O Legado - Nova Ordem escrita por Nessan C


Capítulo 6
Capítulo 5: Irnael


Notas iniciais do capítulo

Coé, gente!
Eu prometi que este capítulo seria diferente... Pois é, eu não cumpri LOL. Mas eu gostei muito deste capítulo, fluiu muito naturalmente.
Capítulo dedicado ao Whisper in the dark. Espero que goste tanto quanto eu :)
Ah, gente, por favor, LEIAM as notas finais!
Sem mais enrolações o/



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Cap. 5: Irnael

                O jovem estava sentado no grosso braço de uma árvore e assistia o pôr-do-sol sobre as copas das gigantes árvores de Ellesméra. O céu estava tingido de tons de laranja, rosa, azul e vermelho. As cores dançavam numa perfeita sincronia enquanto o sol se despedida de mais um extenso dia reinando sobre Du Weldenvarden. O frio da noite já se aproximava e as folhas cantavam com o som do vento que as tocava. O vento também balançava os cabelos castanhos do jovem que assistia esse espetáculo particular.

                O pôr-do-sol era o momento favorito do jovem meio elfo, e aquele lugar próximo às copas tornava o momento ainda mais especial – talvez pelo fato de estar sozinho e só ele o conhecia. Ficava imaginando o que haveria além daquele mar verde de Du Weldenvarden. Quais mistérios aquela terra teria para mostrar; será que as montanhas dos anões eram assim tão monstruosamente grandes? Os castelos dos humanos seriam mesmo esculpidos por deuses? O mar era tão grande e majestoso como os relatos que ouvia? Ele não saberia responder estas perguntas, pois desde que nascera tem vivido na deslumbrante capital dos elfos.

                Ellesméra era o seu lar. Mas ele queria mais, queria fugir daquele lugar a visitar o mundo. Seu pai lhe dizia que era o sangue humano de sua mãe correndo em suas veias que fazia com que ele sentisse aquela curiosidade natural e vontade de viver. Se era pelo sangue humano ou não, não importava. Mas o pai estava certo que a vontade de viver que guardava em seu ser já estava o corroendo por dentro.

                Irnael não era completamente elfo. Sua mãe era uma humana que infelizmente morrera no seu parto, desde então é criado por seu pai Niscor entre os outros da sua raça. Não podia deixar de se sentir estranho, pois crescia mais rápido que as outras crianças elfas – que não eram muitas – e sabia ser visto com maus olhos pelos mais conservadores. O hibridismo não era comum, tanto que nunca conhecera alguém como ele. Era desconfortável saber que era diferente e nem ao menos tinha culpa por isso. Mas o seu pai nunca o renegou por isso, pelo contrário, sempre foi muito compreensível com o seu desconforto. Talvez por isso Niscor protegesse demais o seu filho e nunca permitira que ele saísse de Ellesméra.

                Irnael – sentiu o conhecido fio de consciência de seu pai o chamar. Suspirou por não poder assistir ao espetáculo inteiro e atendeu o chamado do pai.

                O jovem meio elfo, embora tenha vivido por toda a sua vida dentro da floresta mágica, não era muito habilidoso em magia e controle da mente, por isso não arriscou responder através de sua consciência. Mas ao contrário de suas habilidades mágicas, ele era muito ágil e talentoso fisicamente. Prova disto era como, da mesma maneira que chegara ao topo da árvore, também descia.

                Com força e agilidade nas mãos, ele segurava nas trepadeiras e galhos menores, descendo pelo tronco da árvore e apoiando os seus pés dos braços mais grossos, vez ou outra precisando soltar o tronco e pulando nos galhos – sem jamais perder o equilíbrio, afinal fazia aquilo desde criança. Com uma precisão certeira ele foi descendo a árvore gigantesca, até finalmente estar à uma altura de três metros e saltar diretamente para o chão. Caiu com os joelhos flexionados a poucos metros do seu pai.

                - Pai. – ele chamou.

                Ele e seu pai eram assustadoramente parecidos. Irnael tinha os cabelos castanhos escuros e longos, a pele levemente bronzeada – numa cor natural que também estava presente em seu pai. Porém os seus olhos eram azuis e vivos, oposto do seu pai que tinham um tom dourado, provavelmente herdara de sua mãe. Mas fora os olhos, o seu rosto e expressões frias e duras eram idênticas ao pai. O seu corpo era atlético para um jovem de quinze anos, resultado de seus treinos com espada e escaladas em árvores.

