Wasurenaide Nyah! escrita por Thai, mikami


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Pedimos desculpas pela demora absurda pra atualizar, mas como dissemos antes, não tínhamos intenção de continuar a história, por isso as ideias estavam em falta. Esperamos que gostem~



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Sentia-se envolvido por algo quente e macio e se perguntou se aquela seria a sensação depois da morte. Sentia seu corpo pesado e abrindo os olhos lentamente constatou que não estava morto. Estava no quarto da pousada em que se hospedara.

Olhou para o quarto, tentando se lembrar de como havia chegado ali. Lembrava-se de que havia pulado no rio, de alguém gritando e depois de mais nada. Provavelmente havia sido salvo pela pessoa que gritara.

Depois de um tempo acostumando-se com a claridade do lugar, percebeu que estava nu. Levantou-se lentamente e correu os olhos pelo cômodo procurando suas roupas. Viu sua mala aberta e suas roupas bagunçadas, como se alguém estivesse procurando algo escondido nelas.

Sua cabeça girava e se lembrou de que não comera nada no dia anterior. Andou cambaleante até sua mala e pegou as primeiras peças que vira. Assim que vestira a última peça de roupa, a porta foi aberta com um chute por um garoto que trazia nas mãos uma bandeja cheia de comida.

– Ah, você acordou, nya! Já estava ficando preocupado, nya – Ikuto olhava para o garoto com uma expressão confusa que foi percebida pelo menor. – Meu nome é Yoru, nya. Prazer em conhecê-lo, nya.

– Foi você quem me salvou?

– Sim, nya! Você não sabe o susto que levei quando o vi pular da ponte, nya. Ainda bem que consegui salvá-lo, nya. – Disse claramente aliviado e feliz. – Você deve estar com fome, nya. Eu trouxe bastante comida, nya.

Queria perguntar mais coisas para o menino, mas não tinha forças e nem cabeça no momento. Ikuto voltou para cama e sentou-se resignado. Yoru colocou a bandeja na cama e Ikuto percebeu que lá tinha todos os seus pratos favoritos. Ao terminar de comer, olhou para o garoto que lhe sorria abertamente determinado a fazer uma série de perguntas a ele.

– Então, Yoru, o que fazia naquela ponte tão tarde da noite?

– Ah, nada, nya. Só estava passando, nya.

Era uma mentira. O menor não sabia mentir, era óbvio. Virara seu rosto para não encarar Ikuto e parecia nervoso. O violinista ficou encarando-o por longos minutos pensando nas várias respostas que tinha para Yoru estar sozinho.

– Onde estão os seus pais?

– Não tenho pais, nya. – Falara olhando diretamente para os olhos de Ikuto, mostrando que não estava mentindo.

– Onde mora?

– Não tenho casa, nya. A única coisa que pude considerar como uma “casa” foi uma pessoa que já não lembra mais de mim, nya. – Seus olhos encheram-se de lágrimas ao lembrar-se desse triste fato.

– Essa pessoa era sua responsável? – Sentia uma estranha sensação de nostalgia ao conversar com aquela criança e percebeu que estava realmente preocupado com ela. –Por que ela não lembra mais de você?

– Ela cuidava de mim, nya. E ela não lembra mais de mim porque... Porque... Não quero falar sobre isso, nya! – Gritou e escondeu seu rosto com as mãos, enquanto tentava segurar o choro.

O mais velho olhava para cena com o coração apertado. Acabara de conhecer aquele garoto, mas já estava preocupado com ele e sabia que ele não estava mentindo sobre não ter alguém. Queria saber o motivo de ele estar na ponte, mas deixaria para perguntar em outra ocasião.

Colocou suas mãos sobre a cabeça do menor acariciando-a, fazendo com que parasse de chorar e olhasse para si com seus grandes olhos amarelos.

