Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 104
Bêbados




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  Pedro foi para a Low Club e Camilla ficou no apartamento de Heloísa. Confesso que eu não confiava mais em deixá-la por lá, mas preferia achar que estava fazendo a coisa certa. Coloquei minha calça jeans velha e uma blusa de meia manga com várias bocas desenhas em rosa claro e as bocas deixavam a blusa transparente, onde estampadas.

  Cheguei dez minutos depois da hora marcada. Teddy já estava sentado em uma mesa afastada da janela e não muito próxima a entrada. Ele estava de costas pra mim e não me viu chegar. Ele toda hora olhava seu relógio no pulso direito. Gentilmente, encostei minha mão direita nas suas costas e apareci do seu lado esquerdo. Seu sorriso continuava lindo. Ele se levantou e aguardou eu me sentar. A mesa estava coberta por uma toalha de seda branca e Teddy estava bebendo uma taça de vinho. Até onde eu o conhecia, ele não bebia. Fiquei encarando a taça. Ele percebeu.

“Comecei aos dezessete anos.” –Ele disse, antes de pegar a taça e beber um pouco do vinho. –“Servida?”

Afirmei com a cabeça e ele fez um sinal para um garçom. Minha taça estava com vinho até a metade. Seu cheiro era muito bom. Ele contou sobre como começou a beber e disse que relaxou bastante e por isso estava gordo. Neguei, dizendo que ele não estava gordo. Ele insistiu em dizer que sim. Ele contava a história no intervalo dos goles de vinho. Ele achava divertido. Ele também contou que fuma. A imagem do cara perfeito tinha tudo para sumir das minhas esperanças, mas ele continuava ali, tomando seu vinho. Teddy havia pedido um prato com peixe, não ouvi o nome, mas sei que tinha peixe e era delicioso. Enquanto eu ainda estava na primeira taça. Ele contou a quinta. Ele estava falante e ria de tudo.

“Teddy... quem é Alice?”

Ele se engasgou com o vinho e me olhou espantado. Ele limpo a boca com o guardanapo, de pano, cinza. E mudou o assunto. Fomos até a varanda, para que ele fumasse.

“Já devem ter te contado isso, mas fumar faz...”

“Mal. Eu sei.” –Ele disse, antes de tragar.

Teddy levantou a cabeça e soltou a fumaça, que parecia não terminar nunca e se espalhou pelo ar úmido, até sumir. A varanda não permitia que, quem estivesse lá embaixo, pudesse nos ver, pois era grande e não fomos até a beirada.

“Não estava preparado para tanto calor.” –Ele disse.

O calor estava suportável. Ele deu sorte. Uma mão segurava o cigarro e a outra estava dentro do bolso da frente do casaco. Depois de ter contato sobre sua história com a bebida, ele parecia não ter mais assunto. Decidi contar que eu tinha um novo nome, Emília, ele começou a rir. Não parava. Seus olhos estavam cheios d’água, de tanto que ele ria. Ele se sentou no degrau ao lado da porta da varanda e permaneci de pé.

“Emília? Podendo escolher qualquer nome e escolheu esse?” –Ele disse, rindo.

Eu não esbocei nenhum sorriso. O que fez com que ele parasse de rir.

“Não quero ir embora amanhã.” –Ele disse.

Teddy apagou seu cigarro esfregando sua ponta no chão. Ele me entregou o cigarro apagado para que eu jogasse no cinzeiro que ficava em cima do lixo atrás de mim.

“O que a gente vai fazer agora?” –Ele perguntou. –“Quer dizer, você vai se casar, não é?”

“Camilla contou para ele sobre hoje.” –Eu disse, me sentando ao seu lado. –“Talvez não tenha mais casamento.”

“Não?” –Ele perguntou feliz. –“Digo... não?” –Seu tom de voz foi ameno.

Me levantei e expliquei o por que de eu estar com Pedro. Ele me salvou, me trata bem, é gentil, engraçado. Eu parecia uma falsa apaixonada falando sobre ele. Me encostei na mureta da varanda e finalmente, pude ver o que havia lá embaixo. A areia da praia estava fazia, mas os quiosques no calçadão permaneciam abertos e estavam cheios. Algumas pessoas caminhavam, outras andavam de bicicleta. Vi um garoto cair do seu skate, mas não dei muita importância, pois Teddy parou ao meu lado direito e começou a observar a movimentação da rua.

“Gostaria de voltar para a Inglaterra um dia?”

“Claro.” –Eu disse, misturando um tom de alegria com lamentação.

“Vamos embora.” –Disse Teddy.

