Novamente Herói. escrita por cabeçadealgas


Capítulo 14
Dia um




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A luz do sol me cegou por alguns instantes. Quando consegui ver, reparei onde estávamos. O tubo já havia chegado ao chão. Todos os outros tributos também haviam chegado. Estávamos em volta da cornucópia, ouvindo a contagem.

                A arena parecia gigante. No centro a cornucópia se erguia e dentro dela estavam mochilas, comidas, espadas... Bem perto de mim, consegui ver Katniss. Ela olhava para um arco e previ o que ela estava prestes a fazer, então esperei que ela olhasse para mim e fiz que não com a cabeça e ela pareceu entender.

                Apalpei o bolso da minha roupa e senti minha caneta. Sabia que não poderia usa-la, mas era reconfortante saber que ela estava ali.

CINCO

QUATRO

TRÊS

DOIS

UM

                Começou. Desci correndo do circulo e agarrei uma espada qualquer. Katniss ainda estava parada em seu tubo, então gritei:

-VAI, VAI!

                Ela pareceu entrar em si e saiu correndo na direção da floresta. Conseguiu pegar uma mochila amarela e corria desesperadamente. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Clove tacou uma faca em Katniss, que tropeçou e caiu, mas logo levantou e voltou a correr. Com um suspiro percebi que a faca havia ficado presa na mochila.

                Eu estava observando Clove e Katniss quando um garoto tentou me atacar. Era o maldito garoto do 4. Eu rolei para o lado e parei seu golpe com a minha espada. Podia ouvir em volta de mim gritos e risadas, mas não podia olhar. Ataquei o garoto, que desviou facilmente.

- Ah, vamos! – gritei – Você já sabe que eu sou melhor que você.

- Vamos ver isso.

                Ele me empurrou, mas não forte o suficiente. Dei apenas um passo para trás e então o ataquei.  Fiz com que a minha lâmina batesse no joelho do garoto, que caiu no chão gritando de dor. Eu poderia ter acabado com ele em um piscar de olhos, mas não consegui. Fiquei simplesmente olhando para ela, que tentava se levantar.

                Em um piscar de olhos, Clove apareceu ao meu lado e enfiou a faca no coração do garoto. Ela olhou para mim e cuspiu as palavras:

- O que você estava esperando?

- Eu não sei. – falei, olhando para o garoto morto aos meus pés.

- Merda, Percy! Eu não vou poder fazer todo o trabalho sujo aqui. Sorte sua que não vou contar para os outros. Agora, vamos.

                Fiz que sim com a cabeça e a segui. Ao nosso redor, o chão estava coberto de corpos.  Em torno dos 12 ou 13 corpos espalhados. Foi então que começou: 12 tiros de canhão sinalizando a morte de 12 pessoas. Tudo que eu conseguia pensar era “ Eu quase matei um menino”.  Clove parou ao lado de Cato. Logo Glimmer e Marvel, tributo masculino do 1, se juntaram.

- E agora? – Marvel perguntou.

- Agora a gente vai “caçar”. – Cato falou, com um sorriso no rosto. Eu entendi na hora que ele não se referia a caçar animais.

- Por que não nos dividimos? – perguntei. – Temos que deixar alguém vigiando as coisas, certo?

                Cato pareceu pensar por um segundo, mas logo deu de ombros.

- Certo. Eu, Clove e Marvel vamos. Você e Marvel ficam.

                 Sorri. Graças aos deuses eu não ia ter que entrar na caçada. Mas então Glimmer abriu a boca:

- O Percy é bom com espadas, precisamos de alguém que saiba atirar com o arco para ficar aqui. O Marvel sabe usar lanças e espadas, pode ficar.

- Não vou deixar o babaca do Marvel aqui sozinho. – Clove retrucou. – O Percy fica.

- Ei! – Marvel reclamou, mas quando Clove o encarou, ele ficou quieto.

- Eu fico, não tem importância. – falei.

                Clove sabia por que eu não deveria ir: não conseguiria matar ninguém. Ela queria me manter junto dos carreiristas, porque eu era o único realmente bom com espadas, mas eu era inútil em questão de matança.

- Eu fico também. – Glimmer falou. – Sei atirar. – quando Marvel olhou para ela com um sorriso debochado, ela acrescentou: - Mais ou menos.