– Se você não tem com quem ficar ou para onde ir, pode viajar comigo se quiser. – A ideia havia passado pela sua cabeça, mas não tinha certeza se deveria pegar um menor de idade e sair viajando com ele pelo Japão.

– Eu adoraria viajar com você, nya!

O rosto deprimido de Yoru se iluminou na mesma hora e Ikuto percebeu que não conseguiria dizer que não poderia levá-lo. Suspirou e deixou um pequeno sorriso escapar, surpreendendo-o. Fazia tempo que não dava nem um pequeno sorriso.

Na manhã seguinte partiram cedo para Yamaguchi, um dos lugares onde seu pai teria aparecido. Durante a viagem, Ikuto percebeu que Yoru lembrava a um gato com seus olhos amarelos, seu vício por peixe e leite, sua mania de correr atrás de qualquer tipo de ave e sua forma de pedir alguma coisa para Ikuto. O menor também costumava ronronar quando Ikuto alisava seus cabelos.

A viagem foi realmente divertida para Ikuto, que tinha que admitir que o vazio tão costumeiro que sentia não aparecia com a mesma frequência de antes. Estar com Yoru era como uma válvula de escape para todos os seus problemas e dúvidas. Sentia-se calmo perto dele, apesar do garoto ser a pessoa mais hiperativa que conhecia.

O violinista não sabia mas Yoru estava tentando fazer com que Ikuto voltasse a ser como era antes dele ter desaparecido. Yoru, por algum motivo que desconhecia, não havia sumido completamente quando Ikuto virara adulto. Durante todo o tempo, ficara ao lado dele, protegendo-o e lhe dando ânimo quando fraquejava. Doía ver a pessoa que mais amava esquecendo-o e transformando-se apenas em uma sombra do que fora.

A única coisa que mantinha Ikuto vivo era a vontade de encontrar o pai, só isso. Quando essa determinação sumiu, Yoru não soube mais o que deveria fazer. Por mais que gritasse Ikuto não escutava e nem sentia os chutes e socos que dava.

Quando Ikuto pulou da ponte, gritou com todas as suas forças e pulou junto com ele. Queria poder fazer alguma coisa para ajudá-lo. Qualquer coisa.

Não fazia ideia de como levara Ikuto até a pousada e nem como havia se transformado em humano, e por mais que forçasse sua memória tudo não passava de uma página em branco. Entretanto, apesar de não se lembrar de como salvara Ikuto, lembrava-se de tudo o que passara com ele e que usaria essa “benção” que recebera para fazer Ikuto voltar a ser como era.

Os dias passaram rápidos e sem que percebessem já havia se passado um mês desde que começaram a viajar juntos. Mais um mês havia passado e Ikuto não encontrara o pai. E novamente a desesperança o assolara.

– Onde iremos ficar essa noite, Ikuto, nya?

– Tem uma pousada aqui perto. Vamos ficar lá essa noite.

A pousada era aconchegante e trazia uma sensação de paz e tranquilidade. Entretanto, a atmosfera do local não parecia afetar Ikuto, que tinha o olhar perdido e a expressão vaga.

Não aguentava mais! Não aguentava mais ver Ikuto sofrendo daquele jeito! Entendia o amor que sentia pelo pai, mas por mais que se esforçasse não compreendia a razão dele estar se matando nessa procura.

– Ikuto, você ama muito seu pai, nya. – Começou a dizer enquanto abraçava o travesseiro com mais força. – Está procurando por ele há anos e apesar de estar longe da Utau e dos seus amigos, você não desiste de procurá-lo, nya.

– Por que está dizendo isso?

– Porque... – Estava com medo. Não sabia se deveria dizer o que estava pensando. – Porque eu acho que essa busca só está acabando com a sua vida e fazendo com que se afaste das pessoas que são importantes, nya.

– O que está dizendo?! Meu pai é importante! – Gritou. Não tinha costume de levantar a voz, mas Yoru havia tocado em um assunto muito delicado.

