Harry Potter e o Retorno dos Herdeiros escrita por Mateus Henrique


Capítulo 31
Capítulo 31 – O Retorno dos Herdeiros




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 E então o silêncio se estendeu por longos instantes. Harry olhou para aqueles profundos olhos brancos e vazios, que o encaravam ao longe. O herdeiro de Gryffindor e Ravenclaw estavam separados por meros dez metros. Em sua mão esquerda, jazia reluzente a espada roubada de Merlim. Em sua mão direita, protegida com uma luva de ouro, estava a sua varinha. Em seu pescoço havia um imenso medalhão de ouro, com a letra ''M'' gravada. Rey Colapogge exibia em seu rosto pálido e cansado um meio-sorriso assustador.
 -Harry... - disse ele. Ninguém no Salão movia um único músculo. -... Potter.
  Harry se levantou, dominado por uma onda de adrenalina. Ali estava o homem que criou Horcruxes. Ali estava o homem que, de certa forma, matou seus pais.
 -Rey Colapogge.
 O velho escancarou seu sorriso.
 -Ora, ora, quem diria! Harry Potter... sabe de minha insignificante existência... quanta honra... - e sorriu debochadamente.
 -Eu não estou aqui para brincadeiras, Sir. - disse Harry, com os olhos verdes abolinando os olhos esbranquiçados pelo tempo.

 -Não seja tolo, garoto... O fato de você ainda estar vivo se deve somente à minha piedade... Quantas chances eu tive de acabar com o herdeiro de Gryffindor! Mas preferi esperar...
 Neste momento, um apontava a varinha diretamente para o rosto do outro.
 -Você deve estar se perguntando - continuou Colapogge. -, qual foi o motivo do ataque do Nundu ao Largo Grimmauld?
Então foi ele mesmo, disse Harry para si mesmo. Continuava a encarar aqueles olhos medonhos.
  -Eu só preciso de você, Potter. Soube de tudo o que aconteceu ano passado... com você... O Weasley... a Sangue-Ruim, o herdeiro de Slytherin... de tudo.
 A distância entre os dois diminuia a cada segundo. Harry sentia cada músculo de seu braço direito clamar por um feitiço; veio a sua mente uma grande variedade de maldições e azarações, quais poderia lançar no bruxo. Por algum motivo, parecia inútil...
 A tensão no castelo de Hogwarts aumentava na medida em que o silêncio não era quebrado. A um canto do Salão, havia alguns corpos, identificáveis pela distância em que se encontravam; Uma massa corpulenta indicava que talvez o professor Slughorn fora atingido...
 -Por que?
  Harry de repente parara. Grudara seus pés no chão, imóvel como uma estátua, conversando com Rey Colapogge como conversaria com um professor.
 O herdeiro de Ravenclaw, por sua vez, também parou. Parecia estar se divertindo, o que era um mal presságio...
 -Por que fazer tudo isso? Eu não consigo entender, Rey Colapogge.
 -Do que está falando? - disse o bruxo.
 Harry sorriu debochadamente.
 -Por que é que você teve que matar todas essas pessoas? Causar todo esse mal? O que é que você ganha com isso?
 Colapogge, de repente, ficou frio; sua gelidez se transmitia para cada um no Salão.
  -O que eu ganho? Do que mais eu preciso, quando tenho a glória, e um lugar garantido ao lado direito dos maiores deuses mitológicos da história da bruxaria...

  -Você não percebe? - a voz de Harry aumentou corajosamente, e ele deu um passo a frente. - Por que você acredita em tudo o que lê? Não consigo entender como o herdeiro de Ravenclaw pode ser tão tolo, é deprimente...
 E então um raio dourado explodiu em seu peito; Colapogge adotara uma expressão mortificada; era óbvio que as palavras de Harry tinham surgido o efeito que esperara.
 -Você não sabe nada, Potter. Eu vi coisas que faria com que você vendesse sua magia para ver. Criei coisas que faria com que você enlouquecesse para obter...
 -Criou coisas? Então é assim que você chama as sua preciosa Horcrux?
  A singularidade na fala de Harry, talvez, funcionasse para o que queria. Queria saber se realmente a Horcrux que destruira era a única... E assim era o único modo de saber.
 -Como você soube de minha... - e a resposta havia sido dada.
 Harry sorriu.
 -Agora você é um homem normal. Mortal. Têm certeza que vai querer invocar os herdeiros aqui, Colapogge?
 Com um movimento da varinha, Harry fez flutuar o livro do Destino até o centro do Salão. Estava vazio. Sem vida.
 -Seu...
  Novamente um feitiço veio em direção a Harry, mas ele estava preparado. O feitiço-escudo fez com que a azaração de Colapogge rebatesse e explodisse em um canto do Salão, causando um enorme eco. Algumas pedras desmoronaram.
 -Você não pode me deter, Harry Potter. - disse Colapogge. Seu sorriso poderia ser atribuido a um de uma pessoa com sérios problemas de loucura. - Olhe para mim. Sou imbatível. Tenho todas as armas de Merlin. Não pode me vencer.
 -Ah, não? - indagou Harry. - Você quer me encarar? Então suba no ringue, Colapogge, e eu vou transformá-lo em bosta de testrálio.