                Ele se recompôs da escalada e se juntou ao pai.

                - Ágata já chegou de viagem? – Irnael perguntou ao pai, ansioso por rever a amiga. Ágata viajara fazia aproximadamente um mês e tinha tantas coisas para lhe perguntar que mal se continha de tanta curiosidade.

                O seu pai riu de sua ansiedade e meneou a cabeça negativamente.

- Não, Irnael. Vim lhe chamar para se aprontar. Esqueceu-se que hoje terá Agaetí Shur’turgal que você tanto esperava?

Uma corrente elétrica percorreu o seu corpo ao ouvir da cerimônia. Tinha-se esquecido completamente depois que Ágata viajara. Só conseguia pensar em nas aventuras que a amiga estaria vivendo, e quando ela voltaria para lhe contar todas elas. Mal esquecera-se do sonho que tinha desde pequeno de participar da cerimônia de apresentação dos jovens aos ovos de dragão. O seu pai nunca permitira que ele participasse por considera-lo muito novo e inexperiente. Esta seria a sua primeira vez e ele quase se esquecera.

- A Agaetí Shur’turgal! – ele exclamou, com os olhos brilhando – Quase esqueci! Estou muito atrasado?

- Não se preocupe, Irnael. Mas é melhor se apressar. – ele o avisou. – A cerimônia vai começar em breve.

Ele acenou com a cabeça para o pai, que lhe retribuiu com um gesto divertido, e partiu correndo por entre os troncos das árvores. Tinha fôlego de sobra mesmo depois da escalada, por isso corria o mais rápido que podia, levantando poeira e folhas do chão por onde passava. Ellesméra não estava muito longe, ele podia ouvir a movimentação dos elfos enquanto se aproximava. Pouco tempo depois chegou no ponto onde cidade e floresta se uniam para formar a capital dos elfos.

Ellesméra hoje se mostrava mais iluminada que o normal. As casas esculpidas dentro dos grossos troncos das ancestrais árvores estavam decoradas com lanternas que brilhavam em milhares de cores. Não havia uma casa se quer onde as lanternas brilhantes não estivessem amarradas em seus troncos. O cair da noite só deixava a iluminação mais bonita, no auge da noite então estaria deslumbrante.

Mas a árvore mais bonita e decorada era aquela que ficava ao extremo norte, a morada da rainha dos elfos – Arya e seu dragão Fírnen. O tronco robusto, maior que as demais árvores onde os elfos habitavam, tinha entalhado em sua madeira diversas runas da língua antiga, e especialmente neste dia pareciam reluzir. Nos seus galhos lanternas das mais variadas cores estavam penduradas, e o show de luzes só se tornava mais magnífico com os vagalumes que dançavam à sua volta. Flores brancas e cipós se entrelaçavam com os galhos a lanternas, onde pequenas criaturas  - seriam insetos? – brincavam. Porém, não havia sinal do dragão esmeralda Fírnen.

A cerimônia aconteceria no coração de Ellesméra, aos pés da Árvore da Menoa. A misteriosa árvore parecia suspirar de satisfação por ter os seus ramos também enfeitados. Porém os olhos nesta noite estariam voltados para a clareira à frente, onde já estava montado um pequeno altar, a base de um velho tronco com as raízes imprensadas na terra – porém especialmente enfeitada com flores para hoje - onde o ovo de dragão seria posto para ser apresentado aos elfos. Uma luz natural vinda de cima da copa das árvores caía perfeitamente sobre o altar, o que fazia a visão ser ainda mais bela e surreal.

Havia poucos elfos na clareira se organizando para o início da cerimônia, que aconteceria pontualmente assim que a lua surgisse no céu. Os elfos não restringiam a idade que poderiam participar da cerimônia, mas havia uma espécie de consenso natural que somente os mais jovens participariam. Por isso Irnael só via na clareira crianças e elfos de aparência jovem, como adolescentes (apesar de todos serem muito mais velhos do que eles). Relutante, pois ele não era lá tão sociável quanto gostaria, Irnael se aproximou dos participantes, porém sem proferir uma palavra.