– Não estou dizendo que seu pai não importante, nya! Só acho que você deveria dar valos às pessoas que estão próximas e que se preocupam com você, nya.

Tinha os olhos arregalados e sua voz não saia. O que aquele garoto sabia? Ele não sabia o que havia passado quando seu pai sumira. Não fazia ideia do quanto sua família sofrera com isso.

– Você não entende. Eu tenho que saber. Tenho que saber o porquê dele ter nos abandonado – sua voz saiu baixa e era notável o sofrimento que carregava. – Vamos dormir. Amanhã iremos à delegacia para procurar informações sobre seus responsáveis.

– Ikuto,nya... – Murmurou, enquanto via Ikuto arrumar sua cama para deitar. – Sinto muito, nya. Eu só quero que você viva da maneira que quer, nya. Sem preocupações e sem esconder seu “verdadeiro eu”, nya.

Falara com a voz chorosa e com os olhos cheios de lágrimas. Ele só queria que Ikuto fosse feliz!

– Vá dormir. – Foi a única coisa que o maior respondeu.

No dia seguinte, Ikuto acordou sentindo como se seu coração estivesse mais pesado e ao olhar para a cama onde o menor deveria estar, levantou-se assustado. Ele não estava lá.

Revirou a cama e encontrou um bilhete que dizia apenas: Obrigado por cuidar de mim, nya. Não poderemos mais conversar, mas sempre estarei com você, nya. Não vá atrás de mim, nya. Adeus, nya.

Vestiu-se rapidamente e foi à procura de Yoru. Perguntou aos funcionários se teriam visto uma criança pela pousada, mas todos diziam que não tinham visto criança alguma com as características de Yoru.

Saiu da pousada e foi procurá-lo na cidade. Perguntou a todos sobre o Yoru e ninguém soube lhe responder. Voltara à pousada com a esperança de que ele houvesse aparecido mas, nada.

Não podia negar que estava preocupado e sentia uma imensa sensação de culpa. Se fosse para escolher um motivo pelo sumiço diria que foi por causa da “conversa” da noite anterior. Se não tivesse sido tão insensível, o garoto estaria com ele agora.

Pegou a carta e a releu, percebendo que ela estava molhada e que provavelmente seriam as lágrimas do pequeno. Apertou a carta com mais força e sentiu que seus olhos estavam embaçados.

Ao sair da pousada andou sem rumo pela cidade e quando percebeu estava em uma ponte. Achou graça daquilo. Seria ótimo terminar como tudo começou. Sentira-se realmente feliz no curto tempo em que teve Yoru ao seu lado. Perdê-lo havia sido demais para si.

Preparava-se para pular e ao olhar para a água, ouviu a voz de Yoru. Olhou para trás, mas não viu ninguém. Mas continuava a ouvi-lo.

Não faça isso,nya!

Por que estava escutando a voz de Yoru se ele não estava ali? Apertou mais seus punhos, percebendo que ainda segurava a carta em suas mãos. Quando a abriu, seus olhos focaram em uma única frase.

... Sempre estarei com você, nya.

Sorriu. Aquele garoto o salvara duas vezes, sem nem estar presente na segunda vez. Não poderia acabar com sua vida e desperdiçar todo o trabalho que ele tivera. Colocou a carta dentro do bolso e foi direto para a estação de metrô; queria voltar o quanto antes para casa.

Não iria esquecer-se de Yoru e mesmo que não o visse, sentia como se ele sempre estivesse junto de si. E essa sensação foi o principal motivo que o fez seguir em frente.


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Notas finais do capítulo

Fim~~
Eu, Ecchichan, pensei em fazer o Yoru ficar com o Ikuto, mas isso seria MUITO estranho! Porque o Yoru é só um alter ego e ele tinha que voltar pra dentro de Ikuto. Mas tenho que admitir que gostaria que eles ficassem juntos.
Esperamos que tenham gostado dessa história!
Kissu ~^-^~



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