O Legado - Nova Ordem escrita por Nessan C


Capítulo 4
Capítulo 3: Barbara


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é um pouco... diferente.
Gostaria de pedir desculpas à BabiProngsPotterSalvatoreStark pela demora do capítulo :/. Eu escrevi uns três capítulos para a sua personagem e nenhum deles me agradou muito. Espero que este te agrade!
Enfim, sem mais mimimis! Mais notas no final do capítulo!



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O grande alvoroço que se formara poderia ser ouvido até das longínquas Montanhas Beor, tão alto que era. Palavras do mais baixo calão juntamente à acusações inverídicas eram despejadas numa única figura solitária no meio da única praça do pequeno vilarejo de Bullridge, às margens do Rio Daret. Toda população se juntava ao coro, e apesar do número de aldeões não ser lá tão grande, a fúria dos cidadãos era tanto que julgaria ser muito maior.

No meio da confusão estava Barbara. Tinha longos cabelos negros e cacheados, tão volumosos que escondiam a sua característica mais gritante: as orelhas pontudas. O mais difícil porém era esconder os seus olhos violeta que provavelmente herdara do pai. Quando não a encarava nos olhos conseguia disfarçar, mas lhe causava muito desconforto. A sensação agoniante do bolo que se formava em sua garganta ameaçou explodir, mas Barbara continuava forçando a engoli-la. Não se permitiria chorar naquelas situações. Só daria o gosto aos vencedores.

O pior era saber que ela não tinha culpa por nada que acontecia. Era a sua maldição simplesmente ter nascido assim; e agora por um erro que ela nunca cometeu estava sendo condenada por isso. Desconfiava às vezes que merecia todas as desgraças que acontecia em sua vida, mas ao final sempre levantava a cabeça e seguia em frente, assumindo uma nova vida, um novo começo.

Mas desta vez seria difícil levantar a cabeça ante à esta situação. Não havia para onde fugir, e a vontade quase incontrolável de se debulhar em lágrimas a deixava ainda mais constrangida. Não sabia o que fazer, tinha certeza que se tentasse sair dali seria escorraçada e agredida pelos aldeões. Ouvia o alvoroço ao seu redor muito distantemente, gritos e palavras chulas pareciam à quilômetros enquanto a sua mente viajava para dentro de si mesma procurando uma resposta para aquilo.

“Aberração”; “Desastre”; “Mentirosa” era somente algumas palavras que conseguia destacar. Sim, ela era uma aberração, um desastre da natureza, mas não podia pagar pelo erro dos seus pais – melhor, do seu pai que nem conhecera direito. E era verdade que era uma mentirosa. Sempre fora e sempre seria. Enganou aquelas pobres pessoas sobre a sua verdadeira identidade e agora pagava o seu preço. Não poderia mais fugir agora que fora exposta naquela situação.

Estava pronta para se retirar da frente do pequeno altar armado no meio da praça. Mas quando virou o seu rosto para se retirar, uma voz macia, porém autoritária a alarmou:

- Silêncio!

Como um encantamento, a voz autoritária se espalhou pela praça como uma onda varrendo qualquer ruído, calando todos os aldeões de uma vez. Todos desviaram os seus olhos de Barbara para encarar pela primeira vez o dono da voz.

Era um elfo de postura imponente e olhar tão sério e amedrontador quanto um dragão. Ele tinha a pele clara e os cabelos lisos e prateados. Vestia-se inteiramente de branco, exceto uma cota de couro que cobria o seu tronco. Podia-se perceber a longa espada com bainha igualmente branca pendendo em sua cintura. Ele estava a metros à frente de Barbara, e parecia tão ameaçador quanto sereno enquanto encarava os aldeões furiosos a sua frente.

Mas contrariando as expectativas de Barbara, que pensara que o elfo censuraria a população, ele voltou-se para ela, que ficou ainda mais incomodado com a volta das atenções para ela.

- Deve continuar a cerimônia, Senhorita. – e dizendo isto, ele assentiu com a cabeça para a garota que ainda estava estática próxima ao altar.

Sem saber como deveria prosseguir, ela estendeu a mão trêmula em direção ao baú, engolindo a seco.

O objeto a sua frente era simplesmente magnífico. O ovo era prateado com nuances cinzentas. Para um leigo, era impossível não dizer que se tratava de uma pedra preciosa. Ela podia ver o seu rosto trêmulo refletivo em sua superfície, tão limpa era a cor. Um pedaço da lua na terra, talvez. Barbara sentiu-se mentalmente agradecida por estar na presença daquele ovo, esquecendo-se totalmente da humilhação que acabara de passar em frente à cidade inteira.

Os aldeões por sua vez permaneciam calados. Não sabia-se se por medo do elfo de voz autoritária, ou súbita curiosidade do que se passava à frente. Fato é que ninguém atrevera-se a pronunciar uma só palavra enquanto Barbara estendia a sua mão o ovo.

