Crônicas Da Raijinshuu - Aqueles Dias... escrita por Hana chan


Capítulo 3
Capítulo 1: Temores e tremores


Notas iniciais do capítulo

Coisas fofas da minha alcateia, eu voltei! Andei por meses ausente nas minhas fanfics, mas agora pretendo retomar todas na medida do possível. E como Crônicas era uma das minhas favoritas, foi também uma das primeiras, rsrs!
Sem mais enrolação, aproveitem!



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–KYAH!!!

E esse pressentimento acabara de se confirmar! Íris turquesa se cruzaram com os orbes vermelhas, deixando transparecer uma leve preocupação, e ambos correram em direção à origem do som.

–Ever, o que houve?

A morena, enroscada comicamente em cima de uma árvore, estava de olhos fechados. O cabelo castanho e completamente embaraçado era prova definitiva de seu pavor.

–T-t-t-tem alguma coisa por aqui! Falou comigo, encostou em mim, eu senti!

Em alerta, Freed desembainhou o florete e Bickslow afastou o elmo, tentando usar sua magia ocular como rastreador.

–Apareça e se identifique! – O primeiro ordenou. Mas nada. Olhou de esgueira para Bickslow, que negou com a cabeça,

–Não consigo sentir nada, acho que foi a sua imaginação, Ever.

–EVER É A SUA AVÓ! E se eu disse que senti, é porque eu senti!

Os dois relaxaram os ombros, apesar de continuarem mantendo os ouvidos alertas; nunca se sabia quando podia ser uma armadilha.

–Ainda acho que ela se enganou... – Freed comentou baixinho.

–Vamos, desce daí. Deve ter sido só um animalzinho que você não viu. – Bickslow estendeu os braços. – Vem, pula que eu te pego!

–MAS-NEM-MORTA! Quantos anos acha que eu tenho seu idiota? Você vai me deixar cair que eu sei!

–Eu estava falando sério, mas te deixar cair está ficando mais tentador a cada segundo... – Ele rosnou.

Evergreen ainda estava em dúvidas, hesitante. Mas até mesmo Bickslow tinha limites, então resolveu apressar o processo, ordenando ao Peppe que voasse silencioso por trás da maga e a empurrasse. E ele obedeceu.

–Peguei. – Bickslow a colocou no chão rápido, ela com a sua boca milagrosamente fechada.

– Kyaaahhhhh!

A morena esperou o impacto ser amortecido por suas nádegas futuramente doloridas, mas foi positivamente surpreendida por seu colega, que a aparou no ar com destreza.

Dois segundos depois, a largou no chão.

– Ai! Seu grosso, porquê fez isso?

– Eu ainda te segurei mesmo não querendo, devia estar agradecida.

Ele batia as mãos uma contra a outra, frustrado. Aquela mulher o irritava profundamente! Já Evergreen se ergueu e limpou a sujeira do vestido. Freed e Bickslow esperavam uma saraivada de gritos e xingamentos, mas o que ela fez os chocou tanto que eles quase tropeçaram nos próprios pés:

– O-obrigada...

Foi um sussurro quase inaudível, mas alto o suficiente para que os dois ouvissem. Ela estava vermelha e com o olhar baixo, mas logo recuperou a pose imponente e recomeçou a andar, os passos apressados.

– Andem logo, os dois, ainda temos que achar um lugar pra dormir!

Os dois tencionaram se irritar, mas apenas suspiraram e seguiram, transformando as horas seguintes de caminhada em um oásis de paz e silêncio. Mas a mente de Ever não estava tranquila; uma das características mais fundamentais da fada era a plena convicção em seus sentidos (conhecida pela maioria como teimosia), então ela não se conformaria se não provasse o que sentira.

O tempo se arrastou por horas, mas enfim a luz natural começou a esvanecer, indicando a queda do sol. Haviam chegado a um descampado coberto de grama baixa, com pouca vegetação arbórea e um pequeno riacho ali perto. Freed parou e examinou o ambiente, aprovando-o com satisfação.