 Por alguns segundos, tudo que se ouvia era a respiração lenta de Rey Colapogge. Parecia ter sido afetado por algo auto-destrutivo, que vivia dentro dele, que sempre soube que existia e ignorara. Parecia à beira da loucura.
 -É o que veremos - disse ele, sem sorrir, sem o tom sarcástico. O leve timbre trêmulo em sua voz deixava clara a sensação de medo do bruxo.
 E então, Rey Colapogge se desfez das armas de Merlim. Primeiro, retirou a luva e colocou-a a seus pés.
  Ao fazer isso, a luva pousou com delicadeza ao chão. Harry sentiu uma pontada de agonia. Sabia o que esperava por ele... Podia ver, mais uma vez, o rosto serpentino entrando por aquelas portas de carvalho...
 E então cada luz do Salão comunal cedeu. As únicas fonte de luz era o luar que penetrava vagamente pelas janelas e frestas de espaço nas ruínas do Salão e o dourado das Armas que Colapogge, naquele momento, usava para convocar a batalha entre os Herdeiros.
 E agora Rey Colapogge tirou seu medalhão e jogou-o sobre a luva. Algo como uma aura surgira em volta dos objetos. Um silvo serpentino soou. Parecia vir da luva, ou talvez do medalhão, não saberia dizer. Um pouco da verdade ficou presa em algum lugar por ali, próxima, porém não próxima o suficiente para que fosse capaz de enxergá-la.
 E quando a espada de Merlim tocou o chão frio, um choro de criança entrou pelos seus ouvidos. Sua vida pareceu passar por sua mente. Viu sua mãe correndo para salvá-lo mais uma vez. Viu os cadáveres de Lupin e Tonks jogados ao chão, naquele mesmo lugar, em um tempo diferente. Viu Voldemort usar o seu próprio sangue para renascer...
 E quando tudo estava claro em sua mente, a voz rúbrida de Colapogge disse algumas coisas inaudíveis, uma série de feitiços estranhos e complexos. A sua varinha estava jogada ao seu lado. Colapogge ajoelhara-se em frente ao tesouro. Por algum motivo, Harry sabia que teria de esperar. Seu corpo todo tremia.
 E foi aí que tudo se silenciou. As gotas da chuva batiam com toda a força no chão do Salão.

 E então, a porta de carvalho se abriu. Ali estava algo inexplicável, que fez as entranhas de Harry se retorcerem; Tom Riddle estava de volta. Não tão pálido quanto Voldemort, porém não tão bonito como o Riddle que saira do diário. Parecia uma pessoa que fora forçada a retornar e aceitara de bom grado a sua proposta. Lord Voldemort reconhecia os seus aspectos corporais. Parecia ter acabado de tomar consciência de que estava novamente de volta a velha Hogwarts, e que o seu conhecido Rey Colapogge, dera uma mão para dar ao maior bruxo de todos os tempos, uma chance...
 Quando os olhos finos e espectrais do Lorde das Trevas encontrou os verdes de Harry, o garoto sentiu que a já desconhecida dor em sua cicatriz viria a seguir; mas ela não veio. Algo em Tom Riddle se fora. A parte, então, do cérebro de Harry que estava conectada com Voldemort finalmente se exavaíra.
  Enquanto o coração de Harry pulsava de apreensão, Rey Colapogge parecia estático no centro do Salão, com os braços abertos em um ato de reverência e uma louca expressão de satisfação ao ver o homem que não hesitaria em lhe tirar a vida.
 -Meu Deus! - gritaram algumas pessoas. - Não seria... Você-Sabe-Quem...?
 -E-ele está de volta!
  Quando Lord Voldemort deu o primeiro passo sem rumo tomado ou qualquer idéia pensada, a grande ampulheta que guardava os pontos da Sonserina, jogada ao chão, estilhaçada, explodiu para todos os lados; esmeraldas e cacos de cristais voaram para todas as direções. Ao fazer isso, Lord Voldemort riu.
 -Eu estou de volta... - disse com a voz serpentina, sem mesmo parecer acreditar, ao olhar para seu corpo. - A profecia de Hufflepuff era, então, verdadeira.
 -Somente um dos herdeiros ficará vivo.
  Quando Harry falou, as centenas de pessoas a sua volta o encararam. Toda aquela euforia e determinação fora retirada de seu corpo para dar lugar ao medo.

 -Harry Potter. O herdeiro de Gryffindor.
  Harry não respondeu. Somente avaliou Lord Voldemort, seu coração disparado, o braço da varinha tremendo... Tinha um certo pavor do que aconteceria a seguir... Não tinha certeza se conseguiria repetir o feito do ano que se passara.
 -O herdeiro de Ravenclaw... Rey Holo Colapogge. - e o Lord das Trevas olhou à sua volta. - Estamos todos aqui?
 -Não - respondeu Colapogge, como se eles todos eles fizessem parte de um mesmo jogo macabro. - Falta o herdeiro de Hufflepuff.
  Harry olhou para cima, na direção da sala comunal da Grifinória. A estátua de Hufflepuff. Era tão óbvio, mas ao mesmo tempo tão improvável... inaceitável. Uma família intocada... o herdeiro resplandescer...
 E no momento em que a verdade penetrava fria como uma cascata em seus devaneios, a realidade sobreveio sobre ele e Harry enfim teve certeza, pois o choro da criança lupina que surgira no canto do Salão era completamente reconhecível. E seus olhos se encheram de lágrimas, não pelo medo da morte que finalmente ocorreria, a morte viria, ele poderia vê-la entrando pelas portas do salão. Afinal, somente um herdeiro ficaria vivo. É claro que não teria escolha. Deveria, disso estava certo, acabar com Colapogge e Riddle, para que Teddy Lupin continuasse vivo. Essa era a resposta. Afinal, era por isso que não morrera no ano anterior, deveria aguardar e esperar, esperar para acabar de uma vez por todas com essa história, aguardar Rey Colapogge para proteger o seu afilhado de todo o mal existente no mundo bruxo.


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Notas finais do capítulo

E não percam o próximo capítulo, onde teremos nosso epílogo. O que será que irá acontecer?



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