Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 36
Capítulo 34: Eddard & Shiera


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais.



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Eddard Baratheon

Eddard abriu os olhos e se viu em um local estranho, onde tudo era perturbadoramente branco. Sentou-se, o braço ainda latejava porem não tanto quanto esperava. Estava em uma espécie de leito para doentes, havia uma pequena vasilha com um liquido verde ao seu lado, Ned teve o bom senso de não toca-lo.

– Pensei que só fosse acordar amanhã – disse uma voz feminina com forte sotaque

– Quem é você? – perguntou se levantando abruptamente e procurando a espada – onde estão meus amigos?

Ela sorriu

– Havia me esquecido de como vocês estrangeiros são ousados. – disse para si mesma

– Quem é você? – repetiu Eddard

– Me chamo Aya, sou irmã de Joo-sama. E você é nosso hospede e paciente. Os outros estrangeiros estão bem. Penso que logo virão visita-lo. Agora sente-se, o veneno sugou suas forças e precisa descansar.

– Onde estou? – perguntou obedecendo

– Em Kokuren Josei. Somos um reino pequeno e esquecido pelo resto do mundo. Aqui as mulheres governam e os homens servem, portanto você me dirigirá com mais respeito. Sob meu teto regulam as minhas leis.

Ele assentiu com os olhos semicerrados. Um local onde as mulheres governam e os homens servem? Nunca tinha ouvido falar de algo assim, pelo que sabia em todos os locais do mundo o papel da mulher, mesmo de uma rainha era dá continuidade à espécie, enquanto cabia aos homens protege-las e mantê-las alimentadas.

Pela primeira vez notou a aparência estranha da mulher, ela tinha a pele de um pálido amarelado e olhos de um formato estranho, puxados para os lados. Os cabelos eram lisos e compridos devia ter por volta de trinta anos. Era bonita, apesar de não ser o padrão de beleza com que estava acostumado.

– Minha família veio de um reino muito a leste, para além de Asshai, onde estrangeiros são decapitados e aqueles que quiserem abandonar a cidade são deixado ao relento fora dos muros, sem comida, agua, roupa, nenhuma maneira de sobreviver. Desse modo ficamos muito distantes de todo o povo do oeste.

– Não sabia que existia vida para além de Asshai.

– Há muitas coisas que não sabe, Eddard Baratheon – respondeu ela – Aquele reino era como todos os demais, governado por homens. Minha mais antiga antepassada tinha apenas dez anos quando fugiu, teria morrido no deserto se não fosse encontrada por uma caravana perdida de Asshai. Ela foi vendida como escrava de cama, e por muitos anos sofreu todas as humilhações que um homem pode impor há uma mulher. Até que ficou gravida de um cliente.

A mulher se aproximou dele e começou a trabalhar em seu braço. Eddard fitava o rosto dela atento, os olhos dela eram deum azul claríssimo, combinava com a seda estampada que vestia. Ele notou que o tecido era diferente, nem mesmo a rainha possuía uma roupa tão leve.

– Ela não poderia permitir que levassem seu filho também. Por isso fugiu e ajudou suas amigas mais próximas a fugirem com ela. Elas eram habilidosas, escaparam dos grilhões e embarcaram clandestinas em um navio que ia para oeste. Mas uma tempestade levou-o para sul e eles naufragaram á vista dessas praias. Ela e as amigas sobreviveram, e começaram a construir uma casa. Sua habitação era tão escondida nas florestas que nenhum homem se aproximava.

Ela se afastou do braço de Eddard e se pôs a arrumar os medicamentos. Um homem se aproximou, ele vestia uma toga branca e fitava seus próprios pés em uma postura completamente submissa.

– Mas a própria liberdade não era o suficiente. Nossa cultura nos ensina a não pensar apenas em nos mesmas, mas em todas as mulheres. Então suas amigas partiram, em busca das antigas companheiras. Qualquer mulher que havia sido desonrada, forçada ou movida por necessidade. Velha, jovem e mesmo crianças. Aqui todas eram bem vindas e perdoadas. Recebidas como irmãs. A casa se tornou uma vila, a vila se tornou uma cidade e a cidade um reino. Minha antepassada as ensinou a lutar. A plantar. A viver. Nenhuma delas voltaria a servir outro homem. Então os garotos que aqui nasciam foram ensinado a ser sempre submissos.

– A rainha Daenerys acabou com a escravidão em Essos. – disse Eddard com um tom enojado

– Aqui não é Essos – respondeu ela ignorando seu tom – E nossos homens não são escravos. São livres para partir, mas se o fizerem jamais poderão voltar. Eles apenas conhecem seu lugar em nossa sociedade. – e como se para provar ela se virou para o homem de toga branca e acrescentou – Maquor, querido, responda ao nosso visitante, eu o obrigo a me servir? Você está aqui contra sua vontade?

– Não. Eu amo Aya-sama. Sirvo por que esse foi o lugar que Megami me designou. Não desejo partir.

A mulher sorriu e o dispensou com um aceno.

– Maquor não é apenas meu servo, é também pai das minhas filhas, meu companheiro e amor. Porem ele conhece seu lugar.

