Capítulo 11 – Feliz Aniversário

Já era janeiro e para facilitar as coisas, o aniversário dela era precisamente numa noite de lua cheia. A festa foi em casa, com todas as suas amigas. Viram filmes, tiraram fotos e depois de jantar cada uma foi para sua casa. A prenda tinha sido uma máquina fotográfica que todas tinham comprado em conjunto. Teresa adorou, como era óbvio para uma apaixonada por fotografia.

Dirigiu-se para o quarto, já que no dia seguinte seria dia de escola e ela tinha que estar preparada para um dia de aulas normal. Mal acendeu a luz do quarto, deu um salto.

-Klaus, o que estás aqui a fazer? – perguntou ela em inglês e trancando a porta. – Ainda é cedo.

-Foste tu que pediste para começar a vir mais cedo – respondeu ele e entregou-lhe a caixa grande. – Feliz aniversário.

Isso derreteu-a por completo. Abriu a caixa e viu o que era: um vestido de gala.

-Klaus… é lindo! Obrigada! – disse ela, realmente comovida.

-Gostava muito que o usasses em setembro.

Ela olhou-o confusa.

-Setembro? Não estou a perceber.

-Bem, em Cambridge eles fazem um jantar de boas vindas aos novos alunos e eles têm que ir como se fossem para a cerimónia dos Oscars.

-Isso é chique – ela disse e fechou a caixa. – Mas eu não posso aceitar o vestido. É de um estilista muito famoso, deve de ter custado uma fortuna.

-Como custou a tua máquina fotográfica, e tu não reclamaste – ele retorquiu e ela arregalou os olhos.

-Como…

-Eu já te disse: tenho informadores.

Teresa acenou com a cabeça, lembrando-se de Liliana.

-Claro – assentiu e entrou na sua casa de banho privada para mudar de roupa.

Quando voltou ao quarto, Klaus estava sentado na sua cama ainda feita e a caixa já estava no sofá.

-Quem te disse que podes dormir aqui?

-Oh, não vou dormir aqui – disse ele. – Só te vou fazer companhia até adormeceres.

-Vai ser difícil adormecer ao teu lado – ela sorriu manhosa e meteu-se dentro dos lençóis. – Mas vou tentar.

-Outra vez com os namoriscos? – ele brincou e ela sorriu.

-Não. Talvez.

-Dorme – mandou ele, revirando os olhos. Ela era tão nova e tão alegre que lembrava-lhe os tempos em que ele também era assim. Teresa trazia-lhe felicidade e com ela esquecia-se de quase todos os problemas.

-Não quero. Quero saber mais sobre ti – ela pediu e virou-se para ele. – Como é que tens esse sotaque?

Klaus deitou-se ao lado dela e fitou-a.

-Sou de Inglaterra.

-Mas sabes falar Português na perfeição.

-Séculos de prática.

-Quantos?

-Mil anos. Feliz?

-Então tu tens mil anos? – ela perguntou, surpreendida.

-É assim tão difícil de acreditar?

-Queres a resposta sincera, ou a resposta educada?

-Escolhe tu.

-Sim, é – respondeu ela, optando pela sinceridade. – É muito difícil de acreditar que tens mil anos! Mal pareces ter trinta!

Klaus sorriu.

-Obrigado pelo elogio.

-E assumo que tiveste pai e mãe, certo? – Teresa insistiu no assunto.

-Sim, tive. Morreram – disse Klaus, e tecnicamente era verdade.

-E tiveste irmãos?

-Sim.

-E também morreram?

-Sim – afirmou Klaus.

-Então estás sozinho no mundo?

-Não.

-Klaus, já não estou a perceber nada – disse Teresa. – Explica-te.

Ele suspirou e olhou para o relógio na mesa-de-cabeceira.

-É tarde. Trata de dormir.

-Mas…

-Dorme – interrompeu ele, usando o seu tom de voz autoritário.

Ela fechou os olhos e foi levada para o mundo dos sonhos.

©AnaTheresaC