(POV Elena)

Um mês haviam se passado, esconder tudo de Carol era cada vez mais angustiante. Não tinha mais forças para sair, mal saía do meu quarto. Meu sentimentalismo aumentou cada vez mais, eu chorava todas as noites com o meu desespero.

Era angustiante, torturável, era como se uma forte depressão caísse em cima de mim de repente. Meu futuro era o que estava na minha cabeça todo o santo tempo, estava com apenas alguns trocados já que eu não trabalhava a tempo. A verdade era que esconder de Carol era algo impossível, ela já havia sacado.

Todos os dias ela vinha no meu quarto para tentar fazer me abrir, eu sempre falava que estava doente ou algo do tipo. Eu tinha medo, estou com medo, um medo extremo. Mas eu já havia me decidido. Eu não queria ser ninguém. Não mesmo.Carol bateu na porta.

– Lena, hoje é sexta que tal irmos à Royal? – Não, não, não. Royal não.

– Ah... Loira, estou com dor na cabeça, acho que não seria uma boa ideia.

– Ok... chega! Para! Não aguento mais você dizer sempre a mesma coisa. Já é a quinta sexta que te chamo para sair e você recusa. O que está pegando?

– Nada Loira. – Respondi me virando.

– Elena! – Me olhou com um olhar profundo.

– Não é nada. Só estou com mal estar

.- Elena, você não quer que eu caia nessa mentira não é? Sou sua amiga a um bom tempo, não consegue me enganar.

– Não sei o que está falando. – Disse com um sorriso amarelo nos lábios.

– Ah... mas você sabe... sabe sim. Fale.- Carol, mas que droga, não tenho nada.

– Quando lhe disse no mês passado que eu havia visto Damon na padaria, você não demonstrou felicidade, fingiu. E as milhares de noites que eu ficava na sua porta ouvindo seu choro depressivo. Elena, eu quero te ajudar, mas parece que você não está me ajudando. Me diz Lena, por nossa amizade o que está acontecendo? – A olhei surpresa, meus olhos se encheram de água, minha garganta havia se travado. Droga Elena!

– Não posso. – Respondi com dificuldade.

– Lena... vou tentar mais um vez... O que está acontecendo? – Não sabia se a dizia ou não.

– Eu... estou com medo. – Ela me olhou estranho.- Medo? De que?

– Carol, eu não estou bem, eu preciso da sua ajuda... – Chorava desesperadamente, afundei minha cabeça em seu pescoço, a abraçando forte.

– Lena! Deus! Me diga. Porque quer minha ajudar? O que fizeram com você?

– Carol, estou pensando em sair daqui, me mudar. Não muito longe mas me mudar...

– Não! Não vai, nem pense nisso.

- Carol, preciso que me entenda.

– Não consigo. Minha amiga mudou de repente de um jeito.

– Carol, te prometo que não é nada grave, mas preciso de um espaço, não quero lhe incomodar, e mesmo que não incomode, preciso de um espaço.

– Porque Lena? Por que?

– Lhe conto depois. Preciso que me ajude.

– Lhe ajudo no que precisar.

– Estou meio sem jeito, mas não trabalho a um tempo, não tenho muita grana para alugar um apê, será que pode me ajudar?

– Claro, mas quero que me conte depois.

– Contarei. – Abri um sorriso sincero e lhe dei um abraço forte.

(POV Damon)

Já se havia passado um mês que eu não ia à Royal, e todos esses dias eu estava pensando na mesma coisa. Eu tinha que parar de ser tão idiota, já me deixei levar por um tempo por isso. No mínimo ela já havia esquecido tudo que havia falado, e com certeza havia voltado para a avenida.

Ok, isso já faz um mês e eu tenho que esquecer, para sempre. Vou para Royal hoje, e nada, absolutamente nada vai me magoar. Nem mesma ela. Elena.

(...)

Ouvi alguém bater na porta e fui atende-la. Era Ric. Como sempre.

– Ric, que surpresa em te ver aqui. - Falei com sarcasmo.

– Damon, Damon, Damon... sei que sentiu minha falta. Ah! Vim aqui de novo para te pedir novamente e não aceito não como resposta.

– Pode deixar Ric, hoje não terá não. Vou à Royal.

– Só pode estar brincando? Serio?

