Não era surpresa que Rhonda desse as melhores festas. Isso era um requisito mínimo para um Lloyd: ser um perfeito anfitrião. Infelizmente para ela, não se dava para ter uma festa com um grupo pequeno e limitado que eram considerados seus amigos, então acabava por deixar que qualquer um de seu ano aparecesse.

- Não é que eu esteja te convidando, mas se quiser passar por lá mais tarde… - tentava deixar claro.

Mas, obviamente, ninguém era bobo o bastante de não comparecer.

Aquele ano, Rhonda estava resolvida a dar uma festa antes do Halloween. No dia 31 de Outubro ela daria outra festa, mas queria dar uma antes simplesmente por capricho.

- E você vai na festa da Rhonda? – Arnold perguntou a Gerald. Estavam jogando videogame na sala do moreno, esperando que Timberly, a caçula dos Johanssen, trouxesse algo para comerem.

- É claro! Quem é que não vai? – Gerald fitou o loiro, desconfiado. – Você vai, né?

Sob o olhar de desconfiança do amigo, Arnold respondeu com rapidez.

- Ah sim, vou…

- Aqui está, rapazes. – Timberly disse, colocando uma bandeja com dois copos de refrigerante e sanduíches sobre uma mesinha perto deles. – Mais alguma coisa?

- Não, agora sai da frente ou vou perder a vida extra! – resmungou o irmão, a empurrando para o lado.

- Obrigado, Timberly. – o loiro agradeceu-a, sorrindo.

Os olhos da garota de treze anos brilharam.

- De nada, Arnold! – respondeu com entusiasmo e ficou em pé ao lado deles, com a postura um tanto empinada demais, Arnold achou.

Gerald olhou de esguela para a irmã e revirou os olhos.

- Tim, o Arnold não liga se você usa sutiã agora, vai brincar com suas bonecas, vai!

Timberly adquiriu uma expressão de quem iria chorar e saiu correndo escada acima.

- Gerald, você é um idiota! – berrou do segundo andar e bateu a porta do quarto com força.

O moreno olhou para o lado e constatou que o amigo estava de olhos arregalados.

- Ah, o que é? Aquela menina é irritante! Se você tivesse uma irmã como ela… - Gerald se calou antes de finalizar a frase.

Tal comentário lembraria Arnold do porquê dele não possuir irmãos, o que tornaria toda a situação desconfortável. Não que ele fosse despencar em lágrimas nem nada, já estava bastante conformado com a realidade, mas ainda ficava chateado.

- Hã… Pelo menos o sanduíche está bom. – Gerald disse, mastigando.

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Phoebe tocou a campainha da casa dos Pataki. Ela estava usando uma blusa preta justa coberta por um bolero branco, combinando com uma calça jeans.

Quem abriu a porta foi Big Bob.

- Boa noite, Sr. Pataki. A Helga… - a garota não teve tempo de terminar o que dizia.

- Quer ver a Olga? Ela está lá em cima se arrumando pro churrasco ou aniversário, tanto faz! – falou, impaciente e dando passagem a Phoebe. Esta notou uma movimentação na sala, parecia que estava havendo algum tipo de reunião animada.

Subiu as escadas e entrou no primeiro quarto à esquerda, após bater na porta. Se deparou com Helga tentando fechar o zíper nas costas do vestido azul que usava.

- Hey, Phoebe! Pode me ajudar aqui?

- Claro, Helga. – foi prontamente ajudar a amiga. – Por acaso está havendo alguma coisa lá na sala? – perguntou, casualmente, fechando o vestido.

Helga suspirou, indo checar o visual no espelho.

- É a Olga com o maridinho perfeito… - resmungou a loira. – Agora tudo se resume à eles e o bebê!

Phoebe notou o olhar chateado da garota, mas prefiriu não comentar. Já não era segredo que Helga era a que menos recebia atenção na casa.

- Vamos então? – sugeriu Helga, pegando a bolsa.

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A música era ouvida a dois quarteirões da residência dos Lloyd e era um milagre que a polícia não tivesse aparecido por lá ainda. Arnold bateu na porta e Rhonda atendeu, trajando uma roupa tão justa que o loiro ficou imaginando como a garota conseguia respirar.

- Ah, é você. – falou ela, revirando os olhos. – Entra!

Arnold pouco ligou para a indelicadeza da anfitriã e entrou assim mesmo. Não demorou para encontrar Gerald que aguardava o amigo ali à frente das escadas.

- Então, você apareceu, hein? – Gerald disse, fazendo o cumprimento que sempre fazia com Arnold. –- A Lila já apareceu.

- Por que diz isso? – o outro arqueou uma sobrancelha.

- Por nada. – o moreno deu os ombros, fingindo indiferença.

- Pensei que já tivesse entendido que eu não sinto mais nada por...

- Sei, sei...

- Mas é verdade! – Arnold começava a se zangar um pouco.

- Relaxa, cara! Eu acredito... – respondeu, mas seu tom de voz indicava o contrário.

Então, Stinky chegou até eles.

- E aí, caras! Já experimentaram esse negócio? Tá uma delícia! – falou o garoto alto, distruibuindo uma bebida azulada para eles e segurando uma para ele próprio.

- E isso... Tem álcool? – Arnold perguntou, inocentemente observando o copo.

- Se tem álcool? É claro que tem álcool! Que tipo de festa seria essa se não tivesse álcool?

- Bom, er, é proibido. Quer dizer, não temos idade, certo?

Os dois fitaram Arnold por alguns instantes e logo começaram a gargalhar.

- Ah, Arnold, você é ótimo! – ria Stinky, limpando uma lágrima no canto olho.

- Relaxa, é só um copo. Não é como se você fosse ficar bêbado ou algo assim! – Gerald tentava tranquilizar o amigo, que deu um meio sorriso em resposta não tão satisfeito. – E, além disso, você precisa se preocupar menos... Tem dezesseis anos! É normal fazer coisas que sejam contra as regras.

Mesmo que sua consciência fosse pesar depois, Arnold decidiu desrespeitar as regras para variar, tomando todo o conteúdo do copo num único gole.

- Uhul! É isso aí, Arnold! – Stinky deu um tapa nas costas do loiro e saiu andando.

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Ele estava zonzo. Não sabia se era o mundo ou ele que estava girando, mas tinha certeza só de uma coisa: nunca havia se sentido tão confiante na vida! Lançava olhares galanteadores para todas as garotas atraentes que cruzavam seu caminho, coisa que nunca faria se estivesse são, afinal, era muito tímido com o sexo oposto quando o assunto era mais que amizade. Podia não ser grande coisa, mas para ele já era muito.

Finalmente, encontrou um quarto com sacada. Estava muito quente, ou era só ele? Ar, precisava de ar. Apoiou-se no mármore, inspirando fundo.

Então, ela o viu. Helga ajeitou os cabelos mesmo estando impecáveis e sustentou o melhor dos sorrisos. Aproximou-se com cautela e olhou para o rosto do loiro.

- Oi.

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