Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 23
Capitulo 23 – Armadilha ou Traição?


Notas iniciais do capítulo

Saga 3 - Arena



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Capitulo 23 – Armadilha ou Traição?

– Droga! - O grito era escutado ao longe.

Carlos berrava irritado diante do corpo de Canivete. Ele ia da tristeza para a irritação de como a companheira de distrito havia morrido. Nenhum dos outros Carreiristas conseguia acalmá-lo, ou mesmo falar com ele. Estavam chocados.

Após duas horas debilitados devido ao veneno os cinco carreiristas conseguiram levantar-se. Não houve duvidas do que eles queriam fazer, lembravam dos gritos de Oliver. Lembravam, parcamente, de dois tiros de canhão e dos gritos de Canivete. Iriam conferir os dois, pois sabiam que Canivete, assim como Oliver, não estava mais viva. No entanto, a duvida era de quem havia matado quem.

Inicialmente saber quem havia matado Oliver era apenas curiosidade. A curiosidade acabou se tornando uma informação vital. De longe puderam ver o corpo do menino pendurado em uma forca, com as mãos mutiladas e cheio de queimaduras. Onix e Atalanta que foram conferir não precisaram de mais nada para saber que o jovem do distrito 9 havia sido torturado e assassinado por John Jack, e bem possivelmente também por Lirian, ambos do distrito 10.

Eles observaram o corpo a distancia. Mas, não tiveram coragem de se aproximar. Também, não havia necessidade. Lembravam-se que o corpo de Maria, a tributo feminina do distrito 6, havia sido torturada e teve seu corpo todo grampeado com armadilhas para quem se aproximasse. Nenhum dos dois carreiristas precisavam cair nas armadilhas que John deixara.

Devido a escuridão eles não percebiam que John e Lirian descansavam próximos. Talvez, se tivessem percebido tal fato teriam se aventurado a avançar contra os dois, e ao invés de caírem nas armadilhas do corpo de Oliver, cairiam nas armadilhas que defendiam o perímetro do pequeno acampamento, escondido, dos jovens tributos do distrito 10.

Amber guiou Steven e Carlos por entre a mata, seguindo o rastro dos captores de Canivete. Levaram cerca de 20 minutos para chegarem ao local onde jazia o corpo da menina, mesmo tempo que os jovens do distrito 5 levaram para levar Canivete até aquele ponto. Encontrar o corpo de Canivete caído no chão, em meio a espécie de uma cama improvisada de folhas, completamente desnuda causou uma forte impressão em Amber que imediatamente gritou na noite imaginando o que teria acontecido ali.

Demorou cerca de 10 minutos para que Atalanta e Onix conseguissem alcançá-los. Seguiram inicialmente a direção que Amber havia pedido para eles tomarem após verificarem o que havia acontecido com Oliver e logo após guiaram-se pela iluminação das tochas e do grito de Amber.

– Só tem maluco nessa edição dos jogos. - Onix fechou os punhos irritado. - Um torturador e um estuprador. -

Eles podiam ver nitidamente que a menina havia sido violentada. Morreu com um enforcamento, por asfixia ou talvez por pescoço quebrado. Nenhum deles ousou realmente chegar perto da menina. Amber já havia ficado afastada e Atalanta não parecia disposta a chegar perto do liquido branco que parecia ter secado sobre a pele da menina.

– Torturador e estuprador? - Steven pensou sobre aquilo. - Vocês falaram que Oliver morreu nas mãos de John e Lirian do 10. Como sabe que não foram eles? Estavam perto o suficiente para fazer isso. Poderiam ter deixado Oliver agonizando a beira da morte enquanto nos atacavam. O que explicaria o motivo dele só termos escutado o tiro de canhão posteriormente. -

– Foi outra dupla. - Diz Atalanta. - Estávamos entorpecidos, então estava tudo desconfigurado. - Atalanta lembrava-se do fato de terem sido envenenados. - Mas, a silhueta da menina era maior do que a de Lirian. - Atalanta fez uma pausa. - Além disso, pelo jeito que encontramos os corpos de Oliver e Maria, Canivete até que está bem. -

