Alvo Potter E O Medalhão De Prata escrita por Amanda Rocha


Capítulo 20
Fadas Inteligentes e Centauros


Notas iniciais do capítulo

Gente, já estamos indo para a reta final... Faltam só 6 capítulos!!! 6 capítulos!!! Dá até uma dor no coração T-T... Mas enfim... No capítulo de hoje o nosso querido Scorpius Malfoy ganhará uma lição... De quem??? Adivinhem!!! Também teremos a detenção... E vamos conhecer criaturinhas bem estranhas que já vão dar uma dica sobre o mistério para os garotos...
Aí vai...



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 Aquela semana foi cheia de turbulências. Os três garotos sofriam nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, Draco continuou trazendo o dragão para a aula e mandava que Carlos, Alvo e Rosa treinassem o feitiço Conjuctivitus com o animal, que não parava de mandar jorradas de fogo que deixaram as mãos dos meninos ainda mais cheias de queimaduras. E Neville continuava a não fazer nada quando eles iam denunciar Draco.

Nas aulas de Transfiguração, a Prof.ª Claepwack insistia em chamar Carlos de Connor. A Prof.ª Margarete Chollobull queria dar mais uma detenção a Carlos e Dennis por se esquecerem de fazer o trabalho sobre os planetas que ladeavam a Terra. O pior de tudo era ter que aguentar os alunos da Sonserina dizendo coisas como “o Carlos Cattér apanhou para o Potterzinho!” e “o Al é um bebê chorão que chorou no duelo, Scorpius é quem ganhou!”. Alvo não entendia o porquê das pessoas ficarem implicando com ele, foi ele quem ganhou o duelo, e daí se chorou? E daí que ele “bateu” em Carlos? Mas parecia que toda a Sonserina conspirava contra ele e arranjava sempre um motivo para zombar de Alvo.

 Alvo estava prestes a ir para o Saguão de Entrada se encontrar com Guelch para descobrir qual seria sua detenção.

-Que horas são? –perguntou ele, nervoso, pela décima vez.

-São onze horas, Al, relaxa! –disse Tiago, que se divertia estourando Fogos Filibusteiros, despreocupado.

-Que acha que vamos fazer? –perguntou Rosa.

-Só Deus sabe... –respondeu Matt.

-É, mas se depender do Guelch, é melhor começar a rezar... –disse Daniella, ela também não parecia muito preocupada, estava esperando o tempo passar levitando objetos da sala.

 Alvo estava ficando apreensivo. Como é que os outros, fora ele e Rosa, poderiam estar tão despreocupados? Tiago tentava acertar Matt com Fogos Filibusteiros; Daniella se divertia levitando objetos da sala; Suzanna lia tranquilamente um livro; e Carlos conversava despreocupadamente com Dennis, Clívon e Jordan.

-Está nervoso? –perguntou Rosa num sussurro, sentando na poltrona ao lado de Al.

-É... –respondeu Alvo. –Foi uma loucura... Essa história de duelo-duplo...

-Acha que vai ser na Floresta? –perguntou Rosa.

 Alvo olhou para a janela, onde pode visualizar no meio da escuridão, a Floresta Proibida. Com certeza deveria ter muitos animais perigosos por lá... Lobisomens... Testrálios... Alvo deu um grande suspiro e disse:

-Eu realmente espero que não...

-Hum... Vocês estão com medo, não é? –perguntou Carlos deixando a conversa e sentando na poltrona à frente deles. Alvo e Rosa assentiram. –Bem, confesso que isso tem me perturbado um pouco...

-Está com medo também? –perguntou Rosa.

-Acho que não é para tanto. –respondeu Carlos. Ele viu que a resposta não ajudou.

 Alvo torcia para que o tempo parasse. Não queria de maneira nenhuma sair da sala comunal da Grifinória, onde estava seguro. Ele ficava arrepiado só de pensar que daqui alguns minutos ele poderia estar perambulando pela Floresta Proibida.

–Nós vamos estar juntos... –disse Carlos a eles, quase num sussurro. –Somos amigos, sempre vamos estar juntos...

