Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 123
Loucos devaneios




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Suas mãos sujas tocavam meu rosto. Teddy a tentou impedir, mas eu deixei. Ela tocava em cada pequena curva do meu rosto. Passou a mão em meu cabelo. Ela finalmente sorriu. Seus dentes aparentavam ainda estar em perfeitas condições. Ela pouco mudou, apenas parecia bem mais velha. Ela repetia meu nome toda hora. Pedi para que Camilla e Joana voltassem ao apartamento.

“O que está fazendo aqui? Achei que estivesse presa.” –Eu disse.

“Eu estava, reduziram minha pena.” –Ela disse.

“Mas o que faz em Copacabana?”

Ela contou que andou por todos os bairros que costumávamos a visitar. Ia completar um ano de liberdade. Não tinha para onde ir. Teddy sugeriu sairmos de lá. Marcela insistiu que não. Ela segurou minha mão. Disse que, não vê meu pai desde quando ainda estavam em julgamento. Soube que ele foi preso novamente. Nos sentamos em uma praça e Teddy não sabia para quem olhar. Ele parecia não ter entendido muito bem ainda o que esta acontecendo. Marcela ainda se lamentava pelo fato de nunca mais ter visto Antônio, meu pai. Segundo ela, eles não iriam mais arrumar crianças para pedófilos. Ela disse também que, Antonio e ela nunca tocaram em uma criança, apenas precisavam do dinheiro. Marcela parecia constrangida por estar falando sobre nosso passado na frente de Teddy, eles não se conheciam e ela não sabia que ele era inglês. Não tive a oportunidade para apresentá-los, já que Marcela não parava de se lamentar. Toda hora ela tocava meu rosto, o sentimento que corria pelo meu corpo fora libertado. Nunca mais havia o sentido, a ultima vez, foi com Mary. Carinho de mãe. Ela queria saber sobre minha vida, eu queria começar dizendo sobre o estrago que ela, juntamente com Antonio, fez em minha alma. Contei um resumo e evitei detalhes, ela chorou quando eu disse que tinha uma nova mãe. Na verdade, Marcela chorava a maior parte do tempo. Teddy parecia interessado na conversa, mas nada entendia. Ele não nos interrompia para saber sobre o que falávamos. Teddy foi comprar água. Ele foi em uma cafeteria próxima e contei para marcela sobre a morte de Mary. Ela passou a mão em meu ombro esquerdo, na tentativa de me confortar. Eu não lembrava da morte de Mary com tristeza, eu apenas tinha ótimas lembranças dela. Sem perceber, acabei contanto o quanto eu era grata a Mary.
"Adoraria ter a conhecido." - Disse Marcela.
Parecia loucura, mas pra mim, era o certo a se fazer. Sugeri irmos ao cemitério de Botafogo, onde Mary ainda estava enterrada. Marcela sorriu. Eu havia esquecido como era seu sorriso. Me sentia idiota por isso, afinal, parecia que eu me olhava no espelho, meu sorriso era muito parecido ao dela. Aguardamos Teddy chegar. Ele deu uma garrafa a Marcela, que bebeu a água demonstrando desespero. Falei para Teddy e ele disse que nem conhecia ela. Falei que também não a conhecia, muito menos confiava nela, mas algo me sussurrava dizendo que aquilo era o correto a se fazer. Pegamos um ônibus, em um ponto próximo a praça. Teddy observava cada detalhe do ônibus. A sorte era que o ônibus era novo e tinha três degraus, considerados andares. Sentamos no mais alto. O ar condicionado estava forte. Não demoramos muito e já estávamos em botafogo. Andamos ate o cemitério. No caminho, uma menina ficou encarando Teddy e ele parecia assustado. Talvez ela tenha o reconhecido, mas o que estaria Edward Christopher fazendo naquela rua? O tumulo de Mary havia uma rosa vermelha. Aparentava ter sido colocada lá recentemente. Não era de plástico. Ainda esbanjava vida e seu vermelho era forte. Pensei em todos que moravam no apartamento, mas talvez fosse um amigo da época em que morou com Ana. Não mexia na rosa e não acrescentei outras. Marcela se ajoelho em frente ao tumulo e começou a rezar. Fiquei ao lado de Teddy, respeitando o momento dela. Em meio aos seus sussurros, pude ouvi-la agradecer Mary por cuidar de mim e não ferir meu caráter. Decidi não me intrometer mais em suas rezas e conversei baixo com Teddy.
"Como consegue olhar nos olhos dela?" - Teddy perguntou.
Dei de ombros e disse que os olhos delas pareciam mais perdidos que o meu. Eu sempre me achei fraca e me descobri forte. Marcela achava que poderia mandar em tudo, era confiante. Marcela descobriu sua fraqueza ao pisar na prisão. Viu que seu poder era apenas sobe os mais frágeis. Sua reza acabou e ela limpou os joelhos. Achei que esse era o momento ideal para apresentá-la ao Teddy.
"Edward, esta é Marcela." Eu disse em dois idiomas.
Eles apertaram as mãos e ambos sorriram gentilmente. Permiti que marcela entrasse em casa. Imediatamente, Joana encontrou roupas ideais para dar a Marcela. Elas se entenderam rapidamente. Após tomar banho, levei marcela para o quarto e nos sentamos na cama. Ela abria a boca para tentar dizer algo, mas nada saia. Ela olhou todo o quarto, cada detalhe.

