Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 26
Carreiristas




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Era meio bizarro, mas eu segui Nike pulando de árvore em árvore e ela não percebeu, até que eu caí.

-Ou você se levanta e eu te ajudou, ou eu te mato. – ela reclamou com o mesmo tom que usara com Mateus.

-Claro, o que você vai fazer? Invadir os carreiristas sozinha? Precisa de ajuda e ambas sabemos. Eu tenho um amigo para ser libertado e você tem comida para pegar. – falei sem mencionar a carne que eu tinha guardado em uma parte do campo impossível de perder. Era óbvio que algum lobo poderia pegar mas essa era minha menos preocupação. – Nós duas somos boas, sua nota foi alta e a minha também. Quem sabe até conseguimos ganhar? – até agora tudo bem, pensei.  –

-Está bem. – ela falou satisfeita e com um sorriso no rosto, ela era ótima, mas era como a garota do Distrito 2, Leia, precisava de alguém para coordená-la.

Caminhamos por muito tempo até que Nike e eu paramos em frente a uma montanha e ali, bem nos pés da caverna, se encontravam os carreiristas e sua localização fixa.  

-Como eles são previsíveis. – ela comentou. – e burros. Eles sempre se estabelecem em um lugar fixo e deixam para exibir a todos os tributos que eles tem tudo o que qualquer um precisa.  Idiotas.

Eu estava prestes a explicar que seria mais difícil vigiar algo que estava em volto de árvores e também poderia ser atacado por cima quando pensei em não contrariá-la. Isso iria colocar meu plano por água a baixo.

Nike queria atacar por baixo, mas eu coloquei a idéia de atacarmos pela montanha, fazermos a volta por ela e atacar por cima, podendo provocar uma avalanche.

Passamos metade do dia procurando um locar que não fosse visível aos carreiristas e que conseguiríamos passar com facilidade. Achamos. Entendemos também que eles trocam o tributo de 1 em 1 hora na vigia e é entre Leia, Adam, Anne, Lender e Sophia, a nova garota deles. Alguém teria que substituir Floyd e digamos que Sophia estava a altura para isso. Esperamos o anoitecer e conseguimos colocar algumas pedras em cima da porta da caverna. Primeiro teríamos que tira-los dali, mas antes faltava muito tempo. Nossa marca era meia noite. Ficamos dividindo a vigia, Nike e eu, mas eu deixei ela dormir no turno dela enquanto observava os outros tributos. Vi Adam descansar dentro de um saco de dormir enquanto comia carne e conversava alegremente com Anne. Ele chegava perto de mais dela, e ela permitia. Adam passeava a mão gentilmente por seu pescoço e rosto sussurrando palavras doces para ela. Aquele amor me dava desgosto porque eu os invejava.  Consegui ver Kahinan ser atirado para dentro da caverna e receber um soco de Lender. Mais um que eu iria matar em minha lista.

Anoiteceu e eu já tinha um plano. Acordei Nike e começamos. Agora era torcer para que ele funcionasse. Nike transformou um de meus dardos em uma bomba, era apenas eles tocarem em solo, grama ou qualquer coisa que poderia colocar fogo em um campo inteiro. Atirei o dardo e ele acertou perto das árvores e todos foram observar, menos Adam, que fiou de vigia ao lado de Kahinan.  

Nike e eu nos posicionamos atrás das pedras e quando eu desse o sinal, iríamos destruir as armas reservas deles e conseguiríamos pegar os alimentos, ou Nike acharia que pegaríamos.

Jogamos as pedras e elas atingiram as armas na porta das cavernas fazendo muito barulho, se você estivesse desesperado para encontrar alguém naquela arena, era a hora certa. Uma pedra quase atingiu Kahina e Adam, mas os dois se desvencilharam e Kahinan correu para seu arco metálico e Adam o perseguiu. Descemos pela ladeira e no momento que Nike percebeu que eu não iria cumprir  que prometera, quase fincou o tridente em minha barriga.

-VOCÊ FALOU QUE IRIA ME AJUDAR!! – ela berrou enquanto os garfos do tridente rasgavam minha barriga vagarosamente.  – EU NÃO GOSTO QUE MINTAM PARA MIM.