 Alvo sentiu-se melhor com a ideia de ter um amigo. Não tinha parado para pensar, mas até que não fora tão difícil assim fazer amigos, e Carlos, o menino que o ajudou, agora era seu melhor amigo.

-Só não comentem com ninguém que eu disse isso, ok? –pediu ele envergonhado.

 Alvo e Rosa assentiram. Naquele instante, a porta do dormitório se abriu. Scorpius foi quem entrou.

-Está fazendo o que aqui, Malfoy? –perguntou Tiago.

 Scorpius o ignorou.

-Soube que andou contando mentiras sobre como ganhou esses machucados. –continuou Tiago. –Você fica mentindo para aqueles idiotas zombarem do meu irmão? Porque agora você não conta, hein? Vamos lá, me diga como foi que ganhou esses machucados, Malfoy!

 Scorpius continuou andando, fingindo que não o ouvia. Matt se levantou e ele e Tiago cercaram Scorpius, que Alvo pode ver, estava apavorado.

-Que foi, Malfoy? –perguntou Matt. –O gato comeu sua língua?

 Scorpius foi recuando.

-Engraçado como agora você fica calado, não acha? –disse Tiago. –Quando está com os seus “guarda-costas” você sai por aí metendo o bedelho onde não deve e espalhando mentiras! Mas agora você está sozinho, e está na hora de aprender uma lição...

 Scorpius continuou recuando até bater em uma escrivaninha e derrubar um vaso de flor que estava em cima dela, molhando-se todo com a água do vaso. Tiago e Matt caíram na gargalhada.

-Molhou as calças, Malfoy? –riu Tiago.

-Ah, deixem o garoto em paz! –disse Daniella.

-Daniella, ele está saindo por aí dizendo mentiras do Al e do Carlos! –irritou-se Matt.

-É, mas ele já aprendeu! –disse Suzanna. –Não precisam disso para botar medo nele.

 Scorpius tentou se secar, enquanto Matt, Tiago, Jordan, Clívon e Dennis davam gargalhadas. Alvo viu o garoto corar. Scorpius lhe lançou um olhar suplicante, como que pedindo ajuda. Alvo não sabia o que fazer, sabia o que Scorpius estava passando... Estava envergonhado, com todos rindo dele... Olhou para a prima e viu que ela também não estava gostando muito. Scorpius foi se aproximando deles, na tentativa de subir até o dormitório.

-Espera aí, Malfoy! –chamou Tiago. –Volte aqui e junte o vaso, ou espera que façamos isso por você?

 Scorpius voltou. Ele estava deixando um rastro de água por onde passava. Pegou o vaso quebrado. “Reparo!” murmurou, e quando o vaso se reconstruiu, Scorpius colocou-o de volta á mesa.

-Tem que pôr as flores de volta! –disse Tiago impaciente.

 Scorpius olhou para o chão onde havia duas flores. Ele juntou-as e as depositou de volta no vaso. Depois ficou olhando para Tiago, como se esperasse que ele lhe desse mais uma ordem.

-Agora tem que colocar a água! –disse Tiago. –Aguamenti!

 Saiu um jato de água da varinha de Tiago e foi direto para o vaso. Scorpius só observava.

-Está vendo... Estou até te ajudando! Agora você já... Opa!

 Tiago desviou a varinha do vaso e apontou-a para Scorpius. O jato de água agora estava molhando o menino, que não tinha reação.

-Tiago, já chega! –disse Daniella. –Vai acabar arranjando confusão com o pai dele!

 Tiago parou e no mesmo instante, alguém saiu da passagem da Mulher Gorda. Era Neville.

-Ah, vocês já estão aí... –disse ele. –E o que houve com você, Malfoy? –Scorpius continuou calado, olhando para o chão. –Troque de roupa, e desçam todos lá para baixo, Guelch vai indicar quais serão as detenções... E os outros... –disse apontando para Dennis, Clívon e Jordan. –Já para a cama.

 E foi embora.

-Bem, vamos lá... A gente se vê, Malfoy! –disse Tiago risonho.

 Ao passaram, Tiago e Matt deram um peteleco na orelha de Scorpius. Daniella e Suzanna deram olhares de censura a eles, e logo eles saíram.

