Oracle - The Beginning escrita por


Capítulo 10
Capítulo 5 - Anna e eu : Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal, estou de volta. Desculpe eu ter ficado este tempo sem postar, to sem pc, só to usando do meu irmão quando dá... Bom, vamos ao que interessa.
Capitulo prontinho, saindo do forno.
Desculpem se tiver muitos erros, to com sono e usando o skydrive, não curto muito mas não tem jeito. Qualquer coisa ediito depois de novo.
Espero que gostem, admito que não gostei muito deste capítulo, e adianto que o próximo é muito especial para miim, a parte 2, que já está pronta.
Chega de falação. Boa leitura.



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Cheguei em casa muito tarde, passei a noite toda patrulhando. Eu e Hector dividimos o perímetro, ele ficou mais na área da cidade enquanto eu pegava os arredores e floresta. Como Bryan tinha sido mordido pela vampira, não foi com a gente. Já Lorran não sei por que ele não foi. Bom, eu e Hector demos conta.

Cheguei um pouco suado, apesar do frio que fazia. Estranho seria se não estivesse já que foram três horas correndo sem descanso. Apesar de tudo eu não me sentia cansado, pelo contrário, estava disposto, nem sabia conseguirei dormir. Passei na cozinha e peguei uma maçã da fruteira, depois subi.

Antes de ir pro banheiro passei no quarto de Bryan, ele dormia tranquilo. Idiota, não era para ter deixado a vampira morde-lo, imagino a dor pela qual ele passou, mas agora ele estava bem, aparentemente. O garoto estava esparramado na cama, o cobertor estava no chão. Esse era o Bryan. Entrei no quarto e peguei o cobertor, joguei em cima dele estendido para cobri-lo.

— Obrigado, Bryan – agradeci, mesmo sabendo que ele estava em sono profundo.

Saí do quarto dele e fui para o banheiro. Logo que entrei já fui me despindo e jogando as roupas no canto, joguei o resto da maçã no lixo e liguei o chuveiro frio entrando em baixo, que alívio. Depois da primeira sensação de água fria se chocando contra meu corpo quente, consegui relaxar. Como meus banhos não são tão longos, saí depois de cinco minutos, enrolei a toalha em volta de minha cintura e rumei para meu quarto, chegando lá vesti roupas limpas, na verdade só minha cueca e uma bermuda de dormir.

Deitei na cama finalmente. Cadê o sono? Nada. Era para eu estar exausto, era... Fiquei rolando na cama a toa, sem pensar em nada, só queria dormir rápido, pois logo mais teria aula. Peguei meu celular para ver as horas, quatro e meia, droga. Respirei fundo e relaxei o máximo possível, desviei minha mente de qualquer tipo de pensamento, funcionou. Meus olhos logo ficaram pesados e eu acabei dormindo.

Dormi quase o domingo todo. Horas eu via um pouco de TV e depois cochilava no sofá. A noite mesma coisa, patrulha até horas da madrugada. Cheguei em casa quase cinco da manha e cai direto na cama apagando. Meu celular tocou me acordando e me fazendo tomar um susto.

— Alô? – atendi sonolento.

— Oi, Jean – reconheci a voz na mesma hora, Anna.

— Não, papai Noel – brinquei, ainda com voz de sono.

— Começou cedo a gracinha.

— É pra não perder o costume – eu ri. – O que desejas tão cedo, senhorita?

— Cedo o que, menino? É sete e meia, a aula é daqui a meia hora. To pronta vem me buscar. Lembra-se da aposta? Então, vai ter que fazer tudo que eu pedir a semana toda.

A aposta. Não tinha como esquecer a ela, aquela derrota foi humilhante.

— Espera, são sete e meia? Droga, certo Anna. Estarei aí em dez minutos.

— Ok, to esperando. Beijo.

— Beijo – desliguei.

Mais uma noite mal dormida, fazer o que, não é? Levantei da cama e fui direto para o chuveiro, só me molhei, tinha tomado banho a menos de duas horas, e escovei os dentes. Vesti uma cueca, minha calça, uma camisa cinza, que eu gostava muito e calcei meu tênis. Desci as escadas correndo, um cheirinho de panquecas invadiu minhas narinas, a fome logo me invadiu. Como eu tinha que pegar Anna na casa dela não tinha tempo para comer, passei na cozinha só para ver se minha mãe ainda estava em casa. Sim, ela estava.

