Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 125
Rosa vermelha




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Coloquei minhas coisas em duas malas que Sara havia me dado. Eram dela. Camilla me ajudou com as malas e parecia mais empolgada do que eu. Quase todas as minhas roupas ela dizia nunca ter visto e perguntava por que eu nunca as usava. Eu usei todas, ela que nunca reparou. Teddy foi ao shopping. Por lá ficou durante quase duas horas. Voltou com três sacolas diferente e um pequeno buquê na mão direita. Camilla cutucou meu braço ao ver as flores, mas não eram pra mim. Teddy queria me levar ao túmulo de Mary antes de partirmos. Faltavam um pouco mais de seis horas para irmos ao aeroporto. Eu guardei a blusa a qual eu usava quando vi Mary morrer. Não queria mais carregar tais lembranças em minha nova bagagem. A vesti sobre uma regata preta. Não estava calor. Ainda chovia, porém menos que de manhã. Fomos sozinhos. Fomos de Táxi. O motorista era um senhor de cabelos totalmente grisalhos. Nada entendia o que Teddy falava e toda hora perguntava se o “ruivo” estava entendendo. Ele era bastante divertido, contou que, mesmo com problemas, estava sempre sorrindo, pois queria seus passageiros bem. Ele perguntou quem eu ia visitar no cemitério e contei sobre Mary. Felipo, como ele se apresentou, contou que sua esposa, Fátima, também estava dormindo por lá e que talvez já seja amiga de Mary. Ele continuava contando suas histórias com um lindo sorriso. Ele disse também que tem três filhos, mas um morreu em um acidente de carro no ano passado, ao saber da morte da mãe. Ao pararmos no sinal, Felipo me perguntou o que o gringo estava fazendo aqui. Contei a ele que Teddy queria me levar de volta para Inglaterra, mas eu ainda carregava essa dúvida comigo, pois tinha uma nova família aqui no Brasil.

“Filha, pela maneira que você olha para ele, parece que qualquer outro tipo de saudade será compensada com a presença desse rapaz. Você disse que estavam há muito tempo separados, não é? Recupere esses anos perdidos.” –Ele disse.

Olhei para Teddy, que aguardava eu traduzir o que Felipo havia dito. Apenas sorri. Aceitei o que ele disse. Parecia mesmo o correto a se fazer, mas eu ainda pensava muito em Camilla.

“Eu tenho uma irmã emprestada. Cuido dela desde os seus oito anos, quando me separei do Teddy e sentirei a falta dela, talvez a falta dela não seja substituída por nenhum sorriso do mundo.”  -Eu disse.

Felipo ficou me olhando pelo espelho, enquanto o sinal não abria. Felipo fico em silêncio por poucos minutos, pois começou a se concentrar mais no trânsito e enfim, disse que eu deveria levar a tal menina comigo. Não me parecia má idéia. Minutos depois, Felipo estacionou na porta do cemitério e descontou do dinheiro da corrida.

“Compre mais flores.” –Ele disse.

Felipo esperou entrarmos no cemitério e partiu com o carro. Pude avistar que alguém depositava flores sobre o túmulo de Mary. Estava de capuz. Acelerei meus passos e parei atrás da pessoa. Eu nada disse e ela foi se virando lentamente. De perfil, reconheci o rosto de Pedro. Que estava amargo, sem nenhuma expressão. Teddy não se aproximou de nós e nos observava de longe.

“Você está bem?” –Perguntei, me aproximando.

Pedro nada respondeu, colocou sua última rosa, era muito parecida com a flor que eu havia visto da última vez que estive lá. Perguntei se ele visitava muito o lugar e ele apenas afirmou com a cabeça. Depois de um longo silêncio perturbador. Pedro decidiu falar. Sua voz estava rouca e ele parecia tímido.

“Sempre venho visitar Ana e... e eu passo na Mary.” –Ele disse.

“Obrigada.” –Eu disse.

“Não agradeça. Não fiz nada pra você. Fiz para Mary.” –Ela disse.

Minha reação foi olhar para Teddy, o que fez com que ele se aproximasse. Teddy saudou Pedro, que nada respondeu. Ele ajeitou seu capuz e seguiu seu caminho em direção ao túmulo de Ana, que ficava mais para o final do cemitério.

“Ele parecia bem chateado.” –Comentou Teddy.

Ao perder Pedro de vista, depositei as flores que Teddy havia comprado, ao lado das rosas colocadas por Pedro. Rezei um pouco. Ou ao menos tentei. Não sei como funciona isso de rezar, apenas converso com o ser supremo o qual aprendemos a acreditar. Acho que ele ouve. Teddy permaneceu o tempo todo ao meu lado e não me apressou em nenhum momento.

