Silêncio Dos Inocentes escrita por Kebi Sayid, Mereço Um Castelo, ECdesativado


Capítulo 1
Capítulo 1 - A Menina Dos Dixon


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo já foi ao ar no blog. Dia de postagem é as quintas.E será postado nos dois lugares, mas o blog tem "preferência" . Anne Sophie é uma personagem criada por mim.
Espero que gostem, pode parecer meio estranho no inicio, mas logo os Cullen aparecem.



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Anne Sophie :
Trinta de Abril de 1945..


O mundo está em festa, os Aliados vencem a segunda grande guerra..”Essa era a notícia que ouvi tocar no rádio, enquanto arrumava a mesa  do café da manhã. Meu pai acordará cedo e tinha levado Joseph e Walter para a lavoura. Eu adorava ouvir o rádio, sempre ficava imaginando as coisas que eles falavam.

A maior infelicidade que tive foi de nascer mulher e ainda por cima sem renda. Eu não sabia ler e muito menos escrever, então trabalhava minha mente com fantasias que escutava no rádio, ou histórias que eram contadas nas tardes de Domingo pelo velho John.

Eu ainda lembrava suas palavras sobre a história do bravo guerreiro que ele me contou:  “O Bravo Aquiles teve a ideia de construir um cavalo gigante para entrar na cidade de Tróia...”.  E imaginava a grandiosidade que era o cavalo, pois a forma como o velho John contava fazia dessa história o mais impressionante dos contos.

- Anne Sophie – Minha mãe chamou. Voltei à realidade e olhei-a com respeito. Nós éramos pobres, mas o respeito sempre nos era ensinado logo nos primeiros anos de vida. Minha mãe tinha uma pele um pouco bronzeada, devido à vida dura que levamos na fazenda. Ela é uma mulher bonita, tem cabelos castanhos e seus olhos são da mesma tonalidade.

- Senhora... – Respondi rapidamente, procurando não olha-la nos olhos. Ela me entregou um saco. 

- Vá alimentar os animais. – Falou indiferente peguei o alimento dos animais eu fui para o curral. Primeiro alimentei a vaca. Ela meio que bufou. Eu olhei para aquilo. 

- Olha veja só, não gostou alteza? – Falei olhando-a. – Pois não terá mais! – E comecei a rir. Deixei o saco no chão, subi na divisória e passei a andar ali me equilibrando. 

- Diga-me nobre vaca... O que lhe perturba? Porque não deseja a ração? – Falei brincando de equilibrista. Quase caindo. A Vaca bufou novamente e fez-me rir. Fiquei imaginando ela falando comigo e passei a imitar. Pulei da divisória e alimentei o resto dos animais. Sempre tentava me distrair, principalmente brincar, tudo é tão serio aqui em casa. Era a mais nova de três irmãos. O mais velho, Joseph, tem 18 anos, Walter tem 17, eu tenho apenas 15 anos.

Fiz o que minha mãe pediu e fiquei olhando o pequeno lago que tem em nossa humilde propriedade. O dia estava muito quente em Oldham, não podia ser visto nenhuma nuvem no céu.  Olhei minha imagem refletida no lago. Gostava de fazer isso, não tinha espelho em nossa casa, então o reflexo do lago era o único refúgio para que eu pudesse ver-me. Tinha cabelos castanhos, semelhante à cor caramelo. Meus olhos eram verdes, escondia meu corpo com uma grande saia estampada e a blusa branca estava por dentro. 

Sentia-me horrível, pois eu sempre usava roupas de minha mãe, ou de alguém que por caridade dava-me algumas peças. Eu detestava sair da fazenda, as pessoas sempre zombavam de nós. E principalmente de mim, para as pessoas eu era a menina estranha da fazenda do noroeste da cidade. Ou a estranha filha dos Dixon “A menina fantasiosa dos Dixon” eu sempre era taxada assim, pelo o fato de sempre dar ouvidos ao velho John.

Fiquei algum tempo olhando para a minha imagem no lago e pude ouvir as vozes de meus irmãos e de meu pai. Oh eu tenho que correr. Eles não podem me pegar aqui e principalmente meu pai ele irá fazer-me em  pedacinhos. Voltei correndo e assim que cheguei minha mãe estava com uma vara nas mãos. 

- Onde esteve por tanto tempo! – Ela gritou e bateu-me, o barulho que a vara fez no ar fez-me soltar um pequeno grito. Apanhei em silêncio. Não podia protestar. Foram cinco varadas.

- Eu a mandei alimentar os animais, passou a manhã inteira longe. – Ela falou e agrediu-me novamente. A primeira lagrima caiu e tratei de limpar logo. Ela percebeu e parou.

- Vá se lavar! Se teu pai te ver assim é capaz de levar uma surra de verdade. – Falou e eu cheguei a tremer. Meu pai. Que seu cinto permaneça longe de mim. Já assisti surras de Walter, pedia a Deus para que eu nunca apanhasse daquele jeito e que meu irmão também nunca mais fosse agredido assim. Corri até o sótão, onde era o meu quarto, debrucei-me sob a cama e comecei a chorar, era um choro calado. O que eu fiz? Eu havia feito tudo o que ela me mandou, só estava vendo o tempo.  O que há de errado nisso?

Depois de alguns minutos tratei de descer, não queria dar motivos a minha mãe para que ela viesse me buscar. Assim que cheguei meu pai olhou-me e sentou-se na cadeira para o almoço. Fizemos uma oração e passamos a comer. O silêncio predominava. Estávamos comendo as sobras do jantar de ontem.