Vencendo o seu nervosismo e tremedeira, ela finalmente tocou no ovo, que tinha a superfície gelada como a lua deveria ser. Mas era eletrizante e incitante, a fazia querer explorar toda a superfície gelada e agradável, até abraça-la. Acariciou mais uma vez, divertida com a sensação de choque que o ovo lhe proporcionava.

Quando finalmente parecia esquecer-se de onde estava e o que passara somente por se deliciar com o ovo, algo diferente aconteceu. Um estalo ecoou e algo pareceu falar em sua mente. Não exatamente com palavras, mas sensações. Como se uma luz tivesse surgido em um recanto de sua consciência, se acendendo somente para ela e equilibrando a escuridão que parecia predominante em seu corpo.

A sensação passou e ela descobriu de onde viera o estalo. O ovo que se assemelhava a um pedaço da lua agora tinha uma enorme fenda partindo-o ao meio. Ela ficou alarmada ao ver a rachadura, mas não conseguia desviar os olhos. Aos poucos a sensação de alarde passou, ela agora estava concentrada no espetáculo do ovo se descobrindo para ela.

A pequena criatura tinha dificuldade para se livrar do restante da casca, mas finalmente ela se revelou. Como Barbara presumiu, as escamas do pequeno dragão pareciam pequenos pedaços da casca do seu ovo prateado. Agora o espetáculo prateado era ainda mais magnífico pois as escamas se moviam junto com ele, deslumbrando a morena de olhos violetas que agora estava totalmente encantada

- Você deve tocá-lo. – uma voz disse ao fundo. Sem querer desobedece-la, ela novamente estendeu a mão em direção ao altar para senti-lo. A criaturinha abriu os seus olhos tão cinzas quanto as escamas, convidando-a a tocá-lo. E foi isso que ela fez.

O sopro que tivera em sua mente inicialmente retornou com muito mais intensidade, a chama que se acendera no fundo de sua mente tornando-se um verdadeiro incêndio que percorreu todo o seu corpo. Algo parecia rasgar a carne das suas mãos enquanto o fogo consumia o seu corpo. Ela começou a pensar que não poderia mais suportar as chamas e soltou um grito. A sua voz foi sumindo aos poucos no fundo de sua garganta, e quando deu por si já havia apagado.

- Senhorita. Pode me escutar?

Uma voz que parecia conhecida dançava em seus ouvidos. Não era uma voz familiar mas simplesmente conhecida.

Ainda tinha os olhos fechados e os seus pensamentos eram confusos. Sentia algo aquecendo os seus pés além das cobertas. Cobertas? Ela então lutou para abrir o seus olhos que insistiam em permanecer fechados. Não lembrava-se de ter dormido. Nem ao menos se lembrava do que tinha acontecido antes de dormir.

E finalmente ao abrir os olhos, percebeu que não era o mesmo teto que via desde que chegara à cidade. Era muito mais escuro, alto e amplo que o teto de madeira da casa em que morava que via todos os dias. O teto era salpicado de pequenas luzes que piscavam esporadicamente.

Subitamente se alarmou ao ver perceber que aquilo não era um teto e sim céu aberto. A adrenalina pelo susto que tomou foi o suficiente para acabar com o seu sono e fazê-la se levantar do saco de dormir onde estava. Incrivelmente, não estava frio – mesmo com a aproximação do inverno. Mas os seus pés ainda estavam anormalmente quentes.

A cerimônia, o escândalo, o constrangimento, o tumulto, ovo e finalmente o pequeno dragão desmanchando a casca do ovo cor de lua bem à sua frente. Tudo surgiu tão bruscamente em sua mente, que perguntava-se se não foi um sonho louco e muito realista. Ou se estava começando a alucinar.

O seu despertar súbito também alarmou a criatura que parecia dormir aos seus pés. Ele soltou um pequeno resmungo, mas pareceu se esquecer ao por os olhos em Barbara acordada. Então não fora um sonho, ela constatou ao se deparar com olhos prateados do pequeno dragão à sua frente. Ele fez outro barulho baixo entre os dentinhos, mas o que pareceu um gemido de felicidade. Aproximou-se de Barbara visivelmente feliz por ela ter acordado, e sem deixar de sorrir para a criaturinha ela acariciou a sua cabeça. Novamente o efeito de esquecer-se de tudo ao seu redor ao estar com o dragão prateado se manifestou.

- Que bom que acordou, Senhorita. O seu dragão já estava preocupado.

Ela se virou para onde vinha a mesma voz que a despertou. Era o mesmo elfo que se recordava. Os mesmos cabelos longos e prateados e olhos duros. Mas agora podia perceber que entre a dureza de suas expressões, a sua íris era de uma cor violeta brilhante que perturbou. Nunca vira alguém com os olhos parecidos com o seus, e por um momento sentiu seu coração pular ao ver um semelhante, mesmo que fosse somente uma meia semelhança.