– Está bem? - Carlos levantou-se chorando e gritando. - Chama isso de estar bem? Ela morreria aqui como qualquer um, mas fazerem isso com ela? - Gritava o menino. - Vamos atras de Jack agora. Podemos seguir o rastro deles e eu juro que vou fazê-lo sofrer. -

– Ela está bem no sentido de que poderia estar completamente mutilada. - Diz Amber. - Também concordo que não tenha sido John. - Amber respirou fundo abaixando-se no solo. - Essas pegadas não combinam com a de John e Lirian. Assemelham-se a de Amabile e Alex, ou do pessoal do 11. -

– Druw e Dalia? - Carlos parou durante alguns instantes escutando aquilo. Franziu o cenho de forma como quem questionava aquela informação.

– Tamanho e peso me indica os quatro. No entanto, eu não vi pegadas do pessoal do 11, como você diz Druw e Dalia, para poder afirmar e quem fez isso aqui ficou descalço por um tempo. - Amber respirou. - O pessoal do 12 é maior, no seu porte e no de John, tem pegadas diferentes. -

– E você chutaria qual dos dois distritos? - Perguntou Onix.

– Quem mais do que o distrito 5? - Atalanta sorriu adiantando-se a Amber. - Até aonde sei, aquela cadela da Amabile tem seduzido a todos com seus encantos. Não fui tocada por ela, mas Amber e Carlos sim. Era uma mão delicada ou calejada? Pois apesar de não ter socializado com os demais tributos, sei que o pessoal do 11 tem bastante calos nas mãos devido a colheita. -

Carlos confirmou que aquilo era verdade.

– Foi Alex e Amabile certamente. - Diz Amber.

– Tudo muito bom... tudo muito legal. Sabemos quem fez isso com ela. - Steven que tinha ficado parado observando o corpo de Canivete durante toda aquela discussão virou-se pronunciando-se. - A certeza que foram pessoas diferentes que mataram Oliver e Canivete parte do principio que estamos vivos. -

Os outros quatro carreiristas se olharam e foram se recompondo. Steven estava certo e havia levantado uma questão importante. Se fosse John quem tivesse emboscado-os, todos estariam mortos. Na verdade, todos naquele momento deveriam estar mortos. No entanto, quem emboscou foi atras unicamente de Canivete. Mas, porquê?

– Cometeram um erro. - Carlos fechou as mãos. - Panem é minha testemunha. Distrito 4, prometo que farei aqueles dois pagarem o dobro pelo que fizeram a sua filha. -

Carlos não precisava saber que naquele momento o distrito 4 havia gritado junto a ele. Revoltados com o ocorrido até mesmo um principio de tumulto foi iniciado, mas foi bem contido por alguns vencedores dos jogos que estavam no distrito e naquele momento não estavam atuando como mentores.

– Além do motivo de ter-nos deixado vivo, tem uma outra coisa que está me incomodando. - Onix falou coçando a cabeça.

– Qual o problema grandão? - Questionou Atalanta. - Por acaso não sabe o que foi que rolou com Canivete? - Atalanta riu da situação. Ela se perguntava se o mesmo poderia ter acontecido com ela, ou se ela teria conseguido se livrar, mesmo dopada.

Onix apenas rugiu em resposta a brincadeira de Atalanta, enquanto Carlos quase atacou-a, mas fora detido por Steven.

– Por que os corpos permanecem? - Questionou Ônix. - Na maioria das edições anteriores, assim que o corpo era deixado sozinho em 10 minutos o corpo era levado por um veículo aéreo. -

O grupo se olhou. Aquilo era verdade. Os corpos dos tributos nunca permaneciam na arena. Era raro acontecer. E quando acontecia todos os corpos permaneciam nenhum era retirado. Todos que morreram na cornucópia tiveram seus corpos retirados. No entanto, eles haviam encontrado os corpos de Maria, Oliver e Canivete. Maria foi encontrada pouco tempo depois de morrer, mas Canivete e Oliver haviam morrido a mais de uma hora.

