Segunda-feira. Ainda. Pra mim, o tempo já não passava mais. Eu fazia as coisas no "modo automático" como se estivesse em transe. Ia pra escola, e fazia as tarefas, mas na verdade nada se fixava na minha mente. Meus pais nunca foram muito de conversar comigo, então eu não tinha que ficar me explicando pra eles. Nunca tive muitos amigos mesmo, e ultimamente eles estavam mais afastados do que nunca. Era isso, certo? Eu estava "indo rapidamente para 'lugar nenhum'", não é mesmo? E a culpa é dele.
Interrompi meus pensamentos quando o despertador tocou. Mais um dia em que eu não faria diferença alguma; morta ou viva. Levantei da cama e tomei um banho. Meus pais já deviam estar no trabalho e eu não me preocupei em pegar alguma coisa pra comer. Fui pra escola.
– Então, Hastings, animada pras férias!? - Olivia me perguntou, visivelmente feliz. "Se eu não fosse tão piranha, talvez pudesse ser feliz..." pensei.
– Férias? Como? - Merda. Eu estava drogada!? Não lembrava nem em qual dia nós estávamos...
– Menina, você ainda está dormindo? - ela riu e eu não entendi. - Férias de verão! Julho à agosto! Cadê a animação?
– Ah, sim... férias. - falei meio alheia. Não iria viajar, e provavelmente meus pais estariam trabalhando; não tem muitas coisas pra fazer em Stratford...
– Não acredito que você não tem planos!? Por Deus, eu esperei tanto por isso... - Olivia continuou a falar, mas eu já não estava dando atenção; apenas concordava quando ela dizia um "você não acha!?". A professora entrou na sala e começou sua aula. Olivia ainda falava comigo e eu já nem sabia qual era o assunto. Ela não era tão chata. Nós estávamos estudando juntos desde a sexta série. Mas as vezes ela era mimada de mais, boa de mais, feliz de mais. Felicidade... será que ainda existe pra mim? Meus pensamentos vagaram distantes até Justin, e eu pensei nele até o fim da aula. O dia na escola demorou a passar.
...
Estava voltando pra casa, quando passei pela rua dele. Tinha algum mal eu ir até lá? Qual, é... Eu já estou muito ferrada mesmo. Só resta assumir que eu não tenho mais propósito na vida. Sou só uma perdida, isso mesmo. Quem melhor que Justin Bieber pra me acompanhar na estrada para o... hmm... seria clichê de mais dizer que só nos restava o inferno?
Haviam uns caras estranhos na frente da casa do Justin, que disseram algumas coisas que eu preferi não entender quando passei; fazia um tempo que eu já não tinha mais medo dessas pessoas que vão na casa dele. Eu sei que o Justin vende maconha. Até os meus pais sabem que ele vende maconha (e por isso não podem saber que eu continuo o vendo). O pai do Justin sabe que ele vende maconha (e discute com ele direto por causa disso. Jeremy é meio... hmm... severo de mais). Praticamente Stratford inteira sabia que ele vendia maconha. As vezes eu me perguntava porque continuava o vendo... "você não tem rumo na vida, lembra?". Exatamente.
Quando eu entrei, haviam uns dois caras jogados no sofá fumando... maconha? E mais um vinha da cozinha carregando uma cerveja. Ryan, Chris e Chaz. Eu conhecia eles. Por mais que andassem com Justin, eles não eram tão ruins assim; eram até legais. Eles iam à escola e tudo. Já eram do último ano, mas eu duvido que vão fazer faculdade. Eles ajudam o Justin as vezes nos "esquemas"; Não sei muito sobre isso, porque quando eu pergunto de mais ele se irrita...
– Hmm... meninos, onde está o Justin?
– Jennie, meu amor! Quanto tempo hein... - falou Ryan, obviamente nem um pouco sóbrio.
– Chris, viu o Drew? - Chaz perguntou e Chris desviou o olhar do celular pra responder.
– Lá em cima.
Murmurei um "obrigada" enquanto subia as escadas... vi umas duas mulheres meio que semi-nuas pelo corredor. Fui até o quarto de Justin e bati na porta. Nada. Fui até a porta do escritório, que era do Jeremy mas Justin usava quando ele não estava em casa. Óbvio, não? Jeremy nunca o deixaria vender maconha e trazer esses "marginais que o Justin chama de amigos" em casa.
Chegando na porta do escritório, bati duas vezes; ouvi Justin responder com um "Quem é?" mal humorado.
– Sou eu, Jennifer. - tentei ao máximo fazer com que minha voz não saísse tão fraca.
– Entra. - ele disse meio abafado.
Quando abri a porta, vi que ele não estava sozinho. Tinha uma garota com ele, e eles estavam praticamente se comendo. Exceto pelo fato de Justin ainda estar de bermudas, mas de qualquer modo ela já estava sem roupa. Ele ia mesmo fazer aquilo na minha frente. Não era a melhor cena do mundo.
– Espera aí... - ele disse, mexendo a cabeça para indicar um sofá num canto. Fui até lá e me sentei. Filho da puta. Vi ele penetrar ela com o dedo, depois tirar e dar pra ela lamber; e fez isso por um tempo. - Anda, vadia, deixa meu pau bem molhado! - ele disse pra ela, e eu tive vontade de estar no lugar da garota.
