Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 13
Capitulo 13 – Terror


Notas iniciais do capítulo

Saga 2 Vidas



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Capitulo 13 – Terror

O cheiro de guisado de coelho ao molho de algas nunca pareceu tão convidativo para Flora. Tendo sido um dos últimos tributos a ser levado até a sala de espera para adentrar a arena, ela estava um tanto inquieta. Mas, diante ao saboroso almoço que a esperava ela vacilou por alguns instantes.

– Será que falta muito? - Perguntou a menina.

– Cerca de quarenta minutos. Você conseguirá comer, tomar um banho, vestir-se e relaxar. - Disse seu estilista. - Mas, creio que sua preocupação não seja exatamente o momento que irá para a arena, não é verdade? -

A menia olhou um cilindro transparente que estava próximo. Era o tubo que a elevaria a arena. Mas, aquilo parecia ser o que ela mais queria naquele momento.

– Você já esteve em uma mina? -

– Nunca saí da capital. - Diz o estilista.

Flora evitava fechar os olhos e sentou-se encarando a comida devorando o que podia. Ela realmente tremia em alguns momentos, enquanto levava a colher até sua boca.

– Fenix, meu companheiro de distrito, também deve estar tão apavorado quanto eu. - Disse a menina.

O estilista apenas apoiou-se na cadeira, afim de escutá-la.

– Eramos pequenos. Um acidente na mina do distrito. Nossos pais estavam lá. Mas, nós também estávamos lá. Uma maldita excursão da escola. Três dias soterrados. - Flora ao dizer aquilo fechava os olhos por instinto, mas ao mesmo tempo abria-os de forma assustada e apavorada.

O estilista olhou em volta. Realmente aquele local parecia uma maldita gruta. Deveria ser sufocante para os dois jovens do distrito 12 estarem naquele local. As memórias certamente eram ativadas e o terror tomava conta deles.

Crianças, presas debaixo da terra. Sem comida, luz do dia. Em completa escuridão. Sem saber se poderiam voltar a ver seus familiares. Corpos pelos cantos. Pessoas gemendo soterradas, dando a impressão de que a escuridão ou a terra pediam por ajuda.

Vozes indo e vindo, clamando por auxilio, ou força para aguentarem. Dores. Xingamentos. Maldições sendo lançadas contra tudo e contra todos. O cheiro forte de carvão. De terra. De podridão. A falta de água. O medo.

– Quero entrar logo naquela maldita arena e me livrar daqui. - A menina levantava-se enfurecida despindo-se e colocando rapidamente seu traje. Ela queria ser erguida pelo tubo que a libertaria daquele pesadelo de gruta de espera.

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– Me tirem daqui! - Gritava o jovem tributo masculino do distrito 12. - Já estou pronto vamos logo! - Ele dentro do tudo esmurrava uma das laterais querendo ser levado logo para a arena.

– Se continuar com isso vamos receber visitas. - Diz a estilista do jovem negro chamado Fênix. - Já entendi que este lugar esta lhe aterrorizando, mas se não for um pouco mais resiliente vai acabar subindo para a arena cheio de hematomas. -

– Eu quero ver a luz do dia novamente... - Chorando o rapaz já estava agachado em posição fetal.

– Você disse que recebeu o apelido de Fênix justamente por ter sobrevivido aquilo. Que você ressurgiu das cinzas, após todos acreditarem que ninguém mais seria retirado com vida. -

No terceiro dia de buscas, o grupo de resgate encontrou os sobreviventes, mas uma explosão ocorreu e as chamas tomaram conta de tudo. Alguns já haviam sido retirados, e Flora estava no meio. Mas, muitos morreram carbonizados. Aqueles que sobreviveram foram considerados Fênix. E este era o caso daquele jovem.

– Você já trabalha nas minas. Como é que consegue voltar para aquele lugar e não aguenta uns poucos minutos aqui? -

– Eu fico chapado! - Gritou o garoto. - Simplesmente bebo na hora de entrar e trabalho alcoolizado. -

Cabia a pergunta se aquilo não piorava as coisas, fazendo ele começar a ver coisas ou qualquer outra coisa do gênero, mas o cheiro da refeição surgindo na mesa parecia ter lhe acalmado.

– Vamos garoto. Alimente-se um pouco. Prometo que ao acabar a sua refeição poderá se livrar daqui. -

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Não havia pessoa envolvida com os Jogos Vorazes que não havia experimentado do medo em sua vida. Mesmo o mais habilidoso dos vitoriosos já havia sentido dor. Mesmo o mais alucinado dos estilistas, ou bitolada acompanhante já havia, de alguma forma sentido o medo.

O medo tomaria conta de sua vida. O temor faria parte do seu dia a dia, e a certeza de não estar seguro seria a única certeza que teria. Mesmo no momento mais feliz que pudesse encontrar, a sombra do terror passaria para lhe alertar que toda a luz de qual gozava, poderia ser encoberta pela mais forte escuridão.

Quantos vitoriosos acordavam gritando pela noite, tentando abater um misterioso inimigo. Quantos simplesmente acordavam por estarem a esperar o algoz da Capital vir-lhe puni-lo por algo que há muito tempo ele fizera.

O medo era a maior ferramenta de controle que existia e não importava quem fosse, os joelhos se dobrariam diante a terror.