Amber rapidamente olhou em volta analisando as pegadas. Ela pensou na possibilidade de que Amabile e Alex ainda estivessem no local e por isso o aerodeslizador não pode ir até o corpo da tributa feminina do 4, mas era visível que eles havia corrido trinta minutos antes da chegada deles.

– O corpo de Maria estava todo amarrado em armadilhas. - Diz Steven.

– O corpo de Oliver também estava com armadilhas, ao menos parecia uma armadilha pois estava ali, pendurado com uma chama o iluminando. - Comentou Atalanta.

– Será que quando o corpo é usado como isca ele permanece no local? - Perguntou Onix.

A fala do Tanque humano do distrito 1 causou pânico ao grupo de cinco carreiristas que olhava em volta e corria afastando-se do corpo da menina. Estavam tão perplexos com o destino da companheira de aliança que acabaram não analisando o local com mais cuidado.

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Nunca precisou pular de uma arvore para outra de forma tão rápida. Em seu distrito fazia aquilo de forma lenta. Mesmo no inicio dos jogos, quando usava das arvores para fugir escondido e distanciar-se, a velocidade ainda não se comparava aquela. Talvez fosse a impressão, mas ele estava certo de que nunca saltara de arvore em arvore tão velozmente.

Quando escutara um tiro de canhão na noite, ele desequilibrou-se caindo de sua arvore. Aquilo havia atraído a atenção de um grupo de animais do qual ele se escondia. O grupo avançou sobre ele. Ele refugiou-se nas arvores, mas o grupo agora não o perdia e atacava as arvores em que ele ficava no intuito de derrubá-las e estavam conseguindo.

Uma perseguição em solo começou, mas vendo que era mais lento e devido a escuridão resolveu ir de galho em galho, arvore em arvore. Se tinha uma chance era aquela. Mas, os bichos, que ele desconhecia até mesmo o formato, não o deixava em paz. Não sabia como mas, eles sempre o perseguiam, sendo que o pior era que por algum motivo idiota o número deles aumentava cada vez mais.

Druw não percebia, mas os animais eram bestantes que emitiam um som agudo que cada vez mais chamava outros de sua espécie. Aquele som era inaudível para os humanos, mas entre os bestantes da espécie era quase um livro sobre o que deveriam perseguir. Em especial eles seguiam o cheiro tipico do distrito 11 que exalava de Druw.

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– Mas que droga! - Gritava Dalia indo de arvore em arvore o mais rápido que podia. - Por que essas sombras não param de me perseguir? -

Dalia estava refugiada em uma grande arvore. No entanto, fora atacada por criaturas que escalaram a arvore. Era estranho, mas ela tinha a impressão que as criaturas seguiam-na independente do que ela fizesse. Até mesmo quando conseguira afastar-se o suficiente e se esconder, as criaturas identificaram-na depois de alguns instantes.

Ela fugia tentando evitar o lago da cornucópia. Sabia que não poderia fugir se desse de cara com o lago a bloqueando e sabia que não poderia fugir para sempre. Ia em direção ao que ela sabia ser sua única chance, jogar aquele estranho bando contra a aliança carreirista e torcer para que nhum escapasse do massacre.

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– Vitorioso do distrito 10. - Um pacificador parou junto a Fred e Ellen que assistiam, da sala do banquete, os últimos acontecimentos da arena.

Fred o saudou com a cabeça e viu ao longe mais cinco pacificadores posicionando-se nas saídas do local.

– Sei que quando estão em serviço não devem confraternizar, mas... - Fred ofertou a taça ao seu interlocutor. - Ellen poderia ir até a sala dos mentores e pedir minhas telas individuais, desde que voltei ainda não as peguei. - Fred tocou a mulher nos ombros. - Quero poder deixar este rapaz poder ver John e Lirian pelo mesmo ângulo que nós podemos ver. -

Ellen sorriu sentindo que a mão no ombro lhe indicava para fazer algo diferente de ir na sala dos mentores. Principalmente porque as telas haviam sido esquecidas no andar do prédio do treinamento. Ela começou a caminhar e logo que saiu do local as portas foram fechadas.

