-Entra! – Gritei ao ouvir batidas na porta do meu quarto.

Eu estava sentada na minha cama com o meu notbook no colo, quando vi meus pais entrando no quarto.

-Ué, o que aconteceu? – Perguntei.

-Filha temos que conversar. – Meu pai falou enquanto ele e minha mãe se sentavam na cama.

-Vish, lá vem... – Falei, fechei meu notbook e o coloquei no criado mudo ao lado da cama. – Falem.

-Então filha, você se lembra que a nossa empresa está quase falindo não é? Bom, temos um casal de amigos que também tem uma empresa e está as mil maravilhas. Eles nos fizeram uma proposta. – Minha mãe começou.

-Ta, e o que eu tenho a ver com isso? – Perguntei curiosa, não estava entendendo nada.

-Exatamente tudo. A proposta foi que eles nos ajudariam, mas com a condição de que você se case com o filho deles! – Meu pai falou de uma vez e eu fiquei assustada.

-Como assim? Por que? – Perguntei já me levantando.

-É isso ai filha. É por que o filho deles tem uma namorada, mas o problema é que ela não presta, e para o garoto criar juízo, eles querem que ele se case logo, com uma menina descente, e escolheram você! – Minha mãe falou se levantando também.

-E vocês não aceitaram né? – Perguntei já com lagrimas nos olhos, e o silencio deles foi o suficiente para saber a resposta. – COMO VOCÊS FIZERAM ISSO COMIGO? SEM A MINHA OPINIÃO? CARAMBA, EU TENHO 17 ANOS, TENHO MUITA COISA PRA VIVER AINDA ANTES DE ME CASAR! SEM CONTAR QUE EU NEM SE QUER CONHEÇO ESSE CARA!

-Justamente Gabriela, você tem 17 anos e nós ainda mandamos em você, então para de pirraça que você vai se casar com ele e pronto! É preciso fazer isso minha filha, se não estamos arruinados! – Minha mãe falou com os olhos marejados, e meu pai já tinha saído do quarto.

-SAI DAQUI, AGORA! – Gritei abrindo a porta do quarto, pela qual minha mãe passou em seguida.

Bati a porta com tudo e me joguei na cama chorando.

Fiquei umas 2 horas chorando, e quando parei, separei uma roupa e fui tomar um banho.

Fiquei um bom tempo no banho, pensando nesse lance de casamento.

Bom, se isso é para o bem da minha família, eu me rendo.

Sai do banho e me vesti.

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Tomei um remédio, estava com dor de cabeça de tanto chorar.

Penteei meus cabelos e fiquei um pouco no notbook.

-Gabriela, a janta ta pronta! – Nossa empregada, Madalena, a única que me entende nessa casa entrou no quarto avisando.

-Já estou descendo Lena! – Respondi com um sorriso torto no rosto.

Fechei meu notbook, peguei meu celular e desci.

Como sempre, meu pai sentado na ponta da mesa, minha mãe de um lado da mesa e eu de outro.

Sempre conversávamos no jantar, mas dessa vez estava tudo muito quieto.

Resolvi falar.

-Mãe, pai. Eu estava tomando banho, e pensei melhor no que vocês disseram. E se é para o bem da nossa família, tudo bem, eu me rendo, me caso com o tal garoto. – Falei finalmente e meus pais sorriram.

-Que bom minha filha, muito obrigada viu?! – Minha mãe falou.

-Mas vocês podem pelo menos me falar um pouco desse garoto? – Perguntei e meu pai riu.

-Bom, o nome dele é Pedro, ele tem 20 anos e parece que ele tem uma banda, só não sei o nome. Os pais dele se chamam Leni e Mauro, ele tem uma irmã chamada Michele e uma sobrinha de 2 anos chamada Maria Eduarda. – Meu pai falou. – Bom, acho que é isso. Ele é um bom menino, só é um pouco rebelde, e isso ta quase acabando com a carreira dele.

-Ok... Quero só ver com o que eu vou lidar. – Falei e novamente eles riram.

Meu celular começou a tocar. Pedi licença e fui para a sala atender.

Era minha amiga Letícia.

-Oi Lê! – Falei ao atender o celular.

-E ai amiga! Tudo bem? – Ela perguntou.

-É, mais ou menos e ai? – Respondi.

-Eu to bem! Escuta, se arruma que as 20:30 eu to passando ai pra gente sair, ai você já me conta o que ta rolando! Não aceito não como resposta! Se arruma rápido! Beijos! – Ela não me deixou responder e desligou.