- Amanhã iremos à cidade vender os legumes que colhemos. Anne, você irá conosco. – Disse meu pai. Eu me retrai, mas não pronunciei a minha insatisfação. Eu tenho medo de meu pai, e o respeito somente pelo medo. Assim que terminamos a refeição os rapazes saíram e minha mãe também, meu pai havia chamado. 

Comecei a retirar os pratos e lavei tudo. Assim que terminei fui para o lado de fora e vi meus irmãos deitados perto de uma árvore... hesitei em ir. Afinal levei 15 varadas de minha mãe mais cedo. Walter ficou me olhando.

- Sophie, o que está esperando, irmã! – Falou sorrindo e com os braços cruzados sob o peito. Dos meus dois irmãos, Walter era o que eu mais amava. Chegávamos a ser cúmplices. Joseph era muito legal, mas ele era mais reservado. E por ser o mais velho às vezes pegava em meu pé. Mas sei que ele me ama também. Saí, minha mãe não estava na parte de baixo, tinha subido com meu pai para o quarto e sabe Deus o que estão fazendo.

Fui até eles e me sentei ao lado de Walter.

- E então... Como passou a manhã? – Perguntou-me rapidamente. Comendo uma fruta. 

- Bem.. – Falei incerta. Ele me olhou deu uma mordida no fruto e Joseph me olhou.

- Bem.. Anne pare. Sabemos que tem algo errado. Seu rosto não é nada amigável minha irmã – Joseph falou eu me contorci toda, não gostava de admitir que apanhei da mamãe. Mas eu não podia enganar-lhes.

- Eu... Eu me distrai pela manhã quando fui alimentar os animais e levei 15 varadas da mamãe. – Falei corando. Walter tocou em meu braço.

- Não fique assim – Ele falou tirando os fios de seus cabelos castanhos do rosto. – Sabe como são nossos pais. Volte a sorrir Sophie. Gostamos do seu sorriso. – Ele terminou e eu dei um sorriso amarelo para eles.

- Oh, até Ruddy pode sorrir melhor que isso Sohpie! – Joseph falou sorrindo. Eu o olhei.

- Você está me rebaixando a um cachorro? – Falei sem acreditar que ele fizera isso. Eles caíram na gargalhada. E me fizeram rir com eles. Ficamos ali até que o sol começou a desaparecer e fomos chamados para dentro, nossos pais estavam desconfiados quando entramos. Principalmente minha mãe e eles estavam demasiadamente próximos, aquilo significava algo.

Eu tremo só em lembrar-me. Foi por isso que Walter levou uma surra do papai, meu irmão estava observando eles pela fechadura. E o papai acabou vendo. Nosso jantar estava calmo, Walter fazia algumas caretas, claro que escondido de nossos pais e o Joseph segurava-se para não rir junto comigo.

Na manhã seguinte, acordei com os raios do sol em meu rosto, o sótão é o primeiro lugar por onde entra a luz do sol. Para meu azar esse era meu aposento. Às vezes eu desejava ser invisível para que ninguém me perturbasse. Não foi um mero acaso pensar isso, eu vou à cidade. E com toda certeza gostaria que o manto da invisibilidade caísse sobre mim. 

Quando desci vi que todos estavam ao redor da mesa comendo. Eu fiquei tensa. Meus pais olharam-me bravos, eles vão dizer-me muito por conta de minha demora. Walter olhou para cima. 

- Venha Sophie... Temos uma longa estrada pela frente, alimente-se. – Ele falou antes de qualquer pessoa. Ele é louco, papai pode corta-lhe a língua por isso. Walter não tem medo da morte, só pode. Eu desci rapidamente, peguei o meu pedaço de pão e um copo de leite. Tratei de tomar e comer logo sem querer mais confusões.

Momentos depois do café da manhã partimos para a cidade, eu estava me preparando. Por favor, ninguém caçoe de mim. Era o que eu implorava pelos pensamentos. Passamos algumas horas no caminho e logo chagamos à feira. As pessoas começavam a nos olhar. As damas, ou melhor, garotas que estavam bem vestidas olhavam-me, riam baixo e cochichavam isso me irritava profundamente. Montamos nossa amostra, meus irmãos foram dar uma volta com meu pai e um jovem se aproximou.

- Quanto custa isso? – Perguntou, pegando as batatas. Minha mãe informara o preço e ele passou a escolher a que mais agradava. Estava com roupas quentes e de manga cumprida. Estava um calor dos infernos e ele vestido assim  usando um chapéu ridículo que deixava sua cabeça parecendo ainda mais com uma forma de rolha.

Deu-me o dinheiro, eram muitas moedas. Eu não sabia o que fazer com aquilo fiquei com todas as moedas em minhas mãos e guardei. O homem pareceu enfurecer-se.

- Como ousa roubar-me, sua menina tola! Você está me roubando! – Ele gritou e todo o mercado ouviu. Eu não sabia o que fazer, não entendia o que estava acontecendo. Não sabia contar, então rapidamente retirei todas as moedas de meu bolso e estirei a mão para o senhor. Vi meu pai vindo. Assim que ele chegou interou-se do assunto.

- Perdoe senhor, essa menina é desprovida de inteligência. – Meu pai falou, eu o olhei, minhas mãos começaram a tremer, meu pai acabara de me chamar de burra. Senti meus olhos começarem a arder.

- Quem sabe com uma boa surra não comece a ter – o senhor falou e meu pai disse:

- Ela conhecerá o seu destino agora mesmo. – Ele falou tirando seu cinto, então eu olhei para cima deixando minhas lagrimas caírem em completo desespero.



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Notas finais do capítulo

Deixem suas opiniões.
Beijoas Kebi.



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