“–Camilla, eu sin-

–Não precisa sentir pena de mim. Aposto que foi Jared que te contou. –ela olha para o chão e respira fundo.

–Eu acho que podemos achar a pessoa que fez isso com você.”

POV Bella.

Camilla  arregala os olhos e se levanta rapidamente do sofá. Eu levanto também, me aproximo dela e respiro fundo antes de falar algo.

–Camilla, eu quero te ajudar.

–Eu não preciso da sua ajuda. –ela rosna. Eu passo a mão pelo meu cabelo e ando até ela. Agora estamos uma de frente para a outra. Ela está tensa e seus punhos estão fechados.

–Precisa e eu preciso da sua. Eu quero que esse filho da puta pague pelo o que ele fez com nós.

–Pera, Vo-você? –ela engasga e franze a testa.

–A mesma pessoa que te forçou me espancou. O filho da puta me forçou fazer sexo sem camisinha, eu tentei escapar e ele me espancou –olho atentamente para ela e ela parece estar pensando em algo.

–Como você sabe que foi a mesma pessoa? –ela pergunta se sentando no sofá. Eu me sento ao lado dela e respiro fundo.

–Jared me disse que você foi forçada. Eu fui forçada também. Não acho que seriam pessoas diferentes. E você também está machucada...

–Um homem loiro, alto e forte? –ela pergunta e eu assinto. Ela respira fundo e passa a mão pelo cabelo. –Bella, aquela noite foi a pior noite da minha vida. No começo eu achei que fosse outro cliente dominante mas ele foi longe demais. Quando eu tentei escapar ele me bateu, me bateu muito forte. Eu não senti nada, apenas chorei enquanto ele me fodia. Eu queria gritar mas... ele ameaçou me matar.

Ela morde o lábio inferior e deixa um soluço escapar. Eu me aproximo e a abraço pelo ombro, ela empurra seu rosto no meu peito e chora. Engulo em seco a minha vontade de chorar junto com ela, eu tenho que ser forte se eu quiser que isso dê certo.

–Camilla, sei que você está frágil agora mas eu preciso que você me ajude. Eu não quero esse homem solto por aí.

–Bella, isso pode ser perigoso. Ele é um homem rico e pode mandar qualquer um nos sequestrar ou até matar. Eu não quero que aquele homem toque em mim novamente.

–Pera aí, como você sabe que ele é rico? –eu pergunto enquanto ela se recompõe. Ela respira profundamente algumas vezes então parece estar calma novamente.

–Só gente rica vai lá, Bella. E ele tinha um rolex novo no pulso esquerdo.

De repente me lembro de quando o vi no restaurante. Ele estava acompanhado de uma mulher que parecia ser sua esposa. Também havia uma criança.

–Anel... Você viu se ele usava algum anel? –eu pergunto me levantando do sofá e começo a andar de um lado para o outro.

–Não vi nenhum, por quê? -ela se levanta e fica parada enquanto eu me movimento. Eu paro e olho para ela.

–O filho da puta é casado.

Camilla não parece estar tão surpresa. Nós sabemos que a maioria dos homens que frequentam a boate são casados.

–Ele tem uma filha. –eu acrescento e Camilla se senta novamente no sofá.

–Bella, como você sabe disso? –ela pergunta confusa. Eu respiro fundo e começo a contar a noite no restaurante em que vi ele. Somente conto que estava jantando com meu namorado e que quando estava distraída, olhando pra rua, o vi de costas.

–Ele não te viu? –Camilla pergunta depois de algum tempo em silêncio.

–Não, ele e a mulher entraram no restaurante assim que o motorista levou o carro. Eu reconheci ele rapidamente quando ele virou.

–Seu namorado não disse nada? Ele sabe... ?

–Ele sabe, ele que me ajudou muito naquela noite.

–Eu sinto muito, Bella. –ela me abraça e eu suspiro.

–Eu estou bem agora, ele me ajudou bastante. –eu sorrio para ela e ela sorri  também.