Letícia é minha melhor amiga, ela tem 18 anos e tem carteira de motorista e um carro simplesmente foda! Eu e Lê nos conhecemos a 12 anos, e sempre fomos muito unidas.

Voltei para a cozinha e coloquei meu prato na pia.

-Mãe, pai, vou sair com a Letícia, não sei que horas volto! – Falei subindo as escadas até o meu quarto.

Já tinha tomado um banho, então escovei meus dentes e fui correndo procurar uma roupa, já eram 19:40.

Achei uma roupa e me vesti.

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Me maquiei, fiz chapinha no cabelo e estava pronta.

Coloquei minha carteira e o celular na bolsa. Ouvi a buzina do carro da Letícia e desci. Me despedi de meus pais e sai.

Entrei no carro e fechei a porta.

-Oi amiga! – Falei e nos cumprimentamos.

-E ai Gabs! – Lê respondeu arrancando com o carro.

-Vamos aonde? – Perguntei.

-Vamos naquele barzinho do lado do shopping! – Ela respondeu.

Ficamos conversando até chegar lá.

Quando chegamos, pegamos uma mesa bem ao lado de outra mesa que tinham um monte de garotos lindos e que pareciam ter mais ou menos a nossa idade.

Nos sentamos rindo e já pedimos uma bebida.

Ficamos umas duas horas conversando só sobre esse lance do meu casamento.

-Então amiga, que tal fazermos a sua despedida de solteiro hoje com aqueles gatinhos ali? – Ela perguntou e nós rimos.

Conversamos mais um pouco e logo dois deles se sentaram na nossa mesa.

-E ai meninas! – O que sentou ao lado da Letícia falou. – Eu sou o Diego, tenho 19 anos e ele é o Arthur, também tem 19. E vocês?

-Eu sou a Letícia, tenho 18 anos, e ela é a Gabriela, tem 17 anos. – Lê falou e eu a fuzilei com os olhos.

-17? A mais novinha daqui... – Arthur falou com o braço em volta do meu ombro.

-E ai, vamos dançar? – Diego perguntou. Nós 4 levantamos e fomos dançar.

Em 5 minutos, Letícia e o tal Diego já estavam se pegando. E confesso que o Arthur estava tentando algo comigo, mas eu não deixava.

Bom, eu vou ficar muito tempo com um homem só, então, vou provar de outros enquanto posso.

Na ultima vez que o Arthur tentou me beijar, eu deixei. É, até que ele beija bem.

Ele estava com uma mão nas minhas costas e a outra um pouco abaixo da minha cintura. E eu estava com uma mão em seus braços e a outra na sua nuca.

Ele pediu passagem com a língua, e eu cedi.

Não conseguia parar de pensar no tal casamento. Interrompi o beijo e Arthur me olhou confuso.

-Desculpa Arthur, não da! – Falei e fui para a mesa com ele atrás de mim.

-Por que não Gabi? – Ele perguntou se sentando na mesa.

Expliquei tudo resumido pra ele, que entendeu.

Ele pegou o meu numero e eu o dele.

-Bom, acho que eu vou indo pra casa, você avisa a Letícia que eu peguei um táxi e fui pra casa ok?! – Falei me levantando e pegando minha bolsa.

-Espera ai, eu te deixo em casa! – Arthur falou pegando as chaves do carro dele.

-Não precisa Arthur! – Falei andando até a porta.

-Claro que precisa! – Ele disse e eu me rendi.

Ele se despediu dos amigos dele e como Letícia estava muito “ocupada” com o Diego nem falei com ela.

Arthur me levou até o carro dele e abriu a porta pra mim. Eu entrei e ele fechou a porta. Coloquei o cinto e ele se sentou no banco do motorista. Ligou o carro e eu expliquei o caminho da minha casa.

Em pouco tempo chegamos na minha casa e ele desligou o carro.

-Obrigada Arthur! - Falei tirando o cinto e pegando minha bolsa.

- De nada linda! – Ele respondeu e quando eu ia abrir a porta do carro ele falou. – Não vai nem se despedir de mim?

Eu ri e fui dar um beijo na bochecha dele, mas ele virou o rosto e me beijou.

Paramos o beijo e eu o olhei rindo.

-Tchau! – Falei e sai do carro.

Abri a porta de casa e antes de entrar tirei os sapatos.

