Rosas Flamejantes escrita por Borboletas Azuis


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Segundo capítulo reescrito.



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Melody Sparks

Afastei-me dois passos dele, mas Charles fazia questão de quebrar toda a distância que eu colocava entre nós.

O sorriso em seus lábios era cínico, e a maneira com que ele balançava meu colar diante de meus olhos, era mais que irritante. Eu queria voar em seu pescoço, e estraçalhar aquele rosto.

Quando senti minhas costas baterem na escrivaninha, movi lentamente a mão esquerda em direção à gaveta, pois havia uma estaca lá dentro. Mas, em um piscar de olhos, Charles tinha me jogado para o lado, fechado a gaveta e agora ele prendia meus braços atrás de meu corpo.

– Hoje não, Caçadora. – senti uma dor agonizante no braço, e já estava no chão.

Levantei-me, mesmo com o braço machucado e totalmente desarmada. Uma coisa que eu aprendi em meus treinamentos é: Nunca entregue uma luta.

Levei uma joelhada na barriga, e me curvei. Ele não teria piedade, porque é um vampiro, eu sou uma caçadora, piedade não existe em ambos os lados.

Assim que me recuperei, abaixei para lhe dar uma rasteira, mas ele desviou do golpe, e segurou meu tornozelo, puxando-o.

Eu caí, com o queixo direto no chão. Uma fina linha de cor escarlate começou a cair do corte, e pingou no chão. Agora sim, acabou. Levei a mão até o corte, para em uma tentativa falha, tentar conter o sangue.

Mas aí já era tarde demais, vi os olhos do jovem Beaumont se dilatarem, ficarem quase completamente negros, com somente uma fina linha azul intenso contornando a pupila.

“Tente Melody, não o deixe fazer o que fizeram com a sua mãe.”

Falei para mim mesma, e essa simples frase, mas com tanto significado me fez ter força novamente, força para lutar pela minha vida.

Passei a mão pelo corte, e joguei o sangue na cara do vampiro. Bem, com provocação é sempre mais legal. Como eu estava de joelhos, levantar não exigiu esforço.

Eu mantinha a posição de defesa, ainda assim, poderia atacar a qualquer momento. Quem atacou, no entanto, foi Charles, sedento por sangue. Se eu fosse principiante, provavelmente estaria apavorada. O moreno tentou me acertar socos, que eu bloqueei com eficiência.

O problema, é que ele não se cansava, e nunca lutei com alguém assim. Nunca nenhum vampiro com quem lutei foi tão... Intenso.

Num momento de descuido eu saí de onde estava, parando atrás do vampiro, e chutei suas costas antes que ele se virasse. Aí foi que chamei a atenção.

O Beaumont agarrou meu pescoço, e bateu a minha cabeça contra a parede violentamente. Eu perdi a capacidade de respirar, tinha medo dele. Estava morrendo. Ele me lançou um sorriso torto, e vi seus caninos se alongarem, dando lugar as suas presas. Fechei os olhos, esperando a dor, seguida do meu sangue sendo drenado, e enfim, o parar das batidas de meu coração, em uma morte lenta e dolorosa.

No entanto, o que eu esperava não veio; na verdade, senti minha cabeça em algo macio, e meu corpo em uma superfície confortável. Minha cama. Em seguida, a voz de Jeremy.

– O que diabos está acontecendo aqui? – indagou. – Mel! O que aconteceu com você?

Não respondi, Charles fez isso por mim, mesmo que fosse a pior mentira do mundo, nunca iria contar a verdade para o meu primo.

– Quando entrei aqui, vi que ela estava fraca. Logo depois ela desmaiou, bateu o queixo no chão. Foi feio. Peguei ela e coloquei na cama, e a bagunça no quarto é porque procurava algo para estancar o sangue. Desculpe se te preocupamos Jeremy.

Sim, foi essa a desculpa. O mais incrível, é que meu primo acreditou, em certo ponto até que poderia fazer um pouco de sentido. Mas ainda assim não foi decente.

– Bem, estou no quarto ao lado, se alguma coisa acontecer, me chame. – saiu fechando a porta atrás de si.

Charles veio até mim, em passos curtos e lentos. Eu sentia vontade de me encolher, mas nunca o faria. Não dessa vez, não mais. Ele se inclinou sobre mim, e olhou no fundo dos meus olhos. Senti como se ele estivesse olhando através de minha alma, e a sensação é horrível. Como se não existisse segredos, e ele soubesse de tudo, até das coisas mais obscuras.