-Boa sorte... –disse Dennis, e ele, Clívon e Jordan subiram para o dormitório, deixando somente Alvo, Carlos, Rosa e Scorpius na sala.

 Scorpius continuava a olhar para o chão, pingando água.

-Hum... É melhor você ir trocar de roupa... –disse Carlos, contendo o riso.

 Scorpius o encarou, e Alvo pode notar, que além da água que encharcava seu rosto, corriam também lágrimas. Um sentimento estranho invadiu Alvo... Era pena...

-Hum... Eu posso dar um jeito... –disse Rosa. Ela puxou a varinha e foi até Scorpius. –Quenterrelapus!

 Um vapor saiu da varinha de Rosa e foi até a roupa de Scorpius. Ele a encarou, parecia agradecido, mas mesmo assim tinha raiva no rosto. O vapor foi secando a roupa de Scorpius lentamente.

-Obrigado... –disse ele, e foi embora.

 Rosa, Carlos e Alvo se entreolharam.

-Não devia ter feito aquilo... –disse Carlos.

-O Tiago é quem não devia ter molhado ele! –respondeu Rosa.

-Ele está mentindo para as pessoas! Agora a escola inteira está zoando com a gente!

-É, mas o Tiago molhou todo ele... Coitado, Carlos! Ele estava chorando!

-Ele é nosso inimigo! Ele te jogou aquele feitiço e duelou com o Al!

-Também acho que o Tiago pegou pesado... –disse Alvo, Carlos o olhou incrédulo. –Ele ficou realmente envergonhado... E com medo... Ele estava chorando de verdade...

 Carlos bufou e depois eles desceram. Guelch os esperava no Saguão de Entrada, junto com Ben Juss e Joshua, os dois ainda com curativos no rosto e nas mãos.

-Saibam que eu queria que todos fossem para a Floresta, mas Neville disse que eram muitos. –disse Guelch com aspereza. Alvo rezou para que não fosse ele quem tivesse que ir. –Então, os do primeiro ano vão descer para a Floresta comigo, e os outros me aguardem aqui. E em silêncio!

-E em silêncio! –imitou Tiago.

-Eu ouvi isto, Potter! –rosnou Guelch.

-Velho rabugento! –respondeu Tiago.

 Guelch fez um sinal para que eles o seguissem. Scorpius chegou nessa hora. O coração de Alvo batia forte. Guelch abriu as grandes portas e eles atravessaram. Estava frio lá fora. O único barulho era o farfalhar das folhas da Floresta Proibida. Alvo não enxergava nada, a não ser o lampião que o zelador segurava.

-Isso aqui é apavorante à noite... –disse Rosa.

-Espere até entrarem na Floresta Proibida! –disse Guelch, ele parecia feliz ao ver o medo na cara de Rosa, que deixou escapar um gemido.

 O ar parecia estar vindo com pedras de gelo de tão gelado que era.

-Ai, alguém pisou no meu pé! –disse Rosa.

-Não fui eu. –respondeu Carlos.

 Eles continuaram andando. Era impossível ver alguma coisa.

-Al, onde é que você está? –perguntou Rosa.

-Aqui... –respondeu ele. Estava tão assustado quanto ela.

 Guelch andava pelo escuro resmungando. Alvo temia o que poderia enfrentar pela frente, nunca estivera na Floresta Proibida antes. O pai já falara que encontrara coisas medonhas por lá, mas e se Alvo encontrasse algo assim? E por que Guelch escolheu que os alunos do primeiro ano fossem para a Floresta quando podia mandar os maiores?

 Lá embaixo, tudo o que eles podiam ver era uma pequena luz, que foi ficando maior à medida que eles se aproximavam, até formar a luz da cabana de Hagrid. O gigante segurava um arco grande nas mãos, junto com uma caixa, e amarrado a um pano, estava Canino.

-Ah, aí estão vocês... –disse Hagrid.

-Esses aqui vão para a Floresta Proibida. –disse Guelch. –Eu vou até o castelo mostrar as detenções aos outros...

 Guelch saiu. Neste meio tempo, ninguém falou, e não se ouvia nenhum barulho, a não ser farfalhar das árvores e Canino chorando.