– Então... Não foi um bestante que matou sua mulher? - Questionou Ellen estarrecida.

Havia um pavor estampado no olhar da mulher que falava a meia voz, quase abraçada a Fred, enquanto ambos estavam sentados em um pequeno puff numa ampla sala de jantar, próximo a sala dos mentores.

– Foi. - Fred tremia de raiva. Com os olhos fechados podia-se sentir seu corpo tremendo. - Eu sobrevivi a minha vez na arena matando tudo o que se mexia em minha volta. Eu usava uma faca, a única arma que obtive antes de quase ser decapitado na cornucópia. -

Fred fechava seus olhos e lembrava de um grande machado que fora contra seu pescoço assim que ele havia descido de sua plataforma. A tributo feminina de seu distrito foi acertada por uma lança jogada da cornucópia. Ela não teve chances nem mesmo de descer da plataforma.

Escapando com uma faca fincada em seu braço, escondeu-se durante todo o primeiro dia em uma área que mais lembrava um maldito deserto. Após conseguir matar um animal selvagem que o atacara conseguiu a simpatia de alguém que lhe mandou remédio para os ferimentos. Dali em diante, ele matava tudo que se aproximava, rasgando o pescoço de sua vitima com a faca.

– Aquilo não me deu tantos pesadelos, apesar que algumas vezes eu me viro a noite, bruscamente, tentando cortas o pescoço do meu próprio travesseiro com uma faca imaginária. - Fred apesar de parecer rir tremia como um louco. - Casei. Tive um filho e nesse ano tudo o que eu queria era trazer alguém de volta da arena. Alguém do meu distrito. -

Ellen acariciava os cabelos de Fred, o mentor do distrito 10 que parecia estar em choque. Tinha convulsões em seu corpo a todo momento. Tremia e seus olhos transpareciam que se ele tivesse uma faca em mãos, mataria que estivesse próximo.

– Faltavam quatro tributos na arena. Uma tributo do 10 estava entre eles. Ela estava sadia e forte. Ela tinha sido esperta, refugiou-se na mata e estava usando os animais selvagens do local como defesa. - Fred respirou fundo. - Eu não havia conseguido enviar uma única dadiva a ela ainda, pois ninguém queria patrocinar uma garota de 12 anos. Com quatro na arena, sendo ela em perfeitas condições, dois carreiristas do 2 e uma jovem do distrito 5 que havia sido traída pela aliança carreirista. Eu finalmente consegui um patrocinador. -

Ellen sabia que a menina não havia conseguido vencer. Mas, estava lembrando-se daquela edição dos jogos. A menina não recebeu nenhuma dadiva, enquanto os outros três tributos ganharam, cada qual remédios e comida. Ainda assim a menina jogou os carreiristas em uma armadilha, onde os lobos atacaram aos dois que não tiveram chance contra a matilha. Mas, nesse passo ela acabou também sendo atacada e a vitoria foi da jovem do distrito 5.

– Eu teria o dinheiro para a dadiva em troca da menina. - Disse Fred. - O patrocinador queria um trato, ele estava disposto a dar dinheiro para uma arma, colete e comida para a menina. Mas, em troca eles queriam que a entregasse para eles. -

– Acho que ela preferia morrer a ser abusada Fred. - Disse Ellen. - Mas, como isso tem haver com sua esposa? -

– Eu voltei arrasado e com vergonha. Pretendia falar com a família da menina e explicar as escolhas que eu tive e pedir perdão. No entanto, quando cheguei em meu distrito, na minha Vila... Ela estava sendo atacada por um Bestante. Um crocodilo gigante que havia abocanhado minha mulher e a levou para além das fronteiras do 10. -

– Dizem que vocês sofrem ataques dos bestantes desgarrados... - Ellen parou olhando os olhos de furia de Fred.

– Aquele Bestante, não classificado e catalogado em volta do meu distrito, muito próximo a aldeia dos campeões... - Fred levantou-se e apontou para a sala de controle do os jogos. - Está ali dentro pronto para ser liberto na arena! -

– Como é que é? - Assustada Ellen levantou-se alarmada.

– O patrocinador era o presidente Snow. Que irritado por eu não ter feito o que ele queria matou minha esposa usando um Bestante. Ninguém além de minha esposa morreu naquele dia, nem os pacificadores. - Fred tremia com força. - Sempre tive pesadelos com aquele Crocodilo gigante, e agora a pouco, quando saí da sala dos mentores, completamente aturdido, foi porque nos foi apresentado o primeiro algoz dos tributos. Os mentores receberam uma mensagem do próprio Snow dizendo que aquele era o presente dele para os jogos. O crocodilo gigante a quem ele carinhosamente apelidou de Croconal! -

Fred estava completamente fora de si. Seu corpo tremia de medo pelo que iria acontecer com os vinte quatro tributos na arena diante ao monstro que nem vinte pacificadores treinados foram capazes de deter. No entanto, no seu intimo tinha a sensação que era chegado a hora da vingança.

– Senhor... Um minuto para o inicio dos jogos. Os tributos começarão a ser içados. - Disse um pacificador que havia se aproximado de Fred saído de dentro da sala dos mentores.


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Notas finais do capítulo

Contagem regressiva para a arena.



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