Ellen sentiu seu coração acelerar. Fez menção de bater na porta, mas percebeu que Fred havia tirado-a de lá por algum motivo. Ela não tinha ideia do que estava acontecendo. Mas, lembrava-se dele ter falado para que ela pegasse os visores, então resolveu ir até o apartamento ver o que havia com os visores e se aquilo lhe daria alguma pista.

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A noite começava a acabar na arena. Alguns parcos raios de sol se fizeram presente e o céu com a estranha coloração verde foi ganhando vida.

– Que bichos cha... - Druw que saltava de uma arvore, trombou com algo em pleno ar.

O choque de Druw foi forte. Ele simplesmente caiu e olhou assustado. Percebendo ser uma pessoa, preferiu ignorá-la e viu a criatura que o perseguia saltar sobre ele, mas cair morta devido a uma flechada que levou bem no pescoço.

Druw olhou, os carreiristas estavam no local e enfrentavam as estranhas criaturas que surgiam de todos os lados.

– Você também estava sendo perseguido? - A voz de Dalia invadiu a mente confusa de Druw que acordava para a realidade e descobria que havia chocado-se com sua companheira de distrito.

– Como assim também? - Druw parou. - Eles estavam programados para seguir o 11 é? -

Os dois pararam percebendo que estavam em cima de alguém e viram o corpo caído de Canivete, embaixo deles. Saltaram assustados percebendo a violência que a menina havia sofrido e logo se deram conta que eles estavam cercados por cinco carreiristas que estavam a destroçar as estranhas criaturas.

Negras como a noite, até mesmo seus olhos eram negros. Eram como panteras, mas quase chegavam a parecer bípedes, pois duas patas traseiras eram bem mais salientes que as patas dianteiras. Garras e presas negras como a noite, os tributos do 11 tinham a certeza do motivo de não poderem identificar o que estava os perseguindo.

– Tem mais? - Perguntou Onix olhando em vota após alguns instantes da batalha ter terminado.

Os carreiristas haviam feito o que lhes fora ensinado, matar. Eram mais de trinta criaturas saltando e atacando a cada momento, mas todos recebiam golpes diretamente no pescoço. Facas, lanças e flechas eram usadas. Não havia necessidade, e nem mesmo espaço, para falhas. As armas eram resistentes e eficazes e as habilidades dos tributos eram dignas de máquinas.

– Acredito que se houvesse já teriam pulado em cima de nós. - Diz Steven que rapidamente voltou-se para trás apontando seu facão artesanal para Druw e Dalia. - Novos alvos, agora! -

Os garotos já estavam com os braços levantados. Não conseguiam dizer ou fazer nada. A cena não poderia ter sido mais assustadora. Depois de serem perseguidos durante parte da noite, caiam sobre um corpo sujo e violado, assistiam um grupo com armas artesanais dar fim a mais de trinta bestante em poucos minutos, sem se ferirem, ou mesmo mostrarem preocupação. Não era hora de fazer outra coisa a não ser render-se.

Os cinco carreiristas ficaram olhando a dupla enquanto se recuperavam do esforço feito naquele momento. Em pouco mais de 10 minutos eles passaram de pessoas temerosas para matadores habilidosos.

Após terem se tocado de que aquilo poderia ser uma armadilha cada qual correu em uma direção, afastando-se do corpo. Demorou cerca de dois minutos até perceberem que estavam se separando e não havia armadilha pior do que aquela para eles caírem. Mesmo que não tivessem treinado para lutar em equipe, juntos eram mais fortes e letais. Retornaram com cautela, cada qual falando o que pensava e ainda questionando o motivo do corpo de Canivete ter permanecido no local. Quando decidiram ignorar, apenas escutaram os rugidos, olhando em volta e montando perímetro viram os primeiros raios de sol surgirem, Druw e Dalia chocarem-se no ar como se ambos estivessem voando e o grupo dos bestantes negros saltarem sobre eles forçando-o a matar a tudo que se mexe-se.

