Capítulo 27 – Conselhos de irmão

-Tenho que acabar com o Wren – murmurou ela, abraçada ao tronco nu de Klaus.

-Então acaba.

-Não é assim tão fácil. Eu estava mesmo a começar a gostar dele.

Klaus apertou-a contra si.

-Então e o que sentes em relação a mim?

Teresa suspirou e sentou-se na cama que tinha lençóis de seda vermelha. Puxou o lençol para si e abraçou o seu corpo.

-Teresa? – Klaus estava com medo da resposta dela. Ao fim de mil ele finalmente admitia a si próprio que amava alguém, e estava cheio de medo da resposta dela.

-Eu não sei, está bem?! Eu… eu… - as palavras não conseguiam sair da sua boca, apesar de ela sentir que o amava profundamente. Aquele mês tinha-a feito aperceber-se disso, mas aquilo estava errado. Klaus iria matá-la dali a três anos. Apaixonar-se pelo assassino de si própria era um erro. – Eu tenho que ir.

Ela levantou-se e correu para o seu quarto, trancando a sua porta. Tomou um banho quente, vestiu um pijama e enrolou-se num novelo debaixo dos seus lençóis de flanela.

Klaus pegou numas calças de ganga e foi até à sala. O sofá onde tinham feito amor estava com as almofadas desalinhadas, algumas delas no chão, e tinha uma pequena mancha de sangue. O sangue dela. Ele não conseguiu evitar em não sorrir ligeiramente. Ela tinha sido a primeira que ele tinha corrompido. Isso iria ficar para sempre na sua memória.

A porta de casa abriu-se e Klaus virou-se bruscamente para encarar o intruso. Era Elijah.

-Então? O que disseram as bruxas? – indagou ele.

-Que eu tenho que matá-la.

Elijah acenou e fixou o irmão.

-Ela é muito doce. Ingénua e educada. Não tem um único ponto de maldade.

-Teresa é a arma de nossa mãe – disse Klaus. – Mais cedo ou mais tarde, ela irá virar-se contra nós.

Elijah sorriu e apontou para o sofá.

-Essa mancha diz-me que já estás demasiado apegado a ela.

Klaus olhou para a mancha, e amaldiçoou-se por ter um irmão tão observador.

-Não foi nada de especial – mentiu ele, com todos os dentes que tinha.

O irmão olhou-o com uma expressão de compreensão no olhar.

-Klaus, sou teu irmão. Achas que me podes mentir?

-Elijah…

-Não precisas de te justificar. Eu só te aviso de uma coisa: Rebekah e Kol também já se apegaram a ela. Teresa conquista-nos pela sua simplicidade e… ela tem algo que nos cativa a todos.

Klaus acenou.

-Estou perdido – murmurou ele, olhando para o chão. – O que faço, irmão?

-Esther já nos mentiu outras vezes, será que desta vez não será mais uma mentira?

-Quem me dera que fosse – admitiu Klaus, tentando evitar as lágrimas de angústia. A sua cabeça dizia que tinha que a matar, mas o coração, que tinha ficado calado durante um milénio, dizia que a amava mais que qualquer pessoa.

-Temos mais três anos para ver o que irá acontecer – disse Elijah, colocando uma mão no ombro do irmão. – Vou deixar-te descansar. Amanhã falamos melhor.

Klaus acenou com a cabeça, sem conseguir fitar os olhos sábios e tolerantes do irmão. Elijah saiu do apartamento, deixando Klaus sozinho com os seus pensamentos.

Ele nunca tinha estado tão confuso em toda a sua vida, nunca tinha estado em antítese. Ele tinha morto Elena sem qualquer piedade, ele tinha caçado Katherine durante quinhentos anos, ele tinha matado milhares de pessoas só pelo prazer dos seus sangues. E ao fim de mil anos, aparece uma humana, uma simples e indefesa humana, que faz o seu coração bater mais depressa, aquece o seu corpo de maneiras que nem Tatia conseguiu.

Só havia um problema: Esther tinha-os unido. E tudo o que vinha de Esther, não era bom. Teresa sabia de coisas que nem ela sabia que conhecia, tudo por causa da interferência de Esther nos seus sonhos, e os sussurros dos espíritos que entravam inconscientemente na mente dela. Era um ser indefeso, que quando conheceu Klaus, tudo o que sabia dos seres sobrenaturais, era do que tinha lido e visto em filmes. Não havia pingo de maldade nela. Nada que Klaus pudesse pegar para a odiar.

O que faria ele?

©AnaTheresaC