– Sim, mas agora chega porque eu estou ficando assustado. Vou me arrumar, vai ficar aqui?

– Quem? Eu? Não... Vou encontrar uma gatinha hoje, marquei as oito horas e já são sete e quarenta e cinco então... to vazando. - Disse caminhando até a porta.

– Tudo bem... - Fechou a porta. - Ric.

Fui para o meu quarto, escolhi uma roupa adequada e fui tomar um bom banho.

(POV Elena)

– Então... você planeja se mudar por agora? - Carol me perguntou, olhando para o chão. Eu podia ver sua tristeza, aquilo me doía.

– Planejo. - Sorri fraco.

– Olha Lena... Eu não sei se vou conseguir viver sem você aqui, quero dizer nós moramos juntas a tanto tempo, somos praticamente irmãs, alias somos irmãs. - Carol falou desesperada.

– Calma loira, calma. Está agindo como se eu fosse me mudar para outro planeta.

– Na verdade, é como se fosse. Não vou ter você aqui, para quem vou dar conselhos? - Eu ri altamente.

– Ai loira, não se preoculpe ok? Está tudo bem.

– Ok. - Deu um sorriso fraco.

– Bem... eu e Klaus vamos no cinema, vai com agente? - Pensei bem na resposta, já havia me abrido para Carol, não sobre tudo, mas sobre grande parte. Não podia dizer não.

– Sim, claro. - Sorri.

– Deus! Até que fim! Você aceitou algo que eu pedi! - Me deu um abraço forte, me sufocando.

– Ok loira, já pode me soltar. - Disse batendo de leve em suas costas.

– Desculpe, me empolguei.

– Percebi.

– Bem... eu vou me arrumar... vá se arrumar.

– Ok, senhorita. - Ri da minha tamanha idiotice. Fui para o quarto, escolhi uma roupa e fui tomar um banho relaxante.

(POV Damon)

– Damon? - Ouvi Ric me chamar.

– Estou no quarto. - Gritei.

– Oh Deus! Damon você parece uma mulhezinha, olha o tempo que eu sai!

– Ok Ric, já estou pronto tá? - Disse aparecendo na sala. Logo percebi que Ric, trouxe junto com ele sua ''mulher''.

– Vamos? - Perguntou.

– Vamos. - Afirmei. Descemos até a garagem, peguei meu carro e fomos para a Royal. Em todo o caminho Ric como sempre ficava se agarrando com a ''mulher''. Eu não sabia o nome dela, ok? Ela era muito estranha. Ric tinha essa mania de se agarrar com suas ''mulheres'' no MEU carro.

– Vão para um quarto, por favor!

– Cala a boca Damon. Sonha estar em meu lugar. - Não acredito que ele disse isso.

– Não amigão, não mesmo. Assim que chegamos, percebi que estava sem movimento algum. Só havia no máximo 25 pessoas. Nunca vi essa boate tão parada.

– Hey Damon! Pode me dar a chave do seu carro? - Ric perguntou.

– Não?

– Por que?

– Porque meu carro não é motel Ric! Vá para o banheiro, sei lá. Sem chance não no meu carro. Nem pensar.

– Ok, já entendi. - Ric saiu bufando.

Chato, chato, chato. Que festa chata. Fui para o balcão de costume e pedi uma bebida. Algo se aproximou

– Olá. - Não reconheci a voz.

– Olá?

– Sou Mila, e você é?

– Damon. - Sorri fracamente.

– Então Damon, o que faz aqui? Não parece estar se divertindo.

– Não estou.

– Como havia dito. Mas, então... o que ainda faz aqui?

– Desculpe Mila, mas nós não nos conhecemos.

– Ah por favor, não sou uma assassina.

– Tudo bem... não sei porque ainda estou aqui, na verdade, eu gosto daqui mesmo estando vazio.

– Também gosto daqui, mas não quando está vazio.

– Olha, você gostaria de ir na minha casa?– O que eu havia falado? Idiota.

– Uou! Você é rápido!

- Desculpa, eu não queri...

– Não. Tudo bem, vamos. - Ela sorriu. O que diabos eu estava fazendo droga?

(POV Elena)

– Pode ser ''Para sempre''? - Carol perguntou.

– Tanto faz. - Sorri.

– Lena, você não gosta de filmes romanticos, então...

– Quem lhe disse que eu não gosto?

- Você nunca ve Lena.