Os jovens elfos conversavam entre si e pareciam ansiosos para o início. Nos últimos anos muitos elfos haviam se tornado cavaleiros, por isso este ano havia muita expectativa de quem se tornaria o próximo, e a certeza que o ovo se chocaria, apesar de nada garantir isto. Irnael estava particularmente ansioso, pois esta era a primeira vez que o seu pai permitira que ele participasse. A expectativa quase não cabia em seu peito. Qual seria a cor do ovo? Era tão bonito quanto parecia?  O dragão o escolheria? Era tantas perguntas que só seriam respondidas ao luar, mas que ele desejava serem respondidas imediatamente.

Não demorou para outros elfos surgissem e formassem uma círculo em volta da clareira da árvore como expectadores. Irnael logo avistou o seu pai Niscor assistindo como expectador junto aos elfos do circulo. Ele lhe lançou uma acena de cabeça, que foi respondido igualmente com outro aceno e o olhar transmitindo confiança do pai.

A luz da lua ainda não era vista no céu avermelhado pelo crepúsculo quando um intenso farfalhar de folhas se fez ouvido. Todos os elfos ficaram quietos enquanto o coração de Irnael deu um pulo, a sua respiração se acelerou, não conseguindo conter o nervosismo. O som das folhas se movendo se intensificava, e por um segundo a clareira da Árvore da Menoa foi encoberta por uma enorme sombra. Sem aviso prévio, um enorme dragão surgiu por entre os galhos de Du Weldenvarden, pousando no espaço da clareira e fazendo um baque quando os seus pés chegaram ao chão.

As escamas dele brilhavam como a parte mais profunda da floresta encantada, como várias esmeraldas encrustadas em sua pele. Os olhos dele eram amarelos como o sole parecia enxergar tudo à sua volta. Não era a primeira vez que Irnael via Fírnen, mas não deixava de ficar fascinado toda vez que o via. Era a criatura mais majestosa sobre a qual já pusera os olhos. E para aumentar o seu fascínio Fírnen carregava nas costas ninguém menos que a Rainha de Ellesméra: Arya. Embora a elfa não usasse um vestido branco como as outras jovens ela não deixava de ser mais deslumbrante. Os seus cabelos negros estavam soltos e voavam levemente ao seu redor, com os olhos verdes acesos enquanto olhava para os jovens cavaleiros à sua frente.

Ela deu um belo sorriso branco antes de desmontar de Fírnen. Trajava as roupas que usava para voar: uma camisa de algodão branca encoberta por um corpete, calças bege e botas escuras, na lateral do corpo pendia a sua espada esmeralda Támerlein – nada característico de uma rainha. Mas só a sua postura e olhar altivo acusavam a sua posição. Arya era visivelmente uma rainha independente das roupas que usava.

- Jovens candidatos. – ela os cumprimentou com a sua voz gentil e firme – Sei que estão ansiosos por este momento. Por muito tempo eu fui embaixadora dos elfos e carreguei comigo o ovo de Saphira, até que finalmente encontrasse o seu cavaleiro. Nunca pensei que um dia estaria aqui, junto à Fírnen, falando para jovens como vocês sobre a união entre Cavaleiro e Dragão. É uma sensação inexplicável unir a sua alma ao companheiro, abençoados são aqueles que tem a oportunidade. Porém, infelizmente tenho de avisar que a escolha do ovo é decidida pelo destino, por isso não fiquem tristes caso não seja um escolhido, pois um futuro igualmente recheado de glórias os aguarda.

Ela deu uma pausa, neste meio tempo Fírnen falou em sua consciência.

Nós dragões não escolhemos os nossos companheiros de alma por suas qualidades ou por quem você é, escolhemos pela compatibilidade dos nossos corações. Não espere que será escolhido por qualquer feito que tenha realizado, pois se não sentirmos que você é a pessoa com quem queremos partilhar a nossa alma, nada será feito. Portanto, boa sorte à todos. Que as estrelas o guiem e abençoem a escolha deste jovem dragão.

- Que inicie-se a cerimônia!

Com uma rápida salva de palmas, Arya se retirou do centro da clareira junto com Fírnen para a extremidade do círculo de elfos expectadores. Lá ela encontrou um trono feito inteiramente de galhos e flores brancas, infestado das criaturinhas desconhecidas em volta, onde ela se sentou para assistir à cerimônia. Fírnen encontrou conforto logo atrás do trono, a sua cabeça repousando ao lado da Rainha.

