Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 16
Idiota


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é especial porque explica algumas coisas que para alguns podem ser reveladoras durante a arena nessa história e também revela algumas das psicoses de Florence que vão aparecer nos outros capítulos.



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Não acordei. Afinal, quem precisa acordar quando não dorme? Adam entrou no meu quarto pelas 3 horas da manhã. Ele deitou ao meu lado e se enroscou em meu corpo. Assim que ele viu meus olhos castanhos abertos e sem sono começamos a conversar.

– O que vai falar na entrevista?

– Tudo para parecer bonita e simpática.

–Ah, então não vai ser difícil.

–Claro, como se eu fosse extremamente sexy e bonita. – nós dois rimos-

Depois de um tempo calado, ele falou:

–Sabe, eu tenho vergonha.

–De que? – perguntei curiosa, pensando que ele falava em relação a entrevista-

–De ser... do... de ser do Distrito 11.

Eu me levantei espantada, como se tivessem ofendido cada um dos meus parentes.

–Vergonha? – repeti como se fosse rasgar a pele daquele garoto e jogá-la para os bestantes.

–Éh, você sabe. Os carreiristas parecendo melhores e nós tendo que parecer fracos para conseguir patrocinadores que tem pena da gente, não por sermos realmente bons.

Agora eu estava irritada, mas não era algo como irritadinha, mas como EU VOU EXPLODIR E O IMPACTO VAI SER UM POUCO MELHOR QUE UMA BOMBA NUCLEAR.

Ali eu via um garoto narcisista querendo ser algo que não pode, e que não pode mudar. Aquilo era não ter orgulho da própria raiz, de aonde veio, do que é.

–Eu sei que você está me achando um idiota.

–IDIOTA? – berrei- IDIOTA É POUCO!! VOCÊ TER VERGONHA DE SER O QUE É? TEM VERGONHA DE MIM TAMBÉM POR EU SER O QUE SOU E NÃO SER NENHUMA CADELA DO DISTRITO 1 OU 2 QUE VIVE PARA MATAR? ME DESCULPA, MAS SE VOCÊ PREFERE ELAS TAMBÉM ENTÃO VAI!! PROCURE ALGUÉM QUE REALMENTE SINTA A SUA FALTA.

Me desvencilhei de seus braços e fui para o chão.

–Me desculpa se falei a verdade e se sou um idiota, mas é a minha vida, você não deve formar opiniões sobre ela.

–Ah não devo?

Eu sorri maliciosamente enquanto Adam me puxava pra cama. A vida dele era só sobre o que conversávamos, se eu não formava opinião, não falava, então não iria mais falar.

Fiquei parada olhando para o nada e pensando como alguém poderia não gostar do que é. Depois de um tempo ele perguntou:

–O que ouve? – como ele sempre fazia quando eu ficava quieta tempo de mais, o que não era de minha personalidade. –

–Nada. Se não achamos as coisas, não falamos, porque nossas falas são feitas do que achamos. Não é?

–Você pode ter opinião sobre as outras coisas, mas não sobre a minha vida.

–Me desculpa te decepcionar, mas já formei uma.

Me levantei e me tranquei no banheiro.

–Eu sou maluca. –sussurrei baixinho, como sempre fazia. Aquele pensamento sobre minha mente ser insana já tinha tomado conta dela a tempos atrás, e tudo começou com Adam, mas eu continuava não o culpando, porque ele tinha uma mente tão perturbada quanto a minha. Disso eu tinha certeza.

O tempo passou enquanto eu observava o relógio touch do banheiro, reluzir na parede, já eram 5 horas da manhã. Comecei a examinar meus antigos machucados causados por minha vida.

Uma marquinha um pouco acima do meu calcanhar. Aquilo foi feito por meu irmão na brincadeira de “pirata” que ele adorava quando eu lia nos livros para ele. Sinceramente, eu nunca dispensava as brincadeiras, porque amava usar a espada, e foi daí que eu consegui manejar daquele mesmo jeito como tinha feito no treinamento individual. Depois de um tempo, Adam e eu jogávamos para ver quem morreria primeiro, e eu sempre vencia.

Acabei dormindo em cima do vaso, sonhei que eu estava presa em uma camisa de força e eu tentava inutilmente me soltar, até que Adam me vez uma visita na sala em que eu estava, mas ele apenas ria do meu rosto, falando que eu merecia tudo aquilo, afinal, eu era louca, não era?


Quando acordei de súbito, Adam batia na porta do banheiro descontroladamente, berrando meu nome, mas eu não quis abrir. “Vá embora.” Falei, mas ele não foi.

Assim que abri a porta para tomar café da manhã, o garoto moreno estava sentado na frente da porta, e como estava apoiado nela, quando eu a movimentei, ele deu de cabeça nos ladrilhos frios que compunham o chão do banheiro.

–Me desculpa. – falei e me abaixei rapidamente para ajudá-lo.

–Tudo bem. Eu acho que merecia essa.

–Merecia mesmo- falei, e nós dois rimos. Eu nem percebi, mas estava muito perto do rosto dele. Nós nos beijamos, ali mesmo no banheiro, um beijo calmo, como não acontecia a muito tempo.



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Notas finais do capítulo

DEIXEM REVIEW POR FAVOR!!!!!!!!!!!