Sempre escrita por dearcarol


Capítulo 5
Capítulo 5




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Eu tinha quase esquecido como Peeta é barulhento e desajeitado na floresta com aquela perna de metal, mas sem a tensão de risco de morte, o fato dele tropeçar em tudo e de eu ouvir resmungos a cada cinco metros me faz rir.

“ Anda logo.Padeiro.” 

“ Eu só estou...pegando um pouco de ar.” Ele diz entre respirações ofegantes.

“ Se isso fosse uma corrida...” Ele sai correndo, mas para passos a frente. “Espera ai, eu não sei pra onde vamos.”

“ Que as chances estejam sempre ao seu favor.” Corro e desvio das árvores como eu costumava fazer nos meus dias de caçadora, o barulho de galhos partindo prova que Peeta está logo atrás de mim. Meus pés são rápidos e não demora pra que eu chegue ao lago.A luz do sol refletida perfeitamente nas águas cristalinas e a grama alta balançando ao vento me fazem parar um instante pra observar.

Está exatamente igual a minha última vinda aqui, com as meninas do Distrito 8, tanta coisa tinha acontecido desde então, pareciam ter se passado séculos e o lago ainda estava o mesmo de quando costumava ir ali com meu pai.Ouço passos desajeitados cada vez mais perto saírem da mata e repousarem quietos ao meu lado.

“Nossa Katniss, é lindo.” Peeta fala baixo e ainda um pouco ofegante.

“Eu costumava vir aqui com meu pai, é o meu lugar favorito em toda Panem.”

O dia está bem mais quente do que antes, o sol está ardendo e uma gota de suor começa a descer minha testa. Então, eu me dirijo pra sombra criada por uma enorme árvore perto do lago sinalizando pra que Peeta me siga.  Nos sentamos sobre grama fresca em baixo da árvore.

“Sabe o que está faltando aqui?” Ele diz.

Eu balanço a cabeça negando.

“Comida!” Ele ri. “ Já volto.” Ele se levanta e sai correndo.

“Peeta, espera! Eu vou com você!” Grito.

“ Eu não demoro.” Ele berra já entrando na floresta.

Bufo de raiva, a última coisa que eu queria era ficar sozinha agora, mas o calor me faz pensar duas vezes antes de levantar, eu me deito. Em seguida, espalho meus braços sobre a grama tentando fazer com que a realidade daquele momento me encontrasse, ainda parece que vou acordar dopada em uma cama no Distrito 13.Ali não há soldados nem bombas, só eu e o lago. Eu procuro preocupações, futuros conflitos, mas não encontro nada. Só há o sono massacrante pesando minhas pálpebras, perdido entre os pesadelos da noite passada e de todas as outras noites sem Peeta. Então, eu me viro e cochilo um pouco.“

Katniss.“ Diz.

 Ouço a voz de Peeta me chamar no sonho, bem baixinho, falando a poucos centímetros do meu rosto.

“Katniss.”

Sinto a mão de leve dedilhar minha bochecha e vou abrindo os olhos aos poucos, vejo os olhos azuis nos meus e um sorriso surgir enquanto minhas pálpebras se abrem. Não era um sonho. A luz do dia não estava tão intensa quanto eu me lembrava, o Sol estava quase se pondo.

“ Rise and shine, sleepy head.” Ele sussurra bem perto do meu ouvido e percebo que minha cabeça usa suas pernas como travesseiro.

“Por quanto tempo eu dormi?”

“Por um bom tempo, eu cheguei depois de uns quinze minutos e encontrei você dormindo. Não tive coragem de te acordar antes.” Ele puxa uma cesta de piquenique. “Mas eu trouxe a comida.” Ele ri com os olhos voltados pro pôr-do-sol.

Não me lembro da última vez que vi o pôr-do-sol no lago. 

"Será que vou perder algum pôr-do-sol quando estiver com você? “ Pergunto.

“Não me permitirei perder nenhum ao seu lado.”O sol vai sumindo ao longe do lago, mas ainda está claro. 

“Vamos dar um mergulho?” Eu proponho já levantando.Peeta levanta rapidamente e me abraça por trás.