“Vamos ao túmulo de Ana.” –Sugeri.

 Teddy concordou, apesar de não saber muito bem quem era Ana, fui explicando novamente pelo caminho. Pedro não estava mais lá. Nenhuma rosa fora depositada sobre o caixão. O tumulo estava mal cuidado, como se Pedro nunca visitasse aquele lugar. Comentei sobre isso com Teddy e ele não entendeu. Pelo o que parecia, Pedro apenas visitava o túmulo de Mary, que nada tinha a ver com ele. Comprei uma rosa com o dinheiro que sobrou do taxi e voltamos para deixar para ela. Enquanto arrumávamos um bom lugar para deixar a rosa, um homem se aproximou de nós com um balde branco na mão direita. Ele se apresentou como Jorge e perguntou se gostaríamos que ele cuidasse do túmulo. Antes que eu dissesse a minha decisão, ele mostrou o balde com uma tinta branca, dizendo ser cal. Falou sobre pintar o lugar, manter o local preservado. De fato, alguns túmulos ao lado estavam depredados e abertos, com peças roubadas. Fiquei na dúvida, ele cobrou cem reais por isso. Não aceitei. Ele retirou-se e foi para longe de nós. Ao caminharmos para a saída, pude ouvir uma senhora reclamar dizendo ter pagado duzentos reais para manutenção e o túmulo de seu filho estava depredado. Me aproximei da mulher e ela insistiu em falar sobre ter pago a alguém para cuidar do lugar e nada havia sido feito. Comentei sobre um tal de Jorge oferecer os meus serviços. Antes que eu pudesse terminar meu discurso, a senhora disse pra eu não aceitar. Ela disse que eles ficam com seu dinheiro e furtam qualquer enfeite que você leve para o túmulo e eles julgam que possa ser vendido lá fora, como flores de plástico. Eu não imaginava que tais coisas pudessem acontecer naquele lugar o qual eu julgava “lugar de paz”. 
 “O que vai acontecer com sua mãe agora?” –Perguntou Teddy.
 Neguei com a cabeça. Eu não sabia o que responder. O apartamento agora estaria nas mãos de Joana e ela poderia fazer o que bem entendesse. Segundo ela, não teria mais condições de pagar o alto preço do condomínio do lugar e iria morar em um pequeno apartamento mais próximo ao subúrbio. Camilla não parecia muito feliz com a ideia. Quando o tempo de hospedagem de Marcela terminasse, ela se sentaria com todos do apartamento, incluindo Pedro, afinal, o apartamento está em seu nome. 

Chegamos em casa e nossas malas já estavam na sala, ao lado do maior sofá. Camilla as havia organizado e cada uma tinha uma pequena carta colada com uma fita adesiva transparente.

“Não abra até o avião decolar.” –Era o que estava escrito.

Faltavam poucas horas para partirmos e Camilla se esforçava para se manter forte e disse que marcaria uma data pra o bebê nascer e eu deveria voltar. Era o nosso pequeno acordo. Levei Camilla para o meu quarto, que já estava vazio. Só tinha os móveis e nenhum outro enfeite. Nos sentamos na cama desforrada.

“Você vai ficar bem?” –Perguntei.

“Contanto que eu saiba onde você está e tenha notícias suas, estarei bem.” –Ela disse, com um leve sorriso.

Procurávamos palavras no meio do silêncio que ocupava o quarto.

“Você não sabe o quanto estou feliz e triste com sua partida.” –Disse Camilla. –“Desde que ouvi a sua primeira história sobre o Teddy, torci para que se reencontrassem e achei que tudo estaria perdido com seu noivado. Não quero te prender no Brasil. Não sou egoísta a esse ponto. Você vai estar sendo feliz, você será livre, você estará vivendo seu sonho. Meu egoísmo só me faz pensar que eu sentirei sua falta, eu terei que me virar sem você, eu não terei aquela irmã para desabafar. O que me conforta é que não será pra sempre e entenderei melhor o valor que você tem em minha vida.”


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, novamente. haha
Muito obrigada por acompanharem minha fanfic. Espero que ainda gostem.
Coloco no search do twitter "folhas de outono" e observo vocês kk
Uns dizem que eu deveria escrever um livro e isso alegra todo o meu dia, obrigada pelo carinho. ♥
Curtam FANFIC FOLHAS DE OUTONO no facebook.
Jenny, thewalkingteddy



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