Ela começou a chupar o membro dele, que gemia abafado e mandava ela acelerar. Ele mandou ela levantar a bunda e a penetrou. Puta Merda, ele fica muito sexy quando está perto de gozar; ele joga a cabeça pra trás e morde os lábios com o suor pingando na testa...
– Tá gostando da minha porra, sua puta? - sim, sem mencionar que ele dizia coisas meio loucas... Vi o gozo dele escorrer pelas pernas da garota, então ele saiu de dentro dela. - Dê o fora. - ele mandou e a garota saiu. - Pronto, Jennie. Pode ficar comigo agora. - ele disse vindo na minha direção.
– Obrigada, mas não aceito esmolas... - tinha ficado irritada com o que eu havia visto, então era melhor ir pra casa e voltar depois. Me levantei para passar por ele, que me abraçou por trás roçando seu membro em mim.
– Qual é... vai dizer que não ficou toda molhada só de me ver comendo aquela garota?
– Não. - menti, lógico - Eu não vou transar com você agora, depois daquela cena ridícula. - ele passou a mão pela minha barriga, por debaixo da blusa, e beijou minha nuca. Saí de perto dele e fui em direção a porta... trancada. - Justin, dá pra abrir a porta?
– Te dou a chave dela se você parar de frescura e der pra mim o que eu quero. - ele falou de um jeito meio engraçado, e eu o olhei com cara de tédio.
– Você não ia querer colocar a boca em mim depois de outro cara fazer isso, não é?
– Outro cara não vai colocar a boca em você; até porque você é minha até que eu fique enjoado. - ele disse e deu de ombros.
– Porra nenhuma! E eu não vou dar pra você.
– Ah, é né... Agora não quer, mas daqui a duas horas volta aqui de quatro pra eu te foder, né vadia? - ele falou e se aproximou, juntando nossos corpos e segurando minha cintura com força. Senti seu membro roçar perto da minha virilha, e prendi um suspiro. Infelizmente, ele percebeu e começou a pressionar em mim.
– Justin, eu não duvido nada que aquela garota tenha alguma doença... E também tenho certeza que você não usou camisinha... - ele tentou me beijar, mas eu desviei.
– Ela não tem doença. É minha prima. - ele tentou de novo, e me pressionou contra a parede.
– Incestuoso... - eu disse quase num sussurro, porque seu rosto já estava bem próximo ao meu; então ele me beijou. Foi bem calmo, e sem malícia alguma, como ele não fazia há muito tempo. Ele segurou minha cintura mais firme, e eu coloquei a mão em sua nuca; aprofundamos cada vez mais o beijo, quando por fim ele afastou os lábios dos meus. Esperei pra ver o que ia acontecer agora, mas ele simplesmente abriu a porta e saiu. Então eu o segui até a porta do seu quarto.
– Como assim? De repente você sai de lá e...
– O tesão passou, e daí? - ele deu de ombros. - Vou colocar uma roupa. Espera lá em baixo porque eu e os meninos temos que falar com você. - Ele disse e fechou a porta.
Sem entender merda alguma, eu desci e sentei no sofá, ao lado de Chris que mexia num notebook e fumava um cigarro. Pareceu nem notar minha presença. Ryan não estava por ali, e Chaz chegou do nada e sentou do meu lado.
– Hey, Jennie; sabe de alguém que use sapatos n° 36 e queira comprar tênis da Nike? - ele perguntou normalmente.
– Não, Chaz. Não sei... - respondi.
– Sabe de alguém que queira comprar dois filhotes de beagles? Tenho toda a papelada do pedigree e tal...
– Não mesmo... - com certeza essas "coisas" que ele estava tentando me vender eram roubadas. Justin e os meninos faziam isso há um tempo. Aparentemente, não haviam feito nada "grande" até então...
– Sabe de alguém que queira comprar uma AK-97 novinha? - ele perguntou como quem comenta sobre o tempo.
– Cara - eu quase engasguei quando ele falou isso - você tá falando sério!? - eu perguntei e ele assentiu normalmente. Eu suspirei e o respondi... - Não Chaz. De verdade, eu não sei.
– Então tá, então... - ri do jeito que ele falou normalmente e depois levantou pra ir pegar uma cerveja. Ele não podia estar falando sério! AK-97 é uma submetralhadora! Mas que porra! Nem eu sabia que Justin e os garotos mexiam com armas tão fortes assim; Pelo visto a coisa é pior do que eu pensava... Chaz voltou da cozinha com Ryan logo atrás, ele me entregou uma cerveja e os dois sentaram num sofá ao lado do que eu estava com Chris. Justin desceu a escada na mesma hora, e se sentou numa poltrona.
– Jennifer; eu, Chris, Chaz e Ryan vamos fazer um roubo. É uma parada muito séria e você vai ter que nos ajudar. - Pela expressão dela, era óbvio que não era brincadeira. Todos na sala estavam prestando atenção nele. Até Chris, que não tinha desviado o olhar do notebook, agora estava prestando atenção. Eu sabia que estava definitivamente fodida.