– Isso é errado – disse Eddard – Estão fazendo aos seus homens o mesmo que fazem com as mulheres no resto do mundo, um erro não corrige o outro. Vocês não são superiores a eles do mesmo que modo que nos não somos superiores a vocês. Essa sua sociedade é apenas o outro lado da moeda da minha.

Ela deu de ombro ainda sorrindo

– Talvez. Mas são assim que as coisas são. O mundo está errado meu caro, o máximo que podemos fazer é sobreviver. Megami-sama nos fez sobreviventes.

– Megami?

– É a nossa deusa. A senhora da terra. Mães de mulheres e animais. Ela nos deu a vida. Porem o deus do mar ficou invejoso de sua criação e cheio de luxuria roubou suas filhas, iria mata-las se a deusa não sucumbisse ao seu desejo. Ela o fez, para salvar as filhas, por necessidade, pela força, mas o fez. E dessa união violenta vieram os homens, tão abusivos e ferozes quanto o deus que os gerou.

Eddard assentiu. Nunca fora muito interessado em religião. Se curvava perante os deuses do norte, mas as Arvores-Coração pareciam tão mudas aos seus apelos quanto os Sete. Se os deuses existiam eles eram cruéis, não importa quais fossem, não importa quantas faces tivessem.

– Só existe um deus – dissera Arya para o filho quando ele tinha apenas dez anos – Seu nome é morte. E só existe uma coisa que devemos dizer à ele.

– O que?

– Hoje não – respondeu ela

A moeda bravosiana pareceu pesar em seu bolso. Não pensava em seguir o mesmo caminho da mãe. Mas ela era seu talismã, uma lembrança constante. Valar Morghulis.

– Então essa é uma cidade de putas fugidas? – perguntou para a mulher

Ela assentiu prendendo os longos cabelos lisos.

– Kokuren Josei. Para onde as putas vão.


Shiera Tully

A segunda tarefa fora ao anoitecer. Rhaego e Raven foram colocados em lados opostos de um grande labirinto, ambos em perigo mortal, seu objetivo era encontrar e salvar um ao outro. Shiera não podia ver o que acontecia, apenas escutar os silvos de basiliscos, rugidos de manticoras e deuses sabem o que mais.

Sor Astor não a deixou nem por um segundo, apesar de está mudo como uma porta. Ela se sentiu grata pela companhia dele, ainda que em silencio. Não sabia como se comportar em um local como aquele. Era o oposto de tudo que fora ensinada a acreditar. Apesar de ser conveniente. Afastou aqueles pensamentos, sempre desejara ser senhora de Riverrun ou das Twins, era seu direito como filha mais velha de Lord Tully. Porem a herança fora passada para Robb e Hoster. Não que se ressentisse dos irmãos, amava àqueles pestinhas de cabelos vermelhos, mas não podia deixar de desejar àquilo que inicialmente fora destinado a se dela.

Por muitos anos Astor Mallister fora seu melhor amigo, um balsamo para sua dor quando foi distanciada de Tommen. Agora ele era se protetor e confidente. E mesmo que por vezes fosse absurdamente irritante Shiera o amava como à um irmão.

Cantarolou baixinho a musica que só ela sabia mas ninguém parecia ser capaz de compreender. Exceto por talvez a selvagem. Seu olhar se dirigiu para Melony, a garota tinha os olhos fechados e uma expressão concentrada, Sor Gyles estava ao seu lado como sempre. Não tinha encontrado uma maneira de questiona-la, a garota apesar de toda sua aparência inofensiva a assustava. Ela não deixava de ser selvagem.

Sua mente se dirigiu ao bobo demente que deixara no navio. Cara-Malhada era o seu nome. Ele também conhecia a canção, mas não parecia ser mais capaz de entende-la do que o resto de seus gracejos sem graça. Shiera passara dias ao seu lado tentando encontrar sentido em suas palavras sem sucesso algum.

Na linha do horizonte havia a maior estatua que já vira, ainda maior do que a do septo de Baelor. Era uma mulher, feita de mármore. Belíssima. Megami, as habitantes da ilha a chamavam. A deusa cortesã, que vendera seu corpo para salvar suas filhas. Deusa da terra, da sobrevivência, do amor e da beleza.

A tarefa pareceu durar a noite inteira, e quando a lua estava alta, Rhaego e Raven deixaram juntos o labirinto. Ambos absurdamente feridos porem vivos. Eles foram levados a um local onde trataram de suas feridas e depois iriam descansar. O terceiro e ultimo teste seria ao a amanhecer.


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Notas finais do capítulo

Oioi galera
Sem desculpas.
Eu tinha prometido para mim mesma que não faria mais isso com vcs. Mas infelizmente foi necessário. Rolou um monte de tretas aqui comigo, problemas pessoais e afins. Mas alguns frutos vieram também... Enfim, cá estou, o que acharam do capitulo? Nos aprofundamos ainda mais na cultura dessa sociedade tão fora do comum... Então? Está um horror e eu deveria abandonar minha vida de escritora? Ou aceitável?
Me deixem saber suas opiniões
Próximo cap: Aemon e Narcysa.