Finalmente a luz da lua se fez vista na falha entre as árvores da clareira, e o pequeno altar de tronco foi iluminado por uma luz prateada. Dois elfos surgiram do meio da multidão que assistia, carregavam um pesado baú. Eles abriram o baú e de lá retiraram o tão esperado ovo de dragão que seria exposto aos elfos esse ano. Irnael prendeu a respiração quando viu o brilho daquela joia preciosa. O ovo faria inveja a qualquer gema que a rainha usasse. Tinha a fascinante cor vermelha como sangue, e algo parecia se acender em seu interior como se fosse fogo. Lindo, ele pensou, completamente fascinado.

A sua atenção estava tão voltada para ovo que mal ouviu quando o primeiro nome foi chamado. Uma jovem elfa de cabelos louros se aproximou do altar onde agora estava o ovo e fez uma reverência para o mesmo. Então ela respirou fundo e o tocou com as duas mãos, e com os olhos fechados ela permaneceu segurando-o. Passaram-se vários minutos até que ela finalmente abrisse os olhos e suspirasse frustrada por nada ter acontecido. Ela retirou as mãos do ovo e faz uma nova reverência, sendo aplaudida levemente ao se retirar da frente do altar.

Assim se seguiu com todos os outros elfos. Era tradição que cada jovem levasse o tempo que achasse necessário para estar com o ovo. Por isso alguns foram rápidos, mas outros permaneceram vários minutos no altar. Todos com os olhos fechados, inspirando profundamente como se estivessem meditando. Porém o ovo permanecia imutável, como se ignorasse a presença dos elfos.

Irnael finalmente fora chamado. Ao contrário dos outros elfos que se manteram impassíveis quando seus nomes foram pronunciados, Irnael não conseguia esconder o nervosismo. O seu coração deu outro salto e o seu estômago parece ter dado várias cambalhotas. Por um momento pensou que fosse travar e não conseguiria andar até o altar. Mas tirando uma força desconhecida ele moveu primeiro o seu pé. Os pés começaram a se mover um atrás de outro, fugindo do seu controle, e então chegara ao altar.

Ele sempre odiou ser o centro das atenções, até por causa da sua condição. Os elfos sempre o encaravam com escárnio e desconfiança por ser um híbrido, por isso andava sempre com a cabeça baixa tentando esconder o seu rosto. Mas neste momento ele ignorava tudo que tinha vivido no passado, pois o momento pelo qual esperara por toda a sua vida tinha chegado. E ele não sabia dizer por quê o seu coração gritava que algo importante estava prestes a acontecer.

Ao se deparar com o ovo, Irnael não conseguiu imitar o ritual que todos os elfos repetiam. A sua cor era tão deslumbrante e viva que ele se viu incapaz de fechar os olhos enquanto o tocava. Por isso ele se manteve desperto com os olhos bem abertos enquanto punha a sua mão direita no ovo, sem desviar a atenção. Era a primeira vez que via algo tão imponente e ele queria aproveitar o máximo possível de sua presença.

A clareira ficou estranhamente silenciosa ao sentir o contato da superfície do ovo sobre a sua pele. Achou estranho que a superfície era quente como metal recém forjado, e o calor só aumentava conforme o tempo passava. Mas Irnael não se sentia desconfortável, pelo contrário. Só aumentava a sua vontade de pô-lo nos braços. O calor se intensificou de uma maneira que o ovo parecia incendiar, e algo se acendeu em sua cor. Como uma chama dentro da casca vermelha que dançava e aumentava até o ponto de explodir.

Algo aconteceu. As chamas envolveram todo o ovo e a casca começou a fumegar. Irnael retirou a sua mão do contato, embora o fogo que o envolveu não queimasse. Um barulho de estalidos se fez ouvido do ovo até que o pequeno incêndio aumentasse ao ponto de toma-lo por inteiro. As chamas vermelhas o envolveram e subiram vários centímetros acima do ovo. Irnael se afastou por instinto, cobrindo o rosto por medo de queimá-lo. Os elfos se agitaram ao perceber o que passava, e a silenciosa clareira começou a ser tomada pelo pânico e incredulidade.

- O que está acontecendo? – Irnael gritou para ninguém em particular, tomado pelo pânico de ter feito algo de errado com ovo.

Um dos guardiões do baú onde era guardado correu para o altar onde Irnael se encontrava. Estava tão assustado com a situação quanto o meio-elfo, porém ele não fez nada para abaixar as chamas que o ovo emitia. O elfo segurou Irnael pelos ombros e o afastou do incêndio que iniciara-se em cima do altar. Irnael queria gritar que estava tudo bem, que ele não sentia o calor das chamas, mas o guardião não lhe deu tempo para proferir, afastando-o no mínimo dois metros da mesa.