-Vai leva-lo? –perguntou Carlos a Hagrid.

-Ah, sim... Ele chora quando fica sozinho, o coitado... –disse Hagrid. –E, hum... Como estão? Muito nervosos?

-Sim. –responderam Rosa e Alvo, Carlos riu.

-Não se preocupem com isso... –respondeu Hagrid. –Vão andar em grupos.

-Espero que eu não fique no grupo desse aí... –disse Carlos olhando feio para Scorpius. O garoto estava branco. Não falava ou se mexia, apenas olhava para o chão.

-Acho que ele está mal... –cochichou Rosa a Alvo.

 Alvo encarou Hagrid, depois Scorpius. Ele queria que alguém perguntasse se o menino estava bem, mas não ele... De repente, como se lesse seu pensamento, Hagrid falou:

-Eh... Tudo bem, Malfoy?

 O menino o encarou surpreso. Olhou para os lados, assentiu e voltou a olhar para o chão.

-Tiago deu uma boa lição nele. –disse Carlos satisfeito. Rosa lhe mandou um olhar de censura. –Molhou todo ele e tinha que ver a cara que ele fez quando o Matt e...

-Pois eles não deviam ter feito aquilo! –disse Rosa. Todos a olharam surpresos, inclusive Scorpius. –Fazendo isso está se igualando ao Malfoy, e além do mais, não devemos fazer com os outros o que não queremos para nós.

-Para mim ele mereceu. –disse Carlos, mas bastou um olhar de Rosa para que ele parasse de falar. Scorpius o olhou com raiva, abriu a boca para falar algo, mas se calou e voltou a encarar o chão.

 Logo Guelch chegou. Segurava uma caixa agora. Ele olhou a volta, e parou o olhar no cachorro no colo de Hagrid, bufou e disse:

-Vocês dois, aqui comigo! –rosnou, e puxou Alvo e Rosa para perto dele. –Vamos, tenho mais o que fazer!

-E eu? –perguntou Carlos.

-Eh, venham comigo... –disse Hagrid.

-Mas eu quero ir com eles! –disse Carlos. –Vou ter que ficar justo com o Scorpius?

-Saiba que não estou nem um pouco contente de ter que ir com você. –disse Scorpius.

 Alvo sentiu que Guelch o puxou e ele e Rosa tiveram que seguir para dentro da Floresta. A luz da cabana de Hagrid, refletida nas árvores, fazia parecer que tinham vultos pela Floresta.

-Hum... –disse Rosa. –Sr. Guelch, o que vamos fazer?

 Guelch olhou para trás. Sua cara feia e enrugada ficava ainda mais assustadora no escuro. 

-Vamos caçar tronquilhos. Espero que saibam o que é, pois não vou explicar. –rosnou Guelch.

 Alvo não fazia a menor ideia do que eram esses tronquilhos.

-São parecidos com troncos de árvores. –esclareceu Rosa, ao notar a dúvida no rosto do primo. –É preciso atraí-los com algo...

-Peguem uma sacola. –disse Guelch abrindo a caixa. Dentro havia várias sacolas fechadas. –Agora precisam atraí-los com essa comida.

 Alvo pegou a sacola. Algo lá dentro se mexia. Ele a abriu e viu uns bichinhos... Eram bichos-de-conta. Mas também havia outra coisa. Eram bolinhas.

-Ovos de fadas. –disse Rosa.

-O que fazemos? –perguntou Alvo a Rosa.

-Temos que procura-los. –disse Rosa. –Lumus!

 Ela foi se abaixando e começou a iluminar as raízes das árvores. Alvo fez o mesmo:

-Lumus!

 Ele não via nada além das árvores. Rosa meteu a mão na sacola e tirou um pouco dos bichos-de-conta, e ficou segurando-os em cima das raízes. Alvo a imitou.

 Eles ficaram andando de árvore em árvore, segurando os bichos-de-conta e os ovos de fadas nas mãos, mas nada de tronquilhos.

-Tem certeza que eles vivem aqui? –perguntou Alvo, após eles olharem a vigésima árvore.

-Claro que vivem... –respondeu Rosa. –Só devem estar mais para o fundo da... Alvo!