Sustentando o olhar – eu não iria desviar – arqueei uma sobrancelha.

– Você escapou desta vez, por causa do seu priminho. Não se anime, não será assim sempre, ele não estará aqui para sempre. – lançou-me um sorriso cruel. – Sua vez vai chegar, não irá durar muito tempo. Aproveite a vida enquanto pode. – falou, se retirando do quarto em seguida.

Pisquei, atônita e confusa. Isso foi uma ameaça? Um aviso, talvez...?

Não sabia, mas não gostei nada.

No dia seguinte, acordei com o queixo latejando, a cabeça explodindo. Deixe-me explicar umas pequenas coisinhas, não muitas, mas algumas coisas serão esclarecidas; na noite anterior, assim que Charles foi embora de minha casa, eu dormi. Porque antes não conseguiria fechar os olhos sabendo que ele poderia voltar. Mas depois disso tudo pareceu ficar mais tranquilo, e eu pude dormir. A dor já estava incômoda e eu exausta.

Eu pensava que dormiria bem, mas estava totalmente enganada. Eu sonhei. Mas não foi qualquer coisa, foi um sonho que eu já vinha tendo faz muito tempo, e ele sempre se repetia. Detalhes diferentes, mas o final sempre igual.

O lugar era sombrio, árvores altas, a lua cheia e brilhante, aparecendo por partes através dos galhos. A densa neblina dificultando a visão de longe.

Ela estava sozinha, parada no meio do lugar completamente macabro. Ouviu o barulho de uma coruja, depois nada além disso.

Não, ela não estava sozinha, sabia disso. Ele estava lá. Como sempre, somente os dois. Ela sentia a presença do garoto atrás de si. A respiração dele. Virou um pouco a cabeça, vendo o rosto do garoto com dificuldade. O garoto que ela amava com um ódio ardente. Lá estava ele, com o cabelo preto que agora refletia o brilho prateado da lua, os olhos mais escuros do que se lembrava.

Sentiu a mão firme do garoto na pele quente de seu ombro, ele queria que ela se virasse por completo, para encará-lo. Assim ela o fez. O moreno se inclinou para perto dela, o nariz roçando em seu pescoço descoberto, então sussurrou, com sua voz rouca:

– Venha comigo. – ela se sentia zonza com o efeito de sua voz, poderia cair, mas se mantinha firme, mesmo assim, estava hipnotizada por ele. – Venha comigo. – repetiu.

Antes que visse, já caminhava atrás do mesmo, para um lugar que não fazia a mínima ideia, mas o acompanhava, sem dizer nada, ela não conseguia. Sentia que não devia.

Então ele parou, mas ela continuou andando, parando à beira de um precipício, ele a uns dez passos atrás da moça.

– Pule. – disse ele.

E ela o fez, sem contestar, o medo a invadiu durante a queda no abismo negro. Um grito preso na garganta, o cabelo batendo no rosto, e então, nada mais.

Quando acordei, no meio da noite, estava assustada, suando frio. Uma mão no peito, e com as mãos tremulas ascendi o abajur ao meu lado.

O mesmo sonho, como sempre. Ele estava lá, sempre estava. Ora a salvando, ora a matando.

Tive que me levantar, para lavar o rosto, pois não iria conseguir dormir no estado em que me encontrava. Também abri a janela, sentia um calor insuportável. Antes de voltar a dormir eu me apoiei, olhando a lua. Estava idêntica a do meu pesadelo.

Eu sentia que estava sendo observada, odiava isso. Durante anos vivi me escondendo dos outros, e a simples sensação de alguém acompanhando meus passos me deixava tensa. Esqueci do calor, e fechei a janela com força desnecessária, fazendo barulho. Não liguei se iam acordar ou não.

Joguei-me na cama, e virei para o lado, fechando os olhos. Desta vez, nada de pesadelos, somente um nada, uma noite tranquila.

E essa foi a minha noite. Comum, não é?

Desse sonho eu tive medo, pois aqueles olhos não saíam de minha mente, não importava o quanto eu me esforçasse para esquecer. A lembrança simplesmente permanecia ali.

Sentei-me na cama, uma mão na cabeça, pisquei várias vezes e respirei fundo. Fechei os olhos por um segundo. Então a verdade me atingiu com um baque. Tão forte que tive que deitar novamente.

Os olhos, o cabelo... Eu sabia quem era.

Aquele homem era Charles Beaumont. Sabia de onde o conhecia.

Charles estava nos meus sonhos.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor. Eu preciso saber
B.A.