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Levi sentou-se no galho e a menina fez o mesmo. Ela ficou observando-o curiosamente. Estava cheia de perguntas, mas não sabia se devia fazê-las. Levi estava de bom humor e percebendo a agonia da menina, disse: - O que quer? Aproveite que estou de bom humor.

- Como conseguiu as asas? Por que está seminu? Quem te transformou? Por que me mordeu e saiu correndo? Essa coruja que pousou na sua cabeça é sua? Como você...

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Quase se arrependeu. Ou melhor, arrependeu-se, mas este só não foi maior porque estava de bom humor e, por isso, se dignou a responder a menina: - Numa bela noite eu acordei e elas estavam nascendo. Valeu à pena perder minha melhor camisa e sentir uma dor que jamais imaginei sentir. O difícil foi aprender a guardá-las e fazê-las aparecerem novamente. Não quero mais outra camisa com buracos; não importa; porque eu tinha acabado de ser mordido e tinha me escondido lá para não matar ninguém e quase o fiz...

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Parou de falar e analisou as feições da menina. Aparentemente estava aceitando bem as respostas pouco detalhadas e isso o deixou bem satisfeito, pois não queria entrar em detalhes. Passaram-se alguns instantes, instantes estes que a menina precisou para analisar as respostas que lhe foram dadas e deduzir algumas outras. Levi esperou pacientemente até que ela abrisse a boca para perguntar sobre a estranha coruja sobre sua cabeça. Quando ela abriu, ele começou a falar...

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- Dias depois do aniversário de dois anos de meu irmão mais novo nossos pais desapareceram deixando nós dois e nosso irmão mais velho sozinhos... Perto do aniversário de três anos de Cade, meu irmão mais novo, eu e Neil, o mais velho, saímos para procurar algo para darmos a ele, porém não achamos nada. Mas voltando para casa encontramos um filhote de coruja piando para a mãe morta, tentando acordá-la... Não pode imaginar o trabalho que esse bicho e Cade deram para nós. Quase demos os dois para adoção.

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Edgar deu um pio baixo e começou a coçar a cabeça de Levi com o bico. Ele não se incomodou e continuou o relato: - Meu irmão e seu presente se davam muito bem, mas no começo Neil e eu tivemos que cuidar para que Cade não o matasse – pegou Edgar, que deu um pio em protesto, e colocou-o no ombro da menina – de tanto apertá-lo. Com o passar do tempo eles começaram a se comunicar. Ele entende a fala humana e meu irmão entendia o que ele “dizia”, ou melhor, pensava. No começo era estranho, mas depois nos acostumamos.

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“Essa praga apegou-se tanto ao meu irmão ao ponto de ir com ele ao banheiro. Até tomava banho com ele. Era pior que as mulheres que me perseguem por acharem que sou propriedade delas apenas porque dormi com elas. Mas como meu irmãozinho parecia gostar de ter um parasita a gente deixou do jeito que tava. Ao completar seis anos...– fechou os olhos -   Depois da morte de Cade Neil e eu vendemos a casa e depois disso nunca mais o vi e eu – abriu as olhos -  acabei ficando com o Edgar.”

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Fez-se silêncio. Os únicos sons que podiam ser ouvidos era o da noite e de seus habitantes. Passado alguns instantes, a menina perguntou:

- Foi o mestre quem escolheu o nome? Edgar?

- Os três. Depois que descobrimos que era ele e não ela, nós demos o mesmo nome de nosso pai, Edgar.

- E qual era o nome da sua mãe, mestre Fall?

- Katelin, Katelin Eve Windfall. Minha mãe tinha muita sorte...