Cartas de Fogo e Água escrita por José Vinícius


Capítulo 10
Carta 5 - Fogo.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Mais uma carta do Zuko.
Queria dizer logo agora que as cartas do Zuko são as mais difícies de serem escritas. Elaborar um sentimento por parte dele e uma tarefa complicada, por que criei uma personalidade mais madura dele, e tenho que fazer algo à altura. Daí que, quando for a vez dele escrever alguma coisa, vai demorar um pouco para que as cartas dele apareçam. Preciso de concentração, por que o Zuko que aqui descrevo, inconscientemente é, uma parte de mim mesmo que uso como base.
Aproveitem.



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Katara,


Espero não ter demorando tanto. Espero poder estar chegando numa hora oportuna para uma conversa saudável e um tanto melancólica.


Saiba, Katara, que eu estou bem. Já estou melhor, posso andar normalmente, voltar às minhas funções. Mas aquele atentado, aquele dia, bem, foi muito confuso, e não sei bem ao certo o que se deu. Lembro-me de uns momentos, por que a dor era grande demais, e ela foi aumentando do nada.

Achei que podia suportar tudo – como sempre – e seguiria em frente. É esse o exemplo que você tem de mim? Alguém que aguenta os trancos e vai andando, como se não fosse nada?

Olhe, Katara, esse não é o melhor modo de seguir em frente, não. Do pouco que pude aprender até agora, como governante, é que seus problemas não podem ser resolvidos sozinhos. Você sempre, em alguma hora, vai precisar de ajuda para esclarecer tudo e seguir em frente. Às vezes você fica tão machucado que quando as pessoas notam como você está, é tarde.

Ainda bem que eu tenho você.

Como eu poderei esquecer-me de você naquele momento? Eu precisava de você, mas não tive coragem de admitir a mim mesmo que eu precisava. Por que, você me pareceu tão conturbada com seus problemas que minha dor não seria lá grande coisa. Mas você está certa quando fala que também sinto dores físicas e emocionais. Não só eu, mas você também.

Eu fico estranho quando converso contigo. Minha atenção é só para voce, e acabo me esquecendo de mim mesmo, por que eu só presto atenção em você, no modo como você fala, no jeito, na sua fisionomia... Gosto de te escutar, você bem sabe disso, Katara.

E a dor... Ela é difícil de ser descrita, por que a dor é a dor. Simples assim. Mas a dor que você fala, é aquela que nós sentimos quando algo que nos é precioso e retirado da gente. Como quando perdemos ambos nossas mães... (E assim como você também toco em feridas antigas).

Mas eu quero que você toque nas minhas feridas, Katara. Pela primeira vez, eu desejo e muito que você possa curá-las. Não é o que você tanto quer? Eu concedo, em parte, por que ainda sinto um pouco de culpa pela cicatriz. Às vezes imagino como seria minha vida sem a cicatriz.

E em todas as vezes, você está lá, do meu lado.

Que esquisito isso, não?

Mas, Katara, não se precipite com o que você diz. Meu coração começa a adivinhar tudo o que está escrito nas entrelinhas, e sinceramente, ele se alegra de um jeito estranho. Acho que ambos precisamos um do outro, por que estamos ligados não por coisas felizes, mas também por coisas tristes. E essas coisas tristes nos tornaram quem somos, e nos influenciaram nos nossos atos - pelo menos, comigo foi assim, você bem sabe.

Você se lembra de tudo aquilo que me contou, por que precisa lembrar. Assim como eu, que às vezes me lembro de teu sorriso, de tua voz, somente para seguir em frente. Sentimos sede um do outro, ou seja, estamos querendo ficar muito próximos! Suas confusões são apenas confusões, somente isto. Todos têm uma parcela de culpa sobre nossos atos. Eu não sou diferente, nem você.

Katara, supere seu medo. Você não deve sempre ser insegura, por que um dia, você vai encontrar algo verdadeiro. E, acho, este verdadeiro está muito perto e próximo.

Estou me controlando o máximo possível para ser breve, mas há tanto para falar...

E, lembra que eu tinha algo para lhe contar?

Também ando sonhando. Sonho com seu colar.

Parece meio estranho, mas é isso. Sempre da mesma forma, ele está lá, e eu tenho que tocá-lo. Acho que degusto mais o pescoço que ele enfeita do que ele sem si... (Perdoe essa ousadia!).

Mas, sempre que te vejo, você está lá. E eu sempre o toco, com a ponta dos dedos. Você fecha os olhos, serena, e eu olho para você, com tanto carinho, que subitamente, nos abraçamos. E, você é muito macia, no sonho! Seus olhos sempre parecem mais brilhantes e azuis, e seu colar muito mais simbólico. Toco nele mais algumas vezes, e logo mais, você retira ele, e me dá, dizendo “para nunca se esquecer do que surgiu e manter vivo”.

Mas o que devo manter vivo, Katara? Nosso contato? Nossas conversas?

Desde que passamos a trocar as cartas, eu fico muito ansioso, esperando alguma coisa que nunca chega. E, quando sinto que ela chega, eu não fico aliviado. Não, eu começo a esperar outra coisa. É complexo isso, por que às vezes eu tenho a vontade de abandonar tudo, e ir para a casa de praia da família.

Acho que preciso de descanso.

Sobre o Aang, não tenho mais notícias dele. Acho que ele está se ocupando com a Cidade da República, que cada dia mais cresce. Porém, não se preocupe com ele. Aang é uma pessoa boa, só precisa de tempo para administrar seus sentimentos e estabelecer metas e objetivos – duas palavras que representam a mesma coisa. Quanta redundância.

Só peço, Katara, que no dia que formos de volta à praia da casa de praia da minha família, possamos conversar mais sobre tudo isso. Por que me sinto cansado, e sem ânimo para tratar disso nesta carta. Sem querer desvalorizá-la, por que eu gosto de trocar cartas contigo, mas é que eu não consigo encontrar as palavras certas para expressar o que sinto.

Isto é, se eu ter certeza que eu sinto alguma coisa firme e forte por você.


Até o dia em que formos à praia,


Zuko.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo.
P.SP: Estou postando esta fic no Animespirit.
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