–Eu vou ajudar, Bella. No que for preciso, eu também não quero aquele homem solto, se ele já fez isso com nós ele pode ter feito com várias outras e poderá fazer mais vezes.

–Eu sei, por isso preciso da sua ajuda.

–Pode falar.

–Hoje de manhã eu fui no Michelle's e disse que iria embora. Eu não posso voltar para lá. Edward vai saber se eu pisar lá novamente, ele não quer que eu volte para lá. Então eu preciso que você vá lá e entre nos nossos antigos quartos e tente achar alguma coisa que ele possa ter deixado para trás. Camisinha, o embrulho da camisinha, algo que possa ter digitais...

–Se conseguirmos o que você vai fazer? –Camilla pergunta olhando para mim atentamente.

–Eu irei avisar a polícia e farei de tudo para que ele pague pelo o que  fez com nós. Outra garota pode não ter tido a nossa sorte de ficar em silêncio, outra garota talvez tenha gritado por ajuda e...

–Bella, não vá longe demais com isso...

–Longe? Eu pretendo ir mais do que longe.

Depois de alguns minutos conversando com a Camilla eu resolvi ir embora pois precisava ir para o meu trabalho no hotel. As segundas eu entrava mais tarde pois não precisavam tanto de mim.

Assim que chego no hotel as 11h58min, vejo Rosalie sorrindo para mim. Ela ergue as mãos para cima e sussura um "Yeah". Reviro meus olhos e me aproximo do balcão.

–Não se acostume. –Rosalie ri fraco e me entrega as chaves dos quartos que eu teria que arrumar.

–Chegando no horário... Acho que ganhei minha aposta com o Jonas.

–É melhor eu ir trabalhar. –reviro os olhos novamente e ando até o elevador de serviço.

–Hoje você pode ir embora mais cedo. Estamos com vários funcionários. –Rosalie grita para mim e eu assinto para ela antes de entrar no elevador.

...

–Pode ir pagando, Jonas. –ouço a voz de Rosalie assim que eu saio do elevador após ter me arrumado para ir embora.

–Prove. –Jonas, um dos seguranças que cuida da entrada do hotel, bateu no balcão e colocou 10 doláres.

Rosalie bufa irritada e sorri assim que eu me aproximo do balcão.

–Bella, me ajuda aqui. Que horas você chegou hoje? –Rosalie pergunta para mim cruzando os braços sobre o peito.

–11h58min. Desculpa, Jonas. –eu sorrio para ele e ele revira os olhos. –Vou indo, até amanhã.

Rosalie e Jonas se despedem de mim e começam a falar sobre outra aposta.

...

Quando chego em casa as 19h00min, pego meu celular e vejo que há 3 ligações perdidas, duas de Edward e outra de um número desconhecido. Ligo para Edward e ele pergunta se eu toparia um jantar no chão do meu apartamento. Eu aceito e desligo para poder ir tomar um banho antes dele chegar.

Saio do meu banho e meu celular começa a tocar. Corro até a sala e pego o celular. Número desconhecido.

–Alô? –eu atendo enquanto ando até meu quarto novamente.

–Bella? Sou eu a Camilla.

–Ah, oi. –eu coloco no viva-voz e deixo o celular sobre a minha cama enquanto eu coloco meu pijama.

–Eu fui até os nossos quartos e não achei nada.

–O filho da puta é esperto.

–Tem outra coisa. Eu vi ele lá na boate. Ele não me viu, graças a Deus. –ela suspira e eu me sento na cama somente de calcinha e sutiã.

–Ele não vai parar. –penso em voz alta. Ouço o interfone tocar e corro até a cozinha para antender. Autorizo a entrada de Edward e volto para meu quarto. –Camilla eu preciso desligar, ok? Amanhã eu te ligo.

–Ok. Estarei esperando sua ligação.

Eu encerro a ligação e corro para colocar meu pijama. Um shorts e uma blusa grande demais para mim e que cobre meu shorts. Pego meu celular e o coloco para carregar. Olho para o relógio e são somente 19h30min.

