Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 28
Lago no 7 e 3




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       Estávamos á passos do campo aberto que chegava no lago. Desviávamos das árvores sem escutar nenhum barulho, nenhum pássaro se mexia e nenhum inseto ousava zunir. Parecia que os idealizadores tinham sumido com todos os animais, para apenas nos deixar com o lago como opção.

       A espada, antes de Adam, estava em minha mão e a zarabatana grudada a coxa. Eu tinha passado minha soqueira para Kahinan já que ele estava apenas com o arco, mas ele tinha a guardado.

Kahinan enrolava a cordinha em um gancho para podermos pescar, suas mãos dançavam rapidamente e eu sorria enquanto o via trabalhar.

       As pessoas são extraordinárias, pensei.

       Caminhamos até o lago com medo de fazer um barulho qualquer e eu quebrei o gelo com a lâmina. A água gelada subiu pela superfície e molhou minha bota, o que fez meus dedos gelarem.

        Kahinan prendeu nossa corda perto de uma pedra em volta do lago e ficamos esperando por ali, longe dos olhares de qualquer tributo. Era o que pensávamos.

       Me deitei nas pedras e dormi, enquanto ele pescava.

       Sonhei com Adam e os carreiristas. Todos circulavam em volta de Nike, querendo explicações sobre o seu plano de roubar comida. Após eles se afastarem, eu consegui ver o corpo dela sangrando e...

-ACOR-D-A-AA-A!!

       Kahinan se contorcia no chão como uma barata querendo virar a barriga para baixo. Ao seu lado, estavam jogadas frutas vermelhas e suculentas, e confesso que se ele não estivesse naquele estado, eu teria as provado. Entendi. Foram as frutas.

       Olhei em volta de mim e procurei alguma árvore que conseguisse o salvar, mas não tinha nada. Minha mente trabalhava severamente como uma máquina, mas nada me aparecia. Passei a mão pelos bolsos dele e achei tudo o que tínhamos conseguido na Cornucópia. Joguei tudo no chão, mas nada me servia, quando segurei a balinha minhas esperanças voltara. Enfiei aquele remédio goela abaixo do garoto e esperei que ele parasse de tremer. Ele parou e seus olhos ficaram brancos.

-NÃO!!

Eu berrei e encarei aqueles círculos brancos e sem vida. Enfiei minha cabeça em minhas mãos e comecei a chorar.

-O que.... – a voz não terminou a frase –

-Kahinan!! – meu corpo estremeceu ao perceber que ele estava vivo. Eu o abracei.

-Me chame de Kaki, minha mãe fala Kahinan quando está braba comigo. – ele falou rindo como um idiota. –

-Ahh. Você está vivo. – suspirei aliviada. –

-Sim, mas perdi o peixe.

- Vamos sair daqui. – eu, sinceramente, não me importava com peixe nenhum.  

Estávamos saindo do campo de gelo quando duas sombras grandes e ágeis apareceram se esgueirando pelas árvores.

Renata e Zeileen.

-Olha, Zei, acho que essa pele de lobo ficaria linda em mim. Você não acha? – falou Renata enquanto se aproximava.

-Claro. Dividimos os pertences depois de matar eles.

Eu ri, sem querer, mas aquilo irritou especificamente Zeileen. Ela portava um machado e Renata segurava sua faca de cabo de Magnólia usual.

-Eu não vejo nada de engraçado, parece que quem está em vantagem aqui somos nós. – falou a garota de olhos puxados –

-Acho que não. – observei pisando no gelo grosso que formava o lago –

-Ah é? – perguntou Zeileen se ajoelhando perto do lado. Ela fincou seu machado profundamente no gelo grosso que começou a rachar.

-É melhor correr. –brincou Renata.

Kahinan e eu nos viramos para as duas, vibrando de raiva, mas não poderíamos fazer nada, afinal o gelo começava a se partir e só tínhamos uma sugestão. Correr.

Kahinan foi mais rápido que eu pela vantagem de eu ter escorregado. Caí de bruços no chão e minha espada escorregou para o centro do lago e eu, como a estúpida de sempre, a persegui até o gelo desmontar abaixo de meus pés.

A água gelada percorreu meu corpo e o mundo se fechou em minha volta. Eu não ousei abrir os olhos. Permaneci ali com o gelo penetrando em meus ossos e fazendo meus músculos perderem os sentidos. Meu peito era esmagado e minha cabeça latejava de dor. Agora eu iria morrer, me perguntando aonde estava Kaki.

Que vida bonita, pensei, todos os que eu amei sumiram e me deixaram no momento que eu precisei. Todos os que eu gostei. Pensei em minha irmã em casa olhando a televisão e chorando ao ver meu corpo morrer de hipotermia, observando meus dedos ficarem roxos, meu peito sem movimento até que, em fim, o canhão soava. Mas nenhum canhão soou quando perdi a consciência.

       Senti um corpo tão frio quando o meu me carregar até a terra, eu acho, porque não conseguia abrir os olhos.

Perdi os sentidos.


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