“Veremos agora quem ganha.” Ele sussurra no meu ouvido e sai correndo pro lago, tirando a camisa no meio do caminho.Demoro alguns segundos para processar e saio correndo, mas ele pula na água primeiro. Nós nadamos, apostamos corrida até chegar a uma pedra no centro do lago, guerrinhas de água não faltaram, até que cansamos, já estava quase de noite e ficamos boiando um pouco olhando para o céu.“

Já está ficando tarde acho melhor irmos.” Diz.

“ É verdade, já está escuro.” Vamos seguindo até a margem onde o lago já dá pé, eu vou à frente, mas paro, estou esquecendo um coisa.  Vou até Peeta e o beijo. É tão espontâneo que até eu estranho minha reação.Ele corresponde e me olha com dúvida quando eu interrompo o beijo tão rápido.

“Temos que ir, lembra?” Eu brinco.

Seguimos molhados pela floresta, deveríamos ter morrido de frio, mas fomos abraçados. Atacamos a cesta no meio do caminho e chegamos rápido até a porta da minha casa.

“Te vejo mais tarde?” Ele pergunta.

“ Se eu conseguir pentear meu cabelo até lá..” Eu rio e vou entrando.

“ Sabe, eu podia te ajudar.” Ele poe um dos pés pra dentro me encarando com um sorriso de lado, eu respondo com outro, abro a boca para soltar algum comentário de desaprovação, mas sou interrompida. “Talvez depois.” Ele beija minha bochecha. “Até mais tarde.” Fecho a porta e sigo correndo pelas escadas até minha banheira quente. Eu abro o armário e o encontro lotado de roupas que eu nunca vi, mas que são com certeza de Cinna, eu reviro os vestidos e encontro um bilhete dele.

Boa sorte, Katniss .Nunca se esqueça que você é capaz de tudo aquilo que quiser. Ainda mais vestida assim.

Estou apostando em você, Cinna.

Em uma das gavetas há uma pequena caixa de veludo vermelho, lá está o meu broche de Mokingjay. Não tenho a mínima idéia de quem ou o que o trouxe aqui ou como, mas sei que não deve ter sido um trabalho fácil. Escolho um dos vestidos vermelhos dali, um curto e o mais simples que achei, Cinna adorava cultivar seu gosto pelas coisas brilhantes e extravagantes e com meus vestidos não foi diferente.Seco meu cabelo e o arrumo em uma trança de lado, como sempre. Quando bato na porta, é Haymitch quem atende. 

“ Boa noite, queridinha.” Ele ainda está parcialmente sóbrio. “ Vai em algum baile?” Passa os olhos sobre o meu vestido, apesar de simples para ser de Cinna, ainda era bem chamativo. Haymitch se demora no meu broche de Mokinjay e o toca sorrindo. Claro, ele teria o trazido.

“ Deixe a garota em paz Haymitch.” Peeta diz se aproximando.

“ Desculpe, desculpe.” Ele diz a Peeta e se volta pra mim de novo.

“Madame, seu lover boy a espera.” Ele debocha endireitando a postura rente a porta e me anunciando com tom sério :“ Senhorita Everdeen.” Entrelaça nossos braços e segue como se fossemos um casal pela sala de estar, passando por Peeta que nos encara cruzando os braços; eu sorrio quando passo na sua frente e nossos olhares se cruzam. Ele vem nos seguindo.             

“ Será que isso vai afetar o número de taças de vinho servidas pra mim essa noite?” Haymitch cochicha pra mim. “ Espero que não.” 

              A sala de jantar é mais ao fundo e tem uma porta que perece ligá-la a cozinha, a mesa está posta como era feito na Capital, cheia de requintes, talheres de prata e taças de cristal, com uma grande travessa no centro, e garrafas de vinho em um balde de gelo de metal brilhante e velas, velas por toda a sala que permitiam a plena iluminação do cômodo sem que nenhuma lâmpada fosse ligada. Haymitch afasta a cadeira para que eu sente e vai se sentando em uma cadeira na minha frente quando Peeta solta um pigarro bem alto.
              “ Acho que eu assumo de agora em diante.” Diz
              “ Sem graça.” Haymitch resmunga.
               Peeta se senta, e Haymitch toma seu lugar ao lado dele já servindo vinho até o topo da taça e serve as nossas com um pouco de vinho.

“ Um brinde ao fim da Capital .” Haymitch ergue a taça.As taças se encostam tilintando e o vinho de Haymitch parece desintegrar-se em questão de segundos. Lembrando da nada agradável noite passada com o efeito da bebida, bebo só um pouco.

