Depois de mais um dia de trabalho duro – Aham, roqueiros também trabalham. – na PS Company, por causa do novo CD* e uma futura turnê, Kou e eu voltamos para o nosso apartamento, chegando lá fui em direção ao sofá pegando meu violão e indo me aperfeiçoar um pouco mais. – Na verdade eu queria tocar, para ver se assim as estúpidas aflições que atingiam minha mente iriam sumir, mesmo por alguns segundos. – Uruha pegou o seu violão sentando-se ao meu lado e dizendo que também precisava melhorar suas habilidades. – Como assim melhorar? Mais ainda? –

Sempre acreditei que isso não era necessário, eu sempre admirei demais o Kouyou, porque ele podia ter aquele jeitinho deveras lento e meio desligado, – O que eu sempre achei adorável nele. – mas quando o negócio era tocar ele fazia aquilo com perfeição, quase nunca errando e tenho certeza que foi por meio dessa minha admiração que veio a minha paixão e logo em seguida o mais puro e verdadeiro amor – Tá legal, eu sei, isso foi muito gay, mas é a verdade. – que felizmente descobri ser recíproco.

E o que eu sou? Sou só um caipira que toca de forma razoável e que tem que ficar repetindo o mesmo acorde quase cem vezes até que se tornasse algo audível. – Pois é eu admito, sempre senti um leve complexo de inferioridade em relação ao Kou e pode parecer estúpido, mas às vezes chego a pensar por que ele continua ao meu lado. –

- Yuu... – Ouvi ele me chamar assim que terminávamos de tocar Okuribi, me tirando bruscamente daqueles devaneios.

- Hã? – Falei voltando a realidade.

– Estou sentindo que você está meio distante esses dias. Aconteceu alguma coisa? – Falou com uma notável expressão de preocupação em seu rosto.

– Não foi nada, tá tudo bem, eu só ando um pouco cansado por causa da rotina de ensaios. – Não era necessariamente uma completa mentira, eu estava mesmo estafado por causa do trabalho.

– Shiroyama Yuu, eu sei que você não está sendo realmente franco comigo. – Franziu o cenho de leve ainda me encarando.

– Como assim? – Tentei desconversar desviando meu olhar para baixo rapidamente. – Por que você acha isso? –

– Porque você não está me olhando diretamente nos olhos. – Afirmou deixando seu violão sentando- se ao meu lado e eu imitei seu gesto. Ele estava certo, toda a vez que eu tentava esconder algo dele e não conseguia, eu desviava o olhar para baixo ou começava a fitar o chão, era como se eu estivesse envergonhado ou algo assim. – Yuu, eu e você dividimos a mesma cama e você sabe que eu sempre te conto tudo, mesmo que seja algo embaraçoso demais. – Continuou me olhando de forma doce e levando uma de suas mãos ao meu rosto fazendo uma pequena caricia. – Então, me diz o que você tem. – Finalizou sem parar aquele carinho e eu senti meu rosto esquentar.

– É que eu to tendo aquilo de novo. – Falei relutante.

– Aquilo? – Perguntou confuso

– É, aquele complexo estúpido de inferioridade, sabe? Eu sinto que eu e você não estamos em níveis iguais, você é sempre tão bom em tudo, eu não estou falando apenas de você tocar maravilhosamente bem, mas também por que você é maravilhoso por completo. Você é humilde, gentil, doce e está sempre disposto a ouvir os outros e a ajudá-los. – Dei um pequeno suspiro melancólico e prossegui. – Já eu sou um resmungão, preguiçoso, imaturo e que nem sequer se importa com os problemas das outras pessoas. Creio que minha única qualidade é ser altamente responsável, ou seja, comparado a você eu não sou nada de mais e eu nem sei por que você gosta tanto de mim. – Abaixei de leve minha cabeça e ouvi uma risada baixinha vindo de Kouyou.

