente estavam em silencio Melony se pronunciou.

– A canção está na língua original. Na primeira língua do mundo, da qual deriva todas as outras. A língua das arvores, dos animais e daqueles que cantam a canção da terra. A língua que há muito foi desaprendida pelos homens – pronunciou – A canção é tão antiga quanto o mundo. Foi composta pelo primeiro Vidente Verde, foi passada em tão de geração em geração. Eu a aprendi com Folha.

– Sabe a tradução? – perguntou Shiera

– É claro – limpou a garganta e começou a cantar a tradução

Aemon Martell

Aemon observou-a a garotinha selvagem com malicia no olhar. A Capitã Greyjoy era uma grande diversão, mas isso não o tornava cego. Ainda que o corpo de Melony não fosse grande atrativo, o rosto era belo e cheio de uma inocência da qual ele queria desfrutar. O Tyrell notou seu olhar e fechou a cara colocando a mão direita na espada. Aemon sorriu em zombaria, ele que tentasse ataca-lo.

Voltou sua atenção para Melony que começou a cantar no idioma comum, a voz dela ainda tinha o tom de uma criança, porem era bela e pueril, como a voz da própria donzela.

Do Reino de sete faces partirão os doze heróis.

Todas as grandes casas estarão representadas

Por filhos legítimos ou de origens bastardas,

Gerados nos lados certos e incertos dos lençóis.

Estava tão distraído com a garota que quase não notou a letra, falava da missão, dele e de seus companheiros. Franziu o cenho, todas as grandes casas estavam representadas de fato, algumas com mais de uma pessoa. Seu olhar se dirigiu para Drogo Stark, em seguida para Eddard Baratheon e por fim para Narcysa Lannister, certamente havia alguns bastardos MUITO sortudos ali.

Seguirão para o destino do regresso ou para o destino da morte.

Na terra além dos deuses só poderão contar uns com os outros,

Com suas habilidades, com sua bravura e com a vontade da sorte.

Escuridão não vem apenas das trevas e nem tudo que reluz é ouro.

A escuridão nem sempre será fria. E o Fogo não é somente luz.

Às vezes a chama consome e não ilumina. E às vezes a neve seduz.

Novamente a afirmação sombria de que alguns deles morreriam. Aemon não se sentia amedrontado por isso, poderia listar alguns dos companheiros que desejaria que não regressassem, à começar por Gyles Tyrell e Raven Arryn.

Para além de águas profundas.

Os aguardam respostas e perguntas

Aliados, amores e rivais devem permanecer unidos,

Pois no extremo leste, aguarda seu verdadeiro inimigo.

Quase sorriu. União? Naquele grupo? Era quase impossível. Àqueles doze eram diferentes demais para isso. Seria necessário um inimigo em comum, porem ‘O Ultimo Filho da Harpia’, ainda não era oficialmente seu inimigo. No fim das contas os interesses do dornes poderiam ser diferentes dos demais viajantes.

O mundo é feito de opostos.

Sol e Lua. Céu e Terra.

Homem e mulher. Paz e Guerra.

Noite e dia. Inverno e Verão.

E as diferenças se completarão

Para doze assumirem seus postos.

Os opostos não se completam. Eles anulam um ao outro. Era mais provável que os ‘heróis’ se voltassem uns contra os outros antes mesmos de enfrentar o inimigo. Porem morrer não estava nos planos de Aemon, ele ainda queria viver para vislumbrar a ruina dos dragões.

O caminho será árduo e a jornada será difícil,

Pois seu adversário é poderoso e imprevisível.

O futuro de todos repousa em suas mãos.

Sucesso ou fracasso. Prosperidade ou destruição.

Irão enfrentar o inesperado, a dor, a morte e a traição.

‘Tudo o que precisava ouvir’ pensou com ironia ‘Uma jornada impossível, um inimigo invencível e a responsabilidade com a vida de milhões de pessoas. O que a rainha estava pensando quando incumbiu doze adolescentes de algo assim?

Dor, morte e traição. Não obrigado. Ele não precisava de nenhum dos três. Era o herdeiro de Sunspear, não poderia simplesmente se dá ao luxo de morrer. Tal como a maioria dos dorneses, Aemon era uma homem de prazeres, não dores. E traição... Ele já fora traído uma vez, não o seria de novo, nem que para isso tivesse ele próprio que ser o traidor.

Nem mesmo os deuses ousam supor quem triunfante sairá

Pois o mundo é cinza, onde não há nem o bem e nem o mal.

Mas quando as terras do poente forem regadas com sangue real,

Um novo rei se erguerá

Trazendo Valyria à Ascensão.

Ou os heróis uma nova era construirão.

Um novo rei. A ascensão de Valyria ou uma nova era. Isso era interessante, porem o que verdadeiramente chamou a atenção de Aemon foi ‘as terras do poente forem regadas com sangue real’. Seria possível que enfim a linhagem dos dragões seria destruída? A rainha se assegurara de ter vários descendentes. Mas isso não impedira Robert Baratheon, Rhaegar tinha tido três filhos e dois irmãos, por que seria um empecilho dessa vez?

Segurou um sorriso. A canção terminou. Os demais ‘heróis’ se entreolhavam hesitantes, tentando compreender o significado de tais palavras, porem o momento de seriedade foi interrompido pelo bobo idoso, que gritou.

– Debaixo do mar o filho de tubarão e baleia se esconde na caverna, ele agora é mais tubarão que baleia. Eu sei, ei, ei, ei, ei.


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Notas finais do capítulo

Meus amores, peço novamente seu perdão. Nem sei quanto tempo essa postagem foi atrasada. Inicialmente foi pela internet que resolveu me abandonar. Depois teve uma treta aqui em casa e fiquei dias sem chegar perto do PC. E por fim quando decidi postar houve essa mudança no Nyah e eu não conseguia acessar minha conta de jeito nenhum. 0.0 E por fim, o mais tragico, meu lindo net quebrou :(
Tô no da minha vó aqui, meu filhinho está no concerto, se Deus quiser em breve estará em casa.
E o significado da canção foi revelado, bem como a origem do Cara Malhada. A possibilidade do rapaz ser um Blackfyre é uma teoria conhecida na internet, então não posso ter o credito total. Confesso que me arrepiei escrevendo esse cap, mas isso por que eu sei de todas as pistas, bem como o que elas significam... Será que vocês descobriram? Me contem suas teorias.

Ah, e quanto a canção, no minimo metade do credito dela é do Pepi, que me ajudou a criar os versos.



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