Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 69
Primeiro homem




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As palavras de Camilla me deixavam confusas. Eu tentava buscar o rosto daquele homem em meu passado, mas eu não o encontrava. Fiquei encarando Camilla e ela apenas sorria, sem perceber que acabara de me deixar com um certo medo.

“Você tem a roupa para o ano novo?” –Camilla perguntou.

“Sim, tenho um vestido branco.” –Respondi.

“O meu também é um vestido branco!” –Ela disse.

“É? Que bom.” –Eu disse.

Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse o tal “moço” citado por Camilla. A noite já obrigava as luzes se acenderem. Camilla foi para o quarto de Ana e por lá dormiu. Eu nunca vi a mãe dela e tinha receio em perguntar sobre. Jantei e fui deitar em minha cama. Ethan ainda não havia respondido a minha mensagem.


Acordei com o barulho de Mary saindo do quarto e eu não sabia dizer se o sol lá fora estava forte, a janela estava fechada, mas o calor já era insuportável, o ventilador de teto não ajudava muito, mas ainda assim, eu estava coberta até a cabeça. Me levantei e abri a janela, o sol, enfim, se acomodou em meu quarto. Permaneci com o pijama e fui até o “refeitório”. Me sentei a mesa e haviam três turistas na mesa ao lado.

“Costuma a andar assim por ai?” –Pedro perguntou se sentando ao meu lado.

Pedro colocou sobre a mesa, um prato com dois pães franceses, queijo minas e um copo com suco de caju.

“Pijamas são confortáveis.” –Respondi enquanto mexia meu chocolate quente.

“Soube que é a última moda em Paris.” –Ele disse antes de dar um gole em seu suco.

Até que ele sabia me divertir.

“Já conhecem o pão de açúcar?” –Ele perguntou de boca cheia.

Neguei com a cabeça enquanto mastigava meu bolo de fubá.

“Pretendem ir?” –Ele perguntou.

“Não sei, por mim eu não sairia da pousada.” –Respondi.

“Posso levar vocês.” –Ele disse. –“Quer dizer, só não poderei pagar pra vocês.” –Ele completou.

“Eu entendi, Pedro.” –Eu disse rindo. –“Seria o guia turístico.”

“Isso, exatamente.” –Ele disse sorrindo.

“Vá falar com a Mary.” –Eu disse.

Pedro deixou sua comida sobre a mesa e se levantou. Talvez ele tenha ido atrás de Mary.

“Bom dia a todos!” –Disse um homem entrando na sala.

Levantei minha cabeça e era o homem de terno. Com a mesma roupa do ônibus.

“Está vago aqui?” –Ele perguntou apontando para uma cadeira na minha mesa.

Afirmei com a cabeça.

“Mas não vejo prato de ninguém aqui.” –Ele disse se sentando.

A fome que eu sentia, simplesmente despareceu e deu lugar ao medo.

“Sou Luiz.” –Ele disse estendendo sua mão direita para mim.

Recolhi meu lanche e me levantei. O coloquei sobre a mesa principal, onde estavam as comidas e segui em direção ao meu quarto.

“Vai a onde?” –Pedro perguntou.

Ele estava vindo dos fundos da pousada. Onde ficava o quarto de Ana e como Mary havia sumido, era capaz de ela estar lá.

“Pro meu quarto. Perdi a fome.” –Eu respondi.

“Você parece nervosa.” –Ele disse se aproximando.

Pedro colocou sua mão direita sobre meu ombro esquerdo.

“Você está tremendo!” –Ele disse.

“Aquele homem de ontem... está hospedado aqui?” –Perguntei.

“Não sei. Por quê?” –Pedro perguntou.

“Ele se sentou na minha mesa.” –Eu disse. –“Eu to com medo.” –Comecei a chorar.

Pedro me abraçou e escondi meu rosto em seu ombro. Eu de fato, tremia bastante. Eu não sei como, mas a fisionomia daquele homem me causava um temor tão grande e seu nome me dava calafrios.

“Vem, vamos no pão de açúcar.”-Disse Pedro me puxando para o quarto. –“Vá se arrumar. A menos que queira ir confortável.” –Ele completou.

Sorri secando minhas lágrimas e entrei no quarto. Abri minha mala, que já estava um pouco bagunçada. Peguei uma calça jeans claro e uma regata com a bandeira da Inglaterra. Me vesti e penteei meu cabelo. O deixei solto.

“Vamos?” –Perguntei abrindo a porta e saindo do quarto.

“A patriota!” –Pedro disse.

“Mary não vai?” –Perguntei.

“Ela disse que ia depois e anotei o que ela deve fazer.” –Ele disse.

O pão de açúcar fica no mesmo bairro que a pousada e dela, dava para vê-lo.

“Morei 13 anos aqui e nunca nem se quer pisei nele.” –Eu disse olhando para cima.

“A vista é linda.” –Disse Pedro.

Não demoramos muito e já estávamos no primeiro bondinho. A vista para a praia vermelha era realmente incrível. Enfim, chegamos a primeira estação e por lá circulamos por uns minutos.

“Espera!” –Eu disse espantada.

“O que foi?” –Pedro perguntou.

“Luiz! O nome dele é Luiz!” –Eu disse apavorada.

“Controle-se!” –Pedro disse me segurando. –“Que Luiz? E daí que o nome dele é esse?”

“Luiz é o primeiro homem que ...” –Eu dizia. –“Não, você não deve saber disso!”

Eu disse me soltando de Pedro.

“Você pode me contar.” –Ele disse.

“Não! É demais pra você!” –Eu disse. –“Vou dar uma volta.”

“Sozinha?” –Ele perguntou.

Sai correndo e me desviei de um monte de gente. Enfim encontrei uma ladeira arborizada e por lá fiquei. Ninguém andava por ali, só estavam preocupado em tirar foto da paisagem. Me sentei no meio fio da pequena rua da ladeira. Eu balançava meus pés descontroladamente. Eu deveria estar maluca. Existem quantos “Luiz” pelo mundo? É claro que esse era só mais um desses. Meu celular começou a vibrar no meu bolso de trás. Com dificuldade, o tirei. Era Mary.

“Alô?” –Atendi com uma voz trêmula.

“Querida! Estou aqui embaixo, já estou subindo.” –Ela disse.

“Tudo bem. Estamos no primeiro morro ainda.” –Eu disse.

Mary desligou e agora eu tinha que voltar para Pedro, a menos que eu quisesse estragar tudo e contar para Mary. Voltei para onde eu havia largado Pedro. Ele ainda estava lá, apoiado na mureta de proteção, olhando a paisagem.

“Voltei.” –Eu disse me encostando ao lado dele.

“Sinceramente, não entendi nada.” –Ele disse.

“É sobre a minha história de adoção. Ainda não me sinto confiante para lhe contar isso.” –Eu disse.

Pedro nada disse e voltou a olhar a paisagem. Eu estava ansiosa para saber se esse homem era realmente quem eu estava pensando. Ele tá bastante diferente do que eu lembro do Luiz, mas pelo fato de ele ter me reconhecido, minhas dúvidas se diminuíam. Minha vida não poderia se encontrar com o pesadelo novamente.



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Notas finais do capítulo

Obrigada por ainda lerem minha fanfic. E aos novos leitores, muito obrigada por ser aventurarem com mais de 60 capítulos. Obrigada mesmo ♥
eddictedhoran *-*



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