No capítulo anterior …

De repente e sem tirar os olhos dos meus, levantou-se e estendeu-me a mão meio hesitante.

- A menina dá-me a honra desta dança? – perguntou-me.

Sorri e peguei-lhe na mão notando que estava tão fria como se ele a tivesse enfiado dentro de um balde de gelo.

- Sim.

Fomos até a pista e ele pôs a outra mão que estava livre na minha cintura enquanto eu pousava a minha no seu ombro e começamos a nos mover, sempre presos nos olhos um do outro.

P. O. V. Edward

Ela estava nos meus braços … era só nisto que eu conseguia pensar enquanto rodopiava com Bella pelo salão. Devo admitir que ao início, quando a convidei para dançar, senti um bocado de receio, não sabia como é que ela iria reagir, se aceitaria dançar comigo, se recusaria, e se aceitasse, o que ela faria quando tocasse na minha pele gelada.

Mas para minha felicidade ela não recusou nem se afastou de mim quando pegou na minha mão e agora, poder estar aqui a dançar com ela é a melhor sensação que já experimentei, era como se uma corrente de eletricidade atravessasse os nossos corpos nos fazendo permanecer juntos.

Durante toda a música não desviei os meus olhos dos dela, não só por não querer mas também porque não conseguia, era como se tivesse sido hipnotizado.

Já estávamos a dançar a algum tempo, a meio da música Bella tinha deitado a cabeça no meio peito fazendo-me sorrir e abraça-la quando ela pôs os braços ao redor do meu pescoço.

Ouvi os últimos compassos da música tocarem e aparentemente Bella também porque levantou a cabeça e olhou para mim, com as bochechas coradas, mais uma vez fiquei perdido naquele olhar tão profundo. Não reparei quando nem como mas quando notei nós os dois tínhamo-nos aproximado e agora os lábios estavam apenas a alguns centímetros de distância, vi Bella fechar lentamente os olhos e segui o seu exemplo, já conseguia sentir a sua respiração nos meus lábios quando …

- Ei Bella, eu e o Ben vamos … oh meu Deus desculpem, não queria interromper nada. – Ângela começou a falar ao nosso lado, abri os olhos a tempo de ver Bella afastar-se de mim e olhar para ela, fazendo-me soltar um suspiro frustrado, era a segunda vez que quase a beijava e alguém interrompia.

- Tudo bem, não interrompes-te nada. O que é que estavas a dizer? – Bella perguntou dando um sorriso nervoso para Ângela.

- Nada de importante, apenas que eu e o Ben vamos embora e vinha-te avisar que esta noite vou ficar em casa dele.

- Xii vou ser abandonada em casa. – Bella brincou mas assim que viu a cara de Ângela disse: - Tem calma, tou a brincar, vai e diverte-te.

- Obrigada amiga, até amanhã. Ah e tá descansada, porque pelo que vejo não sou a única que me vou divertir. – falou olhando para mim e para Bella fazendo a mesma corar. “Ainda bem que o Edward está com ela, não me ia sentir nada bem em deixa-la sozinha aqui.” Pensou e eu sorri com os seus pensamentos tão bondosos para com Bella.

Ben e Ângela despediram-se e Bella virou-se para mim.

- Hum … achas que podemos ir embora? Também já não me apetece muito estar aqui. – perguntou.

Acenei com a cabeça e conduzia até ao carro, abrindo-lhe a porta e depois fui para o meu lugar. Será que ela se sentiu incomodada com o quase beijo? Será que ela não queria? Fui interrompido dos meus devaneios pela sua doce voz.

- Edward?

- Sim Bella?

- Importas-te de … não me levar já a casa, há um sítio onde gostaria de ir antes. – pediu e claro que eu não consegui resistir aqueles olhos da cor do chocolate.

- Claro, onde queres ir? – perguntei-lhe.

 O resto do caminho ela foi-me dando indicações até que chegamos a um parque, estacionei e ela saiu sem esperar que lhe abrisse a porta, sai também indo para o seu lado.

- De toda a cidade, este é o meu lugar preferido, chama-se Parque da Paz. Acho que consigo perceber porque lhe deram esse nome, costumo vir para aqui para estudar, ler, ouvir música ou apenas para pensar, transmite-me uma sensação de tranquilidade. – admitiu e depois pegou-me na mão. – Anda comigo.

Devo dizer que o parque era mesmo muito bonito, apesar de haver pouca iluminação, a lua estava alta no céu iluminando o parque.

Fomos até um lago com alguns patos e cisnes e sentamo-nos.