– Eu já vi dessas criaturas. - Diz Atalanta. - Na escola, falaram sobre criaturas completamente negras que poderiam se mover na escuridão da noite, sem ao menos serem notados. - Atalanta empurrou um para o lado mostrando que ele não tinha nenhuma parte que teria um colorido diferente, até mesmo dentro de sua boca era tudo negro. - Não sei o nome certo que a capital dava para eles, já que não foram vistos depois da revolução, mas os alunos chamavam-no de Presas da Noite. -

– Acho que vocês tiveram sorte em não morrer no meio da caminho. - Comentou Carlos. - Morrer sem saber o que o matou é muito ruim. -

Onix e Steven ainda não haviam baixado a guarda. Continuavam com os dois tributos do distrito 11 sobre a mira de suas armas. Amber olhava em volta afim de identificar se havia alguma nova ameaça. Se os “Presas da Noite” haviam todos sido mortos ou algum havia fugido. Atalanta olhava os bichos para ver se algum estava agonizando e se havia alguma forma de usá-los. Mas, até a carne deles era negra, o que descartava completamente a ideia de comê-los. Carlos fora o único que havia sentado.

– Ferido? - Questionou Onix a Carlos vendo-o sentar.

– Ainda digerindo a morte de Canivete. - Diz o rapaz. - Então como vai ser, nós íamos seguir o rastro de Amabile e Alex antes dessa loucura toda. -

– Esqueçam o rastro daqueles dois. - Diz Amber. - Os bestantes vieram por todos os lados, não sobrou rastro para seguir. Estamos a cegas por aqui. - Parou pensando um pouco. - Podemos voltar até o corpo de Oliver e tentar achar o rastro de John e Lirian. Acho que estavam distantes o suficiente para não ter ficado na rota dessas criaturas. -

– Está de brincadeira? - Atalanta riu. - Temos dois aqui para matar. Além do mais, John e Lirian fazem armadilhas para todos os lados. Não é interessante seguir o rastro deles. É melhor deixar que só sobre nós e eles. Assim eles serão forçados a vir até nós ou podemos cair em uma armadilha. -

– Os carreiristas estão com medo do distrito 10? - Sorriu Druw que recebeu um soco de Onix que o fez ver estrelas. - Calma grandão... Só queria dizer que em troca de nossas vidas, podemos dizer onde eles estão neste momento. -

– Armadilha! - Gritou Onix preparando-se para matar os dois. No entanto, Carlos impediu que ele fizesse isso.

O grupo olhou para Carlos. O rapaz havia levantado-se mais rápido do que eles já o haviam visto mover-se e ele certamente estava pronto para matar Ônix naquele momento.

Onix olhou-o de cima sorrindo e desafiando Carlos a atacá-lo. Steven recuou colocando seus facões nos pescoços dos jovens do distrito 11. Amber e Atalanta apontaram as armas, uma para Onix e outra para Carlos.

– Ainda não é hora de começarmos a nos matar. - Diz Steven. - Os próximos a morrerem são esses dois aqui. - O oriental pressionou o facão no pescoço deles fazendo os dois prenderem a respiração, apreensivos. - Você tem algo contra isso Carlos? -

O rapaz bufou abaixando sua arma.

– Ônix? Por acaso já passou pela sua cabeça que qualquer informação sobre aqueles dois pode evitar que nós sejamos torturados, ou tenhamos o mesmo destino de Canivete? - Questionou Steven.

– Isso é armadilha. Era armadilha antes, é armadilha agora e será armadilha depois. - O jovem bufou e logo abaixou os braços. Dando as costas para o grupo e distanciando-se. - Mas se quiserem ouvir esses dois pretinhos fiquem a vontade. Eu salvo vocês quando cairmos na armadilha. -

As duas meninas do grupo baixaram as armas e observaram o Tanque Humano encostar-se numa arvore contrariado. Logo após Amber foi até Steven tomando a vez para manter Dalia sobre a mira de sua arma.

– Se a informação de vocês for útil, juntam-se a aliança. Se for mentira ou qualquer coisa diferente de verdade e útil, morrem. - Diz Atalanta que ficou olhando para Druw e Dalia confirmarem com a cabeça.