“Está noiva?” –Ela perguntou.

Eu ainda carregava o anel de noivado que Pedro havia me dado. Eu adorava olhar para ele e lembra de como foi incrível recebê-lo em nosso apartamento ainda vazio. Odeio ter a sensação de que, eu era feliz e não sabia. Resolvi contar sobre o que aconteceu em minha vida amorosa. Segundo ela, era pra eu ter devolvido o anel há mais tempo. Talvez, nunca o ter aceitado. Marcela se levantou e começou a olhar os porta-retratos sobre a pequena cômoda abaixo da televisão, que estava presa na parede. A foto que ela tanto olhava, era Camilla e eu, ainda morando no apartamento de Pablo. Nós éramos mais novas e as marcas do passado ainda eram muito presentes na feição de Camilla.

“Vocês parecem irmãs.” –Ela comentou.

Camilla entrou no quarto com dois copos com água nas mãos. A raiz do seu cabelo mostrava sua cor natural. Ela não podia mais pintar os cabelos por causa da gravidez, então o loiro estava da metade para baixo. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto. A blusa que ela usava agora, mostrava apenas a parte de baixo da sua barriga e o shorts estava aberto. Depois de alguns minutos, tomei coragem para cuspir as palavras entaladas em minha garganta e que já estavam lá há anos. Fiz com que Marcela voltasse a se sentar na cama e fiquei olhando para ela. Eu estava em conflito interno.

“Marcela, eu tenho umas coisas para te dizer. Eu sempre pedi para nunca mais encontrar meus pais, mas nos meus mais loucos devaneios, eu sonhava com este momento, poder olhar em seus olhos e dizer o quanto sofri e o quanto a vida tentou me deixa feliz novamente.” –Dei uma pausa.

Marcela ameaçou a chorar, mas de maneira ríspida, a mandei parar.

“Por que vocês fizeram isso comigo? Por quê? No inicio da minha vida, nós éramos tão felizes, mas vocês faliram e me usaram. Abusaram da minha fragilidade e amor por vocês. A vida pode até ser injusta as vezes, ou na maioria das vezes, mas pode ter certeza que, da maneira dela, ela resolve as coisas e olha como você está agora. Sem família, sem um lar, sem dinheiro, sofreu na prisão. No meio disso tudo, eu sempre me achei fraca e me descobri forte. Já você, eu vejo em seus olhos que nunca foi forte. Você nunca foi minha mãe.”


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ainda acompanharem a fanfic. Adorei a nova recomendação e já a coloquei na página FANFIC FOLHAS DE OUTONO *-* Desculpem a demora por postar, como já expliquei, voltei a estagiar a noite todas as quartas e quintas, saio as 22 horas do serviço e chegou cansada. Pode acontecer de eu postar quando chegar em casa, mas depende muito do meu dia. ENFIM, lembrando que mudei o user do twitter para thewalkingteddy, quem quiser me seguir. ♥
Jenny, sheeranmafia



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