-Que foi? –perguntou ele assustado.

-Onde está o Guelch? –perguntou ela olhando a volta.

 Alvo começou a procurar pelo zelador, mas nem sinal dele.

-Ai, meu Deus, o que vamos fazer? –perguntou Rosa.

 Alvo sentiu seu coração acelerar. Estavam ali sozinhos, no meio da Floresta Proibida. Começou a procurar desesperadamente por entre as árvores, mas não via nada.

-SR. GUELCH! –gritou Alvo apavorado.

-Chhh! –fez Rosa tampando a boca do primo. –Algum animal pode ouvir e nos cercar! Temos que... Temos que manter a calma e tentar voltar para o ponto onde estávamos.

-Manter a calma? –repetiu Alvo. –Rosa, estamos no meio da Floresta Proibida! Como quer que eu fique calmo?

 Por um instante eles se olharam. Havia medo e desespero nos olhos azuis de Rosa, e Alvo sabia que os dele diziam a mesma coisa. Alvo pôs as mãos na cabeça, puxou os cabelos na esperança de que seu pavor passasse.

-É ele! –disse uma vozinha aguda. Alvo se virou imediatamente.

-Foi você? –perguntou a Rosa, temendo a resposta.

-Não. –disse a prima virando-se a procura de quem falara.

-É ele sim, Jubáth! –disse a voz novamente.

-Não seja burra! –disse outra voz, mas tão fina quanto à outra.

-Q-Quem disse isso? –perguntou Rosa.

-Fique quieta, eles vão ver a gente! –disse a segunda voz.

 Alvo continuou procurando por quem disse aquilo.

-Onde estão vocês? –perguntou Alvo.

-Estamos aqui! –anunciou a primeira voz.

-Não, Betusa! –gritou a segunda.

-Aqui! –anunciou a primeira. –Em cima da árvore, às suas costas!

 Alvo e Rosa viraram-se imediatamente. Em cima da árvore, havia uma colmeia, mas um pouco diferente das de abelhas, era lisa, e parecia ser feita de barro. Havia uma portinha e uma míni janela. Era parecido com uma casinha de boneca. Havia luz por dentro das janelas, e duas cabecinhas olhavam assustadas para eles.

-O que são vocês? –perguntou Alvo.

-Não deviam estar falando com a gente! –disse a segunda voz, que devia se chamar Jubáth.

-Ah, não ligue para ela! –resmungou Betusa. –Nós somos...

-Fadas! –completou Rosa. –Vocês são fadas!

-Errado! –disse Betusa. –Não somos fadas quaisquer! Somos Fadas Inteligentes! Chamo-me Betusa, e essa é Jubáth.

-Prazer... –disse Rosa encarando as fadas.

-Não devíamos estar falando com eles! Não devíamos... Humanos! –disse Jubáth.

-Ah, cale a boca! –retrucou Betusa.

 Alvo ficou um pouco aliviado pelo fato de não estarem sozinhos.

-Eu sou...

-Rosa Weasley. –completou Betusa. –Filha de Hermione Granger e Ronald Weasley. E você é Alvo Severo Potter... O menino que...

-Betusa! –exclamou Jubáth. –Não pode! É lei! E eles são... Humanos!

-Tudo bem, tudo bem! –disse Betusa. –Você é o filho de Harry Potter e Gina Weasley. Alvo Severo... Betusa sabia que era você! Sabia! É bem como eles descrevem! Moreno, olhos verdes vivo, cabelos negros...

 Como ela sabia tanto dele? E de que lei Jubáth falava? Alvo olhou intrigado para a fada. Seus cabelos brilhavam, e tinham uma cor esverdeada, o que o fez lembrar-se de Teddy, quando ficava nervoso.

-Foi um prazer! –disse Rosa. Ela parecia fascinada com a ideia de conhecer uma fada. –Eh, será que não viram, por acaso, um senhor careca segurando uma caixa...

-O Guelch? –perguntou Betusa. –Ele estava com vocês...

-Nos perdemos deles, será que poderia nos ajudar? –pediu Rosa.

-Não! –respondeu Jubáth. –Não podemos! E vocês têm que ir embora!