Ele me deu seu braço direito e o segurei. Teddy me conduziu para o interior do restaurante do hotel e falou algo com a recepcionista. Não demorou muito e um garçom entregou uma taça de vinho, pela metade, para Teddy. Ele agradeceu e saiu do hotel.

“Para onde estamos indo a essa hora?”

“Um motel.” –Ele disse sério.

Fiquei encarando ele e Teddy não aguentou mais prender o riso.

“Estou brincando. Vamos... viver.” –Ele disse, chamando um taxi.

Entramos no mesmo e Teddy disse para o taxista andar por toda a orla. O taxista insistiu em dizer que na mesma orla haviam mais duas praias e Teddy não se importou e pediu para seguir o caminho ordenado. O Taxista deu meia volta, enquanto Teddy bebia seu vinho da garrafa. Ele me ofereceu e bebi. O vinho parecia mais forte que o outro que tomamos enquanto comíamos o peixe. Paramos em um sinal vermelho e uma moto parou ao nosso lado. Era um homem e uma mulher. Ambos com capacete. Teddy abaixou o vidro e ficou em silêncio. Quando o taxi ameaçou a andar, ele gritou. Muito alto. A mulher na garupa da moto, levou um susto e olhou para a gente. De principio, eu fiquei assustada, pois não sabia quem estava na moto. Mas a moto partiu na nossa frente e sumiu por entre os carros e Teddy só fazia rir. Ele quase não tinha mais forças para apertar o botão que fechava a janela. Comecei a rir também e decidi fazer igual. Assustei a única mulher na moto. O taxista olhava para nós através do espelho e parecia assustado. Acabamos com a garrafa de vinho e Teddy pediu para o Taxi parar, para ele comprar mais bebida. Uma garrafa de vodka dessa vez. Bebemos. Bebemos mais. O fim da praia parecia nunca chegar. Continuamos bebendo a assustando quem parasse ao nosso lado nos sinais. No fim, descemos e Teddy mandou o taxista ir embora. A corrida deu mais de trinta reais. Teddy tropeçou ao sair do taxi, quase caiu. Fomos andar na areia. Um grupo de adolescentes fazia um pequeno lual.

“Vamos lá.”

“E se te reconhecerem?”

“Melhor!” –Ele disse, em seguida bebeu a vodka.

As pessoas olharam Teddy assustados, mas logo passaram o violão para ele. Teddy tocou The Beatles e todos cantaram com ele. Eu não sei como estava minha expressão, mas eu estava encantada, olhando para ele.

“Vocês são legais!” –Disse uma menina.

Depois ela sussurrou não entender o que Teddy dizia, mas ele cantava muito bem. Já passava da meia noite e decidi ir embora. O grupo lamentou, mas arrastei Teddy pelas areias do Recreio. A garrafa ficou com o grupo. Ele pareciam ter entre dezesseis e vinte anos. Teddy caminhava com as mãos nos bolsos do casaco. Enfiei meu braço esquerdo entre o corpo de Teddy e seu braço direito e andamos de braços dados. Eu tirei meu sapato e sentia a areia gelada tocar meu pé. Era tão macia que meu pé afundava, o que dificultava um pouco nossa caminhada, a tornando cansativa. O brisa estava forte e fui forçada a prender meu cabeço, o que pouco adiantava e meu cabelo continuava batendo em meu rosto. Teddy cantou durante todo o caminho, era engraçado, ele desafinava, notoriamente de propósito e começava a rir. Ele queria me fazer rir. Meu celular começou a tocar e o procurei na bolsa. Teddy o tomou da minha mão e atendeu, antes mesmo de eu ver quem era. Teddy continuou cantando uma de suas músicas.

“Me dá o celular.”

“Shhhh...” –Ele disse, empurrando meu rosto.

Mordi sua mão e ele me soltou e peguei o celular.

“Alô?” –Atendi, prendendo o riso.

“Vejo que estão se divertindo.” –Era a voz do Pedro.

“É... estamos.” –Eu disse.

Teddy cantava cada vez mais alto e eu não queria falar com ele, não enquanto eu estivesse com Pedro ao telefone, então eu tentava bater nele. Teddy conseguia se esquivar sempre, até que ele tropeçou no próprio pé e caiu pra trás. Eu comecei a gargalhar e parei quando ouvi o “tu tu” do telefone. Olhei pra tela e “ligação encerrada” piscava. Guardei o celular na bolsa e Teddy, ainda caído, continuava cantando, alto.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demoro por postar. Espero que tenham gostado. *-* Curtam a página para a fanfic ♥
Jenny, edditedhoran.



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