- Que seja. – Cato gritou. – Fiquem vocês dois e Marvel vem conosco.

- Legal. – Marvel comemorou.

- Eu vou me arrepender disso. – Cato resmungou.

                Cato caminhou até a cornucópia e pegou um machado, uma faca grande e uma espada. Prendeu tudo no cinto da calça e olhou para mim:

- Se alguém pegar alguma coisa nossa: você está morto.

- Tanto faz. – resmunguei.

                Ele, Clove e Marvel entraram na floresta rindo e conversando. Glimmer olhou para mim e disse:

- Você cuida da esquerda e eu da direita.

- Acho que seria melhor a gente empilhar os nossos mantimentos antes. – ela fez que sim com a cabeça.

                Eu fui recolhendo as mochilas, armas, sacolas e tudo o mais da direita, enquanto ela ia pela esquerda. Os corpos já haviam sido levados por aerodeslizadores, mas o chão ainda esta sujo de sangue. Quando eu quase tropecei em uma poça de sangue, Glimmer riu:

- Cuidado, desastrado.

                Olhei irritado para ela, mas não respondi. Quando terminamos, ela veio falar comigo:

- Eu vou subir na cornucópia e se vir alguém, atiro ou grito para que você arranque a cabeça.

- Eu ou ficar na entrada da cornucópia. Lá da para ver quase tudo. Você vai ter que prestar atenção na parte de trás, porque da onde vou estar, vai ser impossível ver.

- Certo, capitão. – ela brincou e escalou a cornucópia.

                O ar estava quente e eu não sentia o vento. A espada era bastante parecida com contracorrente, mas como não era feita com bronze celestial, era mais frágil. Eu olhava atentamente para os lados da floresta, mas ninguém vinha.

                Já estava de noite quando ouviu-se mais um tiro de canhão. Olhei para Glimmer e ela olhou de volta, preocupada.

- Será que foi um dos nossos? – perguntei.

- Duvido. – ela respondeu, mas mesmo assim parecia preocupada.

                Passou-se mais uma hora quando os nossos três voltaram. Eles estavam rindo e o facão de Cato estava sujo de sangue. Aquela cena me deu tanto nojo que tive vontade de arrancar a cabeça de Cato. Ele havia matado alguém e agora ria?

- Quem foi? – Glimmer perguntou com um sorriso, enquanto descia da cornucópia.

- Ninguém importante. A garota do oito. – Marvel falou, rindo.

- Como vocês a acharam? – perguntei, com vontade de dar um soco em Marvel.

- Ela acendeu uma fogueira. – Clove falou, com um sorriso maldoso.

                “Idiota, você poderia ter vivido mais” pensei. Odiava aquilo tudo. Odiava a Capital, o presidente Snow, Seneca, os carreiristas... Eu odiava o maldito futuro.

                Apesar de triste pela morte da garota, me sentia aliviado que não houvesse sido Katniss. Olhei para Cato, que obviamente era o líder, e falei:

- Precisamos abrir as mochilas e pegar os mantimentos. Ainda não fizemos isso porque estávamos esperando vocês voltarem.

- To morrendo de fome. – Clove falou.

                Cato sorriu para ela.  Era tão claro quanto a luz do dia que ele gostava dela. Ele olhou para Marvel e falou:

- Abra as mochilas e procure comida de verdade.

                Eu ajudei Marvel, mas Glimmer, Cato e Clove ficaram parados conversando. Depois de alguns minutos, achamos comida “de verdade” suficiente para nós cinco.

- Arroz, bife, feijão e salada para todos. – Marvel anunciou.

                Cato perguntou, para ninguém em especial:

- Quem sabe fazer uma fogueira?

- Eu sei. – Glimmer se pronunciou.

                Depois de vinte minutos a fogueira estava pronta e já havíamos comido. Resolvemos fazer turnos de vigília e como eu e Glimmer havíamos ficado, sobrou para Marvel fazer.

                Eu abri algumas mochilas até achar dois cobertores. Um usei para forrar o chão e com o outro me cobri. Fiquei com medo de dormir e Cato arrancar fora minha cabeça, mas cheguei a conclusão que eu era mais útil vivo e o sono me venceu.

Deviam ter se passado alguns minutos quando os canhões soaram 13 vezes, anunciando o fim do dia e a quantidade de mortos.


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Notas finais do capítulo

E então?



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