As vermelhas e amarelas que envolviam o ovo agora cresceram e alcançavam quase um metro acima do mesmo. Porém, as labaredas não atingiam o tronco onde o ovo estava postado, o que deixava a situação mais estranha. Alguns elfos tentaram se aproximar, já se preparando para lançar feitiços para apagar as chamas, mas a voz autoritária da Rainha se fez ouvida antes:

- Não! – Arya gritou. – Não façam nada!

E mesmo relutante, os elfos obedeceram.

O pânico instaurado entre os elfos se transformou em curiosidade quando as chamas finalmente diminuíram a intensidade. Ao mesmo passou que as labaredas caíam, o ovo parecia brilhar em tons de vermelho e amarelo. A casca então novamente fumegou, as chamas pareceram finalmente fazer efeito da superfície lisa do ovo quando ela começou a crepitar. A casca brihou como milhares de brasas e o seu topo então começou a desmanchar. Como se estivesse carbonizada, a casca se desmanchou até não restar um pedaço de casca.

Mas o mais incrível não foi o espetáculo de ter ver a casca queimando como um balão, pois ao ter a sua casca inteiramente desmanchada, a criatura que ele guardava acabara de se mostrar.

O pequeno dragão era vermelho com nuances em laranja, como se ainda estivesse em chamas como o seu ovo. Mas nada indicava que ele estava realmente pegando fogo, sendo as suas magníficas escamas fazendo esta ilusão. Irnael não conseguia tirar os olhos de suas escamas flamejantes, e nem conseguiu se controlar quando os seus pés avançaram novamente rumo ao tronco onde agora estava o dragão, totalmente hipnotizado pela visão.

O pequeno dragão também tinha a íris vermelha e olhava com curiosidade ao seu redor. Ele coçava a sua cabeça com as patas e se balançava para tirar o resto de fuligem de suas asas. Mas ao perceber a aproximação de Irnael, a sua atenção voltou-se exclusivamente para ele, lhe lançando os seus olhos vermelhos e esperando com ansiedade que o garoto encontrasse.

Quando estava a poucos centímetros do dragão recém nascido, Irnael relutou por um momento. Não poderia ser possível que aquilo estivesse acontecendo com ele. Um dragão nascendo para ele na primeira vez que estivera na presença de um ovo? Ele, um meio-elfo como cavaleiro de dragão? Parecia surreal de mais para a sua condição. Provavelmente era um sonho louco que a sua mente projetava para viver as aventuras que sempre desejou. Mas ao encarar novamente os olhos em chamas do dragão, ele teve a certeza que aquilo não era um sonho. E sem hesitar desta vez, ele inclinou a sua mão e tocou suavemente a cabeça dele.

Algo pareceu explodir e despertar em sua consciência. Como se uma parte escondida em sua mente finalmente fosse descoberta, numa sensação extenuante de compreensão e euforia. Ao mesmo tempo uma corrente de calor subiu pelo seu braço e tomou o seu corpo. Mas não a sensação de chamas envolvendo o seu corpo não o incomodava, ele se sentia perfeitamente bem mesmo se estivesse sendo queimado vivo. Durante todo o processo ele não retirava os olhos do pequeno dragão, que estranhamente parecia sorrir para ele.

Finalmente retirou a mão de sua cabeça com um último urro de dor ao parecer que a pele de sua mão tinha sido perfurada com uma lâmina. Ele se virou para a sua mão para ver onde estava sangrando, mas não escorria uma gota de sangue. No lugar, uma marca prateada brilhava em sua palma.

Virou-se novamente para o dragão em sua frente, que deu um pequeno pulo ao ter a sua atenção novamente. Sem conseguir se conter, Irnael abriu um enorme sorriso e levou novamente a sua mão à cabeça do dragão, acariciando-o.

- Você me deu um susto. – foi a primeira coisa que conseguiu dizer ao seu dragão.

O silêncio que havia tomado a clareira desde que fora posto de frente para o ovo finalmente fora quebrado por uma salva de palmas solitária vinda da extremidade sul do círculo de expectadores. Logo outras palmas a acompanharam e então toda a clareira o aplaudia. Juntando-se às palmas, Fírnen soltou um urro de alegria, que ecoou por toda a floresta.