— Bom dia, filho – ela me cumprimentou sorrindo.

— Bom dia, mãe – sorri de leve.

A mesa estava bonita, tinha frutas, vários tipos de pães, panquecas, chocolate quente, café, bolo, tudo perfeito.

— Senta aqui e come algo – ela pediu.

— Não dá, estou atrasado.

— Não está, daqui a escola são dez minutos, você tem dez minutos para comer algo e ainda chegara a tempo.

— É que eu prometi dar carona a uma amiga hoje – dei um sorriso sem graça.

— Amiga não é? – ela me olhou indiferente.

— Nem começa mãe – impus logo.

— Não disse nada demais, apenas fiz uma pergunta.

— Bryan já foi? – indaguei.

— Já, ele está indo de ônibus. Agora sei o porquê – ela riu.

— Ele gosta do ônibus, do jeito que é bagunceiro...

— Não vai comer nada mesmo?

— Não mãe, to indo já, aliás, bela mesa. Papai vai vim tomar café aqui hoje? – Perguntei de brincadeira.

— Vem – ela sorriu.

Eu ri. Eu sabia que eles iam começar a se acertar. Despedi-me rápido dela e saí. Liguei o carro e pisei fundo para casa da Anna. Eu estava animado e por incrível que pareça bem disposto. Uma coisa boa em ser caçador. Liguei o som em um volume bem alto, fui passando as estações de radio até encontrar uma música boa, Coldplay – Padise. Quando eu passava por pessoas nas ruas elas olhavam para mim, o estranho seria não olhassem, na altura que a música estava, eu ri. Deviam pensar, “Mais um jovem rebelde para a cidade”, quer saber? Que pensem o que quiser.

Entrei na rua da Anna, até que cheguei rápido. A música ainda era a mesma e a altura também. Parei bem em frente a sua casa, dei duas buzinadas e desliguei o som. Um minuto se passou e nada. “To pronta”... Sei.

Apurei minha audição para tentar escutar alguma coisa dentro da casa.

— Anna tem alguém te esperando, quem é? – alguém disse.

— É só um amigo, mãe – era Anna.

— Amigos vem buscar de carro em casa agora? Estou por fora – disse a mãe e depois riu.

— Não vai espiar, mãe, é sério – ouvi uma porta batendo.

— Claro que vou – a mãe disse contrariando ela.

Reparei um olhinho aparecendo no canto da janela, a cortina tinha sido afastada só para caber apenas ele. Eu ri. Fingi não ter visto nada. Ouvi o barulho de Anna escovando os dentes. Um minuto se passou e Anna desceu as escadas, dava para ouvir os passos.

— Mãe eu disse para não olhar – ela disse brava.

— Relaxa menina, ele nem me viu. Gostei dele, é bonito – a mãe rebateu.

Bonito, onde?

— Tchau mãe – ela disse e vi a porta se abrir.

Saí do carro na mesma hora.

— Oi – ela sorriu para mim.

Ela estava linda, vestia calça jeans e uma blusa roxa muito linda. Fiquei admirando-a.

— Eu disse oi – balancei a cabeça voltando à realidade.

— Ah! Desculpa. Bom dia, senhorita – cumprimentei.

— Bom dia, senhorito – ela sorriu.

— Vamos? – sugeri.

— Vamos, já estamos quase atrasados – ela disse.

Abri a porta do carona para ela.

— Obrigada – agradeceu.

— Por nada – fechei a porta e fui para meu lugar.

Girei a chave e acelerei.

— Era você que estava ouvindo música? – Perguntou, curiosa.

— Era sim, por quê? – Eu ri para ela.

— Nada, tem bom gosto – ela sorriu. – Cuidado para não ser preso, perturbar a paz em Phenite é crime.

— Uma musiquinha alta não faz mal a ninguém – sorri junto com ela.

— Então não liga de eu por um cd?

— Pode por.

— Oba! – ela riu.

Anna era divertida, buscar ela a semana toda seria legal, pelo menos o dia começaria ótimo.

— Achei! – Ela disse esticando um cd para cima.

Eu estava prestando atenção nas ruas, então nem vi qual capa era. Ela logo colocou o cd no rádio. Fiquei curioso para saber que tipo de música era, espero que seja uma bem animada. A música se iniciou com o toque de piano, um toque lento, depois veio à voz da cantora.

— Avril Lavigne? – Indaguei bem alto.