Quando entrei, Arthur acenou pra mim e foi embora. Fechei a porta e subi em silêncio. Eram 03:48 e meus pais já estavam dormindo.

Entrei no meu quarto e fechei a porta.

Coloquei o sapato do lado da cama e a bolsa em cima da escrivaninha.

Tirei minhas jóias e coloquei ao lado da bolsa.

Peguei meu pijama e fui para o banheiro do meu quarto.

Tirei a maquiagem, escovei os dentes e coloquei um pijama.

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Prendi meu cabelo em um coque e fui para a cozinha. Sempre faço isso.

Tomei um copo de água e subi novamente.

Desliguei a luz do quarto, me deitei na cama e dormi que nem pedra.

[...]

-Gabi, acorda filha, o Pedro e os pais dele vão vir almoçar aqui! – Minha mãe falou me acordando e do nada me bateu um desanimo.

-Ta bom mãe, já to levantando! – Falei me sentando na cama e ela saiu do quarto.

Olhei no celular, eram 10:53. Me levantei, separei uma roupa e fui para o banheiro. Minha cara estava horrível de ontem.

Tomei um banho. Depois escovei os dentes e passei um pouco de maquiagem para tirar as olheiras. Passei lápis de olho e rimel.

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Sim, o almoço seria aqui em casa, mas minha mãe é assim, mesmo se vierem só os meus avós almoçarem aqui em casa, temos que estar bem vestidos.

Ouvi vozes vindo lá de baixo. É, eles chegaram.

Passei um batom fraquinho e desci.

Estava na metade da escada quando eles perceberam minha presença ali.

Deus, que pecado eu cometi pra ter essa criatura como marido? Sim, era Pe Lanza, da banda Restart. Odeio ele.

-Leni, Mauro, Pedro... Essa é nossa filha, Gabriela! – Minha mãe falou com um sorriso no rosto e eu tentei sorrir.

-Oi! – Falei.

Não pude deixar de notar que Pedro era mais bonitinho pessoalmente e que ele olhava para as minhas pernas.

-Oi flor! – Leni falou e me cumprimentou com um aperto de mão, assim como Mauro e Pedro.

-Cumprimente sua noiva direito Pedro! – O pai dele, Mauro, falou e eu me segurei para não rir. Se não fosse trágico seria cômico.

Ele me deu um beijo no rosto.

-Então, vamos almoçar? – Minha mãe perguntou e assentimos.

Meu pai sentou em uma ponta da mesa e minha mãe na outra. Leni e Mauro se sentaram em um lado da mesa e eu e Pedro do outro.

Almoçamos tranquilamente e conversando. Acho que não vai ser tão difícil assim conviver com o Pedro.

No meio do almoço, descobrimos que já estava tudo pronto, já tinham decidido o dia, a hora, o local, a decoração e os convites. Agora só faltava ver a roupa. O casamento seria em 2 semanas.

Depois do almoço escovei os dentes e voltei para a sala, onde estavam todos.

-Gabi, Pedro, por que enquanto eu e a Leni enviamos os convites vocês não vão dar uma volta? – Minha mãe falou.

-Por mim tudo bem. – Pedro falou.

-Bom, se é assim, então vamos né?! – Falei.

Ele pegou as chaves do carro do pai dele e saímos.

Entramos no carro e ele apenas dirigiu em silencio.

-Pedro, escuta! Eu estou tão desconfortável com essa situação quanto você, mas temos que lidar com isso ok?! É pelo bem da minha família e pelo bem da sua carreira! A pessoa que menos ta ganhando com isso tudo sou eu, mas eu estou tentando lidar com isso, você podia pelo menos fazer um esforço né? Nem falar comigo direito você falou! – Desembuchei depois de tanto tempo de silencio.

-Olha, me desculpa ta bom?! Cara, não é fácil pra mim! Meu namoro tava as mil maravilhas, e tive que terminar tudo pra casar com uma menina que eu nem conhecia! – Ele falou.

-E você acha que é fácil pra mim? Caramba garoto, se toca! Eu tenho 17 anos ainda. Ontem eu conheci um menino perfeito, mas não posso tentar nada com ele por causa desse casamento! Minha vida toda foi destruída por causa disso, mas eu estou tentando. Pelos meus pais! – Já estava gritando.

Pedro deu meia volta com o carro e voltou para a minha casa.

Estacionou o carro e entramos. Ele se jogou no sofá e eu subi batendo os pés com força para o meu quarto.

Me joguei na cama, coloquei o travesseiro na cara e gritei.