–Vamos parar por aqui.

Óbvio que a morena se resignou e resmungou.

–Acampar no meio do mato, uma fada como eu, era só o que me faltava...

Com a sua paciência a menos de 20% da capacidade total, o espadachim largou as bagagens no chão e arremessou as mochilas pesadas em cima dela. Ignorou o olhar agressivo que desejava petrifica-lo por cima das lentes.

–Vamos nos organizar. Evergreen, você recolhe água e lenha. Bickslow, arme as barracas. Eu vou preparar o jantar.

–Espere um pouco, divo de propaganda de xampu feminino, QUEM te nomeou o nosso líder?

Freed sorria presunçoso:

–Bem, o cargo parecia estar disponível e eu me encaixava tão bem nos requisitos que pensei...

–EU não aceitei nada disso ainda, e nem irei, não me submeterei às ordens de alguém como você, nunca!

Bick suspirou pesado e puxou-a pela mão; estava pouco se lixando pra quem dava ou não as ordens naquele lugar, contanto que funcionasse. E ele admitia, o outro sabia como manter a ordem.

–Vamos Evergreen, está ficando tarde e você não quer entrar nesse mato no escuro, quer? – A impulsionou com autoridade, colocando os cantis em suas mãos. – Melhor ser rápida.

Ela chiou, mas obedeceu. O mago de armadura sorriu com a ideia de que, na verdade, era bem simples de se lidar com a maga; bastava ser mais firme e teimoso do que ela. Bom, bem mais do que com o misterioso divo cozinheiro cheio de segredos, isso era fato. Dando de ombros, deu meia volta e foi preparar o local na qual eles dormiriam naquela noite.

Os olhos castanhos se cansaram rapidamente com a escuridão debaixo das árvores, então ela tirou os óculos e esfregou os olhos. As lentes sem grau a incomodavam, mas eram importantes. Bom, não se pode querer ser a mais poderosa sem pagar um preço por isso, até ela sabia.

Alcançou a água corrente e testou a temperatura com a ponta dos dedos; estava gelada. Respirou fundo e mergulhou o primeiro cantil, torcendo para que se enchesse depressa antes que perdesse os dedos já azulados. Repetiu o processo com os dois seguintes, xingando todas as entidades do frio e do gelo existentes por aquela tortura. Quando enfim terminou, sacudiu os recipientes fechados e passou suas alças por seu ombro e pescoço, livrando-se de precisar segurá-los, e enfiou as mãos nas camadas de saia de seu vestido depressa. Lamentando profundamente ter deixado a sua toalha dentro da mochila, foi buscar qualquer coisa que servisse como lenha para aquecê-los.

(E se, afinal de contas, ela mesma não estivesse tão desejosa de uma boa fonte de calor, estaria amaldiçoando cada fio de cabelo sedoso de seu suposto líder.)

Lamentando por sua magia não ser capaz de ajuda-la naquele serviço braçal e começou a recolher galhos pequenos caídos e gravetos, tomando o cuidado de notar se estavam secos o suficiente para queimarem; até ela sabia que vegetação verde não queimava bem e produzia muita fumaça. Se enfiou mais na mata, diminuindo gradativamente o seu campo de visão devido à vegetação cerrada. Ao mesmo tempo, a temperatura baixava numa velocidade assustadora; se ela estava se sentindo confortável quando pararam de caminhar, agora sentia as extremidades reclamando e se insensibilizando. Aquilo a irritava e assustava, não era nada normal.

Se virou para apanhar o que já definira como as últimas unidades de seu feixe. Com movimentos mais rápidos do que seria usual, ignorou a crescente sensação de estar sendo observadas por vários pares de olhos. Respirou fundo muitas vezes e deu por encerrado o trabalho.

