Wake Me Up When September Ends escrita por AnnySama


Capítulo 4
3º dia


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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-Hey! – Corri, quase deixando minha mochila cair no chão. Pulei em suas costas, lhe dando um grande susto. Ele virou e me olhou, aliviado. Eu comecei a andar a seu lado. – Brend! Você não sabe da maior! A gente vai fazer um passeio para a universidade de Seattle! Aquela que você quer entrar!

      Ele sorriu muito animado. Olhou para um grupo de garotos do time de futebol, com seus casacos iguais e seus cabelos penteados para trás com uma tonelada de gel. Todos nos olhavam, zombeteiros. Um comentara algo com o outro, que começara a rir de maneira exagerada.

       -E ai? Como faz para que essa garotinha fique com você, cara? Paga o que? Um milhão de dólares para ela e ainda exige a faxina na casa?! – O mais a frente do grupo, Owen, gritara. Um de seus amigos assobiara, interrompendo um riso.

      Owen tinha cabelos loiro-escuro em um grande topete jogado de lado. Seus olhos eram verdes claros e seus dentes reluziam de tão brancos. Ele estudara comigo na 7ª série. E eu, idiotamente, tinha uma quedinha por ele.

       Brendon trincou o maxilar, com raiva. Normalmente ele não se importava com aquelas provocações. Seria pela menção de nós... Juntos? Ele começou a andar mais depressa, com a cabeça baixa. Eu olhei por alguns segundos para o time de futebol com indiferença e depois tentei acompanhá-lo. Mas ele não parecia querer isso.  

      Parei de tentar o seguir. Encostei-me em uma parede próxima a mim e tentei recuperar o fôlego. Minha respiração estava entrecortada, meu coração pulsava descontroladamente. Eu coloquei as mãos no rosto, desarrumando meu cabelo. Assim fiquei por um tempo, pensando sobre o que havia acontecido.

      -Rach, você está bem? – Uma voz falara a minha esquerda. Olhei lentamente e me deparei com Michaela, segurando uns dez livros entre os braços e com um olhar incisivo sobre mim.

       -Eu... Eu não sei mais o que fazer por Brendon. – Disse, incapaz de deter meus sentimentos. Eu não costumava contar sobre o que eu estava sentindo para as pessoas.

       Ela encostou-se à parede, perto de mim. Seus cabelos cor-de-mel, ultra lisos, estavam amarrados em um rabo de cavalo alto. Michaela continuava a me encarar com seus pequenos olhos verdes. Provavelmente estava tentando encontrar palavras para me ajudar.

       -Mas... O que aconteceu?

       -Owen e os amigos dele vieram caçoar de Brendon e eu. – Respondi, sem hesitar. Despejando toda a minha frustração em cada palavra. – É pior para ele porque Brendon acha que precisa cuidar de nós dois. Ele, bem, acha que não pode deixar ninguém me ofender, e ao mesmo tempo também quer se defender. – Fiz uma pausa, recuperando a respiração. – Ele se importa demais. E eu só não sei o que fazer para tornar esse último ano na escola melhor para ele.

      Michaela sorriu gentilmente. Ajeitou os livros sobre seus braços e falou:

      -Eu acho que ele gosta de você.

      Arregalei os olhos, quase os fazendo saltar da órbita. Depois ri da maneira mais estranha possível. Uma gota de suor frio descendo sobre minha testa.

      -Até parece. – Olhei-a com desdém. Ela deu de ombros, como se dissesse “só acho”.

      -Mesmo assim... Vocês podiam ir juntos para a festa da Tracy. Isso iria animá-lo.

      -Nós vamos juntos. – Disse, sem notar o detalhe que Michaela logo dera como “xeque-mate”. – Oh meu deus. A gente... Vai junto.

      -E ele nem gosta de você... – Ela sorriu maliciosamente. Eu fiz um biquinho crispado, como se  lutasse para esconder um sorriso.

      -Distraia-o da escola. Bem... Faça esse ano ser bom não porque a escola melhorou. Porque... – E ela me deu um olhar óbvio. - escola nunca que melhoraria. Faça esse ano bom porque você esteve com ele. Rach... Acredite, ele adora estar com você. – Dizendo isso, ela voltou a ficar ereta e arrumou seu cardigã verde. – Agora eu tenho que ir para a minha aula de inglês avançado. Ah, e... Já que você vai à festa da Tracy e a um encontro, temos que sair para arranjar o melhor vestido do século.

      -E também o que estiver na maior promoção do século. – Respondi, provocando-a. Michaela me dera um olhar de “você não tem jeito” e foi andando pelo corredor.

      Mesmo depois daquele momento horrível que passara há minutos atrás, consegui abrir um sorriso maravilhado. Nunca experimentara aquela sensação de achar que alguém gostava de mim. Ninguém nunca aparentou nenhum interesse desse tipo. Não era confirmado, e eu duvidava que fosse verdade, mas por um momento, só por esse mínimo momento em que alguém desconfiara que um garoto gostasse de mim, eu me senti mais normal. Menos “aberração”.

      Olhei para o outro lado do pátio, na direção do mural de notícias. Brendon parecia perdido em pensamentos olhando todos aqueles cartazes de exposições e excursões. E pela primeira vez eu o olhara com olhos diferentes. Maravilhados.

       Podia bem ser verdade, ou não.


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