Ficámos em total silêncio, estava distraído a olhar para a lua quando ouvi Bella sussurrar:

- Eu não entendo …

P. O. V. Bella

Estava a olhar para a lua, tentando encontrar alguma explicação, mas nada vinha. A minha cabeça estava uma confusão pegada. O que estava a acontecer comigo? Porque me sinto desta maneira quando estou perto do Edward? Porque é que fiquei tão frustrada quando Ângela nos interrompeu mais cedo? Que corrente elétrica era aquela que nos atravessou enquanto dançávamos? Meu Deus, tantas perguntas e nenhuma resposta, assim ainda vou dar em doida.

- Eu não entendo … - sussurrei suspirando. Só depois é que notei que tinha falado em voz alta e que Edward tinha ouvido.

- O quê? – perguntou olhando para mim.

E agora? Conto ou não? Talvez ele me pudesse dar algumas respostas, ajudar-me a esclarecer o que sinto? Porque é que o meu coração bate tão depressa quando estou com ele, porque é que as minhas pernas amolecem e as minhas mãos suam quando ele dá aquele sorriso torto? Suspirei mais uma vez e olhei para ele. Algo nos olhos dele, na maneira como me olhava fez-me tomar a minha decisão.

- Eu não entendo … o que estou a sentir, quero dizer, o que sinto quando estou perto de ti. – desabafei.

- E o que sentes?

- Eu … sinto o meu coração a acelerar, as minhas pernas tremem, as minhas mãos suam, mas mesmo assim sinto-me bem quando estou contigo, sinto-me … feliz, como se isto fosse o certo a se fazer, sinto que posso ser eu mesma quando estou contigo, que não preciso ser algo que não sou e … eu gosto disso, gosto de estar ao pé de ti, da tua companhia. – não me perguntem de onde saiu a coragem para falar tudo isto porque eu também não sei, tanto que quando acabei de falar corei imenso e desviei o olhar para as minhas mãos.

Edward também não disse nada, apenas ficou ali parado até que senti a mão dele no meu queixo, levantando-me a cara fazendo-me olhar para ele.

- Eu percebo perfeitamente o que estás a dizer, o que estás a sentir porque quando eu estou contigo é como se o resto do mundo desaparecesse, como se só tu importasses, o que não deixa de ser verdade porque quando estou contigo não quero saber de mais nada, de mais ninguém, as únicas preocupações que tenho é em fazer-te feliz, não te magoar, fazer com que estejas sempre com um sorriso lindo no rosto. Desde que te conheci, naquela tarde em que me deste um banho de café – nesta parte eu corei ainda mais lembrando-me do que ela estava a falar e ele sorriu – nunca mais saíste da minha cabeça, a todo o momento tudo o que povoa os meus pensamentos és tu, o que é que estarás a fazer, o que estarás a pensar. Tu mudaste todo o meu mundo tornando-te o centro dele.

- Edward … - sussurrei.

Não acabei a frase porque naquele momento já não havia nenhuma palavra a ser dita, sentimentos foram expostos e descobriram ser mútuos, medos foram perdidos e a verdade fora dita.

- Bella, eu também não sei o que é isto que sinto por ti mas tenho um forte palpite e estou totalmente disposto a experimenta-lo contigo mas não posso nem quero fazer nada sem o teu consentimento porque, como já disse, a única coisa que quero é fazer-te feliz então … - respirou fundo – Isabella, aceitas namorar comigo?

Afinal estava completamente errada, ainda haviam palavras a ser ditas naquela noite e Edward proferiu-as. Assim que ele me pediu em namoro senti o meu coração aquecer-se e uma felicidade imensa tomar conta de mim. Podia ainda não ter certezas sobre o que sentia por ele mas neste momento não tinha dúvidas da resposta certa a lhe dar. Lembro-me de a minha mãe dizer-me uma vez para viver enquanto podia, aproveitar a vida e sonhar porque enquanto somos jovens e sonharmos tudo se pode tornar realidade, e era isso que eu iria fazer, aproveitar a vida. Com essa certeza disse ao Edward a única resposta possível:

- Sim. – e sorri fazendo-o retribuir o sorriso.

Agora eu tenho a certeza que não havia mais nenhuma palavra a ser dita apenas um gesto a ser feito.

Eu e Edward aproximámo-nos lentamente, aproveitando o momento, aproveitando a companhia, aproveitando o facto de estarmos ali sozinhos e eu ter deixado o telemóvel no telemóvel não havendo assim nada que pudesse interromper o nosso momento, o momento em que os nossos lábios finalmente se tocaram.