–B-bom, isso deve servir, a-acho melhor ir andando...

Tropeçou em um galho, mas conseguiu se manter de pé. Caminhou apressada, olhando para trás algumas vezes. Ninguém.

Mas ainda assim, uma voz gelada soprava bem em sua nuca palavras quase ininteligíveis. “Por favor...”

“Por Mavis, eu devo estar enlouquecendo...”

Um galho mais baixo impediu o seu progresso, atingindo o seu rosto e a fazendo cair de joelhos. Como consequência, todo o seu trabalho se espalhou pelo chão, fazendo-a se questionar se valia a pena recolhê-los mais uma vez ou se apenas corria como uma criança assustada.

Escolheu a primeira opção. Doeria menos no ego e evitava um conflito com os dois companheiros.

Suspirando de frustração e ansiedade, abraçou a madeira e correu, mas sempre com a sensação de ter alguém em seu encalço. Vencendo os últimos metros que as separava dos rapazes, finalmente avistou o acampamento já de pé e sorriu, a sensação de segurança voltando a abraçar todo o seu corpo. Se lançou em direção a eles e só parou quando estava a dois metros de distância de Freed, quando finalmente soltou a lenha e se deixou cair, fisica e psicologicamente exausta.

–Ever, algum problema?

Ela ainda abriu a boca para tentar explicar, mas logo a fechou. Achou que eles não acreditariam nela mais uma vez, a acusando de ouvir coisas que não existiam.

Bem, não era de todo mentira.

–Não foi nada. Aí está o que me pediram.

–Bem, obrigado.

Enquanto ele acendia a fogueira, Bickslow estendeu a mão e a ajudou a ficar de pé. Evergreen abriu o seu cantil e sorveu longos goles da água gelada, sentindo a tensão se diluir e o frio voltar. Com a mente mais uma vez sob seu controle, pôde finalmente notar pequenas mudanças no visual de seus companheiros: Freed estava sem o casaco pesado, usando apenas uma camisa branca semi-aberta e com o cabelo preso bem mais alto do que de costume. Já Bick tirara o elmo e a armadura, deixando o rosto livre e possibilitando que ela avaliasse bem as suas expressões.

Guardou para si o pensamento de que os dois não eram de se jogar fora.

–Mais calma?

–Calma, calma!

Ela assentiu automaticamente.

–Bom. Agora, pode me contar o que aconteceu?

Ela desviou o olhar, um pouco corada, mas resolveu confessar.

–Eu vi alguma coisa, de novo. Mas...foi mais nítido dessa vez, quase como se estivesse do meu lado. Não é mentira, eu juro!

Quando tornou a encará-lo, ele tinha um pequeno sorriso no rosto. Foi o suficiente. Ficou de costas, vociferando:

–Eu sabia que você iria rir! Vamos eu deixo!

–Hey, calminha, não tô rindo de você Ever. Eu acredito em você.

Por essa ela não esperava.

–Você...acredita?

Ele deu de ombros.

–Eu meio que consigo ler as pessoas, faz parte da minha magia. E, mesmo que não possa afirmar que você não está louca, ao menos sei que não está mentindo.

Ela estava tão chocada que não sabia sequer o que dizer ou como reagir. Com o rosto salpicado de rosa, pela primeira vez desde que aquele time fora formado ela sentiu que, quem sabe, eles pudessem funcionar juntos.

–Eu...

–Vamos, o jantar está pronto!

As conversas foram adiadas pelo estômago reclamão de ambos. Evergreen e Bickslow trocaram olhares cúmplices, dispostos a manter aquele pequeno segredinho entre eles. Atenderam rapidamente ao chamado do terceiro, deixando que as dúvidas se esclarecessem mais tarde.


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Notas finais do capítulo

E então? Bom, daorinha, serve, vamo-ver-como-saporra-fica-depois? Aceito todos, só mandar aquele review maroto!
Kissus, ja ne!



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