Transtorno De Boderline escrita por Liz03


Capítulo 24
Mal de Alzheimer


Notas iniciais do capítulo

Aceito toda a reprovabilidade que me for conferida. Desculpa.

Desculpa por toda essa demora. Antes a justificativa recaía sobre a faculdade, com um período realmente complicado, mas entrei de férias mais ou menos no carnaval e não consegui escrever. Parte porque a agenda de atividades e reuniões também estava de olho no tempo livre, parte porque me bateu uma senhora preguiça que teve como fim a indisposição e falta de ânimo para escrever. Mas pretendo recomeçar, e finalizar. Esse capítulo deveria ser bem melhor como um pedido de desculpas, mas ainda estou em recuperação de imaginação e escrita, foi tudo o que consegui, espero que não esteja muito mal.



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Cada paciente de Alzheimer sofre a doença de forma única, mas existem pontos em comum, por exemplo, o sintoma primário mais comum é a perda de memória. Muitas vezes os primeiros sintomas são confundidos com problemas de idade ou de estresse. Quando a suspeita recai sobre o Mal de Alzheimer, o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos e radiológicos. Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas comoconfusão mental, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade

Bernardo passou em seu apartamento logo cedo, queria avisar da audiência de Victor e Priscila, mas ela não queria ir, não era questão apenas de vontade, de falta de ânimo. Ela não podia ir. Sentia que se os visse novamente, e agora sabendo de tudo, seu corpo quebraria em mil partículas a serem espalhadas pelo chão do fórum. Só que ela era uma testemunha chave do processo. Ouviu que deveria ir e aquiesceu só porque é o que deveria ser feito. Bernardo, como sempre, ainda tentou melhorar a situação, conversar com ela, mudar de assunto ou transformar a atmosfera. Mas ele não poderia fazer isso, ninguém poderia. Você não pode curar uma queimadura apagando o fogo, e o que se usa para dar fim à chama não serve para acabar com a queimadura. Não adianta. Ela vai ficar lá mesmo que só restem cinzas, ela vai estar ali mesmo depois de muito tempo, e quando a pele se recuperar é possível que ainda reste uma cicatriz. E pode não doer todo o tempo, você pode até se distrair, mas um descuido e seu olhar encontrará a marca. Um relance e as lembranças aparecerão, lhe sufocarão e tente olhar para outro lado, pode tentar, não vai funcionar.

Bernardo dirigiu sem muita confiança, parou no bar e teve vergonha de sair do carro. Saiu. O garçom chegou e ele pediu para ser atendido por Mona, o homem se dirigiu à colega e apontou a mesa. Bernardo sabia que ela relutaria em vir, sabia que viria com um semblante de juta necessidade de distância, aliás, achou que sabia. Deveria saber, sim, que Mona não era exatamente previsível. Ao invés de repulsa, ela reagiu com um sorriso de canto de boca. Sussurrou algo com o dono do bar que balançou a cabeça afirmativamente. Aproximou-se e simplesmente sentou à mesa como se não houvessem rompido, como se a situação de cúmplices tivesse sido congelada e preservada. Ele com certeza não estava preparado para aquilo, e não soube direito o que dizer, na verdade, não tinha ideia de o que queria falar. Mas ela começou.

– Tempos difíceis, não? – ela fez sinal para o colega e pediu uma cerveja

– Eu estou dirigindo...

– Eu dirijo seu carro depois – pôs o bloco de anotar pedidos na mesa e começou a fazer rabiscos aleatórios – Como está a Pan com tudo isso?

– Abatida – respirou – Muito abatida

– E você?

Ele ergueu a cabeça para olhá-la e descobriu que ela já o encarava.

– Não sei...

– Entendo – ela tinha feito um desenho aleatório de um sol que comia grama. Olhou para ele e depois para a mesa. Levantou a cabeça e riu discretamente. Voltou a mirar a mesa, tamborilou impaciente com os dedos, como se fosse alguém esperando para entrar em cena, não alguém que não sabe que horas vai ser sua próxima fala. Justamente o contrário, ela sabia o que ia falar, só esperava o momento. E quando pareceu achar adequado, depois de erguer a cabeça e encará-lo por cerca de vinte segundos, ela disse como quem anuncia que precisa de uma caneta: - Quer dormir comigo hoje?

Bernardo arregalou os olhos e corou. Envergonhou-se por ter imaginado o que achava ter ouvido, sim, porque certamente ela não deveria ter dito aquilo.

– O que? – ele disse segurando o copo de cerveja e depois soltando-o

– Você quer dormir comigo hoje? – ela repetiu no mesmo tom calmo de quem pergunta se a pessoa está servido de biscoito

– Ah...ah...e-eu – Bernardo pigarreou um tanto desconfortável- é que....não acho apropriado....

– É, pode ser inapropriado- Mona sorriu suavemente- mas- disse esticando a palavra – não quer dizer que não pareça bom. Então, eu sugiro que você se desapegue por apenas trinta segundos de todo o bom senso que te impede de ser franco. Não estou dizendo que vá ser ótimo, pode ser só bom mesmo. Acho que seria divertido, ajudaria a não pensar nessas coisas que estão te atormentando, tem umas coisas me atormentando também, não pense que sou uma santa do altruísmo – ela riu baixinho de seu próprio comentário antes de continuar – Bem, e podemos só ir conversar em um lugar mais aconchegante, tudo bem. Ou, se você quiser, realmente quiser, só te deixo em casa e sigo meu caminho. Sem ressentimentos, sem traumas, vida que segue

Não. Era com certeza a primeira resposta que vinha a mente dele. E, ‘é claro que não’, a segunda. E provavelmente teria respondido assim e pronto, vida que segue – como ela dissera -. Mas era Mona. A verdade é que ela sabia que ele adoraria ter um pouco mais de sua companhia reconfortante por tanto tempo e de todas as formas que pudesse, Bernardo sabia que sentia falta daquela mulher incrível que ele tivera o prazer de conhecer melhor, e se culpava por não ter se entregado por completo ao relacionamento dos dois, e deveria ter o mínimo de prudência social para confirmar a dose de falta de adequação do caso e primar pelo bom senso. Mas era Mona e ela era o trunfo contra o bom senso, ela driblava a lógica e costumava flertar com o improvável. Era também a pessoa mais forte que ele já conhecera, e ele queria estar com ela mesmo que fosse, e realmente parecia ser, inadequado. Queria apenas estar com ela, da maneira que fosse. Porque a partir do momento em que podia escolher estar com ela ou não, a escolha já não fazia sentido, era certo: precisava estar com Mona.

Ouvindo-a, respondeu e agiu francamente.

Saíram do bar timidamente.

Olharam para os lados um tanto sérios.

No entanto, seus olhares se encontraram, e com alguns segundos: crise de riso. Crise deles. Crise boa.


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Notas finais do capítulo

Desculpas de novo.
Bjs envergonhados pela vergonha,

Liz



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