-Ah, Jubáth, não custa nada! –disse Betusa. –Eles precisam voltar ao castelo, poderiam usar o túnel...

-O túnel não leva para o castelo, Betusa, sabe disso! –respondeu Jubáth. –Eles não podem saber! Não podem!

-Ah, mas é o que diz a pro...

-NÃO! –gritou Jubáth, sua voz ecoou pela floresta. –Não deve ser a gente quem vai lhes revelar! Agora...

-Tá, ok! Eu só... O que houve com as mãos de vocês?

 Alvo olhou para as próprias mãos e viu as bolhas e queimaduras. Lembrou-se que seus braços ainda guardavam as cicatrizes do amasso.

-Acidente de aula. –respondeu Rosa.

-O que fazem aqui, fadas? –disse uma voz grave vinda de trás.

 Alvo se virou. Alguma coisa naquela voz, o disse que ele não era tão seguro quanto as fadas. A visão que teve ao se virar, quase o fez congelar. Um corpo marrom, metade homem, metade cavalo, cabelos negros, longos e desgrenhados. De repente, Alvo notou que a luz das varinhas se apagara, e que a única luz era a da colmeia das fadas. Sentiu que algo agarrou seu braço e torceu para que fosse Rosa.

-Humanos? –disse a voz. –O que estão fazendo na Floresta?

-Estão em detenção, Magoriano. –disse Betusa. –São alunos... E sabe quem são? Alvo Severo Potter e Rosa Weasley!

 O olhar daquele homem-cavalo caiu sobre Alvo e Rosa. Alvo teve vontade de sair correndo, e Rosa deu um gemido.

-E Betusa queria revelar a eles o segredo! –disse Jubáth. –Sobre a passagem e o túnel! E também sobre... A... Profecia...

 O homem-cavalo deu um rugido.

-Não deviam falar nada! Não deviam nem ao menos mencionar! –rosnou ele. –Estão sozinhos?

 Alvo trancou a respiração.

-Estão sozinhos, humanos? –perguntou ele novamente. –Respondam!

-Estão com o Guelch. –respondeu Betusa. –O zelador da escola. Perderam-se.

-A Floresta Proibida é perigosa demais para andarem sozinhos. –disse o homem-cavalo. Ele olhou para o céu. –Vocês correm perigo. Não cheguem perto desta Floresta! Venham! Vou leva-los de volta para Guelch.

 Alvo não se mexeu.

-Podem ir, ele é seguro. –disse Betusa. Alvo a encarou suplicante. Queria que ela dissesse ao homem-cavalo que eles não queriam ir. –Tudo bem, ele não vai lhes fazer mal. Betusa o conhece...

 Alvo engoliu em seco. O homem-cavalo os encarou. Seus olhos negros o penetraram. Ele foi se aproximando. Alvo congelou. Ele estava a menos de vinte centímetros de distância. Parou de repente e se abaixou, queria que eles subissem. Algo empurrou Alvo pelos ombros, ele se virou e viu que Betusa o empurrava. Não tinha escolha senão subir. Foi caminhando o mais lento que pode... O homem-cavalo reclinou mais ainda quando ele chegou. Alvo o encarou e depois montou. Rosa sentou-se atrás dele. As pernas e as mãos de Alvo tremiam. O homem-cavalo se levantou.

-Segurem-se.

 Alvo agarrou-se em seu pescoço e o homem-cavalo começou a galopar velozmente. Eles passaram por árvores, galhos e tudo que viram eram vultos. Dois gritos profundos ecoaram pela Floresta. Alvo conhecia aquelas vozes... Eram de Carlos e Scorpius... O que acontecera a eles?

-Pare! –gritou uma voz de longe. Era Hagrid.

 O homem-cavalo começou a galopar mais veloz... Cada vez mais rápido... Até que foi possível distinguir quatro vultos... E por trás, mais um homem-cavalo.

-Magoriano! –chamou o homem-cavalo que estava por trás dos vultos. –Humanos! Humanos por aqui!

-Ah, vocês com essa... –disse a voz de Hagrid.

-São filhotes, Ronan. –interrompeu Magoriano. –Deixe-os em paz. Eles irão embora.