- Magnífico! – a voz doce e autoritária da Rainha se destacou entre as palmas dos elfos. Ela deixou o seu trono de flores brancas e foi ao encontro do jovem meio-elfo, que acariciava o seu jovem dragão.

- Parabéns, jovem Irnael, o mais novo cavaleiro de dragão! – Arya mostrou os seus belíssimos dentes brancos em um sorriso, desconcertando o jovem meio elfo, ao mesmo tempo lembrando de mais Ágata. – Esta ocasião merece uma comemoração, sem dúvidas, mas antes de mais nada, gostaria de convidá-lo à minha casa, pois preciso ter uma conversa com você e seu dragão recém-nascido. Compreenda, eu falo de cavaleira para cavaleiro, e não de Rainha para súdito.

Jovem Irnael. – Fírnen falou em sua consciência – Parabéns. Que você cuide e crie sabiamente o jovem que acabou de nascer para você.

- É claro, alteza! – ele disse um pouco mais rápido que o imaginado – Quero dizer, mestre! Digo, alteza, ahn...

Ele sentiu as suas bochechas e orelhas ficarem quentes, e o pequeno dragão rolou na superfície do altar em divertimento, apesar de não compreender exatamente o que se passava. Arya riu tanto pelo seu desconcerto quando pela gracinha do dragão que rolava e ria.

- Se queira me acompanhar. – ela lhe estendeu a mão e ele a pegou com relutância, tomando o caminho rumo à árvore que fazia de sua casa. O pequeno dragão pulou do tronco onde nascera, aprendendo a andar automaticamente e acompanhando o jovem Irnael em seu caminho ao lado da Rainha.

Os elfos abriram o caminho e abaixavam a cabeça em sinal de respeito enquanto a rainha passava com o jovem cavaleiro. Fírnen acompanhava logo atrás, fazendo com que os elfos abrissem um caminho maior para os cavaleiros passarem. E no meio dos expectadores que abriam espaço, ele viu o seu pai: o rosto, o cabelo e o corpo tão parecido com o seu, e pela primeira vez em toda a sua vida ela vira o rosto impassível do elfo chorar. As lágrimas em formato de diamantes rolando orgulhosas e sem vergonha pelo seu rosto. Irnael simplesmente não podia acreditar que aquele momento era real.

E assim, ele acompanhou a Rainha dos Elfos junto com o seu dragão rumo à única árvore que também era um palácio de Ellesméra.



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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Deixem reviews (:
Então gente, eu gostaria de deixar um aviso aqui: durante o final de outubro a FREQUÊNCIA DE POSTAGEM VAI DIMINUIR. Entendam de maneira nenhuma ISTO NÃO É UM HIATUS. A greve nas universidades federais embolou todo o meu calendário acadêmico, logo o fim do semestre caiu logo agora em Outubro, por isso nestas três últimas semanas eu vou estar atolada de trabalhos para entregar e provas para estudar. Eu vou continuar postando, de maneira nenhuma eu vou abandonar essa fanfic! Só quero deixar claro que caso vocês sintam que eu meio que "sumi" foi por conta da faculdade que exige muito do meu tempo :/
Mas podem ficar tranquilos, que após este mês turbulento eu vou voltar com força total!
A próxima postagem deve acontecer semana que vem, como eu tenho feito, mas caso o capítulo atrase alguns dias, eu peço para que não estranhem!
Bem, era isso. A minha consciência está um pouco mais tranquila agora :).
Mais uma coisa:
Eu gostaria que vocês respondem as minhas MP's ou mensagens nas redes sociais. Alguns personagens que terão de ser bruscamente alterados e eu preciso da opinião de cada autor para decidir os rumos do personagem.
Outra coisa (tá acabando, eu prometo!)
Eu adoraria ter uma ficha para cada comentador nessa fanfic. Infelizmente NESTE MOMENTO não é possível pois ainda estou organizando as fichas que recebi antes. Assim que eu lançar os capítulos de todos os personagens, há a grande possibilidade de eu reabrir as fichas. Eu guardo todas que eu recebo, mas pensem em mim também, assim eu fico atolada :|.
Quem quiser jogar conversa fora estou sempre online no Twitter: @nessan__
Até, mais galere. O próximo capítulo deve ser um pouco diferente :9. Sem mais spoilers.
Besos '3'