Barbara permitiu que o pequeno dragão de cor prateada se alojasse em seu colo, e reparou que somente a sua barriga era quente ao toque. O restante do seu corpo era gelado e suas escamas refletiam a luz da noite.

- Onde estou? – perguntou, percorrendo olhos por onde estava. Era o topo de uma colina, tinha a relva baixa e nenhuma árvore ao seu alcance. Estava num pequeno acampamento montado dentro de uma meia lua de pedras, a fogueira no centro do acampamento e mais dois elfos ao seu redor. Notou também três cavalos sem cela, que pastavam tranquilamente na grama baixa. – Como cheguei aqui? E quem são vocês?

O elfo a fitou compreensivo pela sua confusão.

- Meu nome é Agalad. Sou um embaixador dos Cavaleiros em Alagaësia. Também sou responsável por guiar o jovem Cavaleiro à Eragon para ser instruído. – ele fez uma pausa e algo se iluminou em seu rosto – Felizmente, ovo que carregava se chocou e você agora é a nova Cavaleira de Dragão.

Barbara sabia a responsabilidade que os Cavaleiros tinham com Alagaësia, mas apesar disto esqueceu-se completamente de tudo e todo quando o dragão nasceu. Agora ouvir claramente as palavras Cavaleiro de Dragão lhe trazia um misto de fascinação e responsabilidade que a assustavam. Ela não poderia acreditar que ela, que sempre fora rejeitada pelas pessoas desde criança, pudesse ser aceita por uma criatura tão poderosa e fascinante como um dragão; ao mesmo tempo percorria as escamas do recém-nascido e sentia que parecia tão certo que ele estivesse ali com ela.

- Porém, você decide se deseja vir conosco ou não.

Ela fitou os olhos violeta do elfo de novo; já não se importava para onde deveria ir desde que estivesse com o pequeno dragão cor de lua. Mas a possibilidade de conhecer outras elfos, ver diversos outros dragões e aprender os segredos dos cavaleiros a animava. Por isso, foi com convicção que ela respondeu:

- Eu irei com vocês.

O fantasma de um sorriso pareceu surgiu no rosto do elfo de olhos duros e violetas.

- Muito bem. – ele virou-se para o lado oposto e acenou para os elfos do outro lado da fogueira. – Primeiramente gostaria de explicar que a situação em que o seu dragão nasceu foi um pouco delicada. Após os aldeões descobrirem a sua identidade – e disse a palavra com o maior cuidado possível – ficaram possessos. Por isso, quando você desmaiou após o ovo eclodir tivemos que tirá-la da cidade e a trouxemos até aqui. Mas fique tranquila, estamos aqui para te ajudar. Shur’turgal, eka celöbra ono um malabra. – Barbara não entendeu o final da frase, mas uma paz interior a fez ter certeza que o elfo não a faria mal.

- Obrigada. – ela sorriu.

- Estes são Bereniel e Sadavn, que também acompanharam o ovo. – ele apresentou os dois elfos. Bereniel tinha os cabelos longos e castanhos, com olhos verdes que se destacavam em sua pele levemente bronzeada; tinha a expressão simpática e algo de divertido em seus olhos. Já Sadavn tinha o cabelo igualmente longo, porém loiro, e seus olhos já eram pequenos e azuis, numa expressão mais fechada e tímida. Os dois a cumprimentaram.

Após isso, Agalad levantou-se para falar com os dois elfos.

- Bereniel, você virá conosco. E Sadavn, você irá até a capital Ilirea para avisar a Rainha Nasuada o que se passou em Bullridge. Nós enviaremos uma mensagem para os outros embaixadores. – e virou-se novamente para Barbara – Jovem Cavaleira, encantei o ambiente para que não fizesse frio – então Barbara finalmente compreendeu porque parecia quente e aconchegante nos seus cobertores, apesar de ser quase inverno – Aconselho que torne a dormir. Amanhã viajaremos.


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Notas finais do capítulo

Eu não gostei muuito do capítulo, mas o suficiente para postá-lo. É visivelmente menor que o Narbog, mas tive que cortar muitas cenas que estavam discrepantes com a história da personagem.
Queria pedir desculpas pela demora. Minhas aulas voltaram essa semana da greve e eu to tentando me acostumar novamente com os horários xD. No final de outubro pode ser que eu não poste com freqüencia, pois é o fim do semestre, por isso me desculpo desde já D:
O próximo capítulo será bem diferente dos que tivemos até agora! Se eu postasse a biografia de todos os personagens contínuamente eu não conseguira desenvolver a história. Por isso aguardem um capítulo diferente na próxima atualização :3
Gostaria de agradecer ao Rafael, da página no Facebook Ciclo da Herança, pela divulgação e pelas muitas ideias que ele me deu para a fanfic. Me ajudou muito, obrigada *3*
Já falei de mais D: Enfim gente, comentem! Só assim saberei se vocês gostaram dos personagens, da história, da minha escrita etc etc. Mandem suas dúvidas por PM!
Besos '3'