A campainha toca e eu corro para antender.

Edward está parado com duas sacolas com comida e sorri assim que vê o que eu estou vestindo. Eu puxo ele e o beijo delicadamente.

–Oi. –eu separo nossos lábios e sorrio para ele. Ele sorri e  tranca a porta atrás dele.

–Oi, –ele me beija novamente e eu pego as sacolas de sua mão, ando até a sala e as coloco sobre a mesinha de centro. –Com fome?

–Muita. –eu respondo. –Cerveja ou vinho?

–Comida japonesa é melhor com vinho. –Edward responde dando uma leve risada. Eu volto da cozinha segurando um bom vinho e duas taças.

–Como foi no trabalho? –eu pergunto enquanto Edward serve o vinho para nós e eu abro as caixinhas da comida.

–Puxado como sempre. Mas estou feliz com o progresso que fizemos até hoje.

–Fico feliz por você. E o Louis? Como ele está?

–Ele queria vir hoje mas eu disse que queria um tempo com você já que ele estava com nós no final de semana.

–Possessivo e ciumento.–eu murmuro e tomo um gole do meu vinho.

–Sou mesmo. –Edward concorda e me beija suavemente.

...

Depois de comer no chão da minha sala, Edward e eu começamos a conversar sobre o que ele queria ser quando criança. Ele queria ser um policial. Ele gostava de ver filmes policiais, ele também disse que quando ele tinha 21 anos ele e Carlisle fizeram aulas de tiro e ele se lembrou de quando assustou várias crianças quando ele levou uma arma de brinquedo para a escola. As crianças acharam que era de verdade e saíram gritando pela escola. Carlisle teve que ir até a escola falar com a coordenação.

–Eu sempre falo de mim, quero ouvir você agora. –Edward toma um gole de seu vinho e sorri para mim.

–Não tenho muito o que contar.

–O que você queria ser quando era criança? –Edward pergunta rindo e eu sorrio.

–Não ria de mim... –eu olho para ele e ele assente. –Bem, quando eu era pequena eu achava que, nos desenhos, alguém tinha que usar uma roupa e depois eles editavam e colocavam o personagem. Eu queria ser a pessoa que usava a roupa.

–Em outras palavras você queria ser atriz? –Edward pergunta segurando o riso. Eu rio fraco.

–Não. Eu só queria usar a roupa, eu não teria que falar nada, eu só teria que me movimentar. Quando eu descobri que eles não usavam nenhuma pessoa para essas coisas eu fiquei triste. Uma semana inteira olhando meu desenho favorito e chorando.

Edward não aguentou e riu, riu muito alto. Primeiro fiquei com vergonha mas depois ri junto com ele. Ele ficava tão solto quando falávamos sobre nossos passados.

–Você premeteu, Edward. –eu paro de rir e Edward respira fundo.

–Desculpe, eu não aguentei. Qual era seu desenho favorito?

–Smurfs. –eu respondo rindo. Ele ri e termina de beber seu vinho. –Parece que acabamos nosso jantar.

Edward olha para a mesa de centro e concorda com a cabeça.

–Está tarde. –eu olho para o relógio e vejo que são 21h30min. –Nós precisamos trabalhar amanhã.

–Você está me expulsando? –ele pergunta juntando as caxinhas da comida e colocando tudo na sacola para jogar no lixo.

–Estou. –eu respondo me levantando do chão e pegando nossas taças vazias.

–Mas e a sobremesa? –ele pergunta olhando para mim sugestivamente. Eu reviro os olhos e ando até a cozinha. Ele entra na cozinha e joga a sacola no lixo. –Quer que eu vá embora? Mesmo?

Ele pergunta e me abraça pela cintura. Eu acaricio sua nuca e beijo sua têmpora.

–Eu preciso ter uma boa noite de sono, e você também.

–Ok. –ele suspira contra meu pescoço e o beija. –Amanhã eu vou trabalhar até mais tarde, não sei se vou conseguir vir te ver.