 Ele reclinou-se e Alvo saltou. Logo depois que Rosa saiu das costas do homem-cavalo, ele galopou até Ronan. Alvo pode ver quem eram os vultos, eram Hagrid, Guelch, Carlos e Scorpius.

-Vão! –ordenou Magoriano.

 Alvo e Rosa foram ao encontro de Hagrid. E ele e os outros saíram na direção oposta dos homens-cavalo.

-O que eram eles? –perguntou Carlos.

-Centauros. –respondeu Hagrid. –Não são muito amigáveis. O que houve com vocês?

-Rosa e eu nos perdemos... –disse Alvo.

 Não iria falar das fadas... Elas mencionaram um túnel, uma passagem e uma profecia... E sabiam bastante sobre ele e Rosa... Com certeza sabiam muitas coisas sobre o mistério de Bob Rondres e o tal Medalhão de Prata... Se contasse a Hagrid, talvez ele os proibisse de procurar as fadas... Não que eles fossem atrás... Mas quem sabe Tiago, em alguma detenção, pudesse esbarrar com elas...

 Alvo estava tão perdido em seus pensamentos, que nem notara que já haviam chegado até a cabana de Hagrid.

-Bem, eu fico por aqui... Boa noite! –despediu-se Hagrid.

 Guelch e eles continuaram seguindo para o castelo.

-Por que vocês gritaram? –perguntou Alvo a Carlos.

-Você não viu a criatura que estava lá? –perguntou Carlos. –Aquele bicho que Hagrid chama de Ronan! Apareceu por trás... Quase tive um infarto...

-Eles são loucos de nos botarem naquela Floresta! –resmungou Scorpius.

-E alguém pediu a sua opinião? –perguntou Carlos. –Fica na tua, Malfoy, ou peço a Matt que lhe dê um jeito.

-Não vou fazer o que quer só porque é “irmão” do Matt. –disse Scorpius com rispidez.

-Pois porque não fala isso na frente do Tiago e do Matt, hein? –perguntou Rosa. Era a primeira vez que falava, e Alvo pode notar, ela estava branquíssima.

-Fique quieta, Granger! –retrucou Scorpius. –Não preciso de sugestões de você... Sangue-Ruim!

 Alvo sentiu um forte impulso de dar um soco em Scorpius, mas Carlos foi mais rápido. Quando viu, Scorpius estava com a mão na boca.

-Quietos, vocês aí! –resmungou Guelch, sem ao menos se virar.

-Não mexa com os meus amigos, Malfoy! –sussurrou Carlos.

-Vai me pagar Cattér! –disse Scorpius tentando estancar o sangramento da boca.

 No caminho de volta, ninguém mais falou. Alvo achou que Tiago e os outros estivessem esperando no Saguão de Entrada, mas não havia ninguém lá. Eles subiram para o salão comunal da Grifinória, ainda em silêncio. Scorpius foi direto ao dormitório. Alvo, Carlos e Rosa sentaram-se nas poltronas em frente à lareira, onde ficaram encarando o fogo por um longo tempo.

-Não acredito que tive pena dele... –disse Rosa, quebrando o silêncio.

-Eu também tive. –confessou Alvo. –Sei bem o que ele passou, minha vida toda foi assim... Com medo do Tiago... Com todos rindo de mim... O que ainda fazem...

-Scorpius é um idiota. –resmungou Carlos. –Quem ele é para falar de você? Sangue-Ruim... Rosa você é mestiça, não tem por que...

-Não, não tem. –disse Rosa. –Mas isso não faz diferença para ele... Papai me disse para tomar cuidado com ele, disse que ele tem uma má influência paterna...

-Ah, é... Seu pai conheceu o Draco. Coitado...

-Nossos pais estudaram em Hogwarts no mesmo ano que ele. –disse Alvo.

-Você devia ter batido muito mais nele. –disse Rosa.

 Carlos e Alvo riram.

-Não queria mais uma detenção. –disse Carlos. –Mas eu bem queria ter arrebentado aquela cara branca... Posso viver com os outros me chamando de Traidor do Sangue, mas não admito que ele te chame de... Sangue-Sujo...

 Rosa sorriu.