Carlos sentou-se no chão e jogou uma vareta para Dalia.

– Comecem a contar o que sabem com calma. - Diz ele. - Mas se não souberem nada de Amabile e Alex, morrerão. -

– Ignore-o. - Comentou Amber. - Ele está abalado com o que aconteceu com Canivete. -

– Eu também. - Respondeu Dalia com a voz tremula abaixando-se e pegando o graveto.

A menina desenhou um meio circulo no chão. Marcou o meio com um circulo menor e três X nas extremidades do semi circulo maior. Druw abaixou-se e completou o desenho do semi circulo. Criando um grande circulo. Ele reforçou o circulo do meio e dois X, fazendo um quarto.

– Nós mapeamos a arena. Íamos fazer isso em três dias, mas ela é menor do que as dos anos anteriores, percorri quase metade dela até agora. - Diz Druw. - Assim como Dalia fez do outro lado. -

– Essa é nossa arena. - Comentou Dalia. - Ela é basicamente circular, existe uma variação ou outra, mas o formato em si não importa muito. - Dalia suspirou. - Cada X representa uma arvore gigante, que de cima dela da para ver toda a arena. Após a arvore, você encontra o campo de força que delimita a arena. -

Cada qual, em sua mesma posição de antes do começo da explicação, prestava atenção na explicação e desenho. Memorizando o que era falado.

– Cada árvore possui uma espécie de bestante guardiã. - Comentou Druw. - Mas, só vim entender do que se tratavam agora a noite. - Diz o jovem. - Na que eu encontrei, haviam formigas carnívoras. Descobri-as quando uma fruta minha caiu e elas surgiram encobrindo a fruta, mas não a comeram. Mas, quando eu desci da árvore, me deram umas duas mordidas que rancou pequenos pedacinhos, daí simplesmente corri. - Diz Druw mostrando pequenos furos na pele de seu braço esquerdo. - Os bestantes de cada arvore são ativados por alguma coisa que eu não identifiquei. Não sei se ao subir ou quando comemos a fruta da arvore. -

– Bom.. Então acredito que fora eu quem ativou os bichos Negros. - Diz Dalia.

– Presas da Noite. - Diz Atalanta. - Qual arvore é qual? - Questionou a tributo feminino do distrito 2.

Druw coçou a cabeça. Aquela informação era complicada, ele não tinha referencia de norte ou sul. Mas, como a arena era circular, bastava marcar uma que o restante ficaria naquela orientação. Assim ele marcou a Arvore gigante das Formigas carnívoras.

– Presas da Noite fica de frente para ela, só consegui passar por uma arvore até agora. - Diz Dalia fazendo a marcando da Arvore gigante das Presas Noturnas. - Eu me dirigiria para essa direção aqui ao amanhecer. - Dalia fez um gesto no sentido anti-horário.

– Droga, eu ia nessa direção também. - Ele fez um gesto no sentido horário.

– Seu burro era para você seguir o sentido anti-horário e depois vir para o meio da arena para nos encontrarmos. - Dalia gritou irritada. - Ruivinha, mata ele agora, senão eu mato! - A menina ficou irritada.

– Não tenho culpa. Aqui não tem sol ou qualquer coisa para me dar uma orientação boa. - Reclamou Druw. - Mas, essa região é completamente alagada. Diz Druw mostrando a direção para a qual ambos haviam evitado. - Vi do topo da arvore, ainda era dia quando estive nela. -

– Quando cheguei já era noite. Então realmente não tinha como eu ver. - Diz Dalia.

Os dois tributos do 11 se olharam e pararam de falar por algum tempo. Steven fez um pequeno corte no rosto de Druw, usando a lamina de seu facão. Aquilo indicava que não estavam satisfeitos ainda.

– Todos os tributos estão nesta metade da arena. A maioria a um hora ou duas uns dos outros. - Druw parou. - Acho que estamos aqui, né? - Questionou a Dalia enquanto passava a mão no corte de seu rosto.