– Então meninas já decidiram? - Klaus perguntou. Nós nos entre olhamos.

– ''Para sempre''. - Respondi.

– Ok, vou comprar os ingressos, já volto. - Klaus saiu.

– Fiquei feliz por ter aceitado vir no cinema com agente. - Carol puxou assunto, estava com tanta pena de Carol, ela estava sofrendo muito por saber da minha mudança.

– Acho que eu precisava me destrair. - Sorri.

– Claro, não saía de casa há um mês. - Eu realmente não sabia o que dizer, estava tudo tão estranho.

– É... - Falei meio sem jeito. Carol sorriu fracamente.

– Prontinho. O filme é as oito, então é melhor irmos comprar logo a pipoca. - Klau falou, logo puxou Carol pela cintura e fomos até a fila da cantina. Carol e Klaus pegaram pipoca e eu apenas um suco. O filme era bem romantico, era estranho como eu agia a esses tempos para cá, eu costumava odiar esses filmes, mal acreditava no amor, bem... ainda mantenho essa hipótese. Acontece que eu nunca agi desse jeito e eu mal posso acreditar que estou chorando agora.

Droga. Olhei para Carol, ela estava aninhada a Klaus, na verdade, estavam se beijando apaixonadamente. E para a minha felicidade havia outro casal ao meu lado. Ótimo.

– Am... Carol? - A cutuquei. - Carol? Deus! Carol!

– O que foi Lena? - Ela disse abafada.

– Vou ao banheiro.

– Tudo bem. - Ela sorriu.

Passei pela a minha fila e fui para o banheiro. Assim que cheguei lá, vi duas meninas, uma morena e outra loira. Eram muito bonitas, usavam um vestido curto e conversavam abertamente.

– Sei lá miga, acho que vou encontrar com ele hoje. - A loira disse.- Ele me desejava tanto, juro, me pagou até mais do que pedi.

– Ai que bafo miga. Mas você acha mesmo que ele volta? - A morena perguntou.

– Com certeza! Ele amou o meu trabalho. Diz ele que eu sei fazer algo com a lingua que ninguem consegue. – Meus olhos se arregalaram automaticamente, eram putas? Como... eu? Mas eu não sou assim. Sou?Elas continuaram com esse papo que me revirou o estomago, mesmo estando lá. Saí de lá rapidamente. Na verdade, eu não queria voltar e ver toda aquela melosidade de novo. Estava rodeada daquilo, e me deixava cada vez mais para baixo. Mandei uma mensagem para Carol.

Mensagem 22/10/12 21:02

'' Loira, estou passando um pouco mal, acho que estou enjoada ou algo do tipo. Vou voltar para casa, bjs lena.''

Logo recebi sua mensagem.

Mensagem de: Loira

22/10/12 21:04

''Ok Lena, tudo bem... bem... cuide-se, nos vemos em casa. Bjs Carol.''

Ok, eu menti e muito. Só não queria ficar mais ali. Todos se amando, aquilo não era para mim, não mesmo. Talvez seja porque eu nunca me senti apaixonada por alguém, o que deve ser uma coisa boa ... ou ruim. Mudanças de humor, sentimentos a flor da pele, sedentarismo. Ok Elena o que está acontecendo com você?

(POV Damon)

– Então... está é a minha casa...

– É muito bonita. - Ela disse retirando seu casaco, o peguei e o suspendi no sofá.

– Obrigado.

– De nada... Am... por que me trouxe aqui Damon?

– Não sei, na verdade, eu... acho que... estou um pouco... só.

– Sozinho? - Disse se sentando no sofá.

– Sim.

– Impossivel. Mas... acho que posso te ajudar. - Ela esboçava um sorriso malicioso. Oh não...

– A-acha? - Gaguejei.- Uhum. - Disse se aproxiando. Logo me rodeiou e retirou meu casaco devagar, massageando minha pele.

– Não... por favor. - A pedi.

– Shii! Calado. - Me jogou no sofá e subiu em cima de mim.

– Mila?

Seu dedo logo foi ao meus lábios, os calando. Puxou minha gravata, a afroxando e começou a dar beijos no pescoço. Eu não conseguia me mover. Ouvi a campanhia e logo a empurrei rapidamente correndo para a porta, sem olhar no olho-mágico e me deparei a ela.

– Elena?