-Mas... E como foi com vocês na Floresta? –perguntou Alvo mudando de assunto.

-Ah, no início até que não estava tão ruim. –respondeu Carlos. –Hagrid mandou que a gente pegasse bichos-de-conta e ovos de fada para atrair os tronquilhos. O Malfoy ficou o tempo todo reclamando, para variar. Mas depois a gente ouviu uns passos... Ou melhor, galopes... Então quando nos viramos, vimos àquela criatura.

-Centauro. –corrigiu Rosa.

-Ok, centauro. –continuou Carlos. –Aquele bicho avançou para cima da gente, mas o Hagrid impediu. Disse que estávamos em uma detenção e que não queríamos incomodar, mas o bicho que Hagrid chama de Ronan não aceitou. Disse que a Floresta Proibida não era lugar para humanos... Então ele e o Hagrid ficaram discutindo um tempão até vocês chegarem... E vocês?

 Alvo contou tudo sobre as Fadas Inteligentes e sobre o centauro de nome Magoriano. Contou sobre a tal passagem e o túnel que as fadas mencionaram, e sobre a profecia.

-O mais estranho era que elas sabiam quem a gente era... Dos nossos pais...

-Ah, mas todo mundo conhece vocês... A mãe do Al é a ex-apanhadora dos Holyhead Harpies, o tio de vocês é o dono da Gemialidades Weasley. Seus pais são aurores e a mãe da Rosa trabalha no Ministério.

-Mas parecia que não era por isso... –disse Alvo. –Seus pais também trabalhavam no Ministério e...

-Trabalhavam. –interrompeu Carlos. –Quando ainda agiam como bruxos... Meus pais e os pais do Matt adoram trouxas. Nossos pais atravessam a cidade para trabalharem como médicos... Não acho que sejam muito melhores que os curandeiros do St. Mungus, mas... E sobre o túnel e a passagem? O que falaram?

-Jubáth não a deixou terminar... –respondeu Alvo. -Betusa queria que a gente voltasse para a escola usando o túnel, mas Jubáth a repreendeu. Disse que o túnel não levava para o castelo, e que Betusa sabia disso... Acho... Acho que ela só fez isso para que soubéssemos.

-O quê? –exclamou Rosa.

-É. –confirmou Alvo. –Acho que ela sabia que o túnel não dava para o castelo e que só queria que agente ficasse sabendo da existência dele. E... Também falou da pro...

-Hã? –perguntaram Rosa e Carlos ao mesmo tempo.

-A pro. –respondeu Alvo. –Jubáth também não deixou que ela terminasse, mas disse ao Magoriano que ela quase revelou sobre a profecia.

-Profecia? –repetiram Rosa e Carlos em uníssono.

-É... Tem uma profecia... E não é muito estranho... Acho que eu já sonhei com isso... Nas férias... Agora que ela falou, eu lembrei... Era como se eu voltasse no tempo... Eu era bebê... Estavam todos n’A Toca.

-Onde? –perguntou Carlos.

-Na casa dos nossos avós. –explicou Rosa.

-É, e Kingsley apareceu lá... Mencionou uma profecia... Não lembro muito, mas tenho certeza que falou algo sobre isso... E talvez... Bob Rondres...

-Então uma profecia... Uma profecia que tem a ver com vocês e...

-Não tem a ver com nós. –cortou-o Rosa.

-Mas ela...

-Ela apenas disse sobre a profecia. –interrompeu Rosa novamente.

-Ok, então apenas há uma profecia... Um túnel e uma passagem... E isso tudo tem a ver com Bob Rondres...

-E o Medalhão de Prata. –disse Alvo.

 Por um tempo eles apenas se encararam e franziram as testas, à procura de uma resposta para aquelas perguntas.

-Cara, isso é muito mistério para mim! –concluiu Carlos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam???? Eu concordo com o Carlos, é muito mistério para mim (apesar de eu já saber de tudo o que vai acontecer, neh kkkkk)... E vocês? O que acharam desse túnel?? E a passagem??? Bom... Estarei um pouco sem tempo nesse fim de semana, então não é certo que vou postar, mas dou um jeito...
Bjs, Amandinha Weasley *-*