– Certo. John e Lirian deveriam estar por aqui. Seriam os mais perto, talvez menos de uma hora. - Dalia parou e o Onix confirmou que aquela era a direção que haviam encontrado o corpo de Oliver.

– Então eles estavam escondidos por lá? - Surpresa Atalanta teve vontade correr até o local, mas foi detida por Carlos. - O que foi? -

– Sabem se eles receberam algo? - Questionou Carlos.

– Cara... Eu vi três paraquedas caindo, mas não sei de quem eram. - Respondeu Druw. - Também não consigo identificar onde eles caíram no mapa, pois estavam todos nessa região. -

– Uma era nossa. Para ter conseguido fazer fogo, eles receberam uma outra. - Diz Amber. - A terceira era de do distrito 5 ou será que alguém do 12 recebeu algo? -

Dalia e Druw fizeram sinal de que não sabiam.

– Mas, não iria atras da galera do sangue. - Diz Druw. - Essa região estava cheia de Cãoelhos. -

– Que delicia! - Gritou Onix. - Por que não achamos nenhum? - Onix ficou animado.

O grupo olhou o rapaz do distrito 1.

– O que ? Tenho fome! - Falou o gigante garoto.

– Bom... Realmente não estamos vendo nenhum Cãoelho. - Diz Druw. - Vocês acabaram de dizer que não viram nenhum e não parece que Alex e Amabile conseguiriam lidar com um bando deles tendo feito... Ah! Vocês sabem o que eles fizeram. - Diz Druw evitando falar de Canivete.

Steven concordou com a cabeça. Viu as armadilhas no corpo de Maria. Era provável que eles estivessem protegidos por muitas armadilhas. Não era fácil identificá-las enquanto estavam seguindo um rastro. Era mais provável que identificassem duas para três armadilhas e caíssem numa quarta ou quinta, enquanto contornavam ou desarmavam uma delas.

– Mas, o pessoal do 5 deveria estar por aqui, a mais ou menos uma hora ou uma hora e meia. Não sei precisar porque me locomovia nas arvores, ocultando-me de vocês. - Dizia Druw. - Mas, eu sei que eles estão com toxinas tiradas do pessoal do distrito 6. Mas, não sei o que elas fazem exatamente. -

– Sei que não é veneno letal. É algo tipo um paralisante. Vi o pessoal do seis tentar usar no pessoal do 10, mas acabaram se dando mal. - Comentou Dalia. - Dali o menino do seis fugiu. Eu o segui e o menino do cinco o matou e descobriu sobre a toxina e como usá-la. Dai resolvi seguir caminho. -

– Sabemos bem da toxina. - Resmungou Carlos. - Então mataremos eles? -

– Tem mais! - Gritou Dalia. - O pessoal do 12 está a duas horas daqui nessa direção. A área onde eles estão é uma clareira. O menino está ferido, mas não sei porque. A menina está tentando cuidar dele. Eles conseguiram equipamentos. - Dalia começou a falar de forma acelerada. - Por favor não me mata... Posso ser útil! -

Os carreiristas se olharam e Steven baixou a arma e logo depois Amber.

– Acho que podíamos matar um dos dois. - Diz Onix. - Só precisamos de um deles. -

Druw abraçou Dalia. Estavam ambos com medo.

– Calma ai grandão. Pelo que vi a única coisa que eles conseguiram na arena foram as informações que nos passaram. Todos conseguiram equipamentos, menos eles. - Atalanta suspirou. - São inofensivos por hora. -

– Ainda quero matar um deles para garantir. - Diz Onix.

– Olhe para os dois. Se matarmos um, quando tiver oportunidade o outro foge, sem preocupações. No entanto, mantendo os dois vivos, um só vai fugir se puder fugir com o outro. E se precisarmos que eles façam algo, podemos mandar um e ficar com o outro de refém. - Carlos simplificou. - Com apenas um, ele sumiria pelas arvores na primeira oportunidade. - Ou mantemos os dois vivos, ou matamos os dois. -

Onix bufou dando as costas para o grupo novamente.