Vi uma flecha voar no ar, não em direção de Nike, mas uma flehca se esforçando para acertar Adam, apesar de ser inútil. Eu estava estendida no chão quando Nike se distraiu momentaneamente  e eu consegui pegar uma pedra e atirar em sua cabeça. Ela caiu inconsciente. Corri para Kahinan e o vi cair em frente a Adam, que agora usava uma espada. A ponta da lâmina começava a perfurar o peito de Kahinan quando eu gritei.

-Eu não era o alvo principal, Adam??!! – o garoto virou para mim e me focou, correndo diretamente sem desviar nenhum momento. Os carreiristas estavam envolvidos com o fogo que avançava insistente para a caverna, que eles não imaginava, estar destruída.

-Ah, agora você está vestida de garota lobo? – ele implicou – Linda, como sempre.

-Fale isso para Anne. – falei coberta de ciúmes. “Uma garota feita de ciúmes, raiva e desgosto. Como uma coisa tão bela poderia ser só isso. “ falou minha mente.

Adam investiu, mas aquilo era ridículo contra mim. A espada era a minha arma.

Dei uma rasteira em Adam e ele caiu de bruços no chão, fazendo a espada voar.  Kahinan tentava estancar o sangue, mas se eu não impedisse Adam ele não precisaria nem estancar o sangue, ele iria apenas morrer de Hemorragia.

Engatinhei até a espada mas ele me chutou nas costas. Eu caí com os dedos implorando para chegar na lâmina afiada, minha perna foi puxada e virei minha barriga para cima. Ele encostou o pé na lateral de meu queixo, fasendo eu ter apenas a visão de um olho. Se ele colocasse mais força, meu pescoço seria quebrado exatamente como o de Mateus. Me estique o máximo que conseguia até sentir o material frio.  Ágil, corri a lâmina pelo braço de Adam e ele me soltou enquanto soltava um urro de dor fazendo os carreiristas se virarem para ele.  Eu me levantei e acompanhei Kahinan que segurava o arco e a flecha. Entramos na floresta aonde tínhamos mais camuflagem, mas a dificuldade aumentava, com apenas a luz da lua para iluminar. Corremos um ao lado do outro sem interromper, eu sempre na frente o guiando até aonde tinha guardado a carne.

Paramos e não falamos nada, apenas eu me virei e o abracei muito forte. “Fora só um dia, mas meu aliado era meu amigo.”

-Obrigado. – ele sussurrou em meu ouvido. –

Eu o soltei e caí no chão, meus joelhos não me agüentavam mais, meu corpo não me sustentava. Kahinan me segurou em seus braços enquanto eu chorava como uma garotinha maluca.  

-Você viu o que ele fez. – falei em meio aos soluços. – EU O AJUDEI A VIDA TODA!! - berrei e toda a floresta se silenciou, sem pássaros tamborilando de lá para cá e insetos zunindo, como se me temesse ou quisesse escutar minha história.  – É ISSO QUE EU GANHO??!! – joguei a espada no chão. – ELE ESTÁ COM AQUELA CADELA QUE ELE CHAMA DE ANNIE E EU DEVO TER CONTROLE PESSOAL!! – baixei meu tom de voz para apenas Kahinan escutar. – E eu tenho que agüentar tudo, como sempre. Aonde está a minha recompensa por salva-lo todos esse anos? Nada, ela não existe. Ele aproveitou e eu não. Cada um fez as suas escolhas e eu apenas fiquei correndo atrás dele como uma idiota. Como seu eu conseguisse salvar alguém. EU SOU UMA CRIANÇA FEITA DE RAIVA, RANCOR, TRISTEZA E TUDO DE HORRÍVEL QUE O MUNDO PODE JUNTAR. EU SOU UM MONSTRO E É ASSIM QUE EU ME SINTO Á 14 ANOS!!! – minha boca se fechou e eu me encolhi nos braços de Kahinan. Por mais que eu quisesse que ele me perguntasse tudo, me fizesse acreditar que eu não era a maluca ou o monstro daquela história, ele não fez. Só Adam conseguia me tirar aquele pensamento de minha mente. Só Adam e mais ninguém, mas eu não sabia mais que Adam conheci.


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