Capítulo 35 – Notícias

Kol fechou a porta do escritório e Klaus pousou o jornal na secretária de madeira de carvalho.

-O que é isso?

-O jornal – respondeu ele. – Lê.

Não foi preciso muito, apenas uma espreitadela na primeira página. Teresa afastou-se do jornal, mas depois retomou a leitura. E leu tudo o que lá tinha, sem nunca desviar o olhar ou expressar alguma emoção.

-Então fomos declarados mortos – afirmou ela. – A minha mãe… ela está destroçada. E a Liliana…

Uma tontura angustiante assolou-a e Kol amparou-a antes que caísse no chão.

-Senta-te – mandou ele, levando-a até há cadeira de couro onde anteriormente Klaus estava sentado.

-Joanna! – gritou Klaus e a jovem apareceu no escritório logo de seguida. - Bicchiere d'acqua con lo zucchero, ora!

Joanna acenou e saiu logo de seguida, a correr. Teresa respirou fundo e Kol ajoelhou-se perto dela, medindo-lhe a pressão arterial com dois dedos no seu pulso e olhando para o relógio.

-Teresa – chamou Klaus, ouvindo o coração dela bater descompassado, ora muito rápido, ora muito devagar. Ele já estava arrependido de lhe ter dado a notícia. – Teresa.

Ela não ouvia nada, apenas um zumbido louco nos ouvidos e a sua visão continuava turva.

-Klaus, temos que a levar ao hospital – disse Kol, olhando para o irmão, alarmado.

-Não – rugiu o loiro e Joanna entrou com o copo de água e um calmante numa bandeja.

-Signore – disse ela, entregando tudo a Klaus, que se dirigiu a Teresa.

-Teresa, preciso que me oiças.

Os olhos dela focaram-se nos dele, e apenas compreendeu que tinha que tomar algo e beber a água toda. Assim fez, sem ter consciência dos seus movimentos.

-Vamos levá-la para o quarto – disse Klaus e pegou nela ao colo.

Ela enlaçou o pescoço de Klaus, ainda com a vertigem a atingi-la. Em dois segundos eles já estavam no quarto dela.

Kol fechou as persianas e abriu a cama. Klaus tirou-lhe os sapatos e depois puxou os lençóis, cobrindo-a.

Teresa fechou os olhos, deixando-se levar para a escuridão.

***

O quarto permanecia escuro quando acordou.

-Olá – disse o sotaque britânico.

-Oi – murmurou ela, tentando adaptar os seus olhos à escuridão.

Klaus ligou a luz do candeeiro da mesa-de-cabeceira e Teresa teve oportunidade de vislumbrar o seu semblante.

-Céus, pareces devastado – comentou ela, e Klaus sorriu de lado, um sorriso que não lhe chegou aos olhos.

-O que aconteceu?

-Sou um vampiro, não é normal sentir isto. Nem sequer é racional – disse ele, sentando-se na ponta da cama, passando os seus dedos pela face de Teresa. – Eu sabia que não iria acontecer-te nada de mal, mas… pensei que… juro que…

As palavras não lhe saiam da boca, eram impossíveis de pronunciar. Só o facto de pensar em tais palavras, a dor aumentava no seu inabalável e imortal coração.

-Ei, está tudo bem – murmurou ela, sentando-se na cama e abraçando-o pelo pescoço com força.

-Nunca mais me faças isto – pediu ele, enquanto reprimia um soluço.

-Desculpa – murmurou ela, junto ao pescoço de Klaus. – Nem eu sei o que me aconteceu.

Klaus suspirou.

-Não, não está nada bem – desfez o abraço e tomou o rosto pequeno dela nas suas mãos. – Vou ter que ir embora.

-O quê?!

-É por pouco tempo, prometo. Três semanas, no máximo.

-Porquê?

Os olhos dele escureceram e Teresa soube que não devia de ter perguntado.

-Tenho problemas que precisam de ser resolvidos.

-E não podes mandar Kol?

Klaus sorriu e lado e revirou os olhos.

-Por muito que confie no meu irmão, os meus híbridos têm mais respeito por mim do que por ele.

Ela acenou, compreendendo.

-Vou sentir a tua falta.

Klaus acenou e pegou nas suas mãos, prendendo o seu olhar no dela.

-Promete que vais fazer tudo o que Kol te mandar. Ele não vai ser chato, mas nesta altura é necessário tomarmos medidas adicionais de segurança.

Teresa voltou a acenar, com lágrimas nos olhos.

-Por favor, volta depressa.

-Prometo, sweetheart – prometeu ele, beijando a testa da morena e de seguida os lábios.

©AnaTheresaC