– Se o Pessoal do 12 tem equipamento e estão feridos, acho que eles são o melhor alvo. - Diz Steven. - Temos que pensar num jeito de nos protegermos das toxinas do pessoal do 5 antes de ir atras deles. Não é prudente seguir o pessoal do 10. Resta só eles. -

Carlos levantou-se concordando. Amber fez sinal de que estava de acordo. Atalanta olhou mais uma vez o mapa, memorizando-o e preparando-se para tomar a dianteira do grupo. Como não era uma trilha a seguir, não havia necessidade de Amber liderar a incursão.

– Venham aqui os dois. - Bradou Onix com cipós que ele havia tirado das árvores e começou a amarrar os dois pelos braços e pescoços. - Posso não poder matar vocês agora, mas vão ficar em rédeas curtas. Se mijarem fora da bacia eu quebro o pescoço dos dois. -

Druw e Dalia engoliram um seco. A utilidade deles acabaria quando encontrassem o pessoal do 12. Mas, receberam, de Carlos, um tapinha nas costas.

– Fiquem tranquilos! - Disse Carlos. - Suas informações e a habilidade que usaram para consegui-las são interessantes. É o suficiente para uma aliança. -

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Amber olhava em volta e estranhava o local. Escolher uma clareira ampla para se esconder não era prudente. Havia um pequeno lago perto, que ela dúvida que pudesse ter água potável, mas como tinham equipamentos, certamente conseguiram algo para purificar a água.

Os dois estavam acordados e o menino já parecia poder mover-se com facilidade. Estava enfaixado, mas não apresentava muita dificuldade de mover-se.

Mas, para Amber ainda faltava algo que ela não percebia. Aquela clareira, rodeada de mato seco em volta e com galhos de árvore praticamente cobrindo a clareira, parecia um local perfeito para o grupo de Druw e Dalia fazerem uma armadilha.

– Problema? - Questionou Tanque junto a ela.

Amber sorriu para o companheiro de distrito. Observou os cipós que prendiam os dois jovens saltadores do distrito 11. Fosse ou não uma armadilha, não havia como aqueles dois fazerem nada estando amarrados e vigiados pelo Tanque Humano.

O plano foi criado. Onix e Amber observariam enquanto Atalanta, Steven e Carlos atacariam cada qual de um lado. Se houvesse tentativa de escapar seria a vez de Amber entrar em ação. E por fim, se ainda estivessem a criar problemas Onix iria surgir com Druw e Dalia.

Onix, Druw e Dalia era o golpe psicológico. Sete contra dois, estando um dos dois feridos, era uma surpresa que ninguém conseguiria superar rapidamente.

O ataque começou Flora gritou correndo pegando apenas uma pequena tocha em chamas, tentando usá-la para mantê-los longe. Contra ela estava indo Carlos. Enquanto Fênix estava tentando assustar Steven e Atalanta que apenas riam do rapaz que estocava a esmo com a espada.

– E então? - Carlos sorriu para a jovem do distrito 12. - O que vocês tem a oferecer? - Questionou o jovem. - Fiquei sabendo que conseguiram algumas armas, mas não estou vendo nada. -

Flora sorriu e jogou sua tocha para trás. Quando a tocha tocou o chão ela caiu em meio a vastidão de mato seco que cercava a clareira. Uma trilha de fogo surgiu e cresceu para uma verdadeira parede de fogo.

Steven e Atalanta pararam no mesmo instante e viram a grande parede de fogo surgir e circular a clareira.

Amber e Onix que estavam escondidos no meio do mato seco que pegava fogo saltaram para dentro da clareira. Onix tentou puxar os seus dois detentos, mas a dupla do 11 pulou para o outro lado deixando o fogo queimar a corda cipo que os prendiam.

– Armadilha! - Gritou Onix enfurecido indo para cima de Flora afim de dar cabo dela antes que algo mais desse errado.

No entanto, a corrida dele termina com ele caindo no chão, após receber uma rasteira de Carlos que lhe apontava uma arma afiada na garganta.

– Traidor! - Gritou o tanque humano pronto para sentir algo perfurando sua garganta.


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