“Passe o vinho, por favor, queridinha.” Sirvo-o até ele sinalizar que está bom, quando a taça transborda um pouco. Em seguida, passo meus olhos por Peeta e percebo que ele me observa. Por um instante, focamos um nos olhos dos outros.Então, Haymitch bate com os talheres com força na mesa de madeira, nos assustamos e me viro ao chão sentindo a face corar. 

“Lover boy, o seu carneiro vai queimar.

Peeta corre até a cozinha e a porta se fecha atrás dele.

“De onde vieram todas essas coisas?” Pergunto baixo a Haymitch apontando os talheres e as velas ao nosso redor.

“O Distrito 13 tem uma dívida conosco, nos supri de tudo o que quisermos. O telefone de Plutarch está anotado ao lado do seu telefone, mas a sua geladeira já está provavelmente cheia.” Peeta trás em sua mão um prato bem conhecido por mim, o famoso carneiro ao molho de ameixas estava tão bem preparado que duvido que qualquer chefe capitoliano conseguisse reproduzi-lo.Ele se senta.

“Podem atacar.”

Está delirante, quase tinha esquecido o gosto do carneiro que se apresentava ainda melhor do que eu me lembrava. Haymitch tenta comer educadamente, mas é frustrado. As conversas são intercaladas por risadas enquanto Haymitch faz uma de suas melhores performances imitando Effie com seu sotaque forçado e uma mão estendida na testa, reproduzindo o cabelo sempre preso alto.

“ Sabe o que está faltando aqui?” Ele nos olha com expectativa. “ Música.” 

Dirigimos-nos à sala de estar enquanto Haymitch revira uma infinidade de armários da casa, gerando um estalo a cada vez que bate as portas. 

“Aqui está..” Diz tirando um toca-discos empoeirado de um armário em baixo da televisão junto com uma caixa repleta de discos, lembro-me de um desses na minha casa, mas o único disco era o “Hino de Panem” , música a qual meus ouvidos doíam só de lembrar.Haymitch vasculha, também parece surpreso com os discos, e encontra um deles com um casal dançando na capa já bem velha, as cores mal são vistas, mas isso não diminui a beleza da moça com seu vestido longo e do homem vestido de preto.

A música começa instrumental lenta, reconheço de uma das aulas que minha mãe me deu sobre música, era uma valsa. Um estilo muito antigo de dança, quase extinto. Haymitch estende a mão para mim e me puxa para dançar. Me recuso no começo, mas cedo.

“Tente aprender alguns paços, padeiro.” Dirige-se a Peeta.

Os pés se entrelaçam de forma ritmada, fazendo a dança muito mais difícil do que parece.  Piso no pé dele algumas vezes, mas consigo seguir a valsa até que Haymitch dá um tropeço , as taças de vinho finalmente começam a surtir seu efeito. Seguro-o para que não caia e o sento no sofá.

“Foi mal queridinha, acho que a aula de dança fica pra depois.”Diz com voz trêmula.

Peeta busca um pouco de água, mas ao me aproximar percebo que suas pupilas não estão dilatadas como ficam a maior parte do tempo, evidenciando a embriaguez. 

“Vamos te levar pra casa. “Peeta puxa o braço de Haymitch colocando-o apoiado em seu ombro.

A noite lá fora é gélida como a manhã e a Lua ajuda os escassos postes a iluminar o caminho até a casa. À porta, Haymitch se esquiva para dentro, bloqueando minha entrada e praticamente fechando a porta à força na nossa cara, me deixando somente uma piscadela.Claro, como contumeiro, sem agradecimentos aparentes, o que não desmerece a tentativa dele de me deixar sozinha com Peeta, afinal, ele sabia a minha dificuldade de lidar com climas melosos e com certeza não perderia a chance de me arremessar em um.Nos voltamos à entrada da casa de Peeta, ao me aproximar da casa minhas mãos suam e o silêncio no decorrer do caminho não contribui com a minha situação.

“Então...acho que já vou indo.Boa noite.” Digo quando chegamos a beira da porta e já vou me virando dando um paço para trás.

“Espera!” Sua mão segura meu punho. “Você não...gostaria de... entrar um pouco? “ Ele gagueja.


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Notas finais do capítulo

Finalmente os tão esperados momentos românticos entre Katniss e Peeta, com certeza vão adorar o próximo capítulo!



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