— Amo ela – Anna respondeu na mesma altura, depois sorriu.

O som estava na mesma altura que eu tinha deixado. Então abaixei para uma música de fundo.

— Por que abaixou? – Ela fez bico.

— Muito alto, e já estamos chegando à escola – justifiquei.

— O que é que tem? Está com vergonha, é? – Ela gargalhou.

— Digamos que é estranho para um menino escutar Avril Lavigne.

— Não é não. Chato.

— Eu gosto dela, as músicas são legais, mas vou ser zoado demais na escola se chegar ouvindo “When You're Gone”.

— Não vai não, deixa de ser bobo. Além do mais quem está no comando sou eu, não se esqueceu da aposta, não é? – Ela olhou para mim e deu um sorriso maligno, logo depois aumentou o som.

— Não – eu disse emburrado.

Entrei no estacionamento, o som estava bem alto. Alguns garotos ficaram olhando quando passei devagar procurando uma vaga. Suspirei. Achei uma boa vaga e parei o carro lá. Anna tirou seu cd e desligou o rádio.

— Não foi tão ruim – ela disse.

— Para você que é menina – resmunguei.

Mas aposta era aposta e eu tinha que fazer.

— Bobo, é só uma música. Não vai deixar de ser homem porque escuta Avril, ou outro estilo qualquer. Deixa de ser bobo, ok? – Ela deu seu sorriso mais encantador.

Suspirei. Na verdade eu nem me importava muito, não ligo para o que pensam de mim, eu estava mais era fazendo drama para Anna.

— Certo – eu ri.

Saí do carro e fui abrir a porta para ela.

— Obrigada – agradeceu-me.

— De nada.

Apesar de não me importar com o que pensavam de mim fiquei curioso, alguns alunos e alunas cochichavam. Lancei minha audição para saber o que falavam.

— Ele é fofo – disse a menina loira após um longo suspiro. Ela estava junto com mais duas meninas encostadas em uma caminhonete preta.

— E lindo – complementou a amiga, essa era morena e era a mais baixa das três.

— Pena que tem namorada – disse a terceira amiga.

Eu ri. Eu e Anna, namoro? Não...

Dos meninos não ouvi nada relacionado a mim, eles falavam mais sobre futebol.

— Está rindo a toa hoje, senhor Konery? – Anna perguntou.

— Estou animado hoje – respondi.

Passamos pela entrada da escola e íamos andando até os armários.

— Posso saber o motivo? – essa Anna... Sempre curiosa.

— Só acordei animado hoje, e parece que meu pai e minha mãe vão reatar no futuro.

— Que maravilha, espero que dê tudo certo – ela sorriu forçado.

Eu sabia que ela queria que os pais dela estivessem juntos, mas o pai dela estava morto. Pela segunda vez eu levei ao assunto pai, droga. Ela ainda sente muita falta dele, e eu entendo. Eu tinha que a distrair, tirar este pensamento da cabecinha dela. Não pensei duas vezes e beijei sua bochecha, assim sem motivo algum. Ela rapidamente colocou a mãe na bochecha, onde eu beijei, e corou um pouco. Eu ri.

— Por que fez isso? – Ela disse baixo, estava sem graça.

— Não posso dar um beijo no rosto de minha amiga? – Indaguei sorrindo.

— Pode, mas... Esquece – ele sorriu.

Pisquei para ela.

O sinal tocou, eu tinha cinco minutos para estar na sala.

— Nos vemos na aula? – Perguntei a Anna.

— Dividimos a mesma mesa, não? – Ela riu.

— Claro – cocei a cabeça.

Andei de pressa a meu armário. Chegando lá fui logo pondo a senha e puxando minha mochila, tirei os livros que estavam dentro e coloquei os das matérias correspondentes para as cinco primeiras aulas, assim não precisaria voltar e teria um tempinho livre à toa nas mudanças de aula.

Andei a passadas largas até a sala. Segundo andar, aula de Inglês, eu sentia que estava esquecendo-se de algo, mas não conseguia lembrar o que. Entrei na sala e sentei na cadeira do lado de Anna.

— Não vai por o papo em dia com Claire? – Perguntei.

Elas costumavam sentar juntas na primeira aula e segundas, às vezes.

— Na hora do recreio. Além do mais hoje tem teste, tenho que sentar ao lado do nerd – ela riu.

Sabia que estava esquecendo-se de algo, o teste, o maldito teste que valia cinco pontos.

