Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 3
Trem




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Sentei em um dos bancos vermelhos e esperei o trem começar a andar. Não olhei para Adam, como se uma simples troca de olhares conseguisse causar minha morte. Eu iria morrer e Adam sabia disso. Minha família sabia disso, mas era muito mais fácil aceitar a vida, que é uma mentira reconfortante, do que a morte, que é uma verdade gélida. A mulher arco-íris veio falar conosco e pediu que á seguíssemos para conhecermos nosso mentor. Eu não tinha entendido o por quê de ele não ter comparecido na Colheita, mas isso não importava.

Adam me deu passagem e eu segui pelo corredor, caminhamos até um vagão aonde serviam os cafés e tínhamos uma sala de estar com uma televisão. Um homem com a pele escura estava sentado no sofá comendo frutas e tomando vodka.

Seus pulsos estavam envoltos em panos velhos e sua roupa era normal. Ele vestia uma camiseta branca, com jeans claros e um sapato negro. Seus olhos eram escondidos atrás de lentes para os proteger do Sol. Aquilo foi algo que eu não entendi, afinal, estávamos dentro de um trem, e ele não precisava daquilo.

–Piscki, cumprimente os tributos.

–Ah, olá. – falou ele com uma onda de tédio tomando sua voz-

–Seja simpático!- reclamou a mulher-

–Me de no mínimo dois motivos para ser simpático com eles que eu serei, Horquídia.

–Nós somos de seu distrito, queremos sobreviver como vocês fez, queremos voltar para nossas famílias. Feliz? Não precisa ser simpático, só precisa ser prestável conosco e nós retribuiremos o favor.

–Ah, essa daí é uma florzinha, pelo visto.- reclamou o homem-

–A florzinha tem um nome! E é Florence.

Eu, sinceramente, não estava com medo dele. Estava com medo de morrer, e momentaneamente, o medo tinha me deixando... esquisita.

Apesar de saber que não poderia ver as expressões do homem em causa de seus olhos escondidos, eu tinha entendido que era ou ser boazinha ou morrer na arena.

–Ok, me desculpe, só estou nervosa.

–Sem problema, florzinha. Só não repita esse tom comigo e vou ajudar vocês.

Adam não tinha falado nada.

–E então? Aonde está o garoto?

Ele, antes de dar um passo, pegou uma vara de metal no chão e começou a batucar com ela para ver se não tinha nada em seu caminho.

Ele é cego. Nosso mentor era cego e o modo como ele tinha ganhado os jogos tinha ficado cada vez mais interessante para mim.

Ele caminhou até Adam e ficou a centímetros de seu corpo.

–Fale alguma coisa garoto! Aqui quem mata vocês não sou eu!!

–Meu nome é Adam.

–Legal. Bom, então vamos começar, a viagem é longa e tem algumas coisas que quero passar a vocês dois. Sentem se ali.

A mulher colorida chamada Horquídia nos conduziu até uma mesa de mogno preto do outro lado do vagão-nossa-sala-de-estar-chique e nós sentamos. Piscki tocou alguns botões de um controle e um homem vestido de m colete prateado trousse para ele uma torta verde e mais vodka.

–Querem?- perguntou ele sem nos dirigir o olhar-

–Não- falamos eu e Adam ao mesmo tempo, aquilo me arrepiou, eu desejava nunca ter tido nada com aquele garoto, mas mesmo assim, ainda o amava profundamente.

–Ótimo, mais para mim. Então? - um outro homem entrou na sala e serviu a mulher arco-íris- Qual é o plano de cada um?

Eu olhei para Adam, mas ele encarava a mesa.

–Estou esperando resposta, ou vocês dois não se sentem confortáveis um com o outro?

–Piscki...Eles são...-falou a mulher arco-íris.

–Qual é a conexão de vocês dois?- falou a voz de nosso mentor em implicância-

Eu ignorei aquela pergunta, não queria responder, pois sabia que assim que nosso mentor soubesse daquilo, seria mais difícil aconselhar cada um de nós.

–Eles são...-tentou completar novamente Horquídia-

–Quieta por um momento mulher! Quero escutar da boca dos dois.

–Somos namorados.- falou Adam sem piedade, como se aquilo fosse apenas uma palavra vazia, aquilo me apertou o peito e me encolhi na cadeira, com lágrimas brotando nos olhos. Eu não podia demonstrar fraqueza na frente de Adam. "Ele não vai te matar, você pode chorar à vontade" uma voz falou em minha mente, mas aquilo não parecia o certo.

–Ahh, isso complicou. Bom, Adam eu quero falar com a garota, então por favor saia.

Adam obedeceu como uma ovelha na hora de voltar para o cercado, e ali ficou apenas Piscki, Horquídea e eu.

–Ou você supera isso, ou você vai morrer.

Agora eu gritava, nem percebia, mas eu berrava para o homem cego:

–EU AMO ELE!! COMO VOCÊ QUER QUE EU SUPERE....

–Você viu a reação dele, parece que ele está sofrendo como você?

Eu me aquietei, realmente, Adam não parecia estar tão mal quanto eu estava.

Depois de um tempo com Horquídia me acalmando eu fui para o meu quarto no vagão em que se encontravam os aposentos de cada um de nós e tomei um banho. A porta era complexa, por que primeiramente eu tentei achar uma maçaneta, mas ela não tinha. Depois de um tempo pulando e me sacudindo na frente da porta, descobri que ela era automática. O banho era incrível. Quando finalmente consegui acertar que botões faziam o que o resto dele foi totalmente tranquilo. Eu saí de dentro do banheiro cheirando minha pele limpa como nunca e meu cabelo totalmente sem nós. Eu estava vestida apenas um roupão de seda e uma toalha na cabeça quando um homem entrou em meu quarto avisando que estava na hora do jantar, me fazendo ter um mini ataque cardíaco. Vesti minha roupa que estava sobre a minha cama, e ao lado o meu colar, exatamente aonde eu tinha deixado, e fui jantar.



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