Era uma noite quente, o capitão do time da Seirin tentava se arrumar na cama de todas as formas possíveis, de bruços, de lado, mas nada lhe deixava confortável, estava suado, e as costas dos seus pijamas estavam molhadas, o pijama grudado em seu corpo não lhe dava nenhuma melhora de humor.

Ele finalmente cansou, berrando um palavrão baixinho, com a garganta cansada.

Se levantou e tirou a camisa no mesmo segundo, a atirando em qualquer canto do quarto e depois tirou a calça, ficando só com a boxer no corpo, chutou as cobertas pro lado e finalmente parecia em condições de dormir, finalmente a cama não parecia uma massa quente pressionando suas costas, finalmente o ar naquele lugar ficava realmente frio e podia sentir o frio contra sua pele enquanto que a cama, agora macia e aconchegante lhe mantinha a temperatura certa, nem percebeu que já tinha começado a dormir no momento seguinte.

***

-Hyuuga, acorda. –uma voz gentil chamou, mas o capitão simplesmente chutou o ar empurrando mais a colcha e se abraçou ao travesseiro, fugindo daquela voz. –Hyuuga, você ia me ajudar com as matérias, não ia? Acorda. –Mas o capitão de óculos simplesmente se virou e se encolheu contra a parede.

E por alguns segundos, não havia nada senão silêncio, um profundo e confortável silêncio, até que finalmente, duas mãos grandes e fortes o puxaram pra fora da cama e o jogaram no chão. O capitão do time finalmente abriu os olhos, encontrando Kiyoshi ali, parado, o encarando de cima, aquela podia estar sendo a situação mais humilhante em que já esteve.

Não por ter um de seus jogadores o acordando daquele jeito, mas também por ter sido acordado com aquela cueca, uma cueca boxer cor-de-rosa e com vários desenhos de coelhinhos em estilo moe.

Ele tinha ganho aquela cueca de presente de uma prima sua, que era uma otaku e aquela era uma coleção limitada de cuecas e também era incrivelmente confortável, então sempre a usava pra dormir e apenas pra dormir, mas ninguém nunca soube daquela cueca além dele mesmo.

O maior ficou encarando aquela cueca por algum tempo, e depois olhou pro menor, que estava alcançando uma nova tonalidade de vermelho só pelo quanto corava com aquela situação.

-Você também coleciona? –o maior sorriu, radiante.

-Hein?

O maior puxou a sua camisa pra cima e desfez o cinto, desabotoou a calça e a abriu, a deixando cair até metade da coxa e mostrando uma cueca do mesmo modelo que a de Hyuuga, só que ela era marrom e com desenhos de ursinhos moe.

-Eu achei que era a única pessoa no mundo que colecionava! –ele riu alto, ainda com a calça abaixada. –Eu tenho onze das doze que faziam a coleção, a única que eu não tenho é a de coelhinho. –Kiyoshi já estava com os dedos posicionados na base da cueca do menor . –Posso ficar com a sua?

-Oe, imbecil, não fique tirando as minhas roupas. –O maior chutou o ar e o alavancou de volta pra cama, mas o maior pulou na cama junto com ele, pra tentar puxar a cueca.

-Poooor Favoooor, Hyuuga!! –pediu manhoso, sem largar as abas da cueca do outro, que tentou se afastar, mas acabou caindo na cama e se apoiando nos cotovelos. O maior começou a puxar a cueca com mais força, acabando por colar as cinturas dos dois. –Vai, deixa eu experimentar ao menos.

-Oe, essa coisa tá começando a ficar estranha. E não, merda, a cueca é minha!! –o maior berrou, se segurando nas abas da sua cueca e a puxando pra cima, puxando o seu corpo e o do outro pra frente. –Para com isso, é sério!

-Por favor, só um pouco!!

Mas o maior continuava pedindo, puxando a cueca na sua direção, puxando os dois pra trás num vai e vem veloz. Ficaram ali por provavelmente uns 7 minutos até finalmente Hyuuga falar mais alto e perceber alguma coisa estranha. Ele olhou pro lado, pra onde ficava a cadeira da sua escrivaninha, onde um garoto de cabelo azul-claro os olhava, com uma sobrancelha levantada e um milk-shake de baunilha na mão esquerda.

-Ku-Kuroko, a quanto tempo você estava ai. –Hyuuga perguntou, morrendo de vergonha daquela situação.

-Tempo o suficiente. –respondeu, em mudar o tom de voz nem por um segundo, apenas levantou a outra sobrancelha e sugou mais milk-shake pelo canudinho. –Nem mais nem menos. –ele continuou lá, encarando os dois, por mais algum tempo. Hyuuga cresceria traumatizado por aquela humilhação, mas ele realmente achou que acabava por ali.

Assim que percebeu que o menor tinha baixado a guarda, Kiyoshi deu um único puxão na cueca do menor a tirando com uma única puxada, e deixando o colega nu na cama, exposto aos olhos de Kuroko e Kiyoshi.

-Eu completei a coleção!! –o maior cantarolava, enquanto tirava as suas calças e cuecas para então colocar aquela cueca de coelhinhos, Kuroko sequer havia mudado a expressão facial, enquanto o maior tirava a camisa e se expunha orgulhoso naquelas cuecas de coelho, como se havia completado uma de suas missões na vida. –Kuroko como eu fiquei?

-Bom. –o garoto acenou com a cabeça enquanto Hyuuga se escondia embaixo das cobertas.

E então, a porta se abriu, como se não fosse humilhação o suficiente, Kagami entrava com o rosto quase tão rubro quanto o cabelo e imaginando o que aquela cena podia simbolizar.

Kiyoshi dançando pela sala com nada além de uma cueca rosa de coelhinhos, Kuroko sentado bebendo milk-shake e encarando a cueca de ursinhos no chão e um Hyuuga corado e apenas com um cobertor cobrindo sua virilha. Ele franziu o cenho e fechou a porta devagar. Depois de alguns segundos, a abriu e a mesma cena estava na sua frente. Só que dessa vez, Kuroko estava com a cueca de ursinho na mão perguntando se podia experimentá-la.

-Dancem comigo, caras, a dança da vida!! –o maior berrou, agitando os braços pra cima, seguido de uma reação um pouco menos animada de Kuroko.

-Essa deve ser algum tipo de porta conectando duas dimensões totalmente paralelas, onde todos estão drogados em uma festa gay. –Kagami falou, olhando pra trás e depois pro grupo, parando os olhos em Hyuuga.

-Por favor, me mate. –Hyuuga cochichou solitário. –A pior manhã de todas.