— O teste – eu disse sem graça.

— Ah! Já leu o jornal da escola?

— Que jornal?

— O jornal da escola, sai toda segunda.

— Nem sabia que existia – olhei para ela, indiferente.

— Agora sabe. Tem matéria sobre você – ela disse enquanto arrancava um pequeno jornal da bolsa.

— De mim? – Olhei para ela, surpreso.

— Na verdade é um Top dez dos meninos mais interessantes da escola – ela riu. – E você está em segundo.

Arregalei os olhos.

— Posso ver? – Estava curioso de verdade.

Ela balançou a cabeça confirmando e me entregou o pequeno jornal, acho que tinha umas dez páginas apenas.

— Página sete – Ana me disse.

— A matéria sobre mim?

— Uhum.

Passei as páginas que não me interessava até chegar à página sete. Estava lá, a página toda era uma matéria, o top dez. O incrível era que eu estava mesmo em segundo, eu interessante? Não era tudo isso. Olhei o primeiro colocado, Lorran. Eu ri. Hector estava em quinto e Bryan em sétimo, mas que coisa não? Resolveram por os caçadores em um top. Eu ri de novo.

— Do que está rindo? – Anna indagou.

— Não, nada – respondi e depois voltei a ler.

“Jean, o irmão mais velho de Bryan ocupa a segunda posição, além de ser lindo e fofo ele também tem muito estilo. Geralmente fica na dele. Não gosta muito de chamar atenção e dispensa popularidade. Este gatinho cursa o segundo ano e está solteiríssimo, então meninas de plantão aproveitem logo”. Não contive o sorriso largo no rosto, sei lá, era engraçado me ver no jornal, sim tinha uma pequena foto, não sei como tiraram sem eu perceber, mas pelo fundo a foto foi tirada no recreio.

— Quem escreve o jornal? – Perguntei para Anna.

— Leia no final da matéria, bobo – ela sorriu.

“Evelyn Rachel e Ravenna Stone”. Evelyn. Tinha que ser... Sem comentários. Na verdade eu achei o jornal interessante, mas na real, Lorran primeiro? Aí tem coisa. Comecei a ler o que ela escreveu dele. “Lorran Scalzer, além de ser lindo, é muito misterioso e caladão, pouco se sabe sobre ele. Seu melhor amigo é Hector, o único que ele conversava até Jean e Bryan chegarem à escola. Alguma menina está a fim de conhecer a fundo os mistérios deste gato?”. Contive o riso desta vez.

O professor entrou na sala, estava sério e cheio de papéis nas mãos.

— Sem delongas hoje turma – ele foi logo dizendo. – Bom dia para todos vocês. Vou entregar os testes logo para vocês terem mais tempo.

Ele entregou certa quantidade aos primeiros alunos das fileiras que por sua vez iam passando para trás até que todos estivessem com o teste em mãos. Quando o meu chegou eu fui logo dando uma lidazinha, resultado, não sabia nada.

— Lembrando que só podem trocar ideias com o colega de mesa, boa sorte – disse o professor e logo desabou na cadeira, ficou vigiando.

Eu coloquei meu nome e a data, só isso que sabia. Eu já estudei essa matéria, mas não me lembrava. Droga. Anna estava concentrada em seu teste, a deixei em paz. Eram vinte questões.

Respirei fundo. “O que fazer?”, pensei. Espera aí, eu sou tonto demais às vezes.

— Lorran – chamei por sussurro. 

Nada, ele estava concentrado, como a sala tinha um número ímpar de alunos o coitado sempre sentava cozinho.

— Lorran, eu sei que está ouvindo, não adianta ignorar – insisti por sussurro.

— O que você quer? – finalmente respondeu, claro que sussurrando. Uma pequena vantagem de ser caçador.

— Me passe às repostas! – Pedi.

— Não, nem pensar, não devemos tirar vantagens de sermos caçadores – ele disse.

— Não seja chato cara, você sabe muito bem que eu e Hector patrulhamos a cidade ontem, não deu para estudar.

— É verdade, Lorran – Hector entrou na conversa. – Você sabe que a Jessie não estuda, ela não sabe nada e não consegui estudar ontem, você sabe por quê.

— E a Anna, Jean? – Lorran perguntou.

— Está fazendo algumas, mas não sabe tanto. Qual é Lorran, não vai matar.

— Vai cara, sou seu melhor amigo, não custa ajudar – Hector tentou apelar para a amizade.

