- Chefe Yorozuya – Okita repetiu pelo comunicador. – Está me ouvindo?

Gintoki pegou o comunicador e bloqueou mais um golpe do dorosei. Não entendia a razão do garoto sádico lhe fazer isso, mas não custava nada tentar descobrir o que era.

- Tô te ouvindo, sim, Okita-kun. O que você quer? Tô no meio de uma luta importante pela minha cabeça e não posso ser interrompido!

- Você sabia que tá lutando contra o líder dos dorosei?

O ex-samurai percebeu que o dorosei o atacaria por trás. Deu um giro para a direita e deteve novamente a espada de madeira de seu clone, e com muita força. O dorosei mais uma vez fez com que sua espada de madeira colidisse contra a de Gintoki, que conseguiu escapar abaixando-se para, por fim, responder:

- Claro que sei. O idiota aqui encheu a boca e disse que era o líder. O que isso tem a ver?

Antes que Okita respondesse, o dorosei chutou o rádio comunicador da mão de Gintoki, fazendo o aparelho cair longe. Mas que diabos Okita-kun queria com aquela conversa sem pé nem cabeça? Por que a questão de estar lutando contra o líder parecia tão importante e tão vital?

Precisava pegar aquele rádio comunicador antes que o dorosei o destruísse e descobrir o que aquele moleque queria dizer. Saiu correndo na direção do dorosei que já estava para fincar a espada no aparelho. Escorregou na lama, deslizando até o comunicador e, nesse movimento, conseguiu fazer uma entrada “de carrinho” nele.

Gintoki recuperou o rádio comunicador e disse:

- Desembucha logo, Okita-kun! O que você quer me dizer sobre esse líder dos dorosei que tá tentando me trucidar aqui?

- O líder dos dorosei tem um ponto fraco. Se você descobrir esse ponto fraco, pode derrotá-lo. E se derrotar o líder, automaticamente todos os dorosei também serão derrotados.

Mais uma vez o dorosei atacou Gintoki, que novamente tomou uma atitude defensiva. Quer dizer então que, se ele derrotasse o dorosei que enfrentava, acabaria com todos os dorosei invasores? Mas... Qual era o ponto fraco desse dorosei?

- Então qual é o ponto fraco do dorosei, Okita-kun? Desembucha!

- Se ele é a sua cópia, então ele tem o seu ponto fraco.

- Mas...

Uma espada de madeira acabou se enfiando no rádio comunicador, que entrou em curto e estourou, interrompendo em definitivo a comunicação entre Okita e Gintoki.

- É falta de educação falar ao rádio comunicador quando se está lutando. – o albino vestido de preto disse.

Gintoki revidou, acertando a espada do adversário e esmigalhando o aparelho já danificado.

- Também é falta de educação interromper chamadas alheias. – retrucou com ironia. – Espero que o Okita-kun não me cobre pelo rádio comunicador quebrado.

Os dois albinos se afastaram, tomando distância um do outro e se encararam mais uma vez, em meio à forte chuva que continuava a cair. Encharcados e enlameados, os dois procuraram retomar o fôlego perdido.

E essa parada fez com que Gintoki se lembrasse da dor do ombro esquerdo, seriamente ferido momentos atrás. O sangue parara de sair, mas a dor não cessara por completo. Ainda incomodava bastante.

Estava muito cansado. Na verdade, estava esgotado. Tinha que admitir que sua cópia era um adversário formidável, bastante difícil de ser batido... Se é que poderia ser batido.

Não poderia ser batido... Deveria ser batido.

Raciocinava consigo mesmo enquanto tomava fôlego.

“... E se derrotar o líder, automaticamente todos os dorosei também serão derrotados.”

“Se ele é a sua cópia, então ele tem o seu ponto fraco.”

Ao lembrar isso, uma pergunta pipocou na sua cabeça: Se o ponto fraco de seu clone era o seu ponto fraco... Qual era o seu ponto fraco? Lembrou-se de algo que acontecera momentos atrás e deu um sorriso triunfante.

Era hora de botar seu raciocínio em prática, e já!

- Por que esse sorriso na cara? – o dorosei perguntou.

- Você não é minha cópia? Tente ler minha mente, então!

O Yorozuya partiu para o ataque, já visando atingir o dorosei em algum ponto vital. Os dois caíram na lama e Gintoki por muito pouco não atingiu o pescoço do dorosei, que desviou a cabeça e fez com que o albino enterrasse a espada no barro. Os olhos azuis do dorosei se arregalaram ante os olhos vermelhos do antigo Shiroyasha, mais agressivos e mais focados na batalha.

O dorosei reagiu, acertando os pés contra o peito do ex-samurai, jogando-o para trás. Não era possível... Teria que usar seu último recurso para acabar com uma “matriz” tão trabalhosa de se eliminar como aquele albino.

O dorosei respirou fundo e fechou os olhos e, em uma fração de segundo, as mudanças aconteceram. Gintoki o atacou, mas acabou se detendo ao perceber que algo ali estava diferente. O físico do dorosei agora estava mais robusto, como o de Kondo, e os olhos azuis pareciam os de Hijikata.

- Ei, ei – Gintoki ironizou. – Só falta a sua bunda ficar peluda igual à do Comandante Gorila, não é?

- Quer que eu mostre que não mudei só o físico?

O dorosei avançou contra Gintoki, que conseguiu se esquivar de forma magistral do ataque. Porém, o Yorozuya não conseguiu escapar de levar um golpe muito potente da espada do dorosei, que se chocou com a sua e quase a quebrou. A potência do golpe foi tamanha que sua mão direita chegou a perder a força por um momento, deixando cair a espada.

“Porcaria...!”, pensou. “Esse cara tem a força da Kagura!”

Sentia que agora, sim, estava ferrado. Mesmo sendo bastante forte, não era um Yato. Como vencer a força de um clone seu que tinha a força de um Yato? Gintoki tentou botar a cabeça em ordem e arrumar seus pensamentos momentaneamente bagunçados por conta daquilo.

Foi quando lembrou que conseguira, sim, vencer um Yato, e isso lhe rendera o apelido de “salvador de Yoshiwara”. Raciocinou mais um pouco e lembrou novamente a frase que Okita lhe dissera antes.

“Se ele é a sua cópia, então ele tem o seu ponto fraco.”

Qual era o seu ponto fraco? Onde ele jamais deixaria ser atingido? Colocou-se na defensiva, já com a espada novamente em sua mão, quando percebeu que o dorosei novamente se aproximava.

Uma ideia iluminou sua mente e, quando o seu clone partiu para um ataque contra o Yorozuya, este não se mexeu do lugar. Ali permaneceu na defensiva, apenas vendo a espada do adversário vindo para tentar atingi-lo mais uma vez.