–Edward, você não precisa vir aqui todos os dias. Desse jeito você vai ficar enjoado de mim rápido.

–Eu acho que isso é impossível, Srta. Swan.

–Quando for assim você pode me ligar ou me mandar mensagens ou emails.

–Você não atendeu minhas ligações hoje.

–Eu nem tinha pegado no meu celular e ele estava perdido na minha bolsa.

–Se eu ligar amanhã você vai antender? –ele pergunta calmamente enquanto andamos até a porta.

–Vou.

–Prometa.

–Ai, Edward, sai daqui. –eu empurro ele para fora e ele ri.

–Também vou sentir sua falta, mulher. –ele me puxa para seus braços e beija minha testa. –Um beijo de boa noite?

Eu sorrio e o puxo pela nuca. O beijo carinhosamente enquanto suas mãos descem e sobem pelas minhas costas.

–Boa noite, Edward.

–Boa noite, durma bem. –ele anda até o elevador e entra. Eu fecho a porta e vou direto para meu banheiro.

Escovo meus dentes e penteio meu cabelo. Ando até a cama e verifico se meu despertador está ligado no horário certo. Pego meu celular e vejo que há uma mensagem de Edward que ele enviou alguns minutos atrás:

De: Edward

Para: Bella

“Vou comprar uma coisa que talvez você irá gostar. Amanhã quando você chegar do trabalho ele estará no seu apartamento. Boa noite.”

Edward, tudo vindo de você eu vou amar.

...

Acordo assustada com o barulho do despertador. O desligo e me espreguiço na cama. Felizmente tive uma boa noite de sono e não estou me sentindo cansada e querendo voltar para a cama.

Saio do meu quarto arrumada e corro para a cozinha para comer algo antes de sair de casa. Tomo um suco e pego uma maça para comer durante o caminho. Olho dentro da minha bolsa e verifico se não está faltando nada.

Quando entro no elevador meu celular toca. Edward.

–Bom dia. –a voz de Edward está calma e eu escuto o barulho de carros no fundo.

–Bom dia, dormiu bem? –pergunto enquanto caminho para fora do meu prédio.

–Muito bem, e você? –ele pergunta dando uma leve risada. Eu rio fraco.

–Também.

–Você disse que eu podia ligar, já que você não quer minha presença.

–Eu não disse isso. Eu só não quero que você se sinta obrigado a me ver todos os dias. Eu sei que seu trabalho exige muito de você e que terá dias que nós não vamos conseguir nos ver, Edward.

–Eu sinto a sua falta. –ele murmura e eu sorrio.

–Eu também mas como você disse, você pode me ligar.

–Você ainda vai ouvir minha voz muitas vezes hoje.

–Assim espero.

...

O dia passou rápido. Edward me ligou mais duas vezes e eu atendi as duas ligações. Ele ficou feliz e eu ri de tudo que ele me contou do que estava acontecendo em seu trabalho. Havia entrado um cara gay e ficava dando em cima de Edward. Fingi ficar brava com ele e ele disse que iria demitir o cara o mais rápido possível. Passei uns seis minutos tentanto falar que eu estava brincando.

Saio do elevador e Rosalie aparece correndo. Ela para na minha frente e se apoia no meu ombro.

–Bella, tem uma garota lá no balcão que quer falar com você, o nome dela é Camilla. –Rosalie respira fundo e eu frazo minha testa.

Ando com Rosalie até o balcão e vejo Camilla segurando uma bolsa grande, ela está com seus óculos escuros novamente. Ela me vê e corre até mim. Rosalie me encara e anda até o balcão apressadamente.

–Bella, -Camilla para na minha frente e segura sua bolsa com força. –Eu não posso mais fazer isso.

Percebo que ela está inquieta e nervosa.

–Mas o quê aconteceu? –eu pergunto calmamente. Ela respira fundo e olha para o chão.

–Bella, Jared foi assasinado.