— Calem a boca, pestes – agora Bryan se juntou a conversar por sussurro.

— Não se mete Bryan – eu disse.

— Bryan deu sorte, Claire é muito inteligente – disse Hector, e com razão.

— Ta bom, vocês não vão me deixar em paz se eu não ajudar, então eu digo as respostas.

Com Lorran soprando todas as respostas foi fácil fazer o teste. Passei todas as respostas para Anna, ela riu me chamou de nerd. Geralmente seria fácil para mim, mas como não estudei nadinha não tinha como me dá bem sem trapacear.

Entreguei os testes, meu e de Anna. O Hector também entregou o dele e de Jessie, e Lorran entregou o dele, claro. O professor deu uma olhada nos teste, claro que não fiz idêntico ao que Lorran disse, teve questões que fiz com minhas próprias palavras, a de marcar “x” eu fiz todas iguais, não sou tonto de não fazer. De uma coisa eu sabia, fui bem.

As outras aulas foram tediosas, Anna estava mais quieta hoje. Não demorou a tocar o sinal para o recreio.

— Finalmente – levantei rápido da cadeira.

— Que foi menino? É apenas um recreio – Anna disse.

— Eu sei. Te vejo no refeitório.

— Certo – ela me olhou com uma careta.

Saí da sala junto com Lorran.

— Te devo essa, amigo – eu disse a ele. Já estávamos andando pelo corredor cheio de alunos.

— Me deve mesmo, mas relaxa. Para isso que servem os amigos não é? – Ele disse.

— Isso aí! – Soquei o braço dele de leve.

No fundo Lorran era um cara legal. Seu defeito era gostar da Anna, não sabia o motivo, mas eu era ciumento com minha melhor amiga.

— Olha, tenho que ir ali, nos vemos na mesa de sempre – Lorran disse e sumiu na multidão.

Deixei minha mochila no armário e fui ao banheiro, depois rumei até o refeitório. Como de costume enfrentei uma pequena fila para pegar a merenda da escola. Prato de hoje? Não sabia, não tinha lido o cardápio. Só sabia que comeria algo, estava morrendo de fome desde cedo.

Depois de alguns minutos altamente tediosos na fila, finalmente peguei minha bandeja. O prato era frango frito, um pouco de arroz e purê de batatas, suco de uva em caixinha para ajudar a comida a descer e de sobremesa nada mais nada menos que torta de maçã. Já com meu almoço em mãos me encaminhei até a mesa da turma. Me sentei junto com o pessoal.

— Aí está o segundo menino mais interessante da escola – disse Claire em um tom de gozação.

— Eu mesmo – eu disse sorrindo.

— Convencido ele, não? – Falou Anna.

— Eu não, o jornal nunca mente. Não é Evelyn? – Ri para ela.

— O que? A sim. Não sei – ela estava vermelha. – Se você diz.

— Jean, não seja mal, deixou a menina vermelha – disse Lorran.

— Falou e disse o primeiro colocado do ranking, aí tem coisa – eu disse brincando.

Peguei um pedaço de coxa do frango e comecei a comer, com a outra mão levava o arroz até a boca usando o garfo, claro.

— Tenha modos na mesa, menino. A comida não vai fugir – Anna disse fazendo careta.

Eu não respondi, estava com a boca cheia.

— Deixa o garoto comer em paz, estamos entre amigos. Além do mais comer frango com garfo e faca é uma droga, com a mão é mais prático – Claire me defendeu.

— Eu estava brincando, chata – disse Anna.

— Eu sei – Claire sorriu malignamente.

Eu me segurei para não rir, essas duas sempre discutem.

— Cadê o Bryan? – Perguntei depois de engolir uma gama de comida.

— Não sei – disse Claire.

— Ele está ali na outra mesa – Lorran apontou para mesa dos populares.

Todos olharam para a mesa. Realmente ele estava lá. Estava conversando com Hector, apenas com Hector. Não dava trela para nenhuma outra pessoa da mesa, e olha que havia varias meninas bonitas lá. Ele se levantou, acho que terminou o papo, vinha em direção a nossa mesa. Como de costume sentou-se ao lado de Claire.

— Olá pessoas que eu amo – ele disse sorrindo.

Todos responderam ele, menos Claire.

— O que foi Claire? – Perguntou ele.

— Nada.

Ninguém falava nada, todos estavam ligados na conversa deles.