– Yuu, você é realmente imaturo, hein? – Indagou pondo sua mão em meu queixo, levantando o meu rosto calmamente. – Não me importa que você seja um resmungão, chato, preguiçoso ou completamente fechado, o que realmente me deixa triste é esse seu complexo bobo e esse seu pensamento de que sempre será rejeitado. – Falou dando um breve suspiro e prosseguiu. – Você tem que se dar conta de apenas uma coisa, que eu não amo você só pelas suas qualidades, mas também amo você pelos seus defeitos, pois são esses defeitos que te fazem a pessoa mais maravilhosa para mim e que me fazem te amar a cada dia mais.** – Finalizou afagando meus cabelos e me dando aquele sorriso lindo que fazia meu coração aquecer.

 – Porra Takashima, você quer me fazer chorar, não é?– Falei deixando algumas pequenas lágrimas caírem.

– Bebezão. – Kou falou rolando os olhos e dando uma risada.

– Ah, é! Vou te mostrar quem é bebezão. – Falei começando a fazer cócegas no loiro, o fazendo se deitar no sofá gargalhando ainda mais.

– Para... Para com isso... Yuu... – Ele falava entre os risos enquanto eu ficava por cima dele sem parar com o ato.

–Aoi-chan quer brincar com o Uru-pon! – Continuava a dedilhar sua barriga com vontade enquanto fazia uma voz infantil.

– PARA AOI... EU NÃO AGUENTO! SHIROYAMA YUU, PARA COM ISSO AGORA! – Ele gritou entre as gargalhadas e fez um biquinho, então eu finalmente parei.

– Sabia que eu amo esse seu bico de pato. – Ri enquanto meus dedos seguravam seus lábios.

– Ah! Vai se fuder, seu beiçudo. – Kou disse dando um leve tapa em meu braço e rindo novamente.

– Mas bem que você adora meus lábios carnudos, admita. – Falei dando um sorriso de canto.

– O pior é que é verdade, hunf, eu sou muito tonto mesmo! – Ele disse rolando os olhos.

– Uru... – Chamei enquanto levava meu rosto de encontro ao dele.

– O que? – Sussurrou levando suas mãos novamente ao meu cabelo e voltando a acariciá-los.

– Você vai me amar pra sempre? – Perguntei dando um beijinho na ponta de seu nariz.

– Seu bobo, é claro que vou, sempre, sempre e sempre. – Após ele dizer aquilo, acabei com a distancia mínima que nos torturava, tomando aquela linda boca em formato de coração para mim, Uruha não demorou muito para abrir sua boca de leve, deixando que minha língua adentrasse aquela cavidade deliciosa intensificando o beijo, então fui acariciando sua barriga por debaixo da camisa, ele continuava com as mãos na minha nuca e continuava deixando seus dedos correrem livre pelas minhas madeixas, com certeza aquele havia sido um dos melhores beijos da minha vida, na verdade todos os beijos que tive com o Kou são maravilhosos, somente pelo simples fato de serem com ele, com o meu Kouyou.

Ficamos pelo menos uma hora trocando beijos quentes, carinhos e juras de amor naquele sofá, mas não passamos disso, afinal nós estávamos bastante estafados por causa dos ensaios, logo percebemos que já estava ficando um pouco tarde e amanhã teríamos outro dia cheio, então fomos até o nosso quarto, tiramos nossas roupas ficando apenas com as nossas boxers e fomos nos deitar abraçados na cama. Kouyou pegou no sono rapidamente, já eu fiquei um bom tempo distribuindo beijos em suas costas até chegar ao seu pescoço e sussurrando vários “Eu te amo” no ouvido dele até que finalmente senti minhas pálpebras pesarem e me entreguei ao sono.    

Eu sempre achei que era viadagem do Akira quando ele dizia que se pudesse se fundiria em um corpo só com o Takanori, para assim ficar ao lado do chibi para sempre e achava que era mais viadagem ainda da parte deles quando aquele alpinista de bonsai começava a se desfazer em lagrimas e os dois se abraçavam com forças trocando juras de amor, uma cena digna de “O Segredo de Brookeback Mountain”***, acho que naquela época eu estava com ciúmes da felicidade dos dois, por que agora que eu finalmente estou ao lado do meu amor, eu penso da mesma forma que o Reita, eu realmente seria mais feliz se pudesse sentir o calor daquela pele alva e tão macia, o cheiro inebriante de seu shampoo e as batidas leves e ritmadas de seu coração – que eu sabia que era apenas meu.- para sempre.