— Conheço seu tom de voz, está mentindo. O que te incomoda? – Ele estava sério. Este lance do tom de voz tem a ver com nossa audição melhorada, era questão de treino para conseguir interpretar o tom de voz das pessoas, Bryan já estava bem nisso.

— Achei que tinha te perdido para os populares – Claire Disse.

“Hummmmmm” puxei o coro, fui seguido por todos. Claire arregalou os olhos, enquanto Bryan sorriu. Algumas pessoas de outras mesas olhavam para nossa, não estava nem aí para os olhares.

— Infantilidade dez para vocês – Claire disse com cara de brava ao mesmo tempo envergonhada.

Todos riram.

— Chatos – ela cruzou os braços.

— Liga não morena, eu entendi o que quis dizer. Eu só estava conversando com Hector ,fora que aquela mesa é um tédio total. Prefiro mil vezes vocês.

— Morena? – Indaguei com um sorriso perverso no rosto.

— Eu ouvi isso? – Evelyn também brincou.

— Parece que os hormônios estão à solta por aqui – disse Anna.

— Bryan não perde tempo, se cuida em Claire – disse Lorran, brincando.

— A não gente, para. É sério – disse Claire, estava morrendo de vergonha.

Quanto mais tempo passava com a turma, mais eu gostava deles.

 

***

 

— Olha que legal, ganhei uma cartinha de amor – Me disse Anna.

Estávamos no começo da aula de história, a professora mandou fazer um resumo.

— Uma carta de amor? – Perguntei.

— Sim, estava no meu armário, eu até ia te perguntar se era uma armação sua para me sacanear – ela riu.

— Não, não fui eu não – afirmei.

— Quem será?

— Seu admirador secreto. Não está na cara? – Eu ri da careta dela quando eu disse admirador.

— Nem vem com essa, deve ser alguma armação das meninas – ela tirou o celular da bolsa e começou a digitar.

— O que está fazendo? – Indaguei.

— Não é meio óbvio? Perguntando as meninas.

— Tá bom então. Boa sorte nessa investigação – eu disse.

Será que foi Lorran? Eu ri. Tinha de ser ele, quem mais mandaria cartinha? Isso explica a pressa dele na saída.

— O que diz a tal carta? – Perguntei a Anna.

— Acha mesmo que vou te dizer? – Ela me lançou um olhar de censura.

Droga, aquele olhar dela era decisivo, ela não me contaria mesmo. Precisava pensar em um jeito de convencê-la. E eu sabia um jeito.

— Se me deixar ver o que está escrito aí, eu falo quem mandou.

Era justo, mesmo que tivesse que entregar o Lorran. Já pensei nela indo tomar satisfação com ele, que ficaria muito envergonhado. Seria uma cena engraçada.

— Até parece que você sabe quem mandou – ela balançou a cabeça negativamente.

— Eu sei sim – disse com cara de total certeza e o mais confiante possível.

— Jura que sabe e que vai me contar? – Agora sim ela se interessou pelo assunto.

— Juro.

— Está bom, toma – ela me entregou a carta.

Era uma folha de caderno, a escrita era até bonita, feito à caneta preta. Comecei a ler.

“Deve estar me achando um louco, mas eu guardo um sentimento muito forte por você. Minha timidez não me deixa expressar direito, odeio isso. No primeiro dia que lhe vi algo mudou, meu coração acelerou, literalmente. Algo me puxava para você, algo que eu nunca senti antes. Eu sentia uma imensa vontade de te abraçar, infelizmente faltou coragem. Mas eu pretendo recuperar todo tempo perdido, só lhe peço que me dê uma chance. Quem sou eu? Em breve ficará sabendo.” Interessante...

— Que declaração hein? – Eu ri para ela.

— Quem mandou? – Foi logo perguntando enquanto retomava o papel de minhas mãos.

— Em breve ficará sabendo – eu disse enquanto segurava o riso.

— Não to achando graça, Jean. Sério, você me prometeu – ela estava séria, realmente queria saber.

— Eu não sei quem é. Eu menti – eu disse baixo.

— Você, você, estúpido – ela arrastou a cadeira até a extremidade da mesa, tudo isso para ficar o mais distante de mim.

— Na verdade eu tenho uma suspeita, posso te falar com mais certeza no último horário – o último horário era de educação física.

— De verdade? – Ela arrastou a cadeira de volta.

Confirmei com a cabeça.

Assim que terminei o resumo levei para a professora ver, passei bem devagar pela mesa do Lorran, seu caderno estava aberto, o resumo que ele fazia estava praticamente maior do que o texto, mas isso não era meu foco. No segundo que passei por ele foquei em sua letra, seu traçado, tudo.

Depois que mostrei a professora voltei pelo mesmo caminho, passei bem devagar e olhei de novo o caderno dele. Sentei na minha mesa.

— Posso dar mais uma olhada na carta? – Perguntei a Anna.

— Claro – ela me entregou sem discutir.

Era ele. O modo como estava escrito a carta e como vi em seu caderno, iguais.

— Eu sei quem é.

— Como soube? – Ela indagou me olhando de uma forma estranha.

— Um bom detetive nunca revela suas fontes – brinquei. – Além do mais o que ganharei com isso?

— Nada, bobo, porque eu já sei quem é.

— Mentirosa, está jogando verde – eu disse. Não havia como saber.

— Lorran – foi só o que disse.

Droga, como ela descobriu?

— Como? – Perguntei surpreso.

— Elementar meu caro amigo, fiquei de olho em você, quando passou na mesa dele estava olhando demais para o caderno dele, até aí normal, até que você volta e pede a folha de novo para confirmar sua suspeita. Admita, foi ele – ela me encarou esperando uma resposta.

Duas palavras, travessa e gênia.

— Tá bom, eu acho que sim, pelo que vi no caderno dele e no papel, são idênticas – me rendi.

— Eu sabia – ela sorriu.

— O que pretende fazer? – Perguntei.

— Por enquanto nada. Mas sabe o que é estranho? – Ela parecia pensativa.

— O que?

— Quando eu o vi senti essa mesma vontade de abraçá-lo, a mesma que ele sentiu. E do nada uma alegria instantânea me inundou, foi estranho.

— Amor à primeira vista? – Eu ri, apesar de me sentir um pouco incomodado com suas palavras.

Depois que o sinal tocou saímos da sala, o Lorran foi o primeiro, parecia com pressa ou fugindo de algo. Certamente que ele me ouvira falar com Anna, devia estar com muita raiva de mim.

A aula de Educação física passou muito rápido. Anna passou a aula conversando com Claire na arquibancada do ginásio, enquanto eu, Hector e Bryan jogávamos basquete, não era meu esporte favorito, mas não tinha nada para fazer. Lorran também se juntou a nós, certamente estava com medo de que Anna fosse falar com ele, então para não dar essa chance foi tentar jogar basquete.

Formamos time de cinco alunos, Eu, Lorran, Hector, Bryan e Marco, um menino que sentava na frente, nunca tive a curiosidade de falar com ele. No geral o jogo foi divertido, Hector estava um pouco preocupado caso um de nós se exaltasse e fizesse algo não humano, mas nada aconteceu, foi apenas um jogo normal de basquete. Resultado? Ganhamos todas as partidas.

Algumas meninas da sala torceram pela gente, gritavam nossos nomes e tudo mais. Jessie era a líder desta torcida.

 

***

 

— Seu dedo duro – disse Lorran, parecia bravo.

Estávamos no vestiário. Tinha acabado a Educação Física, eu tinha passado no meu armário e pego umas roupas limpas. Ir embora todo suado não dava.

— Desculpa cara, você mesmo deve ter ouvido que foi ela quem descobriu – eu disse calmamente.

— Mas não ela não iria descobrir se você não desse as dicas.

— Mas eu não sabia que ela estava tão esperta assim, cara desculpa – pedi. Fui sincero, não sabia que Anna ligaria uma coisa à outra tão de pressa.

Tirei minha camisa e joguei em cima da bolsa, depois a bermuda ficando apenas de cueca. Encaminhei-me até o chuveiro um, liguei e fiquei em baixo da água gelada. O vestiário era espaçoso, havia alguns bancos e lugares para mudar de roupa, além de quinze chuveiros.

— Tá bom, mas se ela vir falar comigo? – Ele estava confuso e com vergonha. Agora ele também estava no chuveiro, o quatro, tomando sua ducha.

— Sei lá, fala a verdade ué – eu disse enquanto passava o sabonete.

O resto dos meninos que jogaram chegou, todos foram se despindo e entrando nos chuveiros, visão do inferno tanto homem só de cueca molhada.

— O que tá pegando? – Perguntou Bryan do chuveiro seis.

— Lorran se declarou através de uma carta para uma menina da nossa sala – eu disse rindo.

— Acho que sei quem é – disse Hector do chuveiro nove.

Os outros meninos da sala não entraram no assunto, eles conversaram sobre outros assuntos, era melhor assim.

— Quem é? – Bryan indagou.

— Não fala – disse Lorran. – É sério.

— Você o ouviu, Bryan – eu disse.

— Eu descubro depois – Bryan sorriu maldosamente.

Do jeito que meu irmão era ele descobriria mesmo, mas do jeito que falou não parecia muito interessado, outra coisa ocupava um lugarzinho especial em seus pensamentos.

— E você e Claire, vai ou não vai? – Eu perguntei.

— Quase foi, ontem. Mas aí a mãe dela chamou – ele confessou.

Surpreendera-me ele ter contato a verdade, estava mesmo afim dela.

Os outros alunos saíam aos poucos do chuveiro, já se arrumando e esvaziando o vestiário, restando só nós. Eu saí do chuveiro e comecei a me vestir, os meninos também.

— E você e Jessica, Hector? – Indaguei, não sabia muito sobre eles dois.

— Gosto da sua prima como nunca gostei de alguém, mas acho algumas atitudes dela erradas.

— Como o que? – Bryan perguntou enquanto se vestia.

— Querer ser o centro das atenções, ser popular, se acha melhor que os outros – ele respondeu sem graça.

— Converse com ela, diga o que lhe incomoda. Está na cara que ela é fissurada em você, use isso para fazê-la uma pessoa melhor – eu disse.

— Você está certo, vou fazer isso ainda essa semana – ele me disse. – Vou pedir ela em namoro, o que acham?

— Faça o que achar que é certo – eu disse.

— Se você gosta mesmo dela e quer ajudar ela ser melhor, vá em frente – Bryan disse pensativo, eu sabia que ele estava pensando em Claire, mas neste caso foi ela quem mudou ele, ou estava mudando.

— Siga seu coração, amigo – incentivou Lorran.

— Digo o mesmo para você – Hector disse, depois sorriu.

Certamente Hector sabia dessa paixão platônica de Lorran por Anna e o incentivava a tentar se aproximar dela. Já arrumado peguei minha mochila e saí do vestiário.

 

***

 

O resto da semana foi normal, quer dizer, um normal estranho. Lorran sentava com a turma na mesa e conversava normalmente, estava até mais solto, rindo, se divertindo. Ele evitava ficar olhando para Anna. Claire já sabia da cartinha dele, sabe como ela é, não é? Jogava varias indiretas, nada fora do jeito Claire de ser.

Sobre a aposta, tive que fazer tudo que Anna pediu. Todos os dias eu fui buscar ela em casa, de carro, e levava na hora da saída. Ela sempre colocava alguma música que gostava bem alto, sempre que íamos para escola.

Na terça tive que pagar o mico de amarrar o cadarço dela no meio do estacionamento, ela claro se divertindo com tudo isso. Me fez fazer os deveres dela, que ela não sabia, tive que enfrentar a fila da lanchonete para comprar o lanche dela, varias coisa que ela pediu eu obedeci. Nunca mais perco uma aposta em minha vida.

Hector se afastou um pouco de Jessie, ele até sentou em nossa mesa na quarta e na quinta, o que deixou a Jessie furiosa, mas ela não armou nada, simplesmente ficou triste. O que quer dizer que ela estava mudando. Hector tirou a coisa mais valiosa dela, a atenção e carinho dele, mas ele sabia o que estava fazendo.

Sexta de manha eu acordei com o despertador chiando. Fiz minha rotina matinal antes de ir para escola. Entrei no carro e rumei para a casa da menina chata, finalmente sexta-feira, glória. Parei em frente à casa dela, mas não buzinei, cheguei dez minutos antes do normal de eu pegar ela, inclinei a poltrona para trás e relaxei esperando ela aparecer. Fiquei apreciando a rara e linda manha de sol no outono de Phenite, a sexta tinha tudo para ser um dia bom, e eu esperava por isso.


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Notas finais do capítulo

Então pessoal, gostaram? Alguma duvida, sugestão?
Sera que Lorran vai mesmo tentar conquistar a Anna? Como sera que Jean vai lidar com isso?
Claire e Bryan vão ficar juntos? :o Muitas perguntas que serão respondidas